Cassius ainda se deteve, estudando as feições de seu filho de forma mais atenta. Percebia que ele, a cada ano, se parecia consigo, embora tivesse também alguns traços de Astrid. O jovem já possuía maturidade bastante acentuada para com os seus deveres e, nos treinamentos, suas habilidades eram cada vez mais aprimoradas.

Certamente Zardren ficaria em excelentes mãos quando fosse preciso passar a seu filho tão grande responsabilidade. Ele poderia dizer isso aos quatro ventos, pois enxergava em Landon um grande potencial.

— Landon, hoje eu quero ter com você uma conversa de homem para homem, de pai para filho. Neste caso, para um filho que, a partir de hoje, se torna um adulto.

— Sou todo ouvidos, pai.

— Eu não me canso de dizer que sempre me orgulho de você. A cada dia me surpreendo com as suas ações e as suas decisões, e aqui não falo apenas do herdeiro ao trono de Zardren. Falo do homem que você está se tornando. Desde que você começou a levar adiante o noivado com Catelyn, o seu amadurecimento acelerou bastante. Está no caminho certo em seu noivado, eu venho observando isso dia após dia. Daqui a um ano será o grande dia em que você se unirá a ela pelos laços sagrados do matrimônio, e a sua responsabilidade será não somente ter com ela um filho, mas amá-la e protegê-la, como você vem fazendo até então.

— Quando o senhor fala disso, não consigo esquecer quando tentou proteger a mamãe e a mim. Eu era bem pequeno, mas isso ficou marcado em mim. Essa é uma das razões pelas quais eu procuro me espelhar no senhor.

— Não se prenda em me imitar, Landon. – Cassius disse mais sério. – Não é preciso que se apegue apenas a mim como exemplo. Você tem uma personalidade própria, mantenha-a. Não que eu não queira que você aprenda algo comigo, mas quero que continue sendo quem é.

— Não se preocupe, pai. Não o imitarei, mas eu ainda o tenho como referência. E não vejo melhor pessoa com quem aprender tanto... Principalmente a partir de agora.

— A partir de agora, você fará parte do Pequeno Conselho, o que significa que começarei a lhe delegar algumas tarefas. Aos poucos as suas responsabilidades irão aumentar, pois é assim que será a vida adulta. Eu já adianto que em alguns momentos surgirão algumas dificuldades. Não tenha vergonha de pedir ou aceitar ajuda, pois o Conselho é formado por pessoas que estarão ali para ajudarem uns aos outros. Eu estou ali para ajudar, assim como o Gregory, os Grandes Lordes e o Comandante Alexander. Não falo isso para assustá-lo, mas para prepará-lo.

— Entendo.

— Landon, quero que seja observador nas reuniões e, como será o meu herdeiro, veja que um rei nunca governa sozinho. Um rei nunca governa sozinho, bem como um homem não toma todas as decisões de forma deliberada.

— Quando eu me casar com a Catelyn e assumir o seu lugar, terei que compartilhar minhas decisões com ela, não é?

— Exatamente.

— Entendi, pai. E tenha a certeza de que me lembrarei de todos esses conselhos por toda a minha vida.

— Fico feliz por ouvir isso de você, meu filho.

— Que bom. – Landon sorriu. – Eu realmente sou muito grato por aprender tanto com o senhor. Obrigado por tudo, meu pai.

Pai e filho se levantaram e se abraçaram fortemente. Cassius dava um paternal e orgulhoso abraço em seu filho, que já estava praticamente com o mesmo tamanho. Sorriu novamente e disse ao jovem à sua frente:

— Landon, eu estou orgulhoso em ver o homem no qual você está se transformando. Você cresceu muito! No futuro, você terá essa mesma conversa com o seu filho, assim como o meu pai teve comigo.

*

Os olhos de Jeyne se arregalaram de surpresa ao ouvir o que Kevan lhe dissera. Estaria surda ou doida, a ponto de entender o que entendeu?

— Conselheiro Kevan... Pode me repetir o que acabou de dizer...? Acho que ouvi algo completamente errado... O que disse que há em meu ventre?

— Os deuses abençoaram Sua Majestade com um bebê começando a se desenvolver em seu ventre. – Kevan respondeu.

— Está falando sério? – a rainha alkavampiana ainda estava incrédula.

— Estou.

Então, quer dizer que ela finalmente daria um herdeiro ao seu marido depois de três anos sendo pressionada para isso? Por um lado, estava aliviada por isso, mas por outro... Pelos deuses... Dentro de alguns meses ela não iria caber naqueles vestidos tão maravilhosos! Iria engordar, além de ganhar aquele barrigão!

Só de pensar nessa parte, imaginava o martírio que seria sacrificar seu lindo e exuberante corpo para dar um herdeiro ao seu marido...

Bem... Paciência. Se isso agradava a ele, era o jeito...

— Como queria, meu marido, agora terá um herdeiro! – ela disse.

— Já estava mais do que na hora, não? – Daithi respondeu seco. – Não fez mais do que a sua obrigação, Jeyne.

*

Olhou-se no espelho enquanto se arrumava com calma. Seus olhos encaravam atentamente a imagem ali refletida, revelando um jovem bem menos franzino e chegando quase à mesma altura de seu pai. Envergava mais uma vez um traje nas cores vermelha e dourada e acabava de fechar seu colete dourado. Alisou cada parte de sua roupa, para que não houvesse qualquer imperfeição. Em seguida, prendeu seus cabelos negros, verificando se não havia nenhum fio fora do lugar.

Tudo isso Landon fazia para que estivesse impecável para a cerimônia de logo mais, na qual seria oficializada a sua maioridade perante todos. Mas, além disso, queria estar impecável para seus pais e para sua amada.

Assim que terminou de se arrumar, colocou a coroa que usava naquelas ocasiões e saiu dali para mais uma vez encontrar seus pais, que a essa altura o esperavam para o momento em que entrariam no amplo salão. De fato, Landon encontrara Cassius e Astrid o aguardando.

— Landon – a rainha zardreniana disse. – Você está maravilhoso!

— Obrigado, mãe, mas... Não acha que está exagerando?

— Não estou, não. E aposto que a Catelyn vai concordar comigo quando olhar para você.

— Será?

— Pode acreditar. Não estou falando isso só porque é o meu filho. Você está se tornando um belo homem.

— Obrigado.

— Astrid – Cassius falou em tom brincalhão. – Ele já não é mais uma criança.

— Eu sei.

— Landon, fique tranquilo quanto à cerimônia. Basta seguir todas as orientações que você teve antes.

— Tudo bem, pai. – o jovem procurou se tranquilizar. – Eu farei isso.

Os três caminharam pelo corredor que dava acesso à entrada do salão de festas. Cassius e Astrid, à frente, e Landon, logo atrás. Postaram-se ali, só aguardando Gregory anunciá-los.

Dentro de alguns instantes, começaria mais uma celebração... Uma celebração de um menino que agora se tornaria um homem.