Ela não gostava de chuva. Mesmo as chuvas de verão lhe davam calafrios.

Ela não gostava quando chovia, pois, nesses dias, era mais fácil de se lembrar o quanto ela era solitária, apesar da fachada da vida movimentada de uma popular atriz jovem e no auge de sua carreira. Eram nesses dias em que todos os seus amigos cancelavam os planos que tinham juntos, que seu cabelo parecia não tomar jeito não importa o que ela fizesse graças a humidade, ela odiava não sentir o calor do sol sobre a pele e até a cor de seus olhos parecia mudar para acompanhar os plúmbeos tons do céu.

Ela não gostava de como não conseguia fugir do barulho da chuva em sua casa opressivamente vazia. Por mais que ligasse o rádio bem alto ou colocasse a TV no último volume, ela sabia que o silêncio seria preenchido por aquele som melancólico que acalmava a tantas pessoas, mas a ela só lembrava que o sol não estava brilhando lá fora. E ela odiava em especial os trovões que a assustavam a faziam seu coração acelerar ela odiava ainda mais os raios prateados que os acompanhavam.

Ela não gostava de como não conseguia fugir do clichê da melancolia dos dias de chuva, mas era verdade que quando chovia ficava mais triste a espera por alguém que não vai chegar. E era nesses dias que ela se via obrigada a encarar a verdade de que sim, ela havia o esperado por todos esses anos. Seu coração teimoso nunca havia desistido. Desde que havia se lembrado de tudo que tiveram, o desejo de ter tudo aquilo de volta havia nascido e com o passar do tempo, somente crescido, fazendo seu coração ficar pesado, esmagando seus pulmões, às vezes, ela o desejava com tanta força que era difícil respirar e parecia que ela estava se afogando pelas águas daquela tempestade.

Ela não gostava daquele sentimento, pois tristeza nunca havia combinado com ela. Minako era feita de raios de sol e dias de verão, mesmo que em seu coração houvesse vento e chuva, mas essas eram coisas que ela era feliz em ignorar. Mas era difícil quando se via tão solitária e tão sem esperanças de que aquilo mudasse, pois o que ela queria estava no reino das coisas impossíveis. É impossível ter primavera sem chuva e é impossível trazer Kunzite dos mortos e mesmo se pudesse, como ela poderia ter certeza de que tudo não aconteceria da mesma forma? Talvez eles fossem como a água da chuva, presos num ciclo com um fim programado que sempre terminava em queda.

Ela não gostava de dias de chuva, porque eles ainda faziam ela se lembrar o quanto sua vida havia sido triste até aquele momento, sorte que agora, quando chovia, ela podia ficar mais tempo na cama desfrutando do amor de um mante que havia ressurgido do reino das impossibilidades e que fazia de tudo para fazer com que ela se esquecesse dos dias de chuva em que esteve ausente.