A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 11
Os filhos do mar


Notas iniciais do capítulo

Viajei, voltei e vou viajar de novo, mas não pude deixar de postar capítulo novo.



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O dia clareou, porém não eram todos que estavam dispostos a enfrentá-lo.

— Eu vou morrer! – Exclamou Angus estirado no sofa.

— Deixa de ser frouxo! Minha ressaca é pior que a sua e eu não estou reclamando. – Disse Diana bebendo água.

— Minha cabeça está girando. – Disse Frísio.

— Primeira vez que bebe? – Perguntou Raven.

— Não, eu já tomava vinho antes, mas apenas uma taça.

— Eliot, você devia ter ficado de olho nele!

— Como eu ia saber que ele nunca tinha bebido tanto na vida?!

— É inacreditável! E Angus, vista a camisa do acampamento!

— Laranja não combina comigo.

— Afinal, a gente vai tomar café ou vamos ficar aqui? – Perguntou Helena.

— Eu vou morrer aqui. Tem comida na geladeira, não tem?

— Eu não me sinto bem para sair, mas eu vou mesmo assim.

— Mas homem é frouxo! Basta uma ressaca para chamar pelos deuses da morte. Vamos nessa, pessoal. – Sentenciou a ruiva.

O grupo deixou Angus morrendo no sofa e foi ao Pavilhão. A mesa foi ocupada como sempre, porém Frísio não saiu dela para pegar comiga. Raven voltou com uma maçã e uma soda de limão.

— Aqui, coma alguma coisa e beba isso.

— Refrigerante logo de manhã?

— Refrigerante ajuda a curar ressaca e você precisa comer coisas leves. Vai por mim. Quer mais alguma coisa?

— Não, está ótimo. Valeu.

— De nada.

Enquanto isso, os outros estavam pegando comida quando encontraram com Thales, um dos filhos de Atena.

— Thales, bom dia. – Cumprimentou Jasmine.

— Bom dia. Não vi nenhum de vocês o dia todo.

— Saímos um pouco.

— Você sabe o que aconteceu ontem? – Perguntou Eliot.

— Parece que atiraram em uma harpia da limpeza, mas ninguém sabe quem foi ou como um tiro fez aquele estrago.

— Harpia da limpeza?

— Sim, elas comem campistas que estão andando por aí fora do toque de recolher. Só descobri isso ontem. Que loucura, não?

— Sim, mas por que manteriam essas coisas por aqui? Digo, os deuses gregos permitem isso?!

— Eu já não sei no que acreditar, tudo isso é uma loucura! Eu pensei que estaríamos seguros aqui.

— E o que o Senhor D achou disso?

— Ficou irritado, mas feliz por alguém finalmente dar um tiro em uma delas, pois não aguentava mais seus gritos.

— Se cuida e cuidado com sei lá mais o que pode aparecer por aí.

— Vocês também.

— Eliot, os meus deuses permitiram algo tão horrível assim? Como podem permitir isso?!

— Eu não sei, mas nem as mitologias mais brutais fariam algo como isso, quer dizer, deixar monstros comerem seus próprios filhos só por estarem fora da cama?! Vamos contar aos outros.

Jasmine concordou e eles foram para a mesa. Quando todos se sentaram e começaram a comer, Eliot revelou sua descoberta. Os olhares de desaprovação de todos eram fulminantes.

— Nem Nemain faria algo assim! Nem mesmo a própria Morrigan! – Exclamou Frísio. – As três Morrigan arrancariam as penas das harpias uma a uma, cortariam suas garras, abririam suas barrigas e fariam todo o tipo de coisa com seus órgãos internos enquanto ainda estivessem vivas se comessem o filho de alguma delas.

— Nem minha mãe faria algo assim. – Disse Helena. – Pode ter certeza que ela viria buscar suas almas pessoalmente.

— De uma coisa é certa. – Disse Nicolas. – Devemos ao Angus.

— Ao Angus. – Eliot propôs um brinde.

— Só não entendi uma coisa, como aquela pistola conseguiu derrubar uma harpia?

— A pistola é um modelo criado por Thoth e Anúbis. – Explicou Raven. – Ela foi feita para carregar e disparar projéteis de energia da alma.

— Eles conseguiram? – Perguntou Helena.

— Ao que parece sim e o único protótipo está com Angus. Ele já fez alguns testes e até agora ocorreu tudo bem.

— Agora não sou eu que estou entendendo essa conversa. – Reclamou Diana.

— Energia da alma é a energia que cada alma tem para se manter. – Explicou a filha de Hel. – Vocês podem não perceber nada quando veem um espírito, muito menos em seres vivos. Quando alguém morre, sua alma é separada do corpo. A alma não é nada mais que uma massa pura de energia dependendo da alma pode ser forte ou fraca. Ao andar, essa alma deixa para trás micropartículas de energia, podendo ser convergidas e usadas em batalha. Você também pode retirar energia de sua própria alma, mas não é aconselhável.

— No caso de Angus, ele transforma essas micropartículas em projéteis que usa para carregar a arma. O dano causado é absurdo porque além de um ataque físico, é um ataque à alma.

— Mas pra que criar algo assim?

— Fantasmas. – Respondeu a morena albina. – Muitas vezes eles podem causar problemas e uma arma dessas causaria dano nas almas do submundo, talvez até mesmo nos pesadelos.

— Frísio, você está bem? – Perguntou Jasmine.

— Só um pouco tonto da noite anterior. Me sinto um pouco melhor agora, mas preciso de repouso.

— Eu te levo até a Embaixada.

— Obrigado.

Os dois deixaram a mesa e se dirigiram ao prédio eclético, mas não foram em silêncio.

— Frísio, posso te perguntar uma coisa, se não for muito incômodo?

— Claro.

— Quem são as três Morrigan que você estava falando na mesa?

— É uma tríade de deusas da minha mitologia, mas especificamente da mitologia celta irlandesa. São três irmãs, filhas de Ernmas, a nossa deusa-mãe. As três estão associadas com a guerra, mas também possuem atributos próprios. Elas são Morrigan, Badb e Macha.

— Então elas são deusas da guerra.

— Não necessariamente. Morrigan, a Grande Rainha, é uma deusa guerreira, mas ela também é a deusa da morte, da fertilidade, do renascimento, do amor físico, da justiça, patrona das sacerdotisas e das bruxas, senhora da guerra, associada aos corvos, ao mar e as fadas, protetora da terra... Morrigan é várias coisas em uma única deusa, tanto que é impossível contar ou definir o que ela realmente é. Geralmente ela reduz seus títulos a “Grande Rainha” e “deusa da morte, da guerra e da fertilidade” para ficar mais fácil.

— E as outras duas?

— Badb, ou Corvo de Batalha, é deusa da guerra e dos campos de batalha, tanto que ela pode fazer a guerra pender para o seu lado favorito. Extremamente hábil em uma luta, ela não é o tipo de oponente que vá querer enfrentar. Já Macha é diferente, ela é gentil e adorável, mas pode se tornar temível e implacável. Ela é a deusa da guerra, da morte e dos equinos.

— Pensei que sua mãe fosse a deusa dos equinos.

— E ela é, mas não na Irlanda e nem no País de Gales, pois este posto é ocupado por Rhiannon. As três se dão muito bem e amam cavalos e às vezes até disputam corridas. Senhora Macha sempre foi gentil comigo, mas sempre tive que estar atento à suas alterações de humor. Senhora Morrigan sempre me dizia que a sanidade dela podia ficar instável ao ver uma luta de verdade.

— Sua mitologia é confusa.

— É por que são deuses diferentes para localidades diferentes. Mudei de ideia. Vou descansar na floresta. O ar fresco vai me fazer melhor que ficar trancafiado no meu quarto.

— Tem certeza?

— Tenho. As árvores podem me curar.

— Como?

— Sou celta, a natureza é o meu lar e o meu ser. Venha, eu vou te mostrar uma coisa.

Os dois foram à conhecida floresta. Lá, Frísio criou uma energia verde e a colocou em seu peito. Quando terminou, todos os sintomas da ressaca tinham desaparecido.

— O que foi isso?

— Cura da natureza. Os celtas são associados com a natureza. Enquanto eu estiver em contato com ela, posso me curar quantas vezes eu quiser. É diferente das outras magias de cura. Sente isso?

— Sentir o que?

— Para uma filha de Gaia você é lenta.

— Desculpe.

— Pelo que? Você não me fez nada. Está sentindo o vento, ouvindo o farfalhar das folhas e da gama?

— Sim, eu faço isso o tempo todo.

— Então consegue sentir que a natureza está viva e se comunica.

— Sim, eu ouço a voz das árvores, dos animais e das pedras.

— Então deve sentir a energia que a natureza emana.

— Que energia? – O cajado saiu da Chain sem sua permissão. – Hei!

Ela o pegou antes que caísse no solo. Ao tocá-lo, folhas surgiram na madeira, como se a estivessem enfeitando. Jasmine se assustou com aquilo e o deixou cair enquanto Frísio começou a rir.

— É a primeira vez que vejo alguém temer o próprio cajado após usar magia.

— Mas eu não fiz nada! Eu nem sei usar magia direito.

— A natureza tem a sua própria magia. – Disse recolhendo o cajado e o entregando a ela. – Deixe-a fluir.

— Como?

— Dagda sempre diz que para usar magia você não pode hesitar em seus feitiços. Sem hesitação ou medo de falhar e tudo ocorrerá bem. Mas a concentração deverá ser absoluta. Se concentre no que está fazendo e no que a natureza está dizendo a você. Conecte-se com ela.

Jasmine fechou os olhos, segurou firmemente o cajado e se concentrou. Com o cajado apoiado no solo, conseguiu sentir a área do acampamento de uma só vez, o que a assustou e a fez largar o cajado e cair para trás.

— Jasmine, você está bem?

— Eu acho que sim. É assustador.

— Pode parecer, mas você deve continuar treinando.

— Mestre Njord me disse isso uma vez, mas eu sempre esqueço.

— Vamos voltar ao prédio.

Jasmine guardou o cajado e notou que as folhas sumiram ao fazer isso. Ao retornarem, viram Diana, Raven e Nicolas discutindo. Na verdade só as duas discutiam, Nicolas dava suporte para Raven. Angus estava largado no sofa com a mão na cabeça, Helena tinha subido para o quarto e Eliot sabe se lá onde estava.

— O que aconteceu?

— Diana quer ir para a arena lutar mesmo estando de ressaca, ela disse que pode lutar bem tanto sóbria quanto bêbada ou de ressaca, mas Ray não quer deixá-la ir e Nicolas acha perigoso. – Contou Angus ainda morrendo no sofa. – Minha cabeça vai explodir!

— Voltei! – Disse Eliot descendo as escadas. – Aqui tem remédio para ressaca e para dor de cabeça, ah, e tem calmante e remédio para dormir.

— Me senti um velho agora de tanto remédio que vou tomar.

— Dia, não é uma boa ideia ir para a arena assim. – Aconselhou Nicolas. – Deixe para amanhã ou para mais tarde.

— Eu estou bem, Nick. Posso me virar muito bem.

— Não, não pode! Quer trazer mais problemas para nós?!

— Dia, deixe-os se prepararem mais, aí você volta para a arena. Além disso, alguns ainda mal sabem segurar uma espada.

— Está bem, mas só porque eu estou com vontade de dormir mais um pouco.

A ruiva subiu as escadas, enquanto Angus tomava todos aqueles remédios. O filho de Anúbis acabou fazendo o mesmo depois.

— Eu vou ver se o Senhor D precisa de ajuda com os campistas que chegaram hoje. – Disse a egípcia. – Ouvi dizer que ele não está conseguindo entender uma delas. Vem comigo, Jasmine?

— Por que eu?

— Você é a que mais precisa aprender alguma coisa por aqui.

— Nós vamos também. – Disse Eliot.

— Como assim nós? – Perguntou o celta.

— Não temos mais o que fazer e os cavalos estão fazendo coisas de cavalo.

— Fiáin e Gaoithe são unicórnios.

— Não seja assim. Vamos lá.

Os cinco foram até o Senhor D, que tratava com novos campistas. Encontraram-no xingando tudo pela frente e todo o trabalho que teria.

— Senhor D, o que há pra fazer?

— Uma penca de trabalho! Os deuses devem parir como coelhos, só pode! Eu ainda tenho que ver se já transferiram os novos do Chalé de Hermes para os outros Chalés, se sobrou uma vaga para colocar os sem chalé no de Hermes, cuidar desse povo que chegou... Porra, eu não aguento mais!

— Podemos ajudar em algo?

— Podem mandar Sekhmet fazer um novo massacre. Os chalés de Apolo, Afrodite, Ares, Deméter e Hermes estão lotando. Esse povo não conhece camisinha?! Se bem que eu acho que Deméter deve plantar os filhos dela.

— Podemos ampliar esses chalés tanto em sua parte horizontal como vertical e colocar algumas pessoas para dividir o mesmo quarto. Quanto aos sem chalé, podemos ver quem são maioria no Chalé de Hermes e construir chalés para os filhos daqueles que têm maior número no Chalé de Hermes.

— Boa ideia. Hei, Edward Cullen! Coloque a camisa do acampamento! E chame a Ana Beatriz para construir umas coisas!

— Não sou Edward Cullen! E o nome não seria Annabeth?

— Tanto faz, porra! Só traz logo alguém para construir que eu não quero mortos construindo coisas por aí! E não quero ver aquela favela de madeira atrás dos chalés!

— Mas ela se mudou para o Acampamento de Júpiter.

— Puta merda! Faz o seguinte, invoca uns mortos e põe pra trabalhar. Vou deixar o planejamento pra Ravena mesmo. E diga pros filhos de Hefesto para deixarem a porra do arsenal aberto!

— Sim senhor.

— Quem era? – Perguntou o filho de Njord.

— Filho do Hades, mas isso não importa. Estão vendo aquela menina? Há meia hora estou tentando falar com ela e ela não fala coisa com coisa!

— Deixe-me tentar.

Raven se aproximou e começou a conversar com a menina. Era loira de olhos azuis e cabelo cacheado. Depois disso, ela se virou para o deus.

— O nome dela é Marie, ela é francesa. Ela disse que a enviaram em um avião para cá e está confusa. Ela aprendeu a falar inglês na escola e não está completo, o inglês britânico, é claro.

— Puta que pariu! Francês falando inglês britânico é dose, pena que não é de whisky. Só um segundo, você fala francês?

— Oito horas diárias de aula com Thoth desde que comecei a aprender a falar.

— É pra matar qualquer um.

— Eu posso dar as instruções a ela, se quiser.

— Faça isso porque eu não tenho como dar, depois cuide dos projetos do acampamento. Vocês todos já receberam as instruções? Pros barracos de madeira até descobrimos seus pais!

— Dionísio, encontrei esses dois fazendo arruaça na praia. – Disse Quíron chegando com um casal.

— Tentaram cortar o meu cabelo. Vão fazer o que sobre isso? – Perguntou a menina em uma raiva fria.

— A culpa não é minha se uns babacas vieram pregar peças em mim.

— E fazer uma onda gigante engolir e afogar todo mundo era a solução?

— Era. – Disseram os dois.

Os donos das vozes eram um garoto e uma garota. O rapaz possuía pele queimada pelo sol, cabelos negros na altura dos ombros presos em um rabo de cavalo e olhos azuis escuros e profundos como o mar. Ele vestia bermuda, tênis e uma regata branca. Já a garota tinha a pele esbranquiçada como se tivesse ficado muito tempo debaixo d’água, o cabelo azul escuro até o meio da canela, sedoso e brilhante e belos olhos violeta. Ela vestia botas marrons, saia cinza e camisa verde escura.

— Beleza, quem são vocês? – Perguntou o deus.

— Eu sou a filha do mar.

— Você também?! Eu pensei que era o único filho do mar!

— Puta merda! Tudo bem, o Chalé de Poseidon é logo ali.

— Por que eu iria ao Chalé de Poseidon?

— Eu não tenho pai, só a minha mãe.

— Filhos de Poseidon gostam mesmo de não aceitar o pai.

— Mas eu não sou filho de Poseidon!

— Eu lá tenho cara de grega?

— Está bem, quem são esses? – Perguntou aos estrangeiros.

— Não conhecemos. – Respondeu Nicolas. – Eu sou o único filho de Njord.

— Não temos um deus do mar, Sobek é o nosso único deus da água, o deus do Nilo. – Disse Eliot.

— Não ouvi falar de nenhum outro semideus celta.

— Vocês são estrangeiros também? – Perguntou o garoto. – Legal! Vocês sabem onde fica prédio da Embaixada?

— Nós somos a Embaixada! – Exclamou Raven.

— Ou a maior parte dela.

— Eita porra, eu não estou gostando disso. Vocês estão ficando famosos demais pro meu gosto.

— Notícias se espalham mais rápido que doença. – Disse a garota de cabelo azul.

— Primeiramente, precisamos saber seus nomes, os nomes dos seus pais divinos e suas mitologias.

— Sienna Seafoam, filha de Sedna, mitologia inuit.

— Tyler, Tyler Shellfish, filho de Tangaroa, mitologia maori.

— Ih, é o filho do Kyogre! – Quíron olhou para o Senhor D com olhar de reprovação. – O que foi? Ele é mesmo filho do Kyogre!

— Quem é Kyogre? – Perguntou Jasmine.

— Ainda precisamos te apresentar Pokémon. – Disse o filho de Hórus.

— Nunca conheci um inuit e nem um maori. – Disse Nicolas. – Prazer, sou Nicolas, filho de Njord e esses são Eliot, filho de Hórus; Raven, filha de Rá; Frísio, filho de Epona; e Jasmine, filha de Gaia.

— É um prazer conhecer vocês. – Disse Tyler.

— Por que não vieram até aqui junto com os outros novatos? – Perguntou Raven.

— Eu viria, só que vi a praia e fiquei por lá descansando, acabei perdendo a hora.

— Idem.

— Podem deixar suas coisas na Embaixada, eu encontro com vocês depois.

Raven foi dar instruções à garota francesa enquanto os outros acompanharam os filhos de Sedna e de Tangaroa até a Embaixada. Após deixarem suas coisas na sala, os dois quiseram retornar à praia. O grupo foi à praia e apesar dos afogados terem sido retirados e levados à enfermaria, ainda tinha gente que os encaravam.

— É pedir demais ficar na praia sem ser encarada? – Perguntou Sienna enquanto se sentava, bufava e encarava o mar.

— Vocês são egípcios, nórdico, grega, mas eu não sei quem é ele.

— Sou celta.

— Ah, ta.

— Nunca tinha visto um maori ou inuit.

— Pode acreditar, ainda estamos por aí.

— O que é inuit e maori? – Perguntou a filha de Gaia.

— São mitologias indígenas. No caso a minha é dos povos polinésios e a dela é dos povos nativos do norte do Canadá, Alasca e Groenlândia.

— O Senhor D disse que você era o filho de um pokémon, mas como isso é possível?

— Isso? Ah, é porque os Três Grandes Maoris são conhecidos como trio pokémon. Meu tio Tane, o deus das florestas, é conhecido como Groundon por sua relação com a terra, meu tio Tawiri, o deus dos ventos e das tempestades, é conhecido como Rayquaza por se parecer com ele, e meu pai Tangaroa, o deus do mar, é conhecido como Kyogre. O que aumenta essa relação é que meu pai e meu tio Tane são rivais, nós maoris já tínhamos consciência da dualidade entre terra e mar, por isso sempre os colocamos em esferas opostas. E eles não gostam muito do meu tio Tawiri, pois ele manda tempestades que fodem com a terra e o mar, mas ele diz que os enxerga como rivais.

— Er...

— Quando te apresentarem a terceira geração de pokémon, vai entender melhor.

— Sua família é bem movimentada. – Disse o nórdico.

— Eu sei. Os Três Grandes Maoris vivem brigando, mas é meu tio Tane que tem que acalmar as coisas, afinal, ele que lidera minha mitologia.

— Como os outros concordaram?

— Não concordaram, mas como Tane separou meus avós, Rangi e Papa, sem matar ninguém e fez um monte de coisas em seguida, ganhou a liderança. Meu pai e meu tio Tawiri se tornaram parte dos Três Grandes por estarem em esferas opostas à dele. Uma tríplice dualidade, digamos assim, já que terra pode ser oposta ao céu e ao mar, o mar pode ser oposto a terra e ao céu e o céu pode ser oposto ao mar e a terra.

— É exatamente o que acreditamos! – Exclamou o celta. – Os Três Reinos: céu, terra e mar!

— Você também? Estamos juntos! Mas não é só nisso que acreditam, certo?

— Não, as tríades vão muito além disso.

— Todos os Três Grandes têm relação, então. – Disse a grega.

— Não os inuites. – Disse Sienna abruptamente, ela ainda encarava o mar.

— Só um segundo, quais são os seus Três Grandes? – Perguntou Eliot.

— Sedna, Tornarsuk e Pinga. A única conexão é que todos frequentam o Adlivun.

— Se todos frequentam o mesmo lugar, não têm relação?

— Não, porque os Três Grandes Inuites foram eleitos.

— Eleitos?! – Perguntaram todos.

— Não possuímos uma tríade para ser nossos Três Grandes, então os deuses inuites decidiram escolher os mais conhecidos para nos representar. Estes seriam minha mãe Sedna, a mais famosa, Igaluk, o deus da lua, e Malina, a deusa do sol, porém Igaluk e Malina não podem ficar juntos devido a um grande problema no passado e se só um deles ficasse com o cargo seria pedir para a merda acontecer, os inuites fizeram uma votação e Tornasuk e Pinga foram eleitos.

— Mas por que Igaluk e Malina não podem ficar juntos?

— Por causa da história. Igaluk e Malina eram irmãos muito próximos na infância, mas foram separados em alojamentos dos homens e das mulheres. Um dia, Igaluk espiou o alojamento feminino e descobriu que a sua irmã era a mais bonita. Ele passou a desejá-la até que uma noite, ele invadiu o alojamento e a estuprou, protegendo sua identidade na escuridão. Na noite seguinte repetiu o ato, só que desta vez Malina conseguiu marcá-lo. Quando descobriu que tinha sido seu próprio irmão, ela ficou irritada, cortou os próprios seios e os ofereceu para Igaluk comer na frente de toda a aldeia. Depois disso, ela pegou uma tocha e fugiu, sendo perseguida por Igaluk, cuja tocha foi apagada. Dizem que os dois correram tão rápido que uma lufada de ar os elevou aos céus, onde ela se tornou o sol e ele a lua.

— Que horror! – Exclamou a grega.

— A sua mitologia tem coisas mais horrendas que a história que te contei e que a história da minha mãe por motivos mais idiotas. Não te ensinaram sobre ela?

— E os gregos ensinam alguma coisa aos filhos? – Perguntou Tyler. – Eles esperam crescer para ver se ele tem um bom progresso para se tornar um herói e aí sim ajudam. Os que vão contra isso precisam fazer escondidos ou recebem um puxão de orelha de Zeus e ele mesmo quebra as próprias regras.

— Infelizmente devemos concordar com isso. – Disse Nicolas, Frísio apenas assentiu.

— Vamos te ensinar mitologia. – Disse Eliot. – Começaremos pela sua, mas tente conter a raiva. Por mais que possam haver injustiças, isso ocorre em qualquer mitologia, qualquer uma mesmo. Não se sinta culpada por nada.

— Está bem.

O grupo estava passando um bom tempo na praia. Tyler e Sienna entraram na água, mesmo de roupa, já os outros recusaram o convite. Um grupo de garotas bonitas passava por lá quando resolveram implicar com o cabelo de Sienna. Jasmine não entendeu, pois o cabelo da inuit era de um lindo tom azul escuro que contrastava com sua pele esbranquiçada e dançava na água conforme as ondas. Os meninos preferiram não se meter de imediato.

— Briga de garotas. – Disse Eliot com desdém. – Só vale a pena se tiver porrada.

A grega não encontrou nenhuma pista com os outros. Infelizmente Raven estava ajudando uma garota de outro país e Diana e Helena se encontravam na Embaixada. Sem alternativa, teve que se postar ao lado da inuit e perguntar.

— Qual é o problema com o seu cabelo?

— Diga-me você.

— Mas não há problemas, ele é bonito.

— Bonito?! Essa coisa horrível tingida de qualquer maneira?! – Disse uma delas, uma loira.

— Ao menos meu cabelo não fica verde no mar.

— Querida, isso é natural. – Disse jogando o cabelo.

— Natural como plantas de plástico.

— Mas o que vocês têm contra o cabelo da Sienna?

— Enfeia o acampamento. – Disse uma de cabelo castanho. – Você é lerda ou o que?

— Minha irmãzinha não é lerda. – Disse Nicolas. – Só não é uma patricinha mimada e fútil.

— Irmãzinha?

— Quem te chamou na conversa?

— E quem foi que chamou vocês aqui? – Perguntou Frísio se levantando e se juntando aos outros.

— A praia é pública e ficamos onde quisermos.

Uma onda surgiu e molhou o grupo recém-chegado e o arrastou para a água. Ao se erguerem, as meninas começaram a gritar histericamente e o cabelo da loira ficou verde. Tyler saiu do mar e se juntou aos outros.

— Ih, foi mal, queria molhar meus companheiros para chamá-los por mar, mas errei o alvo. – Comentou maldoso.

— Vamos contar para o Senhor D!

— Vamos contar para o Senhor D. – Imitou Eliot debochando.

— Senhor D, uma onda tirou a tinta vagabunda do meu cabelo. – Tyler entrou na onda do loiro.

— Senhor D, estou com o cu cheio de areia por causa da onda.

— Senhor D, acho que perdi uma unha postiça.

— Senhor D, tome providências ou vai se ver com o meu pai! – Zombaram os dois ao mesmo tempo.

As meninas se irritaram e foram embora. Eliot e Tyler se cumprimentaram de forma improvisada, comemorando o feito.

— Vocês não precisavam ter feito isso. – Disse a azulada. – Mas obrigada.

— A Embaixada é como um clã. – Disse o filho de Njord. – Temos que cuidar uns dos outros.

— Nicolas, por que você disse a elas que eu era sua irmã?

— Mas você é. Não de sangue, é claro.

— Mas Njord é apenas meu mestre.

— Frey diz que ele te liga da mesma forma que liga para mim e da mesma forma que liga para ele e Freya quando não estão em casa. E Freya disse que ele está providenciando um quarto para você no Folkvangr. É oficial, meu pai já a adotou como filha.

— Mas...

— Você é uma filha de Njord agora. Uma filha de Gaia e de Njord! Nós nórdicos não nos restringimos ao sangue, sabia?

— Diana me disse.

— Raven está mandando todo mundo se encontrar com ela e o Senhor D em frente ao Pavilhão agora mesmo. – Disse Eliot olhando a tela do Godcel. – E quando ela quer dizer agora, é há duas horas.

— Mas a gente só se defendeu! – Exclamou o maori.

— É o que vamos ver.

O grupo foi ao Pavilhão de Jantar. Ao chegarem lá, viram Dionísio morrendo de rir, Quíron tinha batido a mão na própria cara e Raven se segurava para não rir. Também estava lá o grupo de patricinhas. Esse grupo saiu de lá irritado com o descaso do deus quando os moradores da Embaixada chegaram.

— Aí estão os salvadores do dia! – Exclamou o deus. – Só não sei como deixaram o cabelo da garota verde.

— A própria tinta era tão vagabunda que quando entrou em contato com o mar, ficou verde.

— Você salvou o meu dia, garoto! Aquelas são a meia dúzia das filhas de Afrodite que estragam o chalé e que enchem a porra do saco das meninas do acampamento e o meu também. Por mais que tenha gente boa no chalé, sempre tem uma meia dúzia pra mandar a fama para o ralo. Elas enchem tanto o meu saco que às vezes me dá vontade de quebrar a cabeça de uma, mas se eu fizer isso serão mais anos preso nessa pocilga.

— Senhor D! – Disse o centauro após limpar a garganta.

— Infelizmente, apesar de eu ter achado genial, esse é o segundo incidente envolvendo vocês na praia hoje. Eu vou ter que proibir vocês de frequentarem a praia.

— O que?! – Gritaram todos, especialmente os filhos de Nijord, Sedna e Tangaroa.

— Devido às confusões, eu sou obrigado a puni-los, de alguma forma, mas não se preocupem, a proibição só vale para horários em que tenha muita gente.

— Mas à noite tem aquelas harpias!

— Isso não é problema meu, mas não acho que elas sejam problema para vocês também. Atiraram em uma harpia e duvido que tenha sido um dos campistas da minha mitologia.

Após a conversa, o grupo saiu da frente do Pavilhão irritado.

— Droga, como vamos nadar agora? – Perguntou o loiro esverdeado. – Eu sei que não nado muito, mas tirar o mar de mim?!

— Isso foi cruel.

— Ele disse que não podemos ir à praia de dia, mas não falou nada de trazer o mar. – Disse Raven.

— O que quer dizer com isso?

— Deixa comigo.

Ao retornarem ao prédio onde residiam, Raven acordou Angus e bateu à porta de Helena pedindo pelos mortos. Em seguida, expulsou todos os ocupantes do prédio. Diana, mesmo quase totalmente recuperada da ressaca, teve que ir com a egípcia para se certificar do trabalho que teria.

Novamente o acampamento foi tomado por motos e dessa vez, era o quíntuplo dos mortos que apareceram durante a construção. Os outros não tiveram escolha a não ser ter que arrumar outra coisa para fazer, não antes de apresentarem Tyler e Sienna para Diana, Helena e Angus.

— Da onde veio essa terra toda? – Perguntou Angus. – Vão cavar uma vala para todos nesse acampamento?

— Deixa de ser mórbido. – Repreendeu o loiro.

— Só quero ver para onde vai essa terra.

— Eu li algo sobre precisarem de terra em algum lugar para um aterro. – Disse o loiro esverdeado.

O trabalho seguiu pela tarde e só terminou à noite. Quando terminou, viram que o prédio tinha se expandido, mas manteve a arquitetura e a fachada originais.

— Não mexi muito no andar de cima. – Explicou a filha de Rá coberta de terra. – O que eu tive que fazer foi redirecionar a cozinha e a biblioteca, mexer no espaço de baixo e criar a piscina. Eu a fiz mais alta por causa da maré.

— Você fez uma piscina?!

— Eu não fiz uma piscina, eu fiz A piscina. Ela tem saída para o mar, que tive que revestir de magia de sustentação do Ptah e materiais à prova d’água, e uma portinhola mágica que mandei os anões fazerem. Ela impede que criaturas marinhas comuns e mitológicas, bem como deuses e deidades de entrarem. Também instalei um filtro na portinhola que filtra toda a água que entra e sai da piscina, com isso, toda a substância ruim é filtrada e transformada em nutrientes para a terra, com isso não polui o mar e nem a piscina, entrando e saindo água limpa toda hora.

— É uma grande ideia. – Disse Sienna.

— Sim e a energia usada para isso pôde ser convertida em energia elétrica e pude usar outro filtro nos outros canos, transformando água salgada em doce e o cano de evasão possui outro para jogar água filtrada e limpa no mar. Energia totalmente limpa e revolucionária e sem esgotos.

— Isso é ótimo de se ouvir.

— É bom ter alguém que pense em tudo de vez em quando. – Disse Diana.

— Beleza, vou lá em cima tomar banho e podemos jantar. Ah, com a ampliação para a piscina, pude construir mais quatro quartos no andar de cima. Tyler, Sienna, dois deles são seus.

Enquanto Raven e Diana iam se lavar do trabalho pesado, os outros foram ver a piscina. O chão era feito de mármore com colunas jônicas do mesmo material, uma escada de pedra antiderrapante levava até a água, mas só ao trecho mais raso, pois conforme a piscina se estendia ficava mais funda, mas não de forma gradual, chegando a um enorme abismo, onde devia ficar o canal que levava ao oceano.

Após o banho, Raven e Diana terminarem seus banhos, os estrangeiros foram ao Pavilhão jantar. Lá encontraram outros campistas, alguns filhos de Hermes os elogiaram pela onda, riram um pouco com alguns conhecidos antes de comer. Após a refeição, reencontraram com os conhecidos ao redor da fogueira.

— Helena, não precisa mais usar esse capuz. – Disse a filha de Odin. – Todo mundo já sabe que é filha de Hel.

— Os funcionários, ninfas e sátiros não se sentem confortáveis com isso.

— Tem essa não. Você não precisa agradar ninguém. – Aconselhou Angus. – Se algum deus aparecer, paciência. – Ele puxou o capuz dela para trás. – Viu, bem melhor.

— Por que vocês pintaram o cabelo? – Perguntou Lou Ellen. – Ficou muito legal, mas quando tiveram a ideia?

— Não tivemos. – Respondeu Sienna.

— Alguns semideuses acabam tendo características peculiares, dependendo do pai que ele tem. – Explicou a egípcia.

— Todo filho de Njord nasce com o cabelo loiro esverdeado e alguns podem nascer com o cabelo verde.

— Todo filho de Hel nasce com o cabelo metade negro e metade branco. – Dessa vez quem contou foi Helena.

— Todo filho de Sedna nasce com o cabelo azul e a pele como se tivesse ficado muito tempo debaixo d’água.

— Como todo filho de Hermes que nasce com nariz arrebitado e sobrancelhas afiadas?

— Sim.

— Outros deuses têm filhos com características incomuns? – Perguntou um campista qualquer.

— Não ouvimos falar de todos, mas devem ter alguns que sim. – Respondeu Diana.

— Vocês já viram seus pais alguma vez? – Perguntou Alan, que tinha sido reclamado como filho de Afrodite. – Digo, seus pais deuses.

— Moramos com eles. – Disseram todos menos Jasmine.

— O que?! – Exclamou o acampamento inteiro.

— Os estrangeiros cuidam dos seus filhos. – Explicou Eliot. – Alguns aqui já moraram com seus pais divinos por alguns anos, outros a vida inteira. Os que moraram alguns anos voltaram a morar com seus pais mortais e passam uma temporada com os divinos.

— Graças a isso, fomos treinados desde crianças. – Disse Tyler. – Não que isso seja coisa boa, pois o nível de exigência deles é maior.

— E a coleção de traumas também. – Complementou Frísio. – Pois o que para muitos aqui pode ser traumático, para nós pode ser normal.

— Como pendurar a cabeça do inimigo na sala da sua casa.

— Beber até não aguentar mais e pular sobre escudos em uma comemoração.

— Nadar com crocodilos.

— Ver fadas e unicórnios e ter que escondê-los do mundo.

— Afastar huldras.

— Saber quais espíritos deve se aproximar e de quais deve fugir.

— Você vê espíritos, Sienna? – Perguntou o filho de Anúbis interessado.

— Minha mitologia é composta por deuses, criaturas e espíritos e tem uma forte crença em almas vivas e mortas. Todo inuit pode ver espíritos, sejam filhos de Tornasuk ou de Nanook, mas só os filhos de Tornasuk, Sedna, Pana e Pinga podem tocá-los.

Todos ao redor da fogueira ficaram de boca aberta, todos com exceção de Angus, que tinha uma expressão jovial, e Helena, que apesar da impassividade, possuía um olhar de interesse. Infelizmente o tempo dos campistas ao redor da fogueira acabou e todos tiveram que voltar para seus chalés.


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Notas finais do capítulo

Uma das formas de amenizar a ressaca é tomando refrigerante, não só pelo gosto adocicado como pelo gás.
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Nemain é uma das Morrigan. As três Morrigan têm nomes variáveis tanto que podem ser descritas como Morrigan, Badb e Macha; Morrigan, Nemain e Macha; Morrigan, Badb e Nemain; Morrigan, Fea e Badb; ou Morrigan, Fea e Nemain. Não importa a ordem ou os nomes, todos estão certos.
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Nemain é a deusa do terror e do pavor, ela tocava o terror em homens e cavalos em batalha, algumas versões dizem que é um aspecto de Badb. Já Fea é descrita como Fea the Hatefull, mas infelizmente não encontrei muitas informações sobre ela.
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O que fiz com Fea e Nemain? Isso só acompanhando para ver.
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Energia da alma, o nome tirei de Soul Eater, mas o conceito não. Seria partículas que vibram em uma frequência diferente que emanam calor e um pouco de nossa personalidade. Essas partículas são fáceis de ser percebidas por câmeras e rádios antigos, revelando fantasmas. Fantasmas nada mais são que energia pura que vibra em uma frequência diferente da nossa, por isso, a maioria de nós não consegue vê-los a olho nu. É preciso uma câmera antiga.
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Soa muito como Fatal Frame, mas essa é a ideia. Só não perturbem os fantasmas, não peguem câmeras antigas e vão a locais abandonados tirar fotos, deixem-nos em paz.
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Celtas são ligados à natureza, assim como os antigos druidas. A grosso modo, podemos chamar de magia da natureza digno de um RPG.
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A mitologia inuit é a mitologia de um povo esquimó proveniente da Groenlândia, norte do Canadá, Alasca e há até na Rússia (a distância do Alasca para a Rússia é pequena).
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Sedna é a deusa inuit do mar e mãe dos animais marinhos. Ela tem um planeta com seu nome. Sedna era uma moça muito linda e jovem que era cobiçada por todos os homens da aldeia. Alguns mitos afirmam que seu pai a fez se casar com um monstro e ao perceber o erro, ele a ajuda a fugir e os dois acabam num barco no meio do mar, outros dizem que os pretendentes rejeitados a puseram num barco e outros dizem que ela se casou com um cachorro para afastar os pretendentes (ou porque se apaixonou pelo cachorro) e com raiva, a puseram num baco. Apesar de muitas variações, todas elas têm o mesmo final: tentam afogá-la, mas ela se agarra ao barco e seus dedos são cortados, e conforme caíam no mar, nasceram as primeiras criaturas marinhas. Quando Sedna chegou ao fundo, dizem que ela criou uma cauda de peixe (virou sereia).
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Sedna têm um rancor imenso dos homens e seus cabelos ficam lameados com os "pecados da humanidade", o que causa um mau-humor danado na deusa. Os antigos xamãs acreditavam que Sedna escondia os animais marinhos quando seu cabelo estivesse muito sujo, então eles teriam que ir até ela e desembaraçar e limpar seu cabelo para que ela soltasse os animais marinhos e o povo poder caçar para comer.
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Na fic, Sedna quando resolve ter filhos, ela só tem com homens que morreram afogados, o que poupa muita coisa, inclusive brigas entre ela e o pai da criança.
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A mitologia maori é proveniente da Polinésia, principalmente da Nova Zelândia. Diferente dos inuites, os maoris eram um povo guerreiro, agressivo e conflituoso, tanto que foi uma tribo maori da ilha sul da Nova Zelândia que expulsou os holandeses de suas terras.
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Os Três Grandes Maoris são os irmãos Tane, o deus das florestas e das árvores (e consequentemente da terra), Tangaroa, o deus do mar, e Tāwhirimātea (Tawiri para simplificar, não está errado), o deus das tempestades, dos ventos e dos trovões (e consequentemente do céu. Os três são rivais e não gostam quando um interfere no domínio do outro (tsunamis, tempestades, barcos de pesca que matam a fauna marinha)
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Céu, terra e mar são opostos uns dos outros, por isso os chamei de tríplice dualidade.
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Os três lembram muito o trio Groundon, Kyogre e Rayquaza (o Wheater Trio), por isso os outros deuses se referem a eles como Trio Pokémon.
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Apesar de Tawiri aparentar ser o mais forte, quem lidera a mitologia é Tane, pois nos primórdios, quando Rangi, o deus do céu, e Papa, a mãe-terra, eram tão unidos que seus filhos eram esmagados, eram eles: Tane, Tangaroa, Tawiri, Tumatauenga (o deus da guerra), Rehua (o deus das estrelas e dito como Antares), Rongo (o deus das plantas cultivadas), Haumia ou Haumea (deus das plantas selvagens) e Ruaumoko (deus dos terremotos e vulcões). Eles decidiram separar os pais, alguns como Tawiri e Tuma-nome-grande queriam matá-los, mas foi Tane que os separou fixando os pés em Papa e erguendo as mãos a Rangi, como uma árvore. Em seguida, vendo que os pais estavam nus, ele cobriu a mãe com árvores e vegetação e deu ao pai um manto.
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Diferente das outras mitologias, a mitologia inuit não possui nenhuma trindade ou tríplice, por isso os seus Três Grandes foram eleitos entre os deuses.
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Igaluk, o deus da lua e Malina, a deusa do sol, são os mais conhecidos além de Sedna. A história deles está inteiramente no texto do capítulo.
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Tornarsuk é o deus dos mortos e do submundo, ele mora no Adlivun assim como Sedna e Pana.
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Pinga é a (irmã do Pingu) deusa que conduz os rebanhos que caribus para que os humanos possam caçá-los para se alimentar, ela também cuida das almas dos mortos que saem do Adlivun. Sua morada é o Quidlivun, no céu, para onde vão as almas depois do Adlivun, mas antes elas são cuidadas por Pana, seu marido.
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Algumas tintas loiras podem deixar o cabelo verde se ele ficar muito tempo em contato com a água do mar. A culpa é do sal.
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"Como pendurar a cabeça do inimigo na sala da sua casa." A frase é uma referência à antiga cultura maori. Os maoris tinham uma hierarquia onde os "nobres" tatuavam o rosto inteiro (maoris amam uma tatuagem). Quando entravam em guerra, caso derrotassem o chefe da tribo, a cabeça desse chefe era cortada e pendurada em um mural de troféus dentro de casa. Após os europeus chegarem à Nova Zelândia e virem as cabeças como peças de arte compráveis, os próprios maoris iniciaram o tráfico de cabeça, passado a tatuar os rostos dos escravos para depois cortarem suas cabeças para venderem aos europeus, principalmente para trocar por pólvora e armas de fogo para conseguirem mais cabeças. Mais tarde esse comércio foi proibido.
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Huldras são criaturas do folclore escandinavo. Elas tinham a forma de mulheres muito bonitas com costas de tronco podre e um rabo que era escondido debaixo das saias das roupas. Elas apareciam para os homens em dias de chuva ou neblina e os atraíam para as florestas em busca de sexo. Caso ele não conseguisse satisfazê-la, ela o matava, mas caso conseguisse, ela o deixava ir embora, mas ele ficava tão obcecado que voltava a procurá-la várias vezes até que não conseguisse mais satisfazê-la. Huldras também podiam casar e constituir famílias, mas se entrassem em templos sagrados, seu rabo caía a tornando humana com feiura eterna. Assim como as fadas, elas não podem tocar o ferro ou se queimam. Elas também temem o sal. Ervas como a Tibast e Vandelrot a fazem se desinteressar pelo humano e quebram o encanto. Dizem que ver o buraco em suas costas quebra o encanto também.
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A mitologia inuit é composta por deuses, criaturas místicas e espíritos, espíritos mesmo, não essa coisa fofinha da natureza.
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Os inuites acreditam que tudo possui uma alma, uma inua, sejam pessoas, animais, plantas, rochas, rios e até acidentes geográficos como as geleiras (quem sabe até os vulcões possam ter alma). Matar um animal não é diferente de matar um ser humano e uma vez que a alma do animal ou humano é liberada (morte), ela está livre para se vingar. Os espíritos dos mortos só podem ser aplacados pela obediência aos costumes, evitando os tabus e executando os rituais apropriados.
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É isso, passei para deixar o capítulo. Espero que tenham gostado.



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