Teus Olhos Meus escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 29
XXVIII — A diferença não faz diferença se você é você.


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, olha quem voltou.
Vou nem dizer que estava com saudade de escrever, né?!
Queria poder postar mais, mas... Tão difícil conciliar a faculdade com a escrita... Mas espero que gostem desse capítulo. Ah, qualquer semelhança com qualquer realidade ou ficção, é apenas mera coincidência.
Quero agradecer por vocês que ficaram pedindo capítulozinho novo, isso me motiva muito.
Espero ver vocês o mais rápido possível!
Não deixem de comentar, favoritar, recomendar pro papai, pra mamãe, pra titia, pro primo, pra empregada, pro patrão... É sério mesmo! Vocês não sabem como isso é importante para nós escritores e não custa nem dois minutos.



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MARCOS

Na noite passada não demoramos muito a ir dormir. Minha cunhada e minha sogra iriam às compras nos shoppings da cidade enquanto Antônio iria trabalhar em sua empresa e eu... bem, IRIA PRO PRIMEIRO MALDITO DIA DE ESTÁGIO.

Por mais cedo que havia me deitado na noite passada, eu ainda estava completamente sonolento. Não sei se era a exaustação das últimas semanas do semestre afetando-me ou se havia algum outro motivo, mas que eu estava completamente cansado, eu estava.

Tomei um banho quente e enquanto esperava meu namorado acabar de se arrumar, foquei nos projetos da universidade. A partir de hoje eu precisaria aproveitar cada segundo, caso eu quisesse manter no mesmo ritmo.

Era a primeira vez que eu iria trabalhar em algo sem ser com meus pais e isso me deixava preocupado. Confesso que por algumas vezes eu já pensei em desistir por medo de não ser bom o suficiente, mas ao me imaginar contando para Antônio consegui imaginar as fofuras motivacionais que ele provavelmente me diria e meu pensamento mudou completamente.

Eu estava acabando de tomar o café que dona Vitória havia passado há pouco tempo quando percebi que Antônio nos faria atrasar. Enfiei o último pedaço de bolo de fubá na boca e fui até o quarto ver o que estava acontecendo.

— Amor? — chamei.

Não houve resposta.

— Antônio — tornei a chamar. — Está tudo bem?

— Que? — finalmente ele respondeu. — Está sim! Só preciso acabar de responder uns canadenses e estamos partindo.

— Desculpa incomodar, acho que é ansiedade de chegar atrasado.

— Tecnicamente você chegará junto do seu supervisor, ou seja, não está atrasado — ele olhou pra mim e riu, mas logo voltou à atenção para a tela do computador.

Juntei minhas coisas, desde o notebook a cueca suja de sêmen seco e fui para cozinha conversar com Vitória. Mulher guerreira, com passado forte e dona de histórias emocionantes.

Em menos de cinco minutos Antônio chamou-me, despedi daquela que me fazia companhia com um abraço e tomei o meu caminho.

Agora vai.

[...]

Depois de quase uma hora no transito, chegamos.

Eu não conseguia avistar Emília na sala de recepção, tirei o celular do bolso e conferi as horas. Ela está fodida. Abri o aplicativo de mensagens e me certifiquei de que ela não havia mandado nada comunicando seu atraso, mas antes que a internet atualizasse as conversas novas lá estava ela. Acabara de sair do banheiro com sua bolsa de couro marrom e caminhava rigorosamente ereta em minha direção.

— Bom dia — disse estendendo a mão.

Contrapartida ela aproximou os lábios do meu rosto e senti seus lábios frios tocarem minha bochecha.

— Está tudo bem? — indaguei.

— Sim — ela riu. — Só estou de bom humor por ter conseguido essa oportunidade.

Dei um sorriso amarelo.

— Vamos aprender muito com o Antô... — tossi — com o professor Antônio.

Antes que pudéssemos levar a conversa adiante, meu namorado, que havia ido até sua sala assinar certos papéis surgiu na nossa frente.

— Que bom que vocês se dão bem, não quero rinchas aqui dentro.

Olhei constrangido para minha colega de classe. Eu não tinha nada contra ela, na verdade, eu que pensava que ela me odiava.

O motivo de eu pensar isso era besta.

Ela só fica na dela e não da muito papo. É o jeito dela.

Antes que eu pudesse continuar ali filosofando sobre Emília gostar ou não de mim, meu namorado nos apressou. Ele começou a nos apresentar alguns setores de sua empresa e depois de quase uma hora andando, chegamos a uma porta eletrônica que só abria com o auxilio de uma pulseira de proximidade.

— Antes que eu me esqueça, aqui está a de vocês — ele tirou do bolso dois acessórios do bolso e nos estendeu a mão. — Só funciona nessa porta, se tentarem usar em outra pode acionar o alarme, então, bem, tenham cuidado.

Antônio aproximou seu pulso da porta e a empurrou.

— Bem vindos ao laboratório de Mineralogia da Mineradora Apolo — o docente esboçou um sorriso amarelo.

Deixando Emília entrar primeiro, logo em seguida a segui adentrando no recinto, completamente deslumbrado. Nunca havia visto tantos equipamentos de última geração em um só lugar.

Não preciso nem mencionar a variedade de minerais expostos em uma prateleira que revestia toda uma parede do chão ao teto.

Fascinado com aquele laboratório, segui meu professor para o outro lado daquele cômodo. Eu estava tão entretido com aquele lugar que acabei ignorando completamente a existência de uma mulher escorada em uma mesa logo ao lado de um microscópio. Quando notei sua presença não pude deixar de reparar em seu cabelo de tom cereja cortado simetricamente na linha do ombro.

— Então são vocês que vão buscar café pra mim pelos próximos meses? — ela inqueriu séria, fazendo com que Emília e eu trocássemos um olhar apreensivo. — Só estou brincando.

Emília riu sem graça.

— Me chamo Rafaela e junto do Doutor Antônio vamos estar vos auxiliando aqui dentro do laboratório — ela deu um sorriso e nos estendeu a mão.

— Não precisa de toda essa formalidade Rafa, aqui dentro somos uma família — Antônio respondeu.

— Isso é verdade gente, vocês vão perceber que ele só é insuportável como professor porque aqui dentro da empresa ele é um pai pra todo mundo.

— Se isso supostamente deveria ser um elogio saiba que eu me senti completamente ofendido — Antônio colocou a mão sobre o peito encenando.

— Parece que alguém feriu o ego do leonino — afirmei.

— Tem que ser assim querido, vai aprendendo — ela ajustou com o dedo um enorme óculos quadrado. — Se você elogiar demais o ego dele toma conta de todo ambiente e nos mata sufocado.

— Antes que eu seja mais afrontado por certas pessoas, vou me retirar — ele cruzou os braços, como de costume. — Tenho coisas pra resolver lá no escritório, então a Rafa vai ficar com vocês até o horário de almoço.

— Tenha uma boa manhã — olhei em seus olhos, — Professor.

Ele acenou com um sorriso no canto do rosto e seguiu seu caminho.

[...]

Logo após o almoço, eu iria encontrar com meu namorado em sua sala pra pedir uma carona.

Hoje era o único dia em que o estágio seria de manhã. Devido ao nosso horário da faculdade teríamos que pegar serviço logo após a faculdade. Seria extremamente cansativo? Seria! Mas é aquele ditado, vamos fazer o que?

Depois de me perder algumas vezes pelos corredores e ter que parar pessoas para pedir informação sobre como chegar ao prédio administrativo, fui comunicado pela secretária que ele já havia descido para o estacionamento. Inconformado, tirei o celular do bolso e lá havia uma mensagem Antônio.

Já terminei tudo que tinha que fazer, lhe encontro no carro — Amor.”

Merda.

 Caminhei em direção ao elevador e torci para que eu não me perdesse mais uma vez.

Para a minha sorte consegui chegar ao pátio G, onde meu namorado havia estacionado seu automóvel.

O avistei de longe de costas para mim e comecei a caminhar em sua direção, MAS PERA AÍ!

Quem é aquele conversando com meu namorado?!

Maldições, mil e uma maldições!

O que Antônio está fazendo sozinho aqui em baixo com André?

Agachei e fui me aproximando o máximo que pude e esquivando-me entre os carros para que não fosse visto, tentei chegar o mais próximo possível dos dois.

Quando cheguei em um lugar onde a conversa era audível, me escorei no carro e inclinei minha cabeça em um ângulo onde também era possível ver o rosto dos dois.  

— Deve ser difícil pensar em tudo que aconteceu nessa cidade... As vezes que seu irmão foi preso e como isso destruiu seus pais, na sua tentativa de suicídio, no assassinato do Mateus...

— CHEGA — Antônio bradou.

— André, você não sabe nada a meu respeito.

— Eu sempre te conheci muito bem — ele levantou a mão e colocou no rosto de meu namorado. — Você me amava e — ele fez uma pausa. — Eu também lhe amava.

— Não era amor, era uma perfeita ilusão.

— O coração é meu, não vem dizer que eu não sentia — André franziu o cenho e balançou a cabeça negativamente. — Se eu não lhe amava na mesma intensidade que você me amava não quer dizer que eu não te amava.

— E isso importa? Tudo que eu esperava de você era reciproci... — antes que pudesse terminar de falar, André levantou o rosto de Antônio na altura do seu.

Fiquei surpreso demais para me mexer.

Apenas mantive o olhar fixo nos dois e para minha surpresa pude ver o punho cerrado de meu namorado acertar em cheio o maxilar do seu funcionário.

Não resisti, levantei-me por impulso e bradei.

BonitoQue bonitohein! Que cena mais linda.

— Marcos, isso não é o que você está pensando.

— Eu não estou pensando nada — disse, rindo. — Eu vi o que aconteceu aqui.

— Eu posso explicar.

— Não há necessidade, amor. Eu ouvi o que disse e estou orgulhoso de você.

— Que casalzinho mais sem química — debochou André. — Não acredito que prefere um pé rapado como esse ai a que a mim.

— Posso ser pobre, não ter um mestrado ou um doutorado... Mas do que adianta ter todos esses letramentos se não tenho humildade pra dar bom dia nem para o porteiro? — Inqueri.

— O que isso tem a ver com o que está acontecendo aqui, amore?

O ignorei e continuei.

— Eu sei que não sou o exemplo de pessoa politicamente correta, que faz tudo certo vinte e quatro por sete, mas eu estou com o Antônio agora e sou eu quem o faz feliz — o empurrei pelo ombro afastando-o assim de perto de meu namorado. — Se você acha que vai simplesmente voltar pra essa cidade e que vai mudar as coisas por aqui você está muito enganado.

— Não vou perder o meu tempo, passar bem. — Ele sua bolsa que estava no chão perto de seus pés.

— Isso! — rosnei.

— Já chega Marcos — Antônio que estava quieto e tremulo resolveu abrir a boca. — Posso me defender sozinho.

— E porque não o fez? — O abracei pela cintura.

O barulho do carro de André nos interrompeu.

Seu lixo.

— Porque há tempos que não via alguém me defendendo assim.

— Ah, vai-te a merda, amor. Isso não é romântico.

— Como assim?

— Ficou parecendo como se sou um ciumento possesivo e bem, isso não é legal.

— Olha... Agora você me surpreendeu.

— Eu também estou surpreso. Quando vi vocês dois juntos aqui, ainda mais sozinhos... Confesso que não sabia se dava na cara dele ou na de você, mas ai ouvi a conversa e lembrei porque eu te amo.

— Por que você me ama? — Ele me roubou um beijo.

— Porque você é você.  


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Notas finais do capítulo

Comentar em uma fic é mostrar para o autor o quanto
você respeita e gosta da historia. Não custa nada e não
demora dois minutos, então por que não comentar?

Com certeza todos que leem essa nota já escreveram algo
e viram como é ruim escrever para as paredes. Muitos desistem,
outros desanimam.

Então faça uma forcinha, nem que seja para dizer que amou
ou odiou. Com toda certeza o autor se sentira melhor.