Fête d'Halloween escrita por Kunimitsu


Capítulo 4
Parte I




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Fêde d'Halloween

Parte I – Préparation

O céu de inicio da tarde já estava completamente cinzento, encoberto por nuvens grossas quando as duas garotas chegaram ao local; apressadas. A maior delas tinha a mão segurando firmemente a mão da outra, tendo a certeza que a menor não escaparia. Valkiria conhecia muito bem a amiga e sabia que a mesma se encontrava num estado de nervos gritantes. Wanda era uma garota naturalmente tímida e calma, muito mais que Violette ou Belinda.

A garota dos cabelos negros e curtos parou de andar, suspirando ao ver a quantidade de pessoas esperando o desembarque do avião. Wanda parou ao seu lado, cruzando os braços. Pelo simples gesto da menina das mechas rosadas e trançadas, Valkiria sabia que Wanda estava tentando obter coragem e ficar ali; esperando.

– Vai ficar tudo bem, Wanda. Vamos apenas recebe-los. - disse Valkiria sorrindo ternamente para a outra, que apenas maneou a cabeça.

– Sim, claro. - falou ajeitando os óculos que escorregava, mordendo os lábios finos. - Mas não sei o que farei se ele tocar naquele assunto. - confessou Wanda, voltando os olhos cinzentos ao chão.

– Pelo o que conheço, ele nada dirá no momento. - confortou a morena. Wanda apenas sorrira levemente, não estava totalmente convencida, mas também não fugiria.

Wanda sempre fora uma garota isolada e que gostava de sua zona de conforto no meio de seus quadros. Contudo, há cinco anos, seu mundo se abalara ao ter uma nova vizinha, Valkiria e sua família - composta de seus dois tios e uma irmã mais velha -. A morena fora espontânea em tentar manter uma conversa normal com Wanda, tendo assim descoberto que ambos havia certa paixão pela arte. Apesar de Wanda preferir os quadros, enquanto Valkiria preferia os desenhos, mas especificamente, fazer ilustrações coloridas. Desde então, as duas viravam melhores amigas.

– Ei, Wanda, eles estão aqui. - a voz animada de Valkiria tirara a rosada de suas divagações.

Redirecionando os olhos cinza escuros para a direção que a amiga apontava, fora recebida com a visão de dois altos rapazes andando em sua direção como perfeitos cavalheiros que eram. Wanda não pode conter o suspiro que escapara por entre seus lábios pequenos ao voltar sua atenção no moreno dos olhos caramelos. As mãos de Wanda tremiam de leve, o ar parecia asfixiá-la e o estômago embrulhar-se.

Sentiu Valkiria puxá-la, para logo solta-la, mas preocupada no momento em receber os meninos. Principalmente, o garoto dos longos cabelos castanhos e os olhos marrons escuros e intensos. Valkiria praticamente se jogou nos braços de um surpreso Dimitry, na qual rapidamente retornou o afeto. Assim que os dois se soltaram, Valkiria fora puxada para um esmagador abraço de Viktor.

– Como vai pequena artista? - indagou Viktor ao se soltarem, um grande sorriso na face, ao que bagunçou os cabelos negros da menor. A mesma lhe mandou um olhar indignado.

– Ei, meu cabelo. - resmungou Valkiria ajeitando os cabelos curtos até os ombros. - Estou bem, melhor agora que o meu músico está de volta. - disse sapeca, serpenteando os braços na cintura de Dimitry e este apresentou um tom rosado em suas maçãs altas e pálidas; mas mesmo assim colocara um braço em volta dos ombros miúdos da morena.

Era uma cena bonita que Wanda um dia também queria vivenciar tal coisa. Ou mesmo trocar olhares cheios de amor e carinho como a amiga fazia no momento. Wanda achava que Valkiria tinha muita sorte e invejava, às vezes, isso. Olhou para Viktor, sentindo o rosto esquentar. Talvez, com ele eu possa um dia..., pensou a rosada com um inconsciente sorriso brincando nos lábios.

– Wanda, bon après-midi, petite fleur. - cumprimentou Viktor quando ele e os demais se aproximaram da menor.

– Olá Dimitry, Viktor. Bem-vindos de volt- Wanda fora abruptamente interrompida ao ter sido puxada para um abraço por Viktor.

A jovem sentiu seu coração parar por um segundo e tê-lo disparado logo em seguida. Wanda tinha medo que Viktor pudesse o escutar, enquanto rodeada pelos braços fortes do mais velho. A garota suspirou, enterrando o rosto avermelhado no peito largo do moreno; hesitando, retribuíra o gesto. Deixaria só àquela vez ser um pouco menos cautelosa.

Não sabia dizer quanto tempo ficara naquele abraço, aproveitando o calor do outro. Todavia, Wanda despertara daquele mundo letárgico ao ouvir um risinho e seguido de um sussurro que muito lhe soava algo como "so cute". Wanda corou furiosamente, rompendo o abraço. Seus olhos se direcionaram para o casal, ambos ostentando sorrisos.

– Então... - Viktor pigarreou, por um momento parecendo desconfortável, ou mesmo, constrangido. - Que tal irmos?

– Claro. Além disso, nosso motorista já chegou. - informou Valkiria, mostrando a mensagem que recebera em seu celular.

– Não acredito que o convenceram a vir. Ele detesta ter que dirigir. - abismou-se, logo rindo junto aos demais.

– Tenho minhas táticas. E posso ser muito persuasiva. - falou Valkiria quando o riso morrera apenas deixando um repuxar de lábios matreiros. Tanto Wanda e Dimitry reviraram os olhos diante das brincadeiras da morena.

– Nossa, que menina perigosa. - comentou Viktor sarcástico, erguendo uma sobrancelha e sorriso malicioso esticado.

– Claro, não me subestime. - piscou-lhe um dos olhos azuis intensos, rindo.

Brincadeiras à parte, o grupo pequeno movimentara-se no meio do aeroporto de número considerável àquela tarde. O International Airport Le' Bleur era o mais próximo das cinco cidades litorâneas por perto, incluindo Village Sucré; e por tal as garotas tiveram que se deslocar até a cidade vizinha, Bleur Valle, numa viagem de uma hora e meia. Mas valia a pena, pensou Valkiria andando ainda abraçada a Dimitry.

Os quatros chegaram à saída do lugar, com as meninas os guiando até a pequena área de estacionamento, onde um carro preto-cinzento os aguardava. O motorista do mesmo estava encostado casualmente no capô e assim que notara a aproximação dos outros, um sorriso contagiante mostrara na face, receptivo.

– Pensei que não veriam mais. - disse o rapaz dos cabelos castanhos ondulados, cumprimentando os meninos.

– Foi mal, alguns nos atrasaram, Charli. - Viktor falou, apontando sugestivamente a Dimitry e Valkiria que colocavam as bagagens no porta-malas.

– Entendo, é a saudade, meu amigo. Tanto que ela me convenceu tão mansamente pra eu vir aqui. - Charli ironizou, revirando os orbes, divertido.

– Ei, se continuar assim, não irei te ajudar com aquilo. - ameaçou Valkiria, aproximando-se dos dois. - Dimitry e Wanda vão me ajudar, então, melhor se comportar, viu?

– Vai colocar nossos amigos contra mim? - ergueu uma sobrancelha, com uma falsa descrença.

– Sim, não é? - Valkiria virou-se para Dimitry e Wanda, a mesma que tentava conter o riso, mas deu um leve assentir, risonha.

– Não me meto em seus assuntos, dragă. - disse Dimitry levemente, ao que sua amada fez de brincadeira uma careta para si.

– Só porque adoro ouvir você falar em romeno, deixo-o passar desta vez, querido. - Valkiria bicou uma das bochechas do namorado, ouvindo um engasgar vindo de Viktor; o mesmo rindo.

– Ai, Dimitry, meu caro, você está completamente enlaçado. - comentou o moreno dos olhos amendoados, rindo mais ainda quando o amigo lhe mandou um olhar levemente ofendido.

– Credo, todo esse amor não enjoa, não? - indagou retoricamente Charli, meneando a cabeça com uma falsa expressão de enojado. Wanda suspirou ao ver o sorriso maldoso que se formava no rosto da amiga.

– Ah, se é isso que pensa, então esqueça suas chances com Mackenzie, dear. - disse a morena, logo puxando a amiga até o carro e deixando um surpreso - e um pouco aterrorizado - moreno das mechas onduladas.

Oi, você não está falando sério, está?! - exclamou Charli indo atrás das meninas.

Viktor e Dimitry ficaram mais para trás, apenas observando a cena desenrolar a sua frente. Era mais seguro, principalmente quando sabiam que Valkiria estava com seus ânimos um pouco sádicos à solta. Os dois trocaram um olhar e deram de ombros, afinal, estava de volta as suas vidas cotidianas, o que mais se esperava? Viktor passou um braço em volta dos ombros do amigo, sorrindo.

Eh, Dimitry... Lar, doce lar.

✤✤

Apesar da ameaça de chuva estar presente em Village Sucré, o centro comercial da cidade ainda se encontrava movimentado. Bem como a loja de fachada arroxeada e vidraças, onde cada vez mais as pessoas, em sua maioria jovens garotas, entravam e saiam. A loja de roupas estava um turbilhão de movimentos e conversas, fazendo com que os apenas três atendentes – incluindo o dono – ficassem atarefados e pouco tempo para dar uma respirada. A nova coleção que Leigh anunciava naquele dia parecia fazer grande sucesso, mas do que o moreno esperava que fizesse.

– Me desculpe por arrastar você nesse meio. – o moreno dos olhos negros e profundos disse, ao depositar as compras de sua cliente no balcão do caixa.

– Está tudo bem, gosto de poder ajudá-lo. – apaziguou a garota dos olhos azuis sorrindo, Coraline estava, naquele dia, ajudando Leigh e seu irmão Lysandre na loja do mais velho; a garota mais ficava no caixa, pois conseguia lidar melhor com números do que com pessoas.

– Obrigado, mon bijou. – agradeceu Leigh bicando rapidamente uma bochecha de Coraline, deixando-a ruborizada e logo saindo para atender mais um cliente que adentrava.

A jovem dos cabelos azuis-turquesas ainda ficou estática por alguns segundos, surpresa pelo gesto cada vez mais freqüente vindo do mais velho. Coraline despertou de seu topor ao ouvir risinhos ao seu lado, notando as duas moças que esperavam pagarem suas compras na qual Leigh trouxera. Corando mais profundamente, a azulada sorriu fracamente e ocupando em cobrar o conjunto de roupas.

Porém, nada a impedia de devagar, Coraline sentia-se confusa com os mais recorrentes gestos que Leigh fazia em sua direção. Claro, o moreno sempre se mostrara amável e atencioso consigo, mesmo quando namorando Rosalya na época, contudo era a próprio jeito do jovem estilista tratar assim as pessoas na qual detinha alguma afinidade. Ademais, ambos haviam uma ligação entre si, já que os dois tinham a consciência no que se passava entre Lysandre e Apolline. E que detinham a mesma esperança que desse certo entre seus entres queridos. Os dois ficam bem juntos, pensou a menina, sorrindo, enquanto finalizava a compra.

– Por que desse sorriso? – a voz fina e indagadora fez Coraline sair de seus pensamentos em um salto afobado. A garota que falara dera um risinho, divertindo-se com os desastres da maior.

– Ai, Priya, que susto garota! – exclamou Coraline, franzindo o cenho para a morena dos olhos límpidos.

– Que isso, é você que anda distraída demais para notar-me. – falou revirando os olhos e sorrindo piedosa ao rubor que cobrira o rosto da azulada. – Enfim, no que estava pensando? Não negue, aquele sorriso disse tudo Coraline.

– Nada, realmente Priya. Estava pensando em Apolline e Lysandre. – contou, indicando onde os citados se encontravam, os mesmo estando entretidos em uma aparente amigável conversa, ao que suas respectivas clientes estavam nos provadores. Priya sorriu. – Não são encantadores? Não vejo a hora para se acertarem.

– Claro, eles são uns amores juntos. – concordou a estrangeira, mas logo mudou seu foco e observando cuidadosamente Coraline, erguendo uma fina sobrancelha sugestiva. – E você? Quando chegará a sua vez, Coraline?

– E-eu?! Não sei do que f-fala, Priya. – negou a garota nervosamente, soltando um riso acanhado, desviando o olhar inquisidor da outra.

– Ah, você e Apolline têm mais em comum que deixam transparecer. – Priya suspirou, resignada. O que lhe restava era continuar a observar e ajudar quando for necessário. – Então, aqui está minha compra.

Para surpresa de Coraline, Priya depositara no balcão um par de peças de roupas. Sentindo-se idiota por não ter notado as roupas nas mãos da outra, a azulada realizara seu – temporário – trabalho. Assim que Priya pagou, se despedira e saíra da loja, anunciando que iria se encontrar com a irmã. Coraline suspirou, deixando-se por um momento observar seu entorno verdadeiramente, tarefa na qual não fizera antes.

Com um suspiro de espanto, constatara que a loja realmente se apresentava em um grande frenesi. Seus olhos azuis claros quase não conseguiram acompanhar o fluxo de pessoas que andavam entorno. Leigh deve estar radiante, pensou Coraline feliz, ao que seus olhos visualizaram a forma do proprietário; este muito ocupado em atender três moças ao mesmo tempo. Assim como Lysandre e Apolline se desdobravam com seus próprios números de clientes. Maneando a cabeça, Coraline fechara a gaveta do dinheiro com a chave resolvendo por ir ajudar seus amigos com a demanda. Pois nada indicava que alguém iria ao caixa tão cedo.

Todavia, não dera nem dois passos quando a porta da loja abrira-se novamente. Suspirando, Coraline fora com o intuito de atender o possível cliente que adentrava. Mas se surpreendera ao deparar-se com a formosa garota dos longos fios albinos e olhos amarelos analíticos. Rosalya acabara de chegar, para os nervos de Coraline atacarem em ansiedade.

A adolescente engoliu em seco, passando as mãos frias na roupa, alisando-a e preparando-se para confrontara a albina. Porém, outra pessoa – a que menos esperava – chegara a sua frente, surpreendendo-a. Leigh abordava a ex-namorada em tons amigáveis e vozes baixas, que faziam o coração de Coraline apertar em expectativa. Não tinha um bom pressentimento disso.

– O que ela faz aqui? – a indagação fizera Coraline suprimir um estremecimento por conta do susto, virando-se para encarar Lynn; a mesma detinha o rosto franzido, sendo acompanhada por Chléo e Íris.

– Ela não desiste, não? – disse Íris mais para si do que para qualquer outra, suspirando tristemente. Chléo revirou os olhos azuis cinzentos com evidente desdém.

– Rosalya deveria seguir em frente. – Chléo comentou com indiferença, mas preocupada em observar uma arara próxima. – Ficar insistindo em algo que não irá dar certo leva a nada. É humilhante na verdade.

– Chléo, nunca gostei tanto de você quanto agora. – Apolline acabara de se juntar ao grupo, dando um animado abraço na loira antes de soltá-la; a mesma soltara um risinho com o ânimo da outra. – Coraline, não ligue para isso, Leigh resolverá. E também me ajude, essas pessoas não param de aparecer. – choramingou, pegando as mãos da prima desavisada e arrastando-a as clientes que Leigh deixara anteriormente. Lynn, Clhéo e Íris apenas lhe acenaram encorajadamente.

– Está tudo bem mesmo? – perguntou a menina dos cabelos azuis, vendo com apreensão Leigh conduzir Rosalya até o ateliê.

– Não há nada para preocupar-se, tá? Leigh já fez sua mente. Agora me ajude!

Suspirando, Coraline começara a atender as pessoas na melhor forma que conseguira. Pois, como era não detinha a agilidade social como a prima, dando alguns tropeços e solavancos no meio de suas conversas com a clientela. Porém, nunca podendo deixar de visualizar a porta do ateliê com perceptível apreensão.

Lá fora, o relâmpago iluminou o céu escuro.

✤✤

Inicialmente, a moça dos olhos claros não tinha a intenção de desempenhar o papel na qual realizava naquele momento. Pois, planejara em apenas visitar a loja de roupas com a prima e aproveitar e fazer umas comprinhas. Contudo, tudo mudara quando o dono dos mais belos olhos desiguais pedira que a azulada o ajudasse com a crescente demanda de clientela. Não tinha forças para recusar, principalmente quando a prima já se prontificara em ajudar. Aceitou.

E afora, Apolline se encontrava atendendo garotas indecisas e um pouco histéricas – por qual roupa escolher. Todavia, não poderia culpá-las, mesmo que quisesse, já que conhecia tais sentimentos; principalmente quando era algo relacionando as produções que Leigh fazia. Tinha verdadeiro apresso pelo moreno mais velho. Pelo menos, têm algo de bom nisso, pensou a azulada deixando os olhos derivarem até a forma bem construída de Lysandre.

– Vejo que está bem ocupada. – comentou a garota das mechas ruivas trançadas aproximando-se da amiga, assim que a mesma direcionara um grupo de adolescentes até o caixa.

– Ora Íris, uma coleção como essa é claro que daria ótimas vendas. – argumentou a morena dos olhos verdes que acompanhava Íris.

– E vocês estão aqui por que não poderiam perder esta oportunidade, não? – retrucou Apolline divertida, erguendo uma sobrancelha para o grupo de meninas a sua frente.

– Um pouquinho, querida. – uma loira disse, sorrindo enquanto mostrava um par de peças que escolhera. A morena ao lado revirou os azuis brilhantes.

– Não há como negar, essas novas roupas estão lindas. – falou Priya, também detendo algumas vestimentas consigo. Apolline sorriu com certo orgulho.

– Bem, foi Leigh que criara e Lysandre o ajudara. Os dois fizeram um bom trabalho. – Lynn franziu o cenho ao notar certo tom na qual Apolline usara.

– Por acaso é orgulho que ouço vindo de você, Apolline? – provocou Lynn, apreciando divertido o rubor que tomara conta das maçãs da azulada. As demais sorriram ao entenderem as implicações da morena.

Urg... – a azulada desviou o olhar, engolindo em seco. – N-não sei o que está insinuando Lynn.

– Claro que não, dear. – ironizou Chléo balançando a cabeça. – Imagina, você nem está feliz em passar algum tempinho com o seu lindo e misterioso Lys.

– Ai, Chléo, falando assim Thales ficará com ciúmes. – Apolline tentou desviar o assunto, alfinetando a amiga. – Além disso, eu estando aqui não têm nada haver com Lysandre.

– O que não têm haver comigo?

O monótono e pouco curioso tem rouco vindo detrás de Apolline assustara a mesma, fazendo-a virar bruscamente. Seus olhos azuis escuros depararam-se com a figura do albino com mexas escuras; Apolline sentiu-se uma “manteiga derretida” sob o olhar do maior. Ela sorriu, suspirando e ignorando os risinhos vindos de atrás de si.

– Oi Lysandre. Não é nada, realmente. – disse Apolline quando se recuperara de seu momentâneo topor.

– Entendo... – murmurou o rapaz com um pequeno repuxar de lábios, antes de direcionar o olhar para as demais moças presentes. – Vocês precisam de ajuda?

– Ah, não, não. Para falar a verdade, eu já estou indo pagar isso. – apontou Priya, movendo as roupas em mãos.

– Bem, então, obrigado pela compra. – Lysandre disse, assentindo.

– Até logo meninas, Lysandre. – despedira a indiana.

– Oh, parece que vocês têm mais clientes. – comentou casualmente Íris, fazendo a atenção dos dois atendentes direcionarem para a porta, aonde mais grupo chegava. Apolline suspirou.

– Deixaremos vocês trabalharem, até depois. E Lysandre, cuide dessa menina, viu? – Lynn falou, puxando rapidamente Íris e Chléo para outra seção da loja; piscando um olho esverdeado para o albino ao passar pelo mesmo.

– Vamos? – indagou o garoto à azulada, divertido ao ver a careta cansada da mesma. – Se quiser, não precisa continuar.

Apolline ergueu uma sobrancelha, dando ao outro um olhar inquisidor. Direcionou os orbes claros até o grupo de moças belas e bem vestidas. Franziu as sobrancelhas e crispou os lábios.

– De jeito nenhum! Vamos!

Assim dizendo, puxara determinada Lysandre pela mão até suas clientes, não notando o rubor ou o sorriso na face do maior.

✤✤

O clima era tenso, espesso, naquele quarto; num silêncio mórbido. Os dois únicos ocupantes do lugar encaravam-se – em lados opostos de uma longa mesa – com certa hostilidades que a alguns meses atrás não se esperaria entre os dois. Contudo, como gelo fino em um lago, uma hora se desfaz, restando à fria escuridão enterrada no fundo.

Rosalya suspirou, passando uma mão trêmula no rosto pálido, secando nervosamente os resquícios de lágrimas que deixara escapar. Inicialmente, havia tido o objetivo de conversar civilizadamente com o moreno, ao contrário dos seus encontros anteriores, que terminaram em discussões tórridas. Mas nada seguiu como o planejado e novamente as vozes altas e alteradas tomaram conta de sua conversa, mais por parte de si, que do outro. Leigh dificilmente levantava o tom, mas suas vozes baixas e frias tinham o mesmo efeito; ou pior.

– Eu não quero mais discutir, Leigh. – a albina sussurrou em um tom rouco, os olhos amarelos postos no piso branco.

– Então, por favor, não insista em minha decisão, pois não irei mudá-la, Rosalya. – Leigh disse um cansaço incaracterístico presente em seu rosto. Já não tinha mais paciência para aturar o mesmo assunto.

– Eu entendi Leigh. Mas me angústia não saber o motivo que levantou-nos a romper. – argumentou, cruzando os braços e encarando com determinação o homem que ainda detinha o seu coração. – Não posso aceitar a explicação que me dera antes.

– Mas será a única que receberá Rosalya. – retrucou o homem dos cabelos negros e curtos, também cruzando os braços.

– Não Leigh, eu- Rosalya fora abruptamente cortada pelo outro que a olhava intensamente.

– Rosalya... Se quiser tanto saber, pois bem. – começou a dizer em um tom perigosamente baixo e grave. A adolescente sentiu-se estática, pela primeira vez não queria saber aquela resposta. Mas escutou com o peito apertado Leigh dizer: - Meu coração já não lhe pertence, Rosalya. Meu coração retumba por outra.

Algo em Rosalya estalou.

– D-descupe por atrapalhar, mas um cobrador acabou de chegar, Leigh. – contou Coraline, estagnando-se na soleira da porta e não ousando aproximar-se; pois sentira o clima tenso que pairava sob o local.

Grazie, Coraline. – disse Leigh suspirando e massageando as têmporas. A azulada preocupou-se, nunca vira o moreno naquele estado. Ai, ai, ai, a conversa não acabou bem, pensou Coraline. – Rosalya...

– Não precisa dizer mais nada. – cortou a albina, apesar disso não detinha a atenção no ex-namorado, mas sim na outra garota. A mesma sentindo-se incomodada sob o olhar duro da maior.

– Rosalya não tire conclusões precipitadas. – ouviu-se o estilista dizer como se perceber-se algo que se passava a detentora dos olhos amarelos.

– Que conclusões Leigh? – indagou irônica, bufando. – Eu já irei.

Assim dizendo, dera o contorno em volta da longa mesa sem nunca perder de vista a figura delicada de Coraline. A tal, que lhe mirava com os orbes azuis claras confusas. Para ela, Rosalya estava agindo estranhamente, muito mais que os dias posteriores ao termino que tivera. E também não entendia o porquê do olhar dura que recebia.

Ao passar por si, Coraline ainda pôde ouvir de Rosalya sussurando:

– Agora sei por quem ele terminou comigo.

✤✤

A chuva não aplacava em Village Sucré, em torrentes fortes de água e ventos frios para aquele final de tarde. Poucos eram os que ousavam sair naquele momento, a maioria preferia o conforto de suas casas ou nos estabelecimentos de aspectos aconchegantes, como era o caso de uma lanchonete localizado a poucos metros do lyncée, Sweet Amoris; na qual um jovem casal adentrava com o intuito de poder saborear uma boa bebida quente que estavam a necessitarem.

– Credo, odeio quando chove. – resmungou o garoto de cabelos médio-curtos e negros, rolando os olhos, ao que depositava o guarda-chuva no suporto apropriado que a lanchonete fornecia.

Armin, pensei que gostasse da chuva. – disse em tom confuso a garota dos olhos verdes que o acompanhava.

– Até gosto, Elycha, quando não estou no meio dela. – argumentou o moreno enquanto ambos seguiam para uma mesa ao canto do estabelecimento; o mesmo com um número considerável de pessoas. – Além disso, chuva só serve para a gente ficar em casa.

– Você quer dizer, uma desculpa para ficar em casa e jogar, não? – bufou Elycha, sentando-se na cadeira em frente à Armin, as mãos finas empenhando-se em arrumar o coque desfeito anteriormente devido ao vento. Armin lhe mandara um sorriso de canto.

– Você me conhece, querida Elycha. – piscou-lhe uma dos orbes azuis, já pegando o cardápio posto na mesa amadeirada de toalha quadriculada. – Então, o que vai querer?

Hunn... Capucchino ao leite e bolinhos amanteigados. – respondera a jovem depois de uns minutos a pensar; Armin assentira.

– Acho que pra mim... Hun... Chocolate quente e uns donults.

O rapaz ao sentir-se satisfeito com sua escolha chamara uma das garçonetes para fazer seu pedido e de sua acompanhante. Enquanto Armin distraía-se com os pedidos, a jovem Elycha deixava seus brilhantes olhos passearem pelo local; que no tempo de aula, ela e seus amigos frequentavam. O lugar tinha um ar naturalmente agradável e por opinião pessoal, Elycha era fascinada pela arquitetura barroca que a lanchonete detinha. Seu principal ponto era a lareira que no momento se encontrava acessa e proporcionando uma quentura ao ambiente.

E fora bem naquele ponto, a duas mesas longe de si e bem próximas da lareira, localizava-se uma ocupada mesa; A mesma contendo duas das pessoas que jamais pensaria em ver juntas. Elycha estreitou os olhos, seus sentidos alertando-a e com uma ligeira desconfiança a assolando. A pergunta que rodeava sua mente naquela hora: Por que Amber e Melody estão numa mesa conversando?

Poderia não saber a resposta, mas iria descobrir o que estava acontecendo entre as duas.

ycha? Elycha! Elycha!! – o chamado de Armin lhe tirara de seus pensamentos, encarando-o e notando o fato que sua comida já havia chegado. Armin lhe franziu o cenho, preocupado. – Ei, aconteceu algo?

Hun? Oh, não, nada. Só vi algo... incomum. – respondeu a garota mandando um sorriso nervoso, que obviamente não convencera o maior.

– Sei... E o que era? – indagou o gamer aproveitando sua própria comida, o que rapidamente Elycha fizera o mesmo, mas tomando cuidado extra com sua blusa verde de mangas bufantes.

– Aquilo. – apontou na direção que Amber e Melody ainda estavam a “papear”. Observou o moreno adquirir uma expressão de surpresa, antes que franzira as sobrancelhas, direcionando o olhar de volta a sua acompanhante.

Okayyyy... Isso é estranho. Eu pensava que Melody não gostava de Amber, mas as duas parecem bem pra mim. – concluiu o moreno dos olhos azuis, confusos.

– Sim, também achei estranho. Acho que podem estarem aprontando alguma. – expressou-se saboreando um bom gole de sua bebida.

– E você desconfia que seja sobre Daphne e Nathaniel? – quis saber, surpreendendo Elycha. O gamer lhe mandara um sorriso indulgente. – Oras, Elycha acho que todo mundo já notou como Daphne e Nathaniel se comportaram hoje na escola. É a maior fofoca da semana. – contou despreocupadamente, a outra só pôde assentir.

Elycha sabia que algo assim poderia vir a acontecer, mas não com tanta rapidez. Porém, Armin acertara um ponto, Daphne e Nathaniel não fizeram nada para esconder a tensão que havia se formado entre eles. Os dois evitavam-se como se cada um tivesse alguma doença contagiosa. E bem era verdade, a morena havia justamente pensado nos dois amigos quando vira Amber e Melody conversando civilizadamente. Pois a garota sabia que a loira não suportava que o irmão não lhe dessa atenção integral ou dividi-lo. Já Melody, só era alguns que percebiam, mas a representante de turma tinha um enorme ciúme de Nathaniel; E por tal, não gostava de Daphne. Contudo, Elycha nunca pensara que Melody seria capaz de prejudicar alguém, como Amber fazia. Pelo visto, estava enganada, pensara ela, mordendo os lábios.

– Então, quando começa? – a indagação de Armin deixou a morena confusa, a mesma erguendo uma sobrancelha em um pedido mudo de explicação que foi prontamente atendido. – Oras, não devemos investigar? Temos que ter certeza que elas não farão nada que prejudique mais ainda Nathaniel ou Daphne. Ou qualquer outra pessoa também.

– Mas Armin... Não quero estragar nosso encontro, er, quero dizer, nosso passeio. – retorquiu a estudante, corando com o deslize que fizera. Por sorte sua Armin parecia não ter notado o que lhe fez indagar mentalmente se isso era algo bom ou ruim.

– Está tudo bem. Sei que está preocupada, além disso, vai ser minha boa ação do ano. – respondeu, sorrindo maroto e piscando-lhe o olho.

Grazie Armin. – num impulso, Elycha plantou um rápido beijo na bochecha do moreno, o mesmo que ficara com o rosto levemente rosado com o gesto; bem como a morena, que corava intensamente.

Os dois permaneceram em silêncio por alguns instantes, até Elycha balançar a cabeça e voltar o foco em seus pensamentos e na situação em que se encontrava. Puxando o rosto do garoto até uma distância próxima de si e ignorando o rubor subindo ao seu rosto e pescoço; sussurrara o seu plano ao outro. Um plano simples, mas de certa forma, eficaz.

Muito perto da lareira, uma máquina de jogos ficava consequentemente, perto da mesa na qual Amber ocupava. E para não chamar a atenção ou causar estranheza, um de cada vez iria à máquina para jogar. O tempo que levava e a distância pequena eram os suficientes para que Armin e Elycha conseguissem ouvir a conversa. E por sorte ninguém estava usando a máquina naquele momento.

– Vou primeiro. – anunciou Elycha depois que explicara eu plano e ter tido a certeza que o moreno não iria se desconcentrar de sua tarefa e jogar realmente.

– Tem certeza? – vendo o aceno da garota, Armin só pôde deixá-la ir, observando de longe para qualquer imprevisto.

Enquanto isso, Elycha seguia calmamente até a lareira, seus olhos vez ou outra passeando até Amber e Melody. Parando diante da máquina, a garota vasculhou os bolsos de sua calça escura, procurando moedas que logo achara. Depositara-os no local adequado, ouvindo o equipamento ligar. Colocou a mão na alavanca que mexia a garra metálica que servia para pegar um dos pelúches no recipiente. Contudo, Elycha logo teve sua atenção voltada às vozes que escutava.

– ... Ainda me surpreende, vindo com tal proposta. – o riso fino de Amber se fez presente, e Elycha quase podia visualizar o sorriso arrogante estampado na face da loira.

– Estou a sério, Amber. Só quero saber se aceita ou não. – a voz de Melody era urgente e um pouco irritada. – Ou então, peço a ajuda de outra pessoa.

– E quem irá lhe ajudar? Ninguém, com certeza. – retrucou a loira, estalando a língua. – Olha, posso até ajudá-la, com uma condição.

– O que é Amber? – indagou Melody com verdadeira curiosidade.

– Que você deixe-me a-

A voz de Amber fora, infelizmente, abafada graças ao jogo que apitava a sua perda. O jogo inteiro parara, para a frustração de Elycha, que nem havia percebido o tempo passar; pois movia a alavanca de forma aleatória. Suspirando, a moça saíra dali, principalmente ao notar os dois meninos atrás de si, esperando a sua vez.

– Definitivamente, àquelas duas estão aprontando. – contou a morena dos olhos esverdeados quando voltara a sua mesa, cruzando os braços e com o cenho franzido. – Ouvi que Melody fez uma proposta para Amber. E a “pestinha” ia pedir algo em troca, mas não consegui escutar, arg.

– Oh, bem, então é a minha vez. – disse Armin, já se levantando e no processo bagunçara os cabelos acastanhados da garota. Divertindo-se aos ouvir os resmungos indignados.

Armin fizera o mesmo processo que Elycha, mas tendo que esperar alguns instantes até a criança ruiva terminar de jogar. Quando fora sua vez, Armin suspirou contendo o gemido de resignação ao constatar que não poderia verdadeiramente jogar quando a máquina ligou. O que lhe restava era prestar a atenção à conversa próxima. O que não faço por ela?, indagou-se com um pequeno sorriso brincando nos lábios.

– ... então, suspeitei certo. – Armin escutou Melody dizer, com certa maliciosidade e um pingo de exaltação.

– Oras, quem você acha que sou? – indagou Amber retoricamente, estalando a língua. – Foi até fácil, visto que àquela garota tola não tinha como saber que uma de suas amigas poderia traí-la. – gabou-se sem escrúpulos.

– Amber!

– Ora, ora, por que a surpresa Melody? Não estamos fazendo um- Amber abruptamente parara de falar e Armin ficara tenso, não podendo ver o que acontecia, já que se encontrava de costas. – Vamos sair daqui.

Eh! Por quê? – Melody parecia muito confusa com as ações repentinas da loira, mas a mesma havia sido ignorada.

– Não importa, vamos agora!

Armin ainda ouviu alguns resmungos da morena das duas, mas mesmo assim as cadeiras foram arrastadas e passos apressados, ouvira. Dando uma olhada de esgueira, o gamer vira a mesa que segundos antes havia sido ocupada; mas agora se encontrava vazia. Suspirando, o moreno terminara o seu jogo a tempo de ver Elycha se aproximando, a expressão não mostrava contentamento.

O que aconteceu? – perguntou a menor assim que parara em frente ao outro, os braços cruzados.

– Não sei. Amber de repente parou de falar e exigiu que elas saíssem dali, bem rápido. – contou o rapaz, dando de ombros.

– Será que ela o vira? – Elycha murmurou para si mesma, profunda em pensamentos.

Percebendo tal distração, o garoto sorriu maroto. Com seus braços fortes rodeou a cintura da pequena garota, pegando-a de surpresa como se esperava. Os orbes verdes olhavam-no indagador, mas Armin apenas abanara a cabeça, colocando-os face a face. Elycha corara até a ponta de suas orelhas; Contudo um sorriso pequeno se formara nos seus lábios.

– Ei, não fique assim, tenho certeza que descobriremos o que está acontecendo. – acalmou o rapaz, dando-lhe um beijo em sua testa. – Além disso, tenho um presente para você, mon bijou.

Antes mesmo de Elycha poder indagar qualquer coisa, o maior já lhe mostrava o item fofo em mãos. A morena soltou o ar, surpresa. Armin segurava uma pelúcia de tamanho médio, em formato de urso de olhos negros e pelo amarelado; uma fita vermelha larga adornava o pescoço do animal. A moça pegou o ursinho, admirando sua textura e o sentimento que borbulhavam em seu ser, o coração disparado. Mirou o gamer que ainda lhe abraçava, seus olhos brilhavam como a mais preciosa joia. O sorriso era largo e carinhoso diante da face meio acanhado do outro. Elycha o abraçara, enterrando o rosto corado no peito largo do menino.

Armin definitivamente sabia lhe deixar cada vez mais apaixonada por si.


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Notas finais do capítulo

Hello cupcakes!

Bem, esse capítulo já estava pronto a um tempinho, contudo, do jeito que sou super azarada, meu pc foi pra merda! E só pude hoje!! shishis
Enfim, desculpe pelo atraso!
Okay, então como está o capítulo?
Bem, mau, me digam, sim?
Enfim, espero que tenham gostava!

Até logo, e desculpe-me por ser tão rapidinha,
Kunimitsu.



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