Trinta e Uma Pétalas escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 34
Dia 6 – Cartas




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É loucura escrever cartas para alguém que não está aqui? Que nunca esteve?

Provavelmente.

Não o suficiente para internação, é claro. Ou pelo menos eu espero.

Mas o que posso fazer? Não é como se eu pudesse pegar um telefone e te ligar. Não é como se eu pudesse comprar uma passagem de ônibus e ir até a sua casa te dizer pessoalmente todas as coisas que você me fez engolir a seco com essa mania de morrer sem antes me dar a oportunidade de deixar tudo às claras. Eu sou uma pessoa que gosta de comunicação, Kunzite, eu preciso falar. E como não posso falar sozinha – porque aí sim eu estaria comprando uma passagem só de ira para o manicómio mais próximo – eu falo com você por meio dessas cartas que em pouco tempo não caberão mais no baú onde eu as guardo.

Talvez eu as queime ou as rasgue, descontaria um pouco da minha raiva e frustração com toda essa situação.

Aliás, acho que frustração sempre combinou bem com nós dois. Eu vivia frustrada com o que você não podia me dar e você se frustrava com o que eu não queria te dar.

Eu assumo. Nunca tivemos um relacionamento equilibrado. Eu nunca me senti igual a você. Pode me chamar de arrogante, mas o que você queria? Eu tinha séculos de idade e você ainda não tinha vivido trinta anos. Eu sei bem que o amor é uma relação de poder e no nosso caso, você era o lado mais fraco. Eu só não esperava que você amargasse tanto essa posição.

Lição aprendida, no futuro não subestimarei a capacidade dos meus futuros amantes de destruir tudo que amo.

Olha que tipo de vida você me faz viver...

Sabe, quando eu era ainda mais para uma criança Adonis me jogou uma maldição. Ele disse que todas as minhas histórias de amor terminariam em desgraça.

Mal sabia ele que você já tinha tomado as providências para que isso acontecesse quando decidiu me trair tanto tempo atrás.

Eu podia ser uma pessoa egoísta, mas eu nunca pensei tão mal de você a ponto de sequer imaginar que você iria fazer mesmo o que você fez.

E embora a razão me explique seus motivos, ainda hoje eu me pergunto, porque Kunzite? Por mais que a distância entre nós fosse grande eu te amava, não amava? Nós erámos felizes, não erámos?

Eu passo noites sem dormir assombrada pelas lembranças de uma existência anterior, mas não é do campo de batalha que eu me lembro. Eu lembro dos nossos momentos juntos, eu lembro de me sentir amada e de amar tanto, tanto que eu sabia que seria para sempre. E foi. Está sendo. Mas você não está aqui e amar sozinha é desesperador.

E é por isso que eu não consigo te perdoar.

Porque quando você escolheu me trair, você escolheu uma opção de realidade que não me incluía e eu não consigo imaginar um mundo sem você mesmo sendo obrigada a viver neste. Eu te insiro na minha realidade a força, eu enfeito meu camarim com tulipas brancas, porque era as que você costumava me presentear, eu escrevo essas cartas para ninguém e não tem um dia em que eu não pense em você.

E ao mesmo tempo eu sei que nada disso é real. Porque afinal, o que eu tenho de você? Lembranças nebulosas de outra pessoa? Eu não tenho nada. O amor deveria ser meu reino e, por sua culpa, eu fui destronada.

 


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Notas finais do capítulo

N/A: Essa fic não ficou como eu queria, mas é aquele ditado né: é o que te tem pra hoje (literalmente).



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