Pov Beatrice Prior

– Bom dia família - sento na mesa para tomar café. É a primeira vez que me sinto bem de manhã depois do que me aconteceu.

– Hmmm, que carinha é essa? - Christina pergunta sorrindo e meus pais também.

– Nada demais. Preferem meu mau humor matinal?

– Não! - Respondem juntos.

– Mas assim... Filha. Você não acha que já está na hora de voltar pra faculdade?

– Não mãe. Eu não vou mais voltar pra lá. Tenho outros planos... - pego um pedaço de bolo de chocolate e tomo um pouco do refrigerante de Christina que me da um tapa.

– Vish - meu pai coça a cabeça e encara a taça de suco - Qual é a bomba?

– A bomba é que eu quero viver como vocês. Quero aprender os negócios da família, trabalhar lá na nossa imobiliária.

– Isso é sério ou você está com piadinha mais uma vez? - Minha mãe pergunta boquiaberta enquanto meu pai me olha orgulhoso. Christina continua comendo.

– É sério. Percebi que não tem nada a ver eu fazer faculdade enquanto posso trabalhar lá e ganhar muito mais dinheiro. Afinal, quando vocês morrerem ou ficarem velhos alguém vai ter que cuidar do nosso negócio. Esse alguém por um acaso sou eu, a única herdeira de vocês, graças a Deus.

– Finalmente minha filha querida vai fazer alguma coisa que valha a pena na vida! - diz meu pai todo sorridente. Eu gosto dele mais do que da minha mãe, gosto de ver ele sorrindo e de saber que estou despertando orgulho nele.

– Espero que dê certo, já perdeu muito tempo na faculdade e é besteira tentar correr atrás do conteúdo perdido, coisa que eu sei que você não vai fazer nunca- diz Christina de boca cheia.

– Pois então, vou subir e me arrumar, quero começar hoje - Me levanto da mesa ainda de pijama e vou pro quarto tomar banho e me arrumar.

Coloco a roupa que acho apropriada para trabalhar, faço ondulações nas pontas do cabelo que já não está mais roxo e passo a minha típica maquiagem.

Volto ao closet para pegar uma bolsa. Subo no puff para alcançar a parte de cima e enfio a mão no compartimento puxando a bolsa que cai pendurada no meu braço mas derruba uma caixa de presente no chão.

Desço do puf e encaro o embrulho, deve ser algum presente de aniversário que esqueci de abrir. Catharina deve ter guardado ele lá porque não me lembro dele...

Abaixo e pego o embrulho. Tiro a tampa da caixa e quando abro dentro dela vejo um perfume com um lindo frasco no tom rosê, tiro ele lá de dentro e espirro um pouco da fragrância no pulso. O cheiro é maravilhoso, do jeito que eu gosto; bem marcante.

Passo o perfume no corpo todo, depois pego a caixa novamente e vejo um bilhetinho :
"Feliz Aniversário Beatrice,
Te desejo tudo de bom
– Tobias"

– E não é que o motoboy tem bom gosto? - mordo os lábios enquanto lembro dele.
Pego minha bolsa e desço as escadas, encontro com Christina.

– Seu pai está esperando a gente lá fora. To com preguiça de dirigir então ele vai me levar hoje - ela sorri

– Tudo bem, bicho preguiça.

– Gostei do cheiro - diz dando uma fungada no meu pescoço e então pisco pra ela.

Sigo Christina até o lado de fora da minha casa, ela entra no carro e antes de entrar arrumo meu salto que quase saiu do pé. Olho para o lado e Lauwren está saindo do carro, vindo em minha direção. Arrumo minha postura e abro um sorriso falso enquanto espero ela chegar até mim.

– Qual é a de vocês? - pergunta sutilmente.

– Vocês quem?

– Não se faça de desentendida. Você e o Tobias, o que vocês tem um com o outro?

– Deixa eu pensar... Além da nossa filha que morreu? Acho que nada - dou de ombros mas na verdade gostaria de dar na cara dela.

– Não me pareceu isso ontem de noite quando vocês se abraçaram aqui em frente de casa, eu vi tudo Beatrice.
Sua voz é controlada, ela soa calma e por mais preocupada ou irritada que esteja não demonstra. Dá pra ver que sente ciúmes. É incrível seu nível de autocontrole, eu já teria descido do salto.

– Já que viu tudo nem tenho o que te explicar então. E só pra deixar claro, nós somos amigos e estamos sofrendo da mesma dor.

– Me desculpe Tris. Não me parece que você esteja sofrendo - semicerro os olhos ao olhar pra ela. Uma chama se ascende dentro de mim, como ela ousa?

– Você quer perder os dentes? Ou quer que eu arranque o seu cabelo primeiro? - pergunto gentilmente.

– Não! - ela levanta as mãos se rendendo- Ai me desculpa eu nunca quis dizer isso! - se desespera.

– Mas disse. Tome muito cuidado ao abrir essa boca, sua ridícula.

– Me desculpa! É que você está sempre assim tão disposta a tudo, sempre com uma aparência forte, marcante... inabalável. Mesmo com o que aconteceu você continua aí, firme e forte. É meio difícil acreditar que você esteja sofrendo, Tris.

– Então a lição que você vai aprender hoje é que não se deve julgar um livro pela capa - digo cinicamente e depois reviro os olhos - A aparência de uma pessoa não diz tudo sobre ela. Um exemplo disso é você, sei bem qual é o seu joguinho com ele.

– O que você está falando? - ela disfarça abrindo um sorriso com desdém.

– Não se faça de desentendida - vou em direção ao carro mas logo volto -

Antes que eu me esqueça, gosta do meu cheiro? - dou o pescoço pra ela sentir a fragrância e ela parece gostar pela cara que faz - Tobias tem muito bom gosto, diga a ele que adorei o presente - dou uma piscadinha e abro a porta da frente do carro.

Dou um sorriso e por fim entro no carro.

– Vocês já ouviram tudo. Não tenho que me explicar.

– Olha, não cometa a burrada de se envolver com o Eaton, pelo amor de Deus Beatrice. Faça o que quiser, só não se envolva com Eatons– Ordena Andrew

– Fala isso pra ela e amanhã o Tobias tá lá na sua casa pedindo a bênção do casamento tio. Parece que ainda não entendeu como a Tris funciona- diz Christina no banco de trás.

– É, sempre esqueço como ela funciona. Todo dia tenho que aprender um jeito diferente de lidar com ela que acabo nem sabendo como fazer - fico sorrindo da conversa deles dois enquanto observo a paisagem do lado de fora da janela.

– Talvez se você tivesse cuidado de mim desde quando eu era pequena ou pelo menos uma vez na vida voce saberia como lidar comigo - digo encarando ele que não tira o olho do volante mas percebo que ficou sem graça pelo que eu disse.

– Ai tem como vocês brigarem depois? Tá chato já suportar o climão - Christina resmunga no banco de trás.

– Fica Tranquia Christina, só estou dizendo verdades.