Tal Mãe, Tal Filha escrita por Candidamente


Capítulo 19
Nada mal


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Eu acho que sumi por um tempo, não é? Vou explicar tudinho nas notas finais para não enrolar muito aqui.
Antes de tudo, peço desculpas por toda essa demora e por chegar aqui depois de quase três meses com esse capítulo minúsculo :( de verdade, eu tentei pensar em algo a mais para aumentar, mas não deu...

De qualquer modo, boa leitura e espero que gostem.



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Scorpius estava decepcionado.

Então me diga, Sr. Testrálio: que tipo de amigo te convida para sair e, no fim, desaparece com a namorada como se você não tivesse lhe deixado copiar o seu resumo para a aula de DCAT na semana passada?

Ele se sentia tão idiota por tentar conversar por telepatia com um animal que, embora amigável, não estava nem aí para o seu dilema. Scorpius estava tendo uma semana difícil. Mas andava sempre tão calmo... Não queria que a sua calmaria se extinguisse quando ele chegasse ao dormitório no fim do dia e tivesse de ouvir as desculpas esfarrapadas e desnecessárias de Zabini.

Bem, desnecessárias porque era melhor não receber um pedido decente de desculpas do que receber mentira atrás de mentira porque o cara que adorava dizer que era seu amigo não tinha coragem de admitir que fugira para poder ficar a sós com uma garota.

Na verdade, Scorpius não estava nem aí para isso. Ele só precisava de algo para ocupar a sua cabeça, pois não era apenas Tom que o vinha decepcionando nos últimos dias. O tédio era definitivamente real e irritante; a sensação de que tinha algo escorregando por entre seus dedos era pior ainda.

Frustrado, ele se enfiou na Dedosdemel para sufocar seus sentimentos com o açúcar em excesso. Não havia o que fazer, de qualquer forma, pois voltar ao castelo de cabeça baixa e olhos cheios de decepção não era uma alternativa viável.

Scorpius não queria ter encontrado Rose. Pelo menos o seu lado racional lhe dizia isso. Ele não queria lembrar que andara tentando não se sentir um nada devido ao que andara acontecendo nas últimas semanas decorridas.

Rose estava fugindo dele.

E, Merlin, por que tinha que ser tão óbvio?

Rose sempre fora eficiente escondendo suas emoções, e não que ela não o estivesse fazendo ultimamente. Mas mal parecia tentar esconder o fato que estava mesmo fugindo de Scorpius. Não deixava nem espaço para que o garoto pudesse se iludir um pouquinho.

Ele pensava no quanto se sentiu bem ao beijá-la, como se tivesse esperado a vida inteira por aquilo. Também não era tão covarde a ponto de negar que o beijo lhe rendera mais outro poema dedicado a Rose em seu caderninho de capa preta. O que era realmente estranho, era a própria Rose tê-lo beijado e depois o encarado de maneira amedrontada, como se tivesse cometido um crime. Scorpius sentira-se completamente confuso durante dias. Ele ainda estava confuso.

Rose não gostava dele. Gostava? O beijo fora apenas um ato impulsivo de sua parte por algum motivo desconhecido vindo da mente complicada daquela garota mais complicada ainda?

Scorpius andara conversando com Albus várias vezes depois do ocorrido, porém não lhe dissera nada e, como o Potter não aparentava saber alguma coisa, Scorpius concluíra que Rose não contara. Então, se ela não contaria, não era ele quem iria fazê-lo.

Voltando a Albus, Scorpius deu continuidade ao plano que formara com Rose naquele dia. Percebera que os dois acabaram por ajudar Albus separadamente, já que ele saíra com Mary para ir a Hogsmeade. Tal notícia era um alívio. As coisas pareciam estar melhorando.

E, de certa forma, Scorpius conseguia entender o porquê do afastamento de Rose, mesmo que quisesse tanto estar perto dela. Esperava que as coisas entre eles melhorassem também... Talvez aquela fosse a oportunidade de ter uma conversa com a garota. Ou talvez o cheiro entorpecente daquela loja o estivesse deixando tonto.

Na verdade, já não importava mais. Scorpius estava ali, parado ao lado da garota que fazia o seu estômago se revirar para todos os lados possíveis e o causava uma tremedeira incessante nas mãos. Ah, como ele odiava ficar nervoso. O maldito pigarro incontrolável já havia chegado aos ouvidos de Rose, não dava mais para fugir. E tal afirmação servia para os dois, completamente sem exceção.

— Como você está? — Ele havia perguntado.

Os olhos azul céu de Rose o intimidavam, mas Scorpius adorava o fato de que as pupilas dela estavam dirigidas com exclusividade às dele. Fazia com que Scorpius sentisse que causava pelo menos algum tipo de efeito em Rose, mesmo que totalmente desconhecido.

— Bem. E você? — respondera ela.

“Nada mal” foi o que Scorpius lhe dissera de volta.

E o silêncio veio, exatamente do jeito que parecia adorar. Ali, pregado no chão, como aquele clichê irritante: uma parede entre Scorpius e Rose. A loja não estava silenciosa, as pessoas falavam por todos os lados, mas aquele quadradinho que abrigava os dois corpos adolescentes da Weasley e do Malfoy, sim. A situação não podia ficar pior.

Scorpius passava por um momento de conflito entre duas partes distintas de sua racionalidade: quando você quer muito falar, conversar, acabar com o constrangimento; estar próximo, verbalmente, do outro ser humano que se encontra ao seu lado. No entanto, você não sabe o que dizer, pois está filtrando tudo o que é cogitado para sair de sua boca. Nada é bom o suficiente. Qualquer coisa que eu diga poderá afastá-la ainda mais.

Seus olhos se fixaram na prateleira e ele fingiu que estava procurando por alguma coisa. Quando percebeu que Rose o encarava, suas mãos quase começaram a tremer visivelmente e seu coração pareceu falhar uma batida. Era como se estivesse diante de um exame de final de trimestre para o qual não havia estudado.

— Acho que eu deveria te pedir desculpas — A voz de Rose fez-se presente ao lado de Scorpius e ele quase ficou ainda mais nervoso antes de dar-se por conta de que ela havia lhe poupado o esforço de dizer as primeiras palavras. — Quero dizer, pelas últimas semanas...

Scorpius virou-se totalmente para a garota, ansiando por ouvir a própria voz e ter certeza de que não acabara ficando mudo. Ele queria fingir que não percebera o afastamento de Rose durante tanto tempo, porém sabia que não conseguiria ser assim tão idiota.

— Tudo bem, Rose. Está tudo bem.

Ela mordeu o lábio, apreensiva e com as sobrancelhas juntas. Scorpius teve vontade de chorar.

— Eu sei que não foi legal de minha parte... Fui uma estúpida. Desculpe-me.

Você está coberta de razão, Rose Weasley. Você foi realmente muito estúpida.

Scorpius sorriu terno.

— Não se preocupe, Rose. Já disse que tudo bem.

Eu gosto de você mesmo assim. Tanto quanto sempre.

Rose olhou para os dois lados, engoliu em seco e sussurrou, com cara de quem havia acabado de chupar um limão:

— Prometo que não vou mais fugir de você.

Scorpius sentiu seu sorriso vacilar. Aquilo doía.

— Certo — Ele hesitou por um momento. — Você... quer tomar sorvete? — convidou.

Rose arqueou as sobrancelhas e riu levemente, enquanto Scorpius tentava esquecer a ideia do quão adorável ela parecia e mordia o inferior de sua bochecha esquerda discretamente.

— Está frio — disse a menina.

— Eu sei — Scorpius sorriu. — Exatamente por isso. Tomar sorvete em dias frios é mais divertido, Rosie. — ele afirmou e deu de ombros. — É o que dizem.

Antes que Scorpius terminasse de dizer a última palavra, o vento assobiou muito forte lá fora, fazendo com que um calafrio percorresse o seu corpo, desde os tornozelos até a nuca. Rose fitara brevemente as janelas e, quando seu olhar voltou, ela estava sorrindo de lado enquanto os olhos azuis de pupilas minimamente dilatadas encaravam o rosto fino de Scorpius.

— Por agora, não acho que seria capaz de negar este convite, você sabe.

Depois de pagarem os doces que haviam apanhado, os dois saíram da Dedosdemel, deixando o ar quente e aconchegante para trás conforme iam avançando por algumas ruas até chegarem a uma pequena sorveteria sobre a qual Scorpius sabia apenas porque Daniel havia comentado com ele, havia meses. Rose parecia estar familiarizada com o local, portanto o garoto deduziu que deveria ter sido Longbottom quem apresentara a tal sorveteria a Daniel.

Era um estabelecimento bem simples, com a fachada de madeira desbotada embora convidativa, e paredes internas pintadas de verde-musgo do modo mais trouxa que Scorpius já tivera a oportunidade de ver na vida. Havia três mesas redondas de quatro lugares — o máximo que cabia ali — feitas de madeira escura, assim como suas cadeiras. Atrás do balcão encontrava-se sentada uma mulher de cabelos brancos curtos e arrepiados debaixo de um chapéu coco de cor violeta. Ela parecia distraída lendo um pequeno livro de capa amarela.

Ao perceber que Scorpius e Rose entraram no local, a mulher levantou os olhos claros e arreganhou um sorriso que mostrava até parte da gengiva. Ela deixou o livro de lado e os cumprimentou. Scorpius soube como se chamava após ler em uma plaquinha presa ao peito de seu uniforme.

Maureen.

Rose e Scorpius fizeram os seus pedidos e Maureen os atendeu com uma animação que chegava a ser contagiante. Alguns minutos depois, eles saíram dali sorrindo com a garganta gelada.

Desta vez, não houve o clima pesado e constrangedor de sempre, onde nem Scorpius nem Rose conseguiam falar. Eles simplesmente conversaram e riram o máximo que puderam. A risada de Rose fazia com que o interior de Scorpius se remexesse e derretesse completamente.

Houve assuntos aleatórios e pontos interessantes, por vezes engraçados. Ninguém falou de Albus, ninguém lembrou as últimas semanas. Se Scorpius fizesse um pequeno esforço, podia imaginar que estava em um de seus passeios a Hogsmeade durante o quinto ano, o que o fazia sorrir.

Ele despediu-se de Rose às portas do Salão Principal. Ao sentar-se ao lado de Nott, encontrou no garoto o mesmo sorriso meio bobo que ele próprio tinha no rosto e imaginou que talvez soubesse o porquê. Casualmente, fingiu que nada havia acontecido. Após o jantar, já de volta ao dormitório da Sonserina, dormiu com o coração quente e os lábios que insistiam em permanecer arqueados.

Nem mesmo as explicações de Zabini tirariam a sua paz naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Bem, gente, o que vocês acharam?

Vejam só, vou explicar o que aconteceu.
Foi o bloqueio me atacando de novo e dessa vez muito mais violento. Eu comecei a escrever esse capítulo no dia 27 de FEVEREIRO e ainda assim, foi difícil até pra começar. Daí as aulas começaram, apareceram trabalhos, pessoas, uma mínima tentativa de me meter na realidade comum. Os meses passaram e eu me enrolei. Não tinha um dia que eu não pensasse em escrever, eu queria continuar, mas não dava. Eu não conseguia pensar em nada, sem contar que muitas vezes não tinha vontade. A preguiça contribuiu também. Só que tem aquele belo problema: quando eu não escrevo, me sinto inútil, de verdade, é muito ruim. Eu senti muita falta de escrever, editar, postar.
Foram 85 dias sem atualização e eu acho que devo pedir desculpas mais uma vez.

Espero não demorar tanto para aparecer aqui com o capítulo vinte.
Até a próxima!

xx



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