Tal Mãe, Tal Filha escrita por Candidamente


Capítulo 20
Slytherin vs Ravenclaw


Notas iniciais do capítulo

OI AMOREEEEES
COMO VOCÊS ESTÃO?
Certo, deixa eu respirar fundo.

Pasmem. Finalmente o capítulo vinte.
E será que tem título mais clichê que esse?

Espero que façam uma boa leitura, o capítulo está e n o r m e.
Aproveitem, babes
Nos encontramos nas notas finais.



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Rose detestava tardes úmidas e chuvosas como aquela. Por algum motivo, o seu humor não estava habitualmente péssimo como era comum em dias assim, típicos de novembro; pelo contrário, ela sentia que poderia fazer um discurso de boa sorte para todos os jogadores que entrariam em campo dali a mais ou menos meia hora.

Fosse Corvinal ou fosse Sonserina a equipe vencedora daquela partida, não importava tanto. Ainda assim, era impossível ser imparcial, estava com certeza mais a favor de uma Casa do que da outra.

Se a Grifinória conseguisse chegar à final, é claro que Rose queria que fosse contra a Corvinal. Por Merlin! Toda a Grifinória queria! Era preciso ser franco, nem mesmo Rose conseguira poupar-se do revanchismo que rondava a Torre da Grifinória desde a derrota na final da última temporada.

Para manter a racionalidade íntegra, Rose não permitiria a si mesma muita preocupação com o assunto. Estava mesmo animada, ainda que fosse apenas se sentar em qualquer lugar nas arquibancadas, assistir ao jogo, tentar ficar feliz por quem quer que vencesse e, logo depois, voltar  ao castelo normalmente.

Porém, antes de tudo, ela tinha algo a fazer. E era nisso que estava pensando enquanto caminhava sobre a grama molhada, debaixo de uma garoa fina e congelante, em direção ao Campo de Quadribol ao lado de James, Roxanne e Lily. Todos os quatro muito bem protegidos contra o frio que fazia.

 Rose estava calada, talvez até um pouco distante. A única coisa em que prestou atenção na conversa de James e Lily, por exemplo, entre meio às risadas de Roxanne, foi o momento em que os irmãos fizeram uma aposta valendo dez galeões sobre quem venceria a partida a seguir. James dizia ter certeza que a vitória seria da Corvinal; Lily, para contrariá-lo, afirmava que a Sonserina seria a ganhadora.

Rose também pôde sentir o olhar de Roxanne, algumas vezes, encarando-a brevemente. Apenas porque estava pensativa e não muito interessada na voz dos primos, presumira a garota.

A caminhada até o estádio era rápida e, pouco antes de entrarem, Roxanne chamou-lhe a atenção.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou.

Rose sorriu.

— Nada, não, Roxy — E tranquilizou-a. — Eu só estava refletindo sobre um exercício de ontem na aula de Aritmancia — mentiu. — Particularmente peculiar, eu diria.

Roxanne encarou-a pouco convencida, mas apenas assentiu e disse:

— Tudo bem, então.

Os quatro finalmente chegaram à entrada do estádio e, uma vez dentro, Rose buscou discretamente pelo garoto de cabelos louros e uniforme verde com um grande número cinco nas costas, por todos os lados onde seus olhos podiam alcançar.

Ela o encontrou encostado à passagem para os vestiários, de costas para o lado de fora. Ele gesticulava com as mãos, provavelmente conversando com alguém. Rose imaginou que Scorpius não devesse estar ali. Faltava aproximadamente vinte minutos para o início da partida, momento em que os jogadores costumavam ficar em concentração, repassando as coisas mais importantes uma última vez com o capitão.

Rose disse a Roxanne, Lily e James que fossem se sentar nas arquibancadas e guardassem lugar para ela, assegurando que não demoraria a alcançá-los. Uma leve desconfiança passou pela expressão de Roxanne, mas ela apenas gritou um “o.k.” e seguiu caminho junto a Lily e James.

A entrada para os vestiários era a poucos passos de distância de onde o grupo se separou. Rose andou apressada, as mãos suando afundadas nos bolsos da capa que vestia. Ela pôde notar que Scorpius a vira pelo canto dos olhos, pois parou imediatamente de rir do que quer que estivesse rindo. Ele sorriu pequeno, acompanhando seus passos até que ela estivesse perto o suficiente.

Rose sorriu também quando parou a frente do garoto.

— Oi — disse ela.

— Olá — cumprimentou Scorpius, em tom propositalmente formal. — A que devo a honra, Rose Weasley?

Rose mordeu o lábio inferior por dentro e trocou o peso do corpo de um pé para outro, tentando fazer seu nervosismo passar despercebido.

— Vim te desejar boa sorte — Rose limpou a garganta.

O sorriso de Scorpius aumentou e ele disse baixo, abandonando a brincadeira inicial:

— Obrigado, então, Rosie.

Rose assentiu e olhou para dentro da porta onde Scorpius estava encostado. Sua curiosidade era só uma desculpa para não olhá-lo diretamente nos olhos. Nott estava ali, observando com as costas apoiadas na parede de dentro do vestiário. Rose sentiu suas bochechas esquentarem um pouquinho, mas o cumprimentou rapidamente.

— Você não deveria estar lá? — indagou ela, sussurrando e apontando com a cabeça para o lado de dentro do vestiário.

— Deveria — Scorpius admitiu. — Mas Zabini ainda está naquele cubículo que ele chama de A Sala do Capitão, todos estão esperando para ver o que ele tem a dizer e eu só estou pegando um pouco de ar. — Ele deu de ombros.

— Certo — murmurou Rose, segurando-se para não revirar os olhos. — Eu vou indo então... Bom jogo. — desejou tanto para Scorpius quanto para Nott.

— Obrigado — Nott agradeceu pelos dois.

— Não vamos te decepcionar, Weasley — Scorpius brincou e piscou para Rose.

Ela riu.

— Tenho certeza disso.

Scorpius riu também e Rose o observava, hesitando em ir embora. A garota teve de obrigar-se a acordar de seu transe de dois segundos.

— Até mais, Scorpius.

— Até, Rosie.

E ela saiu, dando as costas ao Malfoy e tentando diminuir seu sorriso grande demais para ser normal. Sentia levemente as cócegas perigosas na boca do estômago. Por mais frio que estivesse sentindo, pensou talvez precisar que lhe jogassem um balde de água gelada na cara para que aquilo parasse.

Rose demorou aproximadamente dez minutos para encontrar Roxanne, James e Lily — praticamente desaparecidos no meio da torcida da Corvinal — e ainda conseguir chegar até eles. As arquibancadas enchiam-se gradativamente de alunos falantes e barulhentos que recém chegavam ao estádio. Só se via azul e bronze por ali; lá do outro lado do campo, tudo era verde e prata.

Ela logo notou a presença de Mary ao lado de Lily, as duas conversavam sobre algo que Rose não se interessou em saber. Mary levantou os olhos apenas para cumprimentá-la, Rose cumprimentou-a de volta e retribuiu seu sorriso. Ela parecia bem, mesmo quieta e meio encolhida em seu cachecol, falando baixo, envolta na conversa com Lily. Estava diferente da garota que Albus apresentou a Rose no quinto ano; agora ela tinha olheiras mais acentuadas, embora quase imperceptíveis, a expressão vagamente cansada e parecia um pouco mais magra do que antes.

Ao sentar-se entre James e Roxanne, Rose recebeu olhares inquisidores dos dois lados. Ela levantou uma sobrancelha, desentendida, alternando-se para olhar tanto para Roxanne quanto para James.

— O que houve? — Rose perguntou. — Por que vocês estão me olhando assim?

— É sério que você não ia me contar que beijou o Malfoy? — interrompeu-a Roxanne, na tentativa de mostrar-se indignada. Ela falava baixo para que fosse audível apenas para Rose e James; pelo menos tinha a consideração de não deixar que Lily ouvisse.

— Claro que ela não ia te contar, Roxy! — intrometeu-se James. — Já faz o quê...? Dois meses? Foi no dia do primeiro treino do time depois dos testes!

James! — repreendeu-o Rose e então se voltou para Roxanne. — Eu ia te contar,Roxie... Mas não agora.

Roxanne fitou-a com o semblante sério — como se estivesse realmente chateada —, porém não conseguiu conter um sorrisinho que lhe surgira no canto dos lábios.

— Depois você vai me contar tudo o que tiver para contar, certo? — Aquilo soou mais como uma ordem, mas Rose não se deixou abalar. Contentou-se apenas em revirar divertidamente os olhos e assentir.

Houve um momento de pausa. James, que estava correndo os olhos distraidamente pelo campo, parou por um instante e virou-se para Rose com o usual sorriso convencido em seu rosto.

— E não pense que nós não sabemos aonde você foi, Rose — sentenciou ele.

Rose revirou os olhos novamente.

— Tanto faz, Jae — Ela deu de ombros. — Não há nada de mais. Eu apenas fui desejar boa sorte a Scorpius antes do jogo, como vocês viram que desejei a Albus hoje antes de sair do castelo.

James riu.

— Certo, Rosie. Mas não tente nos convencer de que o que você tem com o Malfoy é apenas amizade. Nem eu e nem Roxy somos cegos, o.k.?

— Por sinal, Albus também não — acrescentou Roxanne, com convicção e James assentiu em concordância.

— Eu e Scorpius somos de fato apenas amigos. E vou continuar repetindo isto, porque é a verdade! Não tem nada para vocês enxergarem, ouviram? — Rose sussurrou, exaltada e com o rosto quente.

— Você o bei...! — tentou protestar James.

— Você e Roxanne também se beijaram, Jemmy. Nem por isso eu estou afirmando que vocês são mais que amigos, estou? — retrucou Rose, embora tivesse certas dúvidas acerca de seu argumento.

Ela observou o quão cômicas foram as reações individuais de seus dois primos. Roxanne fingiu que não estava incluída na conversa e virou-se para frente, de repente parecendo muito interessada na cabine do locutor da partida, no alto, do outro lado do estádio. James chegou a abrir a boca para tentar responder, mas desistiu e aprumou-se na superfície de madeira da arquibancada, visivelmente desconfortável com o que acabara de ouvir.

Rose cruzou os braços; o clima havia ficado um pouco pesado, contudo ela conseguira livrar-se de James e Roxanne sendo enxeridos. Rose não tinha mesmo nada para admitir. Não havia nada com Scorpius, era apenas aquilo e pronto.

Não demorou muito para que as duas equipes saíssem do vestiário e se posicionassem nos devidos lugares, ainda em solo firme. A voz de Jason Wood ecoou pelo estádio, anunciando que a partida estava prestes a começar.

Rose tentou não lembrar que tivera de monitorar os corredores da escola sozinha na noite anterior, pois Wood — que também era monitor da Grifinória — tivera de passar a noite internado na Ala Hospitalar por algum motivo que a menina desconhecia e não fazia questão de saber.

Rose considerava Wood um verdadeiro idiota por vários motivos, porém odiava monitorar os corredores sozinha. Ele pelo menos era alguém para trocar algumas poucas palavras sobre qualquer coisa desinteressante e também uma ajuda a mais. Ela fingia que o seu primeiro beijo, que fora com ele, no terceiro ano, nunca havia acontecido, porque realmente não importava; e tanto fazia se o garoto era estupidamente irritante dependendo da ocasião. Era companhia.

Lá embaixo, os capitães de Corvinal e Sonserina encontravam-se um de frente para o outro. Corner e Zabini apertaram as mãos e soou o apito da experiente Madame Hooch, que ainda era a juíza de todos os jogos de quadribol em Hogwarts.

Não demorou muito para que os primeiros dez pontos aparecessem no lado Sonserina do placar. A torcida verde e prata comemorava cantando o nome de Lynch. As serpentes eram mesmo assim, rápidas no bote; Rose achava que ainda não havia visto uma equipe da Sonserina tão competitiva e ávida por vitória quanto a de Zabini.

Logo, em pouco espaço de tempo, sempre recuperando a posse da goles, Sonserina marcou trinta pontos de gols consecutivos. E então veio Monica Domy e enrolou direitinho o goleiro Corner, da Corvinal. Segundos depois, com a torcida vibrando com comemorações estrondosas, a goles passou pela baliza do meio e o placar já estava:

Sonserina — 50 x 0 — Corvinal

Os balaços voavam de um lado para o outro, várias vezes quase atingindo os artilheiros das duas equipes. Em determinado momento, Scorpius rebateu um balaço na direção de Albus, que desviou por pouco.

Rose pôde ouvir o comentário de Wood sobre Zabini aparentar estresse, o que não fazia muito sentido, a Sonserina estava com bastante vantagem, afinal. Mas talvez a investida pesada dos artilheiros Sonserina fosse exatamente por isso: poupar o goleiro; talvez esta fosse uma possibilidade. Mas então, a posse da goles estava finalmente com a Corvinal, enquanto a artilheira Eleanor Fleetwood avançava para as balizas adversárias.

Logo, o narrador anunciou que a Corvinal havia marcado seus primeiros dez pontos. Fleetwood havia conseguido com que a goles passasse muito perto de Zabini, ele se atirara para o lado e não conseguira impedir que o gol fosse marcado. A torcida da Corvinal levantou-se — Roxanne também o fez —, comemorando.

Enquanto isso, Albus voava lentamente em círculos bem acima do estádio e Patricia Gough mantinha a atenção nele, voando pouco mais abaixo.

Quando Rose voltou os olhos para o jogo, viu Alicia Wells, batedora Corvinal, rebater um balaço e atingir Nott no braço onde ele segurava a goles a caminho das balizas da Corvinal. Daniel desequilibrou-se e a goles caiu. Antes que o artilheiro pudesse se recuperar, Caroline Boot cruzou o ar e apanhou a goles perto do chão.

Boot voou veloz para as balizas da Sonserina e marcou o segundo gol da Corvinal. Novamente, a torcida azul e bronze vibrou. Apesar disso, Zabini estava resistindo e dificilmente deixava passar as investidas da Corvinal.

Eu estou enxergando direito? Zabini parece estar ficando vermelho. Chamem Madame Longbottom, ele certamente precisa de uma poção calmante! — comentou Wood, em tom de ironia e, pelos seus resmungos seguintes, provavelmente deve ter sido repreendido pelo Prof. Longbottom, que estava na cabine junto a ele.

Vinte minutos depois e o placar encontrava-se assim:

Sonserina — 70 x 50 — Corvinal

Ao lado esquerdo de Rose, James prestava atenção aos jogadores dos dois times e escrevia anotações rapidamente em um bloquinho em suas mãos. Do lado direito, Roxanne estava ávida e agitada, reclamando dos jogadores da Sonserina. Lily parecia concentrada em cada coisa que acontecia no campo e tinha um meio-sorriso no rosto. Já Mary intercalava o olhar entre o irmão, nas balizas da Corvinal, e Albus, acima do estádio.

Outro balaço foi perigosamente rebatido pela Sonserina, desta vez por Warrington e quase atingiu Lysander Scamander. No entanto, mesmo que não o tenha feito, o garoto deu um impulso muito forte para o lado e acabou ficando de cabeça para baixo, segurando-se o mais forte que conseguia à vassoura.

Pouco antes, Lynch havia alcançado a goles que Nott lhe arremessara. Ele estava indo para as balizas adversárias quando colidiu direto com Scamander, que nem teve tempo de tentar voltar à posição normal. Lynch ainda assim não parou, mas Lysander fez algo como um giro esquisito quando se bateu com Sam: voltou a ficar por cima da vassoura, mas não conseguiu equilibrar-se e então caiu.

Ele parou a centímetros do chão, graças a provavelmente um feitiço de Madame Hooch ou qualquer outro dos professores ali presentes. Rose percebeu que ela fez menção de declarar falta, no entanto, não o fez, pois o ato não havia mesmo sido intencional.

Rose achava que Lynch poderia pelo menos ter tentado ajudar Lysander, sendo que ele simplesmente seguiu seu caminho rapidamente e tentou marcar mais dez pontos para a Sonserina. O artilheiro fracassou desta vez, pois Corner foi mais rápido e impediu a passagem da goles, atirando o corpo para o lado, por pouco não se desequilibrando numa bela defesa que foi comemorada com gritos da torcida da Corvinal e, inclusive, do próprio narrador da partida.

Ainda que o goleiro da Corvinal tenha impedido a tentativa de Lynch, enquanto Scamander se recuperava, a Sonserina marcou mais trinta pontos — dez de cada artilheiro —; a tensão voltou a se estabelecer na torcida das águias, enquanto lá do outro lado do campo, a outra torcida comemorava cada vez mais.

Cem para Sonserina contra cinquenta para Corvinal!— anunciou Wood. — Ouch!Os artilheiros da Sonserina não estão dando descanso para Corner, hã!­

Um balaço rebatido por Lorcan Scamander errou por pouco o tronco de Gough, que levou um susto, porém riu desdenhosa do batedor e foi repreendida por um berro de Zabini. Rose não conseguiu ouvir o que ele disse, só pôde ver que Patricia gritou algo em resposta e seguiu sobrevoando o campo. Ela havia deixado de seguir Albus por um momento, parecia estar realmente procurando pelo Pomo agora.

Rose encontrou o olhar de Scorpius por um segundo no meio do campo. Ele mirou um balaço em Albus, que descia rapidamente, cortando o ar, pois provavelmente havia encontrado o Pomo. O balaço atingiu o cabo da Nimbus do apanhador e ele rodopiou três voltas no ar, logo depois parecendo ter perdido de vista o Pomo de Ouro. Porém Gough havia levado vantagem disso e saiu atrás da bolinha dourada.

Bom trabalho, Scorpius, pensou Rose, revirando os olhos e lutando contra um sorriso sarcástico que ameaçava formar-se em seus lábios.

Ela fez um esforço para não reparar na reação de Mary — que provavelmente levara um susto — e cutucou James.

— Você acha que a Corvinal ainda consegue? — perguntou duvidosa.

Gough perdeu o Pomo de vista e começou a vasculhar o ar com os olhos. Então James respondeu, voltando a se fixar em seu bloquinho onde estava escrevendo:

— Não sei, Rosie. Acredito que eles podem ganhar se o Albus não demorar muito para apanhar o Pomo.

Ele soava despreocupado, na verdade.

Mais de meia hora depois, a chuva havia retornado fraca. A voz de Wood ecoou:

Duzentos e trinta para Sonserina contra oitenta para Corvinal!

De repente, Albus rasgou o ar em direção a um brilho dourado próximo ao chão com Gough às suas costas. Ele tinha o braço e os dedos esticados ao máximo para apanhar a pequena esfera alada parada no vácuo. Antes que pudesse ser apanhado, o Pomo de Ouro voou para longe e Albus foi junto, voando o mais rápido que conseguia, nunca deixando de ser seguido de perto por Gough, que parecia estar se esforçando para emparelhar-se ao adversário.

Nesse meio tempo, Fleetwood marcou mais dez pontos para a Corvinal e a posse da goles voltou para a mesma casa. O artilheiro Scamander tentou marcar, porém teve de desviar de um balaço certeiro que quase o atingiu na orelha esquerda, e arremessou a goles para Boot. Antes que a garota conseguisse alcançá-la, Nott meteu-se na frente, apanhando-a primeiro.

Com isso, ele marcou mais dez pontos para a Sonserina. A chuva estava apertando e, a torcida da Corvinal, mais tensa do que nunca. Albus encontrava-se perto das arquibancadas, avançando rapidamente em direção ao Pomo.

Depois de mais outra defesa difícil, por pouco Corner acabou não conseguindo defender um gol de Domy na mesma hora em que Rose podia enxergar em meio a chuva, Albus fechando os dedos ao redor do Pomo de Ouro, lá do outro lado do campo.

Uma onda de alívio causou um suspiro em Rose, até que Wood anunciou, com a voz carregada de falsa animação:

Duzentos e cinquenta para Sonserina contra duzentos e quarenta para Corvinal! Sonserina é a grande vencedora da nossa primeira partida desta temporada do Campeonato de Quadribol de Hogwarts!

Os jogadores desceram do ar enquanto a torcida da Sonserina gritava e assobiava e alguns alunos se reuniam para levantar os três artilheiros nos ombros, levando-os para próximo à entrada do campo, enquanto Domy, Lynch e Nott riam, ainda que parecessem cansados.

As arquibancadas esvaziavam-se aos poucos. Rose, James, Lily — que estava feliz da vida por ter ganhado a aposta e reclamava com o irmão que ele estava lhe devendo seus dez galeões —, Mary e Roxanne encontraram Albus quando ele estava indo para o vestiário junto com o resto da equipe da Corvinal. O time não parecia por completo desanimado. Corner vinha com o braço por cima dos ombros de Albus e os dois pararam à frente do grupo de cinco pessoas que os aguardava.

Albus recebeu um abraço apertado de Mary e eles se beijaram, enquanto James, Roxanne, Lily, Rose e Douglas esperavam que os dois se soltassem para acabar com aquele clima razoavelmente desconfortável.

Depois, Douglas e Mary despediram-se dos outros e saíram; um foi para o vestiário, encontrar o resto do time e a outra disse que iria se juntar às amigas. Rose, então, abraçou Albus e falou em seu ouvido, enquanto Lily ainda reclamava com James, e Roxanne apenas observava:

— Você foi ótimo, o.k.? — Então, ela segurou seus ombros, sorrindo para ele e fitando seus olhos verdes e brilhantes como esmeraldas. — Vocês todos.

— Obrigado... Eu acho. — Albus sorriu também e ficou de frente para James, abraçando Rose de lado. — Estamos fora da final, então. — Deu de ombros.

James pendurou-se em seu ombro, rindo.

— Relaxa, irmãozinho — zombou, ao mesmo tempo que soava tranquilizador. — Você tem o ano que vem ainda, quem sabe. Pelo menos uma Taça você conseguiu junto a eles, não foi?

Albus suspirou baixinho e Rose continuou ao seu lado, observando Lily se manifestar.

— Al, ele está me devendo dez galeões! — acusou ela, apontando para James, como se Albus pudesse fazer algo para resolver isso.

Ele encarou James com as sobrancelhas juntas.

— Fica quieta, LilLil — resmungou o irmão mais velho.

Lily bufou.

— Você ao menos se lembra do que mamãe disse sobre apostas, Jae? — indagou Albus.

James ergueu as mãos, em sinal de rendição, não mais pendurado ao ombro do irmão.

— Foi Lily quem sugeriu a aposta!

— E você concordou!

— Você teria insistido, pirralha.

Rose, Roxanne e Albus seguravam a risada, prestando atenção na discussão infantil de Lily e James.

— Eu acho que Scorpius está procurando por você — Albus aproveitou a oportunidade e sussurrou no ouvido da amiga, deixando a frase no ar com um olhar bastante sugestivo.

Em seguida, ele mandou os irmãos calarem a boca e disse que tinha de ir para o vestiário.

— Vejo vocês depois! — despediu-se, acenando e correndo para longe com a vassoura em mãos.

Inúmeras perguntas rondando o que Albus havia dito surgiram na mente de Rose. Ela ficou tão intrigada que provavelmente não estava nem conseguindo esconder. Para seu alívio, ninguém pareceu notar.

Lily continuou bufando, decepcionada por achar que tinha se dado bem e James apenas ria da cara dela. Seu argumento foi mais ou menos baseado em, se Ginny os havia proibido de fazer apostas, ele não precisava lhe pagar, era só fingir que não havia aposta nenhuma.

Ela acabou se separando deles também, alegando que ia ver se encontrava Louis, suas amigas Diana e Samantha ou até mesmo Molly, se fosse o caso de a menina não estar debaixo da asa de Lucy, como sempre.

Roxanne, Rose e James seguiram os outros alunos na direção do castelo, enquanto conversavam sobre a partida. Perto dos portões, eles perceberam uma confusão; havia gritos, alguns clarões e uma multidão de alunos em volta, impedindo-os de passar e também de ver o que estava acontecendo.

Eles se enfiaram por entre meio as pessoas, tentando chegar ao centro do alvoroço, entender aquela confusão e se esforçando para passar no meio daquele amontoado de gente. Foi quando Rose sentiu alguém tocar o seu braço e encarou imediatamente o autor do ato.

Havia o capuz envolta de seu rosto, protegendo-o da chuva, a pele ainda mais pálida devido ao frio e à luz acinzentada daquele dia, os cabelos úmidos, grudados levemente à testa. Passou pela sua cabeça que a suposição de Albus estava certa, afinal. Scorpius estava ali, no meio da multidão, seguro em seu braço e com gotas de chuva escorrendo pelo seu uniforme verde.

— Vem comigo? — convidou ele.

— Para onde? — indagou Rose, as sobrancelhas levantadas enquanto ela piscava diversas vezes devido à chuva em seus olhos.

— Qualquer lugar aonde a chuva não alcance.

Rose procurou por James e Roxanne, mas eles haviam sumido. As pessoas apenas iam andando, curiosas, desviando de Rose e Scorpius e tentando se espremer junto às outras, que se amontoavam, para ver o que estava acontecendo ali.

— Me leve, então — A menina sorriu e encolheu os ombros, estendendo a mão para que Scorpius a segurasse com a sua, mais quente e acolhedora.

Ele a guiou até que eles se vissem livres da multidão, consideravelmente mais perto do castelo, onde as paredes altas bloqueavam a chuva. Scorpius virou-se de frente para Rose, os olhos tempestuosos, semelhantes às nuvens cinzentas que cobriam o céu de novembro. Ainda não havia largado sua mão.

— Melhor? — ofegou Scorpius, franzindo levemente o cenho.

As roupas de Rose estavam úmidas, mas ela estava bem. Deu de ombros.

— Sim — Ela sorriu agradecida. — Obrigada por me tirar daquele sufoco... Mas o que você queria mesmo?

Scorpius sorriu minimamente e hesitou.

— Eu queria te ver.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Espero que a partida não tenha ficado cansativa e que tudo tenha feito sentido pra vocês. Qualquer coisa, só perguntar.

Desculpem aí pela demora, eu me enrolei completamente pra editar e ainda vou editar com mais calma outro dia...
Enfim, tô indo.
Beijão e até a próxima!



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