— Harry?

— Oi, Ron.

Harry e Ron estavam no dormitório. Ron lia uma edição do Profeta Diário e Harry olhava o Mapa do Maroto. Eles estavam em suas respectivas camas e sozinhos.

— Ainda acho que a Hermione está fazendo uma burrada. – Ele disse inconformado, olhando para o amigo.

— Olha, Ron. – Harry disse desviando os olhos do Mapa e olhando para Ron – Não me anima muito saber que ela está com o Malfoy, mas isso é o que ela quer. O que nós podemos fazer?

— Mostrar para ela que ela está errada! – Ele diz enfaticamente.

— E se ela não estiver?

— Qual é, Harry?! Ele é o Malfoy!

— Eu sei. – Harry ficou um pouco pensativo. – Mas ele parece gostar dela.

— Que? – Ron não conseguia acreditar no que ouvia do amigo.

— Sei que parece loucura...

— É loucura! – Exaltado, Ron interrompeu o amigo.

— Ron... Presta atenção. O Malfoy mudou, você mesmo disse isso.

— Não... Eu não disse que ele mudou, eu disse que ele está se comportando diferente.

— O que é a mesma coisa...

— Não, não é. – Ron se levantou e foi até a cama de Harry. Sentou-se aos pés da cama, deixando a perna esquerda caída, com a ponta do pé encostando-se ao chão. – Às vezes é só um plano, alguma coisa para fazer a Hermione de idiota.

— A Hermione não é idiota, Ron... Se fosse uma armadilha ela teria percebido.

— Ou não!

— Ron! – Harry começava a ficar impaciente. – A Hermione é mais esperta que eu e você juntos. Não se lembra de todas as vezes que nós dois poderíamos ter caído em armadilhas e que ela decifrou tudo que estava por trás?

— Mas dessa vez é diferente... – Eles ficaram em silêncio – Você sabe, Harry. Você não confia completamente no Malfoy.

— Não. Não confio nele... Mas confio nela.

Dando-se por vencido, Ron se levantou e regressou a sua cama, pegando o Profeta Diário que havia deixado de lado. Harry voltou sua atenção para o Mapa do Maroto; viu que nem Draco nem Hermione apareciam, presumiu que ainda estariam na Sala Precisa.

*****

— Quer dizer que você contou para o Weasley sobre nós? – Draco perguntou enquanto acariciava os cabelos de Hermione. Ela estava deitada em seu ombro.

— Contei. Não tem problema pra você, não é?! – Ela olhou para ele. – É que ele é um grande amigo pra mim. Assim como o Harry.

— Se não tem problema pra você, não tem pra mim. – Ele sorriu para ela. – Como ele reagiu?

— Não muito bem. – Ela soltou um breve riso.

— Imaginei.

— Mas tenho certeza que Harry vai cuidar disso...

— Como?

— Convencendo o Ron... Bem... Pelo menos o convencendo para não implicar.

— Fiquei surpreso quando me disse que o Potter estava nos ajudando... Não pensei que ele fosse nos apoiar.

— O Harry já suspeitava que algo estava acontecendo... Ele só não queria acreditar. Mas quando eu contei, ele teve que acreditar. – Ela passou seu braço em torno do corpo de Draco.

— Eu queria ter alguém para confiar... Assim como você tem o Potter.

— Você tem a mim... – Ela olhou para ele.

— Eu sei. – Ele sorriu para ela. – Mas eu queria alguém para que eu pudesse contar sobre você. Dividir certas coisas.

— Agora você pode conseguir um amigo assim. – Draco indagou com o olhar. – Você mudou.

— Nenhum Sonserino é leal desta forma.

— Quem disse que precisa ser um Sonserino?

— Você acha mesmo que alguém de outra casa vai querer ser meu amigo? – Ele sorriu para ela com descrença.

— Por que não?

— Porque não... Porque sou um Sonserino... Um Malfoy. – Ele disse com desgosto e, até mesmo, certo nojo.

— Você mudou, Draco. – Ela olhou para ele e ele sorriu.

— Obrigado por gostar de mim. – Ele lhe acariciou os cabelos novamente.

— Obrigada por ter mudado. – Eles sorriam um para o outro.

Hermione apoiou-se na cama com o antebraço e beijou-o. Ele envolveu seus braços na cintura dela e puxou-a para si.

— Acho que não temos que voltar para nossos dormitórios esta noite. – Ela disse entre beijos.

*****

— Harry? – Ron, sonolento, chamou pelo amigo.

— Que? – Harry levantou a cabeça e olhou para Ron. Ele sussurrava.

— O que está fazendo acordado?

— Esperando a Hermione.

— Que? – Ron sentiu-se mais desperto com a notícia.

— Estou olhando o Mapa. Vigiando para ela.

— Você sempre faz isso?

— Quase sempre.

— E se aconteceu alguma coisa?

— Não aconteceu nada, Ron. – Ron se sentou na cama.

— E se o Malfoy...

— Não aconteceu nada! – Harry falou com veemência, ainda que sussurrando.

— Eu só estou preocupado. – Ron voltou a deitar.

— Não aconteceu nada.

— Então por que você está vigiando ainda?

— Harry olhou para os lados e percebeu que os companheiros de dormitório dormiam.

— Para garantir que ninguém os veja sair da Sala Precisa.

*****

— Malfoy – Harry chamou Draco. Era o primeiro final de semana da Primavera. As flores começavam a aparecer e a neve a desaparecer. Os alunos começavam a sair mais do castelo. Draco estava sozinho, sentado em um dos bancos do pátio, próximo a Sala do professor Dumbledore. Harry foi até ele discretamente.

— O que?

— A Hermione está estudando. – Harry olhou para os lados para verificar que ninguém prestava atenção neles. – Vá em 1 hora.

— Ok, Potter. – Draco continuou sentado. Harry, após dar o recado, entrou no castelo e seguiu para o Salão Principal.

— E ai? – Ron perguntou sussurrando.

— Recado dado.

— Acho que nós deveríamos...

— Nós não deveríamos nada – Harry interrompeu o amigo. – Agora, vamos parar de sussurrar, não podemos despertar suspeitas nos espiões da Umbridge.

— A Hermione está na Torre? – Ron já falava em seu tom normal.

— Não. Está na Biblioteca.

— As provas estão longe, não estão?! – Ron perguntou despreocupado.

— São daqui algumas semanas, Ron.

— Daqui a alguns dias eu começo a estudar. – Harry segurou o riso com a fala do amigo. – O quê? – Ron perguntou.

— Nós sempre deixamos pra ultima hora.

— Claro que não... Só estudamos quando é necessário... Qualquer coisa, a Hermione dá uma ajudinha pra gente. – Eles riram e seguiram para o dormitório.

*****

Hermione estava na Biblioteca desde cedo. A tarde caía, ainda cedo para a primavera. Dado o horário, ela pegou seus livros e se dirigiu até o Atalho. Falou a senha para o Retrato e saiu nas escadas. Dirigiu-se até a entrada da Torre da Grifinória e falou a senha para a Mulher Gorda. Ao deixar seu material em seu dormitório, certificou-se de que ninguém a seguia e se dirigiu para o corredor do sétimo andar. Chegando na parede correta, concentrou-se e pediu a Sala. Uma porta apareceu.

Quando Hermione entrou na Sala Precisa, Draco já estava ali.

— Demorei?

— Não. – Ele sorriu para ela.

— Ela foi até ele e lhe deu um rápido beijo.

— Harry te deu o recado?

— Deu sim. Não se preocupe. – Ele olhou intensamente para ela.

— O que foi?

— Preciso lhe contar algumas coisas.

— O que houve? – Ela estava preocupada. Draco virou de costas para ela e deu alguns passos.

— Umbridge. – Ele fez uma pausa e soltou um denso suspiro. – Ela está recrutando espiões.

— Eu sei. – Ela não entendia o que ele queria lhe dizer.

— E esses espiões são da Sonserina. Estão trabalhando junto com Filch. – Ele falava devagar. Queria organizar os pensamentos e encontrar a melhor forma de contar a Hermione o que precisava. – Ela veio até mim.

— E?

— Ela quer que eu espie também. Crabbe e Goyle estão felizes dela os ter recrutado também. – Ele fez outra pausa. – Ela quer que nós não só espiemos os alunos em geral, mas em especial, os alunos da Grifinória.

— Harry. – Hermione disse tentando absorver o que Draco falava.

— Também. Ela quer a cabeça do Potter de qualquer jeito.

— O que você vai fazer?

— Não posso recusar. Tenho que fingir ser espião dela. Papai me mataria se eu recusasse e ela também não ficaria feliz. Fique tranquila – ele se apressou em dizer –, eu não vou entregar ninguém, mas não posso impedir que Crabbe e Goyle façam isso. – Disse chateado.

— Entendo. – Ela disse ainda pensativa.

— Desculpe-me – ele olhou para ela. – Por tudo isso. – Seu olhar era triste, preocupado, quase sem vida.

— Você não tem culpa. – Tentando animar aos dois.

— Eu sei que eu deveria me impor mais, mas... – Ele olhou para baixo com vergonha.

— Draco, – ela colocou seu dedo indicador no queixo dele, levantando seu rosto para que olhasse para ela e lhe deu um selinho – não se preocupe. Se ela não pedisse a você, pediria a outra pessoa. Eu entendo que você não tem como bater de frente com seu pai. Eu sei que por enquanto você tem um sobrenome... Um sobrenome ao qual você tem que fazer jus. – Ele sorriu para ela menos triste agora. – Agora, – ela acariciava sua bochecha – acho que nós podemos esquecer isso por alguns minutos. – Ela sorriu.

— Com certeza. – Ele sorriu e em seguida a beijou. Levou-a para cama, despindo-a e deixando-se despir por ela. Quando todas as peças de roupas já estavam no chão, com paixão e fervor, Hermione e Draco se beijavam e se acariciavam na cama.

*****

— O que pensa em fazer agora? – Ron perguntou a Harry. Eles estavam sozinhos no dormitório.

— Quanto?

— Ao afastamento do Dumbledore.

— Eu não sei. Não tivemos tempo de conversar nas últimas semanas.

— Papai mandou notícias sobre o Ministério. Disse que as coisas estão complicadas por lá. Fudge está perdendo o controle, mas não admite.

— Temo que quando Fudge se dê conta da burrada que está fazendo, seja tarde demais.

— O que quer dizer com isso?

— Ele voltou, Ron. Voldemort voltou. E está quieto demais... Ele deve ter algum plano.

— Você acha?

— Harry assentiu em silêncio; um silêncio que exprimia toda a sua preocupação e todo o seu medo.

*****

— Preciso ir – Hermione disse. Ela estava deitada no ombro de Draco.

— Já?

— Preciso estudar.

— Não. – Draco suplicou, se sentando na cama e se apoiando nela com o antebraço esquerdo. Hermione deslizou para o travesseiro. – Fica mais um pouco. – Ele lhe deu um beijo.

— Tenho que estudar.

— Você estudou o dia todo.

— Mas...

— Mas nada, Hermione. – Ele sorriu e a beijou novamente, envolvendo seus braços na cintura dela e, então, ela se entregou mais uma vez.