Crônicas de um Jovem Rei escrita por MisuhoTita, Vanessa Sakata, TommySan, Sally Yagami


Capítulo 117
Os homens também choram


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Vanessa BR trazendo a vocês mais um capítulo emocionante de "Crônicas", então preparem os lencinhos e boa leitura!



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Landon ficou confuso ao ver o olhar de sua mãe. Que tipo de conversa séria ela queria ter com ele? A última conversa séria que tivera fora com seu pai e a partir dali seus dias foram cada vez piores. O que ela queria lhe falar?

Sentiu as mãos de sua mãe envolvendo a sua, sentindo naquele gesto o carinho que ela lhe dava, bem como alguma segurança. Toda vez que ela fazia isso, ele ficava balançado. Porém, desta vez o olhar dela o deixava muito mais balançado, como se o convidasse a algo.

— Mãe... – ele questionou hesitante. – Que tipo de conversa séria a senhora quer comigo...?

— Landon – Astrid o respondeu com outra pergunta. – Você não quer contar nada para mim?

— Como assim...? Eu não tenho nada para contar.

— Eu sou a sua mãe e o conheço desde o dia em que soube que o gerava. Eu sei quando você está falando a verdade e quando esconde alguma coisa.

— Eu não estou escondendo nada, mãe.

— Não é o que os seus olhos me dizem, meu filho. Há dias que eu vejo que o seu olhar está diferente. Seus olhos perderam o brilho e neles eu vejo uma grande tristeza.

— Eu só estou assim por estar doente... Só isso...

— Não, Landon... – ela continuou a olhar nos olhos do rapaz. – Não é só isso. Não é só por isso que você está triste.

O olhar perscrutador de sua mãe começava a deixar o príncipe zardreniano bastante incomodado. Não só incomodado, mas também sentia como se ela visse muito além do seu olhar... Era como se ela visse a sua alma.

— Os olhos são a janela de nossa alma, Landon. – Astrid disse. – Eles refletem exatamente aquilo que sentimos, mesmo que não queiramos demonstrar a ninguém. Por mais que nossas palavras neguem o que sentimos, nossos olhos nos entregam. Podemos sorrir, mas por trás desse sorriso haverá um olhar amargurado, abatido.

— Mãe...! – o jovem protestou visivelmente incomodado.

— Landon, enquanto você não colocar para fora essa sua tristeza, vai continuar doente, até definhar e morrer.

— Eu não tenho nada para ser colocado para fora.

— Tem, sim, filho. Você está tentando esconder isso de mim, mas não está conseguindo.

— Eu... Eu não estou escondendo nada... – ele argumentou sem convicção alguma.

— Tem certeza?

O jovem desviou seu olhar dos olhos perscrutadores de sua mãe. Como ela conseguia enxergar o que ele tanto tentava ocultar? Ele não queria preocupá-la ainda mais, porque ela já estava preocupada demais.

Por que ela insistia em querer que ele lhe revelasse o que sentia?

Astrid estava atenta a cada movimento do filho, percebendo assim quando ele desviava o seu olhar da mãe. Não só isso, como notou em sua expressão completamente insegura e em seu olhar triste e abatido.

Ele escondia alguma coisa. Ela sabia que ele escondia algo.

— Landon... – a voz de Astrid se tornou encorajadora. – Só estamos nós dois aqui. Se quiser falar o que o deixa tão mal, pode falar. Estou aqui para te ouvir. E eu sei que há algo que faz o seu coração sangrar de dor.

— Mãe... – a voz de Landon saía com falha. – Por que insiste em dizer que eu tenho algo para colocar para fora...?

— Eu sou a sua mãe, Landon... E o coração de mãe não mente quando diz que há algo errado com um filho.

Os olhos tristes e sem brilho do príncipe zardreniano encontraram mais uma vez os olhos cheios de carinho de sua mãe. Percebeu que ela queria ajudar. Mas... Será que ela conseguiria ajudá-lo?

Será que ela conseguiria ajudá-lo com o que ele realmente sentia?

— Mãe... – apenas um rouco fio de voz saía da boca do jovem. – A senhora venceu... Eu tenho, sim, algo para colocar para fora...

— Sou toda ouvidos, meu filho. Pode falar.

Landon engoliu seco. A sua garganta ardia, como se o estrangulasse. Mesmo assim, ele respirou fundo e disse:

— Meu coração dói muito, mãe... Mas não falo no sentido literal da palavra, e sim de tristeza. Desde aquele dia que meu pai disse que eu não deveria mais sonhar em ter uma filha, e me explicou todas as razões... Eu... Eu me senti arrasado, mãe... – as lágrimas começaram a vir a seus olhos enquanto sua voz saía mais trêmula. – Mãe... Eu sei que ele não fez isso por mal, e que queria apenas o meu bem, mas... Eu me senti destruído...! Eu alimentava isso desde menino, e tudo ruiu em questão de minutos...! Mãe... Eu perdi o meu sonho...! Perdi o meu maior sonho...! Eu me sinto completamente destruído...!

O jovem não conseguiu falar mais nada, simplesmente caiu no choro. As lágrimas vinham de forma abundante e pareciam não acabar mais, ao mesmo tempo em que ele soluçava convulsivamente, de tal modo que não conseguia articular qualquer palavra. Aquela visão cortava o coração de mãe de Astrid, que abraçou o filho para procurar confortá-lo e acalmar a sua dor. Assim permaneceram por alguns minutos, com a rainha abraçando Landon de forma maternal, acariciando os longos cabelos negros do filho, enquanto este colocava para fora toda a sua tristeza, a sua dor, a sua decepção nas lágrimas que eram vertidas de seus olhos e encharcavam a sua face ainda bastante pálida.

— A senhora não imagina o quanto isso me dói, mãe... Isso dói muito em mim...!

— Eu sei como é isso, Landon... – Astrid disse ainda abraçada ao filho. – Anos atrás, eu também tive um sonho destruído.

O abraço de mãe e filho se desfez e Landon, secando suas lágrimas, olhou interrogativo para sua mãe e questionou:

— Que... Que sonho foi esse...?

— O meu sonho era ter um segundo filho.

Imediatamente, a memória do príncipe zardreniano voltou quinze anos no tempo. Se havia uma cena dessa época que ele jamais esquecera fora a de sua mãe o defendendo quando ele tinha apenas três anos de idade... E levando um golpe no qual matara o bebê que ela esperava e que, por causa disso, ela não pôde mais gerar uma vida.

Então... Então aquele momento do qual se lembrava tão nitidamente, mesmo tendo passado tanto tempo, fora o momento em que um sonho de sua mãe fora destruído?

— Eu iria dar ao seu irmão o nome de Theydren, mas... Infelizmente, esse meu sonho foi destruído naquele dia. – ela prosseguiu com o olhar meio distante, como se houvesse também voltado no tempo. – Eu chorei muito naquele dia, porque havia compartilhado esse sonho com o seu pai, e ele também estava muito feliz com a vinda de um segundo filho, assim como você estava animado para a chegada de um irmãozinho.

Landon nada disse, apenas deixou que sua mãe continuasse a falar. Não imaginava que ela tivesse um sonho parecido com o que ele tinha.

— O seu pai foi quem me confortou e me mostrou que eu deveria me reerguer... Que eu tinha ainda uma vida pela frente, e que você era a principal razão para que não me abatesse. Eu ainda tinha uma vida toda pela frente e construiria outros sonhos junto de quem eu amo, no caso, o seu pai e você... E um deles em breve irá se realizar.

Astrid passou sua mão pelo rosto de seu filho, que se sentiu de algum modo confortado. Algumas lágrimas ainda escorriam de seus olhos, porém ela tratou de secar todas da face de Landon, que deu um tímido sorriso, apesar de não conseguir falar nada. Nenhuma palavra vinha à sua mente, para dizer à sua mãe. Não sabia que ela sonhava com aquele irmãozinho que estava no ventre dela e fora morto de forma cruel anos atrás e que, por isso, aquele sonho fora completamente destruído.

— Landon, você perdeu um sonho, meu filho, mas você ainda é muito jovem e tem toda uma vida pela frente. Você pode construir outros sonhos com a Catelyn, e acredito que isso não demorará a acontecer. Em breve, você estará junto da mulher que ama, e construirá, com ela, outros sonhos. Você está se tornando um homem maravilhoso, e em breve se casará com uma mulher igualmente maravilhosa. Eu não poderia estar mais orgulhosa de você. E, já que esse seu sonho foi destruído e você não poderá realizá-lo, haverá outros sonhos a serem realizados. E creio que os deuses permitirão que outros sonhos que você venha a ter sejam realizados.

Ao final destas palavras ditas com tanto carinho por sua mãe, Landon novamente foi às lágrimas. Não teve vergonha de chorar e de permitir que seu rosto novamente se encharcasse. Ao mesmo tempo, levou a mão ao peito, o que preocupou Astrid:

— Landon, o que houve...? Está se sentindo mal...?

— Não, mãe...! – Landon sorriu ainda com o rosto encharcado de lágrimas. – Eu agora me sinto melhor...! Pode parecer loucura, mas eu sinto como se o meu coração estivesse aquecido, com um calor tão bom e tão gostoso...!

O jovem abraçou Astrid, que se sentiu aliviada ante aquele sorriso. Mãe e filho se abraçaram longamente, com Landon se sentindo cada vez mais confortado. Aquele peso que sua tristeza causava havia finalmente sumido e seu rosto, mesmo pálido, demonstrava um alívio imenso. E, naquele abraço, se sentiu renovado, pois tudo o que precisava para dar um fim àquela dor estava ali. Tudo o que necessitava naquele momento era apenas do amor de sua mãe. E, graças a isso, sua grande dor pouco a pouco começava a sumir de seu peito.

— Obrigado, mãe...! – ele agradeceu com a voz completamente embargada. – A senhora me ajudou a tirar do meu coração essa dor que me atormentava... Muito obrigado, mãe, eu te amo...!!


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Notas finais do capítulo

CONTINUA...



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