Pov Beatrice Prior

Ouço a porta se abrir. Meus avôs, Caleb e Violet entram no quarto desesperados com a chave reserva. Eles me encaram, olham para o corpo de Robert caído no chão e então eu começo a chorar. Não sei porque estou chorando mas minha vó me envolve em seus braços tentando conter meu desespero.

– O que aconteceu aqui?

– Ele... ele tentou abusar de mim vovô - digo soluçando e todos me olham ainda mais chocados - Eu matei ele, matei esse desgraçado...

– Não, não matou não. Ele vai acordar - diz minha vó - Ele já estava passando dos limites, essa foi a gota d'água, essa é a última noite dele nessa casa.

Saio do quarto e então minha vó e Violet me levam até o dormitório de meus avós.

– Vou pegar algumas roupas pra você se vestir enquanto eles resolvem o problema - Violet sai do quarto e eu fico sentada na cama esperando ela que voltar. Fico em silêncio enquanto minha avó passeia de um lado para o outro. Depois de alguns minutos Violet volta com algumas roupas na mão e me entrega.
– Você não quer me contar nada? - Eu sei que ela sabe que eu e o Robert já tivemos algumas coisas, minha vó é incrível e dela eu não consigo esconder nada.

Começo a trocar de roupa enquanto conto pra elas sobre a minha karma mais conhecida como Robert. Falo absolutamente tudo em detalhes.

– Então foi por isso que você nem quis mais voltar aqui? Foi por causa dele e dos seus pais que você se tornou essa pessoa fria e egoísta? - ela me pergunta e a única coisa que consigo fazer é não olhar pra ela - Olha pra mim bea, te conheço melhor do que qualquer pessoa, sei que você tem muito motivos pra se tornar assim, sei que você não veio pra cá sem motivo algum. Quero que se abra comigo, me conte tudo o que aconteceu com você nesses cinco anos, você não era assim.

– É. Conte pra gente prima, pode confiar - Violet se senta ao meu lado.
Suspiro. Me sento de frente pra elas na poltrona e começo a contar detalhadamente o motivo pelo qual eu fugi pra Chicago, porque eu não queria mais ter que ficar perto do Tobias e acabar fazendo papel de trouxa mais um vez, assim como aconteceu com o Robert. Falo sobre minha gravidez, sobre o meu bebê que acabou falecendo, do que eu queria fazer com ele e dos meus arrependimentos.

– Você estava grávida? - pergunta Violet abismada.

– Sim. Você não sabe como eu me sinto culpada por ela ter morrido... Eu daria minha vida pra salvar a dela.

– Mas minha filha, se você caiu da escada, eu creio que foi um acidente. Você sabia que ia cair? Não sabia, então você não teve culpa - minha vó diz um pouco preocupada.

– E sobre esse tal de Tobias - Violet se manifesta - tenho certeza que ele não é igual ao Robert, porque pra começar ele foi atrás do filho, ele correu atrás de você enquanto você brincou com os sentimentos dele. Mas sabe, você deveria explorar esse sentimento que é tão estranho pra você. Tenho quase certeza que nem todos os homens são com o o Robert.

– Não, claro que não - reviro os olhos, que ideia estúpida - Aliás vovó, quem você disse que queria me mostrar mesmo? - ela sorri e se levanta.

– Eu mostro minha querida, pode ir se deitar Violet - diz e então ela se despede de nós é vai para seu quarto.

Minha avó sai do quarto e eu faço o mesmo e sigo ela pelos corredores da casa até que paramos em frente a uma porta.

– Acho que ele está dormindo, só temos que fazer silêncio - ela abre a porta e entra, eu a acompanho e quando percebo estou dentro do quarto de um bebê. Um quarto verde, cheio de enfeites delicados e ursinhos branquinhos.

Minha vó para em frente à um berço e faz um sinal para que eu vá até ela e assim eu faço.

Quando olho para dentro da pequena caminha cercada por grades brancas de madeira, vejo uma coisa muito pequena se mexer lá dentro.

Minha vó abre o mosquiteiro e pega o pequeno bebezinho lá de dentro. Ela nina o pequeno em seus braços enquanto eu o encaro.

Ele é lindo e bem gordinho. Seus olhos verdes claros estão alertas enquanto ele brinca com as mãos, fico encantada.

– Você quer pegar? - Minha vó me pergunta e eu não exito em dizer que sim.

Ela me entrega o pequeno pedacinho de gente que se encaixa perfeitamente em meus braços. Quando eu sinto seu cheiro, o peso do seu pequeno corpo, seus dedinhos enroscarem no meu eu me sinto destruída e consertada ao mesmo tempo. Poderia ser ela, poderia ser minha filha.

Sem perceber meus olhos se enchem de emoção ao olhar para aquele rostinho, isso é tão bom.

– O que ele faz aqui? - pergunto sem parar de apreciar cada detalhe dele.

– Robert engravidou uma mocinha que não podia e nem queria cuidar dele.

– Eu nem posso julgar... E o Robert ao menos cuida do filho?

– O que você acha? Ele queria colocar ele no orfanato e então eu peguei a Guarda dele pra mim. Eu e seu avô cuidamos dele, junto com no Caleb e a Violet. Ainda não colocamos um nome desse bebezinho lindo, ele chegou aqui á umas duas semana mais ou menos.

– Tadinho de você, sua mãe não sabe o quanto é otária - ando com ele pelo quarto que continua concentrada nos nossos dedos entrelaçados. De vez em quando o pequeno abre uns sorrisinho e revela uma covinha em cada lado de sua bochecha gorda - Quantos meses ele tem?

– Três, segundo Robert. Eu vou deixar vocês dois sozinhos e ver o que está acontecendo com eles, qualquer coisa me chama - ela sai do quarto e fecha a porta.

Aproveitando meu momento sozinha, derramo as lágrimas que estavam presas nos meus olhos. Era pra minha pequena estar com quase dois meses. O que eu tinha na minha cabeça ao querer rejeitar um filho? Eu não sabia mas aquela garotinha que eu carreguei em meu ventre por tanto tempo era parte de mim, uma parte que hoje me falta como uma perna, um braço ou até uma cabeça.

Caminho com o bebê para fora do quarto e vou pra sala onde estão todos reunidos. Meu avô está ao lado de Caleb e Violet, minha avó permanece no sofá sentada em quanto Robert está ao lado de um monte de mala com cara de Vitória.

– Achei que não iria se despedir me mim priminha Megan– fala com deboche.

– E nem vim. Só estou aqui pra ver você sendo despejado, não sabe o quanto isso enche meus pulmões.

– O que você está fazendo com esse pirralho?

– Não fala assim dele seu idiota, é seu filho - respondo na mesma hora - Ele tem muita sorte em ter meus avós para cuidar dele, porque se fosse depender de você ele não ia ser ninguém na vida.

– Pois é, não ia mesmo - ele dá de ombros, pega suas coisas e vai embora pela porta da frente.

– Babaca - resmungo.

– Pelo visto você conheceu nosso garotão - diz Violet se aproximando - Ele é lindo né - ela pega o dedinho dele e faz uma careta, logo o pequeno começa a rir - Ain como eu amo esse neném. é uma pena ser filho daquele picareta.

– Acho que a gente deveria escolher um nome pra ele, não dá pra ficar chamando ele de neném pra sempre - digo.

– Verdade. Sugestões? - pergunta Caleb.

– Felipe! - diz meu avô.

– Gosto de Arthur - Violet da de ombros - Ou Gabriel...

– Eu gosto de Theo - digo olhando seu rostinho lindo

– Eu também - diz Caleb e minha vó sorri.

– Perfeito! Theo Prior, nosso novo membro da família - ela diz contente.