Presas de Prata escrita por Rogerio Sampaio
Notas iniciais do capítulo
Bem pequeno só para dar uma instigada, boa leitura
Os dois homens se encaravam enquanto se sentavam à mesa. Gabriel era o mais novo de ambos, mas já exibia rugas e pelos grisalhos nos cabelos e na barba, diferente de Viktor, que apesar de sua idade avançada não aparentava mais que trinta anos.
– Veja bem, Yasmin e Leonardo têm nos ajudado desde a virada do século, mas outros de sua espécie tomam nossa aliança como desculpa para cometer crimes contra a humanidade - começou Gabriel tentando manter a cortesia, mas sem disfarçar o desprezo que nutria pelo outro.
– Bem, padre – disse Viktor em tom de deboche, apesar do rosto inexpressivo - Me diga como eu posso fazer com que meus súditos respeitem regras que nem eu mesmo reconheço? Se os Presas e os Avanti são seus aliados, ótimo, mas a decisão deles não foi uma decisão para toda a espécie.
– A Ordem não deixará nenhuma criatura das trevas ameaçar a segurança da humanidade, nem mesmo você - respondeu Gabriel tentando soar ameaçador, mas não conseguiu intimidar o outro.
– Padre, pensei que tinha mais com o que se preocupar... Soube de fontes confiáveis que há vira-latas infiltrados dentro de sua amada igreja - disse Viktor, se referindo aos licantropos com "vira-latas".
– Como você sabe disso? - perguntou atônito o homem. - Não importa... Está tudo sob controle - mentiu.
Viktor deu um sorriso malicioso enquanto se levantava com tranquilidade da cadeira. Ele deixou alguns euros na mesa antes de se aproximar do ouvido de Gabriel. Ele sussurrou algo, o que assustou o mais jovem.
– Compreende agora a verdade? - perguntou sarcasticamente. - Se me der licença, preciso ir, já tratei tudo o que precisava com você - disse, antes de caminhar em direção à um beco escuro.
Se vendo sozinho no Café, Gabriel começou a pensar no que o homem tinha dito. Ele compreendia agora que seus temores eram reais. Instintivamente levou a mão direita até o crucifixo em seu peito. Se o vampiro não estava blefando, então não só a raça humana, como todo o planeta estavam em perigo.
Após alguns minutos de reflexão, ele foi trazido de volta para a realidade por uma jovem que se sentou na cadeira antes ocupada por Viktor. Ela não aparentava mais que vinte anos.
– Mestre, eu ouvi a conversa... Por que o senhor ainda tolera a presença desses seres vis? - perguntou a jovem, com certo ódio na voz.
– Minha criança... Você não faz ideia do que está por vir - disse ele com uma expressão enigmática. - Preciso que faça algo por mim, Rute. Convoque Os Seis, um novo mal se prepara para atingir a terra.
– Como desejar, mestre. Mas... Que novo mal seria este? - perguntou curiosa.
– Mais destruidor que os licantropos e mais perigoso que os vampiros... Por hora, tudo que precisa saber é isto - respondeu ele, se levantando em seguida. - Estarei esperando na Basílica de São Pedro dentro de um mês, diga isso para eles...
– Seu desejo move meus passos - disse Rute e pegou um celular em sua bolsa, começando à fazer contatos.
Gabriel sorriu vendo essa tecnologia moderna. Os avanços tecnológicos da humanidade sempre iriam surpreender o antiquado homem que ainda vivia num mundo com bestas e carruagens.
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