Era de conhecimento geral que General Kunzite era um homem estoico.

Embora não fosse raro o encontrar com o cenho franzido, compenetrado em uma conversa dita em tons baixos com seu príncipe e amigo mais próximo, uma conversa que durasse mais do que algumas econômicas frases com o líder do Shitennou era um privilégio de somente poucos bem privilegiados.

Na maioria das vezes, o que o general não dizia deixava mais claro seus pensamentos e opiniões que suas palavras.

Seus homens sabiam bem disso. Bastava somente um olhar para calar as reclamações de Zoisite, acalmar Nephrite e colocar Jadeite na linha.

Mas ninguém ouvia e entendia tão claramente os silêncios de Kunzite como sua amante.

Venus lia Kunzite com a facilidade que Mercury devorava seus livros. Ela entendia as nuances de suas expressões como um especialista ao analisar as cores que um artista usou em um quadro famoso, tirava conclusões sempre corretas dos sons inteligíveis que ele produzia com o âmago de sua garganta, e muitos diziam que a ligação ente os dois chegava a ser mágica.

Besteira, ria-se ela, não havia nada em absoluto de sobrenatural entre os dois. Venus, para quem o amor era o mais natural dos fenômenos, sabia bem que ambos apenas se encontravam na mesma frequência, o que parecia silêncio para outrem, para eles era claro como o tocar de um sino de prata uma sala vazia. O que possibilitava isso era muito mais poderoso que o que fazia com que faíscas saíssem de seus dedos, era desejo puro.

Os dois se queriam tanto e estavam tão investidos naquele relacionamento que cada toque passava um mundo de sensações, cada olhar se traduzia em um milhão de significados e os silêncios, especialmente o silêncio que se instaurava no momento em que se encontravam sozinhos ou quando seus olhares s cruzavam no meio de uma multidão, esse dizia tudo.