Meses depois...

O café da manhã da família real transcorria sem muitos problemas, com uma conversa bastante animada. Porém, Catelyn não conseguira terminar de comer o pão como habitualmente fazia após comer alguma fruta em meio à mesa farta, na qual tinha também pães, chá e leite. A jovem princesa fechou os olhos e respirou devagar, pois havia sentido um momentâneo mal-estar, o que não passou despercebido por Landon:

— Está tudo bem, Cat?

— Não se preocupe, Landon, eu estou bem. – ela respondeu já refeita daquele leve incômodo. – Foi algo passageiro.

— Tem certeza?

— Tenho, sim. – ela sorriu. – Só perdi um pouco a fome. Não há nada com que se preocupar.

O príncipe zardreniano, agora com seus vinte anos, se levantou logo após seu pai. Aproximou-se de Catelyn e beijou rapidamente seus lábios.

— Eu vou participar da reunião do Conselho junto com o meu pai. Assim que acabar, nós nos encontramos.

— Vou ficar esperando. Enquanto isso, vou dar uma olhada no jardim de rosas enquanto aproveito o sol da manhã. Depois vou fazer algumas tarefas com a sua mãe.

— Tudo bem. A reunião não deve demorar muito.

*

Após o café da manhã, Robert não tinha nenhuma tarefa a executar. Apenas na parte da tarde é que ele partiria a uma das províncias fronteiriças de Zardren fazer uma missão de reconhecimento da atual situação, junto com o Subcomandante Rickon. Porém, em sua mente não estava a tarefa a ser desempenhada.

Estava uma pessoa em sua mente.

Uma Lady estava em sua cabeça. A mesma que conhecera na festa do casamento de Landon, meses atrás.

Seu nome? Sophie... Lady Sophie.

Ela era linda e ele conseguira um avanço e tanto ao ter, nos bailes seguintes, aquela Lady como seu par. Tivera algumas conversas triviais com Sophie mas não passara disso. Ela ria de suas observações engraçadas, só que o jovem Lorde da Terra não conseguia ir além do trivial.

Ele queria ir além do trivial, mas não conseguia... Tinha medo de fazer isso e perder a chance de conseguir uma aproximação maior. Tinha medo de receber outra declinação, mesmo depois de várias vezes que dançaram juntos.

Não queria Lady Sophie apenas como seu par nos bailes... Seu coração estava balançado por ela. Ela fora a única que permitira que ele se aproximasse... E isso o fizera se sentir mais importante do que nunca!

Como falar isso para ela? Faltavam-lhe as palavras mais apropriadas, e se havia um problema que sempre o acompanhava era o tropeço nelas.

Como chegar perto de uma dama e dizer a ela o que sente?

Ele era um completo fracassado nessa área e não sabia como fazer isso. Já pedira conselhos de Marden, mas mesmo assim estava totalmente inseguro. Não conseguira sair das conversas triviais e tomar a iniciativa de se declarar.

Pelos deuses... Isso o torturava demais!

Landon já estava casado, Marden já estava noivo... E ele, nem para conseguir cortejar uma Lady...!

Como... Como conseguir dar o primeiro passo...?

Olhou para o jardim de rosas, em cujo banco estava Catelyn. Foi quando veio uma luz em sua mente.

Claro... Ele precisava ter uma ajuda feminina nessas horas!

*

Catelyn estava aproveitando o tempo livre para tomar um sol naquela manhã amena, sentada no banco que ficava bem próximo ao jardim de rosas. Era o seu local favorito nas horas livres, onde gostava de ficar lendo quando ficava sozinha. Quando estava na companhia de Landon, conversava coisas triviais, mas também falava a ele o quanto o amava.

E, claro, aquele momento a sós com ele sempre era finalizado com um beijo apaixonado do casal, que confirmava as palavras carinhosas que trocavam. Em seguida, recostava sua cabeça no ombro de seu marido e permanecia assim, observando com ele os pássaros que pousavam à procura de alimento.

Olhou para aquele jardim vistoso, onde se misturavam as rosas brancas, cor-de-rosa e vermelhas. E as vermelhas, inevitavelmente, lembravam Landon quando ele usava um traje vermelho e dourado.

Abriu seu livro para voltar à leitura, uma de suas atividades favoritas. Toda vez que estava ali, aguardando a hora de ir ajudar Astrid em algumas tarefas, Catelyn fazia isso. Era um hábito que possuía desde menina e que fora intensificado desde o momento em que fora apresentada a Landon no início de seu noivado.

Tudo fazia parte de sua preparação para ser a rainha de Zardren, quando Landon assumisse o trono zardreniano. Para tanto, Astrid já delegava a ela algumas tarefas para auxiliá-la.

Sentiu, por um breve momento, uma leve tontura que a obrigou a interromper sua leitura. A sensação era igualzinha à que tivera mais cedo, no café da manhã. Novamente fechou os olhos por alguns segundos e respirou devagar, a fim de fazer aquilo passar.

Era estranho sentir algo assim... Nunca tivera algo parecido.

O que lhe ocorria?

Abriu os olhos quando ouviu alguns passos de alguém se aproximando devagar. Era Robert, que, a passos mais discretos, se aproximava para cumprimentá-la:

— Bom dia, Cat. Onde está o Landon?

— Bom dia, Lorde Robert. – ela respondeu com um sorriso. – Ele está na reunião do Conselho, logo que terminar ele vem para cá.

— Ah, verdade. – ele olhou distraidamente para alguns pássaros que desciam no chão, a fim de encontrar alimento. – As reuniões do Conselho estão bem frequentes ultimamente.

— Isso é verdade. O Landon deve me inteirar a respeito quando vier.

Olhou com mais atenção para o rosto do amigo de longa data de seu marido e percebeu nele que sua expressão facial denunciava que não era esse assunto sobre o qual ele queria falar. Resolveu perguntar:

— Gostaria de falar comigo sobre alguma coisa fora isso?

— Eu?

— Sim, você parece querer conversar comigo sobre alguma outra coisa.

Ele ficou corado e passou a mão pelos curtos cabelos castanhos. Aparentando estar meio embaraçado, respondeu com um sorriso nervoso:

— Ah, sim... É que... Bem... Eu...

— Pode falar. – a princesa encorajou.

— Cat, por favor! – ele se ajoelhou dramaticamente diante dela, completamente rubro. – Eu preciso de um socorro que só você pode me dar!!

— Calma! Primeiro, levante-se! Como eu posso ajudá-lo?

Robert, ainda mais vermelho, se levantou e engoliu seco. Já que tinha chegado ali, era hora de tomar coragem e falar logo de uma vez o que queria.

— Cat, eu preciso de sua ajuda para conseguir me declarar a uma Lady! E só uma mulher pode me ajudar nisso! Por favor, me diga que pode me ajudar!