Aquele que Perdeu a Memória escrita por Ri Naldo


Capítulo 27
Je t'aime




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/649766/chapter/27

Ao sairmos da sala de reuniões, Dylan segurou meu braço e me chamou para uma conversa.

— Mason, não é? — ele perguntou, eu assenti. — Melanie e Adam me contaram sobre você. Eles me contaram tudo, na verdade, o problema é que eu não consigo imaginar como uma pessoa como eu passou por aquilo. É como se os últimos três anos da minha vida fossem um borrão. A última coisa que eu lembro é o sabor do hambúrguer na lanchonete da esquina do meu antigo internato.

— É verdade que você passou semanas inconsciente boiando em um rio no Mundo Inferior?

— Sim, o rio Lete. Qualquer um que bebe ou toca em sua água tem a memória apagada. Mas eu lembro de você. E do Lucas.

Quase todos já tinham saído do salão, eu só conseguia ver duas pessoas lá dentro. Elas terminaram a conversa e andaram em direção à porta. Anne e Colin saíram de lá, sérios e exaustos. Ao passar, Anne esbarrou em Dylan sem querer e derrubou sua espada no chão. Os dois se abaixaram ao mesmo tempo para pegá-la.

— Deixa que eu pego — Anne falou, agarrando o cabo da espada e a embainhando ao se levantar.

Os dois passaram alguns segundos se olhando, calados. Colin me deu uma cotovelada de leve. Eu olhei para ele e dei de ombros.

Depois de alguns momentos constrangedores, Anne e Colin retomaram seu caminho e eu fiquei sozinho com Dylan novamente.

— Você lembra dela também — observei.

— Sim.

— Do que você lembra, exatamente?

— Eu lembro dela segurando mil monstros com uma barreira de plantas. Eu lembro da pele branca sem nenhuma imperfeição e eu lembro dos cabelos pretos balançando ao vento.

— E isso é o suficiente para você se apaixonar por ela assim?

— Eu não era apaixonado por ela antes? — ele pareceu confuso.

— Não mesmo. Vocês praticamente se odiavam. Mas acho que agora o jogo virou, porque ela não parece te odiar muito… Mas a Melanie não te falou sobre a Louise?

— Falou. Mas eu não entendo. Por que eu estava disposto a arriscar a vida de todo o planeta por causa de uma menina com quem eu passei no máximo três semanas?

Dei alguns tapas no ombro dele.

— É, colega. Parece que você tem um ponto fraco quando se trata de amor. Mas ela te amava também. Caso você não tenha notado, ela ficou completamente arrasada por você ter reconhecido Anne, e não ela.

— Eu queria dizer a ela que sinto muito. Não foi minha intenção machucá-la.

— Ela vai entender um dia. Mas fique longe, por enquanto. Não vai ser bom para nenhum dos dois se você for atrás dela.

Ele assentiu. Parecia triste e desolado.

Um barulho tirou a atenção da nossa conversa. Olhei para trás, e parecia que alguém estava fazendo um buraco no espaço-tempo. Um círculo se formava no ar, visível a todos. Quando parou de crescer, a imagem de um menino se formou, e eu reconheci o cenário atrás dele: era Nova York, totalmente destruída e infestada de monstros. Pude ver, ao longe, uma criatura alada levando um humano inconsciente — provavelmente morto — consigo.

Era uma mensagem de Íris em tamanho gigante. Todos que estavam no local pararam suas atividades e prestaram atenção nela.

— Alô? Alguém está me ouvindo? Colin, Anne, vocês estão aí? — a voz do garoto estava amplificada. Lembro de tê-lo visto algumas vezes no Acampamento e no navio. Ele era filho de Atena.

Colin e Anne voltaram correndo de onde quer que estivessem. Ao se depararem com a mensagem de Íris, tomaram um susto.

— Nathan? — Colin indagou. — Onde você está? Cadê os outros filhos de Atena? Cadê Hellen?

— É justamente por isso que eu estou mandando essa mensagem. Escute, eu não tenho muito tempo. Hellen contatou a mim e a mais dez filhos de Atena enquanto ainda estávamos no navio. Todos fomos em uma reunião secreta e ela nos contou sobre a nossa mãe. É tudo verdade. Hellen era a infiltrada dela no Acampamento. Foi Hellen quem destruiu o Velocino de Ouro e permitiu que os monstros entrassem no Acampamento e destruíssem tudo. Os outros apoiam tudo que ela faz, mas eu só vim pra contar tudo a vocês. O plano de Atena é tomar o Olimpo. Ela vai expulsar os deuses do Empire State. Todos estamos aqui, esperando. Se ele ou a Hellen descobrir que eu mandei essa mensagem…

Nessa hora, uma silhueta apareceu no fundo da imagem, e a garganta de Nathan foi cortada um piscar de olhos. Ele tentou parar o fluxo de sangue com as mãos enquanto emitia sons horríveis de engasgo, mas não funcionou. Ele caiu no chão, morto. O rosto sombrio de Hellen apareceu. Ela sorriu e a mensagem de Íris sumiu.

Ninguém falava nada. O silêncio era tão grande que foi possível escutar o crocitar do corvo antes que ele sequer aparecesse das nuvens.

O barulho foi ficando mais alto à medida que o animal se aproximava. Ele era simplesmente enorme e grasnava enlouquecidamente.

Reconheci-o. Era Ethon, o abutre encarregado de devorar o fígado de Prometeu toda manhã pela eternidade.

Quando chegou perto o suficiente, a ave investiu nos campistas, que gritaram, correram e se jogaram ao chão para fugir do ataque dela.

Na segunda investida, o bicho conseguiu pegar um. Era Anastasius. Ele, Edward e Gabriel gritavam enquanto o Ethon o levava mais alto. O abutre pousou em um dos postes de luz e, para o horror de todos, começou a bicar a barriga de Anastasius, que soltava gritos de dor indescritíveis. A multidão de campistas berrava de puro terror. Edward e Gabriel assistiam a cena, paralisados.

As entranhas da Anastasius caíam no chão, ensopadas de sangue. Algumas pessoas correram para vomitar em algum canto.

Quando os gritos cessaram, a ave deixou o corpo de Anastasius cair no chão, inanimado, olhando o vazio, com o intestino exposto.

O animal, então, transformou-se em uma mulher. Era brilhava em dourado e usava uma toga branca. Seu rosto era tão iluminado que não era possível olhar diretamente para ele. Vez ou outra, sua imagem tremeluzia e revelava outra mulher, que usava elmo e armadura romana.

Ela falou com uma voz calma, imponente e séria. Como uma ordem.

— A cada dia que passar, meu pássaro devorará um de vocês, até que Mason, Lucas e Dylan me enfrentem no Olimpo. Quero ver se os tão queridos Cavaleiros do Apocalipse são páreos para a deusa da estratégia e da sabedoria. Quando eu os derrotar, darei a chance de quem quiser seguir meu Novo Mundo se ajoelhar e jurar lealdade a mim. A morte é desnecessária, mas não hesitarei em destruir todo o Acampamento Júpiter, como fiz com o Meio-Sangue. Eu sei o que vocês pensam de mim, mas eu sou, acima de tudo, justa. Como prova da minha boa vontade, darei um presente a meu preferido entre vocês. O único que realmente me impressionou. Lembrem-se: minha paciência não é eterna.

Atena transformou-se novamente no Ethon, que levantou voo de volta às nuvens.

Quando parei de observar a ave sumir, completamente atônito com tudo que tinha acontecido, percebi que uma garota estava deitada no chão, entre a multidão.

Ψ

A garota estava caída no chão, acordando aos poucos. Algumas pessoas a viram aparecer do nada, outras não sabiam o que estava acontecendo. Eu era uma dessas.

Seus cabelos eram negros, mas estavam ficando loiros nas raízes, sua pele era branca como a neve e suas vestes eram leves, quase que etéreas. Estava descalça e não possuía nenhum adorno pelo corpo.

— Quem é essa, Anne? — Palani me perguntou.

— Não faço a mínima ideia — respondi.

Meu instinto foi de ir até ela, mas Lucas chegou correndo e caiu de joelhos à sua frente.

— Eliz… Eliz… — ele tentou, mas não completou o que queria dizer. — Elizabeth! — gritou, segurando os braços dela.

A garota caída o olhou com uma melancolia no olhar e apenas uma palavra saiu de sua boca.

— Lucas?

E então ele desmaiou, e eu corri para ele.

Ψ

Minha cabeça girava. Eu podia sentir todo o sangue do meu corpo pulsando pelas minhas veias. Eu não estava usando magia para conter a arritmia. Não conseguia. Era involuntário.

Não foi fácil enxugar minhas lágrimas, eu podia sentir as cracas que se formaram nos meus olhos. Não tinha espelho, mas podia sentir que estava com olheiras. Meus ombros doíam como se eu tivesse tomado uma surra por horas, como uma descarga de estresse acumulado por anos. Minhas pernas latejavam como se eu tivesse corrido uma maratona. Minhas mãos estavam arroxeadas pelas veias que haviam estourado e cheias de suturas.

Eu estava assim?” pensei. É, magia pode lhe ajudar muito quando o assunto é saúde. Mas todas as mazelas me atingiam agora como um trem bala. Todas de uma vez.

Minha garganta estava seca e vi que havia uma jarra de bronze com uma taça ao lado da minha maca. Decidi beber da água. Ajeitei-me para ficar numa posição onde pudesse pegar a jarra e minhas costas doeram, me eletrocutaram, como um choque de nervos.

Dragão”, pensei.

Peguei a jarra. Minhas mãos estavam inchadas e mal consegui agarrar a alça.

Raio”.

Levantei a jarra e me servi. Meus ombros doeram tanto que tive que recuar.

Mirina”.

Não me servi da quantidade que desejava, mas era o que eu conseguia prover por ora. Peguei a taça com as duas mãos e bebi da água. Ela desceu bruscamente, me arranhando, congelando meu corpo febril e me abraçando estranhamente no estômago. Não foi bom, mas eu precisava.

Bebi tudo e apoiei a taça entre minhas pernas quando a coloquei para baixo e observei a sala em que estava. Não era uma enfermaria comum: a maca, mais como uma cama, era bastante confortável. Tinham uvas do lado da jarra, uma cortina grande e reluzente na frente da cama. Era um mini quarto espaçoso e quente. A luz provinha de uma lareira que queimava suas últimas fagulhas e estalava baixinho. Era uma enfermaria especial. Parecia fim de madrugada, com o sol nascendo. Eu podia sentir o frio de fora querer entrar e se perder na atmosfera quente do quarto. As cortinas roxas tremulavam para frente e para trás. No teto, apenas um fio de luz cruzava a sala e se encontrava em uma adaga parada no chão, negra e afiada, quebrada. Um desperdício de lâmina. Examinei meu corpo e senti que não havia nenhuma comigo. Eu estava nu para combate.

Não havia nenhuma aura de magia perto de mim. Apenas a morte. Mas eu sabia que ela iria se afastar logo, pelo menos esperava.

Passei a mão em meus cabelos, que ainda estavam brancos, mas estavam muito grandes. Não se corta cabelo quando se está em guerra com o mundo dos mortos. Pelos menos, eu acho.

Suspirei.

Um pouco da brisa do lado de fora entrou no quarto.  Olhei as cortinas dançarem e vi uma silhueta entrar no quarto. Era Elizabeth, em carne e osso. Corpo e alma.

Meu coração disparou.

Seus cabelos estavam negros, mas suas raízes estavam voltando ao loiro. Seus lábios estavam vermelhos, naturais, como me lembro. Seus olhos continuavam escuros, negros como uma noite sem estrelas, mas os reflexos da lareira incandesciam o céu de sua íris. Suas mãos continuavam gentis e ela ainda se movimentava delicadamente como se cada movimento fosse meticulosamente controlado. Vestia um vestido leve, branco, que ia até os joelhos. Sua pele, branca como leite, estava intacta, como um anjo.

Ela me viu acordado e seus olhos marejaram como as gotas de uma chuva leve que lavaria seu corpo.

E ela lavou minha alma.

Ϟ

Lucas começou a chorar. Ele chorou por alguns minutos. Eu o acompanhei. Não pude controlar.

Ele vestia apenas uma roupa leve de uma pessoa internada, tinha o braço furado por agulhas, mãos inchadas e olhos vermelhos de tanto chorar. Seus cabelos estavam brancos, passei a mão neles quando me sentei ao seu lado na cama. Ele era minha visão e eu era a visão dele. Seus olhos, encharcados, fitavam os meus e nós sabíamos o que dizer um ao outro pelo olhar.

Ele segurou minha mão. Estava fraco e tremeu ao pegá-la. Durante o choro, só conseguiu dizer uma coisa.

Desculpa.

Perguntei o porquê. Ele não conseguiu explicar. Não conseguiu dizer.

Choramos muito tempo, até conseguirmos rir. Eu o olhei e sorri, com lágrimas em minhas bochechas, acariciei o seus cabelos e falei:

— Lembra? Você sempre dizia que iríamos ficar juntos até nossos cabelos ficarem dessa cor. Acho que você se apressou.

Ele riu.

— Eu me lembro de várias coisas… — ele falou, me olhando com um sorriso.

— Eu me lembro de que nós ficávamos no parque e você começava a cantar Because of You…

— Eu acariciava seu rosto e beijava sua testa — ele olhou para baixo, como se tentasse lembrar mais afundo o que dissera. — Você usava aquelas saias vermelhas e brancas…

— Aquele penteado que imitava Marilyn Monroe…

— Mas você pintava o cabelo… e nunca me disse…

Eu ri.

— É… Mas você gostava.

— Sim, eu gostava…

Ele olhou para a minha mão e começou a cantarolar.

— Because of you… — eu ri, ele prosseguiu — there's a song in my heart.

Olhou-me por um segundo.

— Because of you… my romance had its start. Because of you the sun will shine.

Eu ri. Ele fez cara de bobo enquanto cantava. Estava fazendo um grande esforço para cantar, e eu nunca vi canção mais bela que aquela. A fogueira estalou e ele continuou:

— The moon and stars will say you're mine…

Eu terminei:

— Forever and never to part…

Ele riu quando terminou. Olhamo-nos por mais tempo, nossos olhos estavam em sincronia.

— Eu ainda sou sua — falei, enxugando uma lágrima com um dedo.

Ele enxugou o resto por mim.

— Eu sempre serei seu — ele disse, baixinho. — Sempre.

Eu beijei sua testa e tornei a acariciar seus cabelos.

— Há quanto tempo eu estou aqui? — ele perguntou.

— Dois dias.

— O que eu tive?

— Disseram que foi algum problema relacionado aos seus nervos. Uma descarga de estresse, ou sei lá…

— Isso explica os cabelos brancos — ele falou e eu sorri.

— Você parece com seu pai com eles — falei.

— O que o velho Tayrone diria? — ele perguntou.

— “Cada bela história merece um belo rum” — dissemos juntos.

— Seu pai era uma figura e tanto — falei.

—É… — ele disse. — Ele morreu pensando que eu estava morto. Ele morreu de câncer. Fígado — ele fechou o cenho, como se lembrasse de seu pai com saudosismo. — Quem diria, ein? — ele disse. — Um filho de cigano e uma filha de um professor de filosofia protagonizando uma reviravolta dessas.

— Bela reviravolta, diga-se de passagem — falei, com um sorriso no rosto.

Paramos por uns segundos.

— São as cinzas — ele disse, explicando os cabelos. — Quando eu morri no submundo, as cinzas do meu “antigo” corpo grudaram nos meus cabelos. Elas ficarão aqui pra sempre, para que eu não esqueça o que me ocorreu.

— Annabeth me contou a história. Ela não sabia dos detalhes, mas disse que você ajudou o filho de Poseidon a fazer essa bagunça…

— Eu tentei impedir, mas Luna…

— Luna…

— É — ele não finalizou sua frase.

— Nunca gostei dela.

Ele ficou em silêncio.

— Muita coisa aconteceu… — ele disse.

— Tudo por minha causa, não foi? — perguntei.

— Em parte — ele respondeu. Ficou em silêncio por uns segundos. — Eu descobri. Eu descobri por que os monstros estavam indo atrás de você. Você sabia, Beth? Você sabia de Atena?

— Sabia — respondi. — Ela me procurou uma vez. Eu recusei. Não falei nada por medo de uma represália dela.

— Entendo. — Ele disse. — Eles pensaram que fosse você… Quem a ajudou naquela época? Eu sabia, mas… mas não lembro…

— Anthony, Mary, Doug, Suzanne e Marienne — falei.

— Ah, sim, sim! Eles que estavam na foto que eu entreguei a Annabeth — ele disse, recordando-se. — Ela é sua irmã. Eu confio nela.

— Eu também — respondi.

— Dois dias e você já pega intimidade com ela. Mulher logo se entrosa…

— Hey! — dei uma pequena tapa em seu ombro, ele retribuiu com um “ai” sarcástico. — Ela foi muito gentil comigo quando eu a disse que sou filha de Atena. Ela me explicou tudo o que aconteceu comigo e com o mundo.

— Eu presumi.

— Eu sei que você presumiu, seu sabichão. Literalmente.

— Eu nunca vou me acostumar com as maluquices do mundo, sabia? — ele disse.

— Nem eu. Estar morta foi… estranho. Eu não me lembro de muita coisa, mas… Não sei. Me lembro mais do meu tempo em vida. É como se tudo o que aconteceu no Elísios fosse… apagado.

— Eu nunca quis que você voltasse — sua feição ficou escura, sombria. — Eu sabia que você pudesse estar feliz, mas, mesmo com onisciência, recordo-me de não ousar ver como você estava no submundo. Não queria a ver feliz sem mim, mas esperava que estivesse…

— Chega — o interrompi — não quero falar disso. Agora eu estou com você…

Ele sorriu, envergonhado.

— Gilly nos banharia com água gelada agora — falei.

— Você se lembra?! — ele exclamou.

— Claro que sim, seu idiota!

Ele riu por alguns segundos.

— Aquele foi o maior corta clima que já existiu!

— Garoto perverso!

Ele olhou para o chão mais uma vez.

— Ele morreu de velhice. Ele conseguiu. Teve quatro filhos e morreu feliz.

— Deve ter sido uma boa vida — supus.

— E foi — ele disse, com um sorriso de inveja.

Ele ergueu a taça para beber mais água. Eu o ajudei a servir-se. Ele bebeu toda a água e tossiu. Eu o dei uma barrinha de ambrosia. Ele comeu e pareceu aliviar a dor.

— Atena… — ele disse. — Atena lhe mandou para me impedir. Eu sou um cavaleiro, Beth. Eu posso ajudar a fechar as portas da morte e, se isso acontecer, você volta pra lá. E eu vou lhe perder… de novo.

— Não pense nisso. É isso que ela quer — dei uma pausa. — Eu nunca pensei que fosse odiar tanto alguém e nem que esse alguém fosse minha própria mãe…

— Não odeie — ele disse. — É um sentimento horrível. E olhe que quem fala isso pra você é um filho da deusa da vingança!

Eu ri um pouco.

Nós passamos mais tempo conversando, trocando carícias, até que as atividades matinais de Nova Roma começaram.

— Eu tenho que ir — falei — e você tem que descansar.

— Fica mais um pouco — me pediu. — Deita comigo.

Apoiei minha cabeça numa parte do travesseiro que estava livre. Lucas me abraçou e nós pegamos no sono nos olhando. A última coisa que ele me falou e que eu devolvi foram palavras quebradas, santas, emotivas e custosas à garganta.

“Eu te amo”.

Ϟ

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aquele que Perdeu a Memória" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.