Tal Mãe, Tal Filha escrita por Candidamente


Capítulo 1
De volta no tempo


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores!
Gente, alguém me abraça ♥
Que saudade que eu estava dessa fic, meu Deus, faz um bom tempo desde que a excluí daqui. Mas como agora eu voltei, espero proporcionar-lhes uma boa leitura ♥

Antes disso, quero agradecer à Halina (#55894) pela ajuda neste capítulo, ela é demais, com certeza *-*

Enfim, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/649265/chapter/1

Quando já não era possível avistar o trem da plataforma, ela pôs-se a pensar nos confusos minutos anteriores. Mal era possível enxergar as pessoas direito em meio àquela densa fumaça que a locomotiva vermelha deixara para trás, ainda assim, em um momento em que a névoa diminuíra um pouco, Hermione pôde vê-lo. Draco Malfoy estava junto de sua esposa, embarcando o filho no Expresso de Hogwarts e, no brevíssimo momento em que os olhos dos dois antigos inimigos se cruzaram, memórias confusas passaram pela cabeça de Hermione, como ela se não pudesse se lembrar de fatos marcantes da própria vida.

Flashes sem nitidez alguma assolaram sua mente durante toda a viagem de volta à Toca, como o vento assobiando e batendo fortemente em uma janela. E como se já não bastasse a preocupação com a filha Rose, que acabara de partir para o primeiro ano em Hogwarts, os flashes de memória não lhe permitiam pensar em mais nada.

Ron e Hugo conversavam enquanto Hermione esperava, em silêncio, que a enxaqueca que viera logo após ter entrado no carro passasse. Ela estava tão fora de órbita, que não conseguia nem mesmo prestar atenção aos próprios pensamentos confusos. Pai e filho agora discutiam sobre a questão das Casas Comunais de Hogwarts, não perceberam seu absoluto silêncio, por mais atípico que ele fosse.

Assim que Ron parou o carro, ao chegarem à Toca, Hugo saiu correndo para dentro de casa, murmurando que seu estômago precisava ser "recheado" imediatamente. Hermione desceu do carro ainda em silêncio, o marido em seu encalço.

— Hermione? — chamou ele. — Você está bem? — perguntou, juntando as sobrancelhas ao ver o rosto da esposa.

— Sim, estou. — mentiu ela, estremecendo ao sentir o choque que o toque da mão de Ron causou ao seu ombro. ­— Não se preocupe, certo?

— Você está pálida. — insistiu Ron, tocando a bochecha esquerda de Hermione com as costas da mão. — E gelada...

— Ron, eu estou bem. — disse ela, firme; na tentativa de tranquilizá-lo, esboçou até um sorriso fraco. — É apenas fome.

Ron assentiu, relutante, e eles entraram. Molly e Arthur já estavam sentados à mesa junto com o neto, aguardando o filho e a nora para almoçar. Nem o cheiro da comida da Sra. Weasley, nem a adorável sensação de estar em casa que o lugar lhe transmitia conseguiram fazer com que Hermione se sentisse melhor.

Ron abraçou os pais e foi logo se servindo sem ao menos esperar os demais. Hermione foi recebida pela sogra com um abraço apertado, porém confortável. E então achou que Molly tivesse percebido sua palidez, pois sussurrou em seu ouvido:

— Rose ficará bem, Hermione. Logo ela mandará a primeira carta... No começo sempre é difícil, querida. Não se preocupe.

— Obrigada, Molly. — Hermione retribuiu o sorriso da sogra e foi cumprimentar Arthur.

Depois que todos já haviam acabado a refeição e enquanto Ron ajudava Molly a retirar a mesa, Arthur e Hugo foram para a sala de estar, seguidos por Hermione. O mais novo pegou um sapo de chocolate que havia guardado no bolso e comeu. Quando foi ver a figurinha que vinha junto, seus olhinhos castanhos iluminaram-se de satisfação.

— Pai! — chamou ele, animadíssimo — Venha ver quem saiu na figurinha do sapo de chocolate!

Após aproximadamente cinco minutos, Ron apareceu à porta da sala e foi até o filho, ajoelhando-se ao lado do sofá onde este se encontrava. Ao ver a figurinha, ele logo soltou uma exclamação.

— Hum, Hugo... Posso ficar com esse? — A imagem de um homem alto, magro, de cabelos cor de fogo e nariz comprido era intitulada por "Ronald Weasley".

Assim que Hugo negou o pedido do pai, ele suplicou:

— Você já tem vários com o meu nome, Hugo. Me deixe ficar com este, por favor. — Então ele se inclinou um pouco mais para o filho, sussurrando. — A sua mãe queimou a minha coleção.

O garotinho arregalou os olhos para a mãe que estava ao seu lado no sofá e ouvia a conversa com atenção.

— Pare de mentir, Ronald! — ralhou ela. — Você ainda tem toda a sua coleção de figurinhas dos sapos de chocolate, e no mínimo dez repetidas com a sua própria imagem.

As palavras da mãe levaram Hugo a guardar a figurinha no bolso, longe do alcance de Ron.

Hermione olhou indignada e com vontade de rir para Ron. Sorriu quando ele sentou-se ao seu lado no sofá, de modo que ela ficou no meio entre Hugo e Ronald, que começou a conversar com Arthur. No entanto, o sorriso de Hermione foi diminuindo aos poucos quando ela fechou os olhos e lembrou-se de mais cedo, na plataforma nove e três quartos. Flashes e mais flashes, novamente. Era só o que conseguia lembrar, era só o que passava por sua cabeça, e que passou, durante mais duas semanas significativamente cansativas.

Nem no trabalho a concentração de Hermione lhe era fiel. Além de tudo, as dores de cabeça que não passavam a perturbavam até demais. Somente as cartas de Rose, que chegavam três vezes por semana, conseguiam, por ora, distraí-la de seus flashes borrados.

Rose contava tudo aos pais, desde como estava adorando Hogwarts até sobre sua decepção por Albus ter ido para uma Casa diferente. A menina era como a mãe, inteligente e tinha paixão pelos estudos desde sempre. Por enquanto, era quase uma miniatura de Hermione, só que ruiva e sardenta. Era o orgulho da mãe, que já estava bem mais tranquila por pelo menos saber que a filha estava bem.

Sentada detrás de sua escrivaninha em sua sala, recostada na cadeira, perdia-se em devaneios olhando para as paredes claras. Hermione acabou caindo no sono, às seis horas da tarde. Naquele dia, tudo estava calmo, inclusive o Departamento de Execução das Leis da Magia, para a sua sorte.

A Hermione de dezesseis anos encontrava-se à mesa da Grifinória no Salão Principal de Hogwarts, no dia primeiro de setembro, enquanto Albus Dumbledore fazia o seu habitual discurso pós-jantar de início de ano letivo.

Hermione prestava atenção ao diretor que, desta vez tratava de assuntos mais graves. E, apesar de não entender porque, por ora ela observava pelo canto do olho Draco Malfoy fazer o próprio garfo flutuar sobre a mesa da Sonserina. O rapaz parecia inteiramente indiferente, como se achasse as palavras de Dumbledore indignas de atenção.

Desde o dia em que o trio andara espionando-o na Borgin & Burkes, Hermione preocupara-se com ele. E, a partir daí, vinha imaginando que sua preocupação era normal, afinal, o pai de Malfoy era um Comensal da Morte e estava preso; sua tia também o era e havia fugido da prisão meses antes... Ela estava preocupada do mesmo jeito que estaria caso aquela fosse a situação de qualquer outro estudante que conhecesse.

De repente, a cena mudou, dando lugar ao corredor do banheiro dos monitores, onde Hermione andava a passos largos e rápidos, pois havia demorado muito no banho e estava tarde. Ela precisava chegar à Torre da Grifinória antes do toque de recolher, que não demoraria muito a soar.

— Quem está aí? — disse uma voz masculina muito familiar que vinha do escuro, alguns metros à frente de Hermione. Por um momento, ela estacou, achando que fosse o zelador Filch, então reconheceu a também familiar arrogância no tom quando o indivíduo falou novamente. — Responda! Lumus — Os olhos de Malfoy arregalaram-se e ele sorriu desdenhoso. — Granger... Fora da sala comunal a esta hora, é?

Hermione o ignorou, fingiu que nada a havia feito parar e seguiu andando. Malfoy bloqueou sua passagem.

— Malfoy — disse ela, calmamente, encarando-o sob a luz da varinha. —, por favor, deixe-me passar.

— Por que eu faria isso? — riu-se Malfoy. — Vou levá-la ao Filch, sangue-ruim. E terei o prazer de ver você levar uma detenção.

Hermione viu-se nervosa. Não podia levar uma detenção de maneira alguma, muito menos deixar que Malfoy a levasse até Filch.

Mais rápido do que ele pudesse prever, Hermione sacou a varinha. Apontou-a para Malfoy e disse rapidamente:

Petrificus Totalus!

Malfoy foi obrigado a paralisar, devido ao feitiço, com a boca aberta de quem iria pronunciar um feitiço escudo. Hermione sentiu vontade de rir, porém se conteve. Correu, então, para chegar o mais rápido possível ao sétimo andar. Sentiu uma leve pontada de preocupação com a boca grande de Malfoy, que poderia muito bem dedurá-la a algum professor — ainda mais se ele estivesse de ronda naquela noite. Por fim, procurou esquecer e manter-se tranquila, o que não era muito fácil.

Assim, o corredor saiu de foco e deu lugar à biblioteca.

Era sábado depois do almoço, Hermione estava fazendo os deveres para segunda-feira. Logo terminou e resolveu ficar por ali mais algum tempo, ela gostava tanto daquele lugar...

Deitou a cabeça nos braços cruzados sobre a mesa de madeira gasta e fechou os olhos, gostava de descansar a mente com o cheiro de livros e pergaminhos pairando à volta. De repente lembrou-se de Ron e sorriu com tristeza; estavam brigados, como sempre. Mas ela nutria sentimentos por ele havia muito tempo.

De repente, uma cadeira foi arrastada e alguém se sentou, jogando um número significativo de livros à mesa. Hermione continuou de olhos fechados, tal era sua curiosidade que teve de fazer o maior esforço possível para não abri-los. No entanto, não pode se conter, a curiosidade venceu.

Entreabriu os olhos, os quais encararam um garoto pálido e louro. Ele parecia estar pesquisando alguma coisa. Ela, portanto, abriu completamente os olhos, ajeitando-se na cadeira e levantando-se. Pôs suas coisas na mochila e já se dirigia à mesa mais distante dali.

— Pode ficar aí, Granger. — disse baixo Malfoy, tranquilamente, encarando as páginas encardidas de um dos livros que havia recolhido. — Apenas... tome o cuidado de não chegar perto de mim, certo? E, se você ainda quiser ir para o outro lado da biblioteca, sem problemas. Será bem melhor, na verdade.

— Poupe-me de suas ofensas baratas, Malfoy. — retrucou Hermione, também com a voz baixa. — Com licença. — Então se virou e dirigiu-se à outra mesa sem dar atenção ao que o colega disse em seguida.

— Já vai tarde, sangue-ruinzinha.

Desta vez a cena apenas mudou um pouco. Hermione estava novamente na biblioteca e fazia o dever de Runas Antigas, quando a tão desagradável presença de Draco Malfoy apareceu de novo por lá. Isso chamou a atenção dela, pois ele estava procurando livros um tanto estranhos. E, ao notar que alguns dos que ele tinha em mãos eram próprios da seção reservada da biblioteca, ela ficou desconfiada.

— Que está olhando, Granger?! — Malfoy virou-se, encarando-a com nojo, desta vez ele não falou tão baixo assim. E Hermione notou que este não parava de coçar a parte de baixo do antebraço esquerdo.

— Não estou olhando para você. — retrucou ela, falando baixo o suficiente para ser ouvida por Malfoy e ignorada por Madame Pince. Continuou o dever e, mesmo assim, não tirou a atenção do colega.

Malfoy coçava tanto o antebraço, que Hermione já estranhava. Não pôde conter-se, novamente sua curiosidade fora mais forte, então perguntou, provocando-o:

— Por que se coça tanto, Malfoy? Sarna?

— Não é da sua conta. Imunda, não dirija a palavra a mim.

— Você tem certeza de que não é melhor ir mostrar isso à Madame Pomfrey? — insistiu Hermione, ignorando a ofensa.

— Faça o favor de cuidar da sua própria vida, Granger!

Ela revirou os olhos, voltando ao dever.

Quando Malfoy se sentou em uma mesa próxima, ainda sem parar de coçar o antebraço, Hermione observou-o discretamente. Houve um momento, quando achou que ninguém estava olhando, que ele afastou a manga de seu braço esquerdo, provavelmente a fim de analisar o lugar onde estava coçando. Foi aí que Hermione pôde ver: marcada a fogo no antebraço de Malfoy, a caveira com uma serpente saindo de dentro da boca como uma língua. A Marca Negra projetava-se sinistramente na pele pálida do rapaz.

Ela sentiu pena, no entanto apenas fingiu que não havia visto.

A biblioteca deu lugar ao corredor do banheiro dos monitores, no quarto andar. Estava escuro e sombrio; Hermione e Draco discutiam aos sussurros, próximos a entrada do banheiro. Haviam tido o desprazer de esbarrarem-se ali após o jantar.

— Eu sei do seu segredo, doninha! — soltou Hermione, num murmúrio irritado, após diversas ofensas cuspidas pelo outro. — Eu vi o seu braço! — Ela não conseguia ver a expressão de Malfoy, mas tinha certeza de que não era das melhores naquele momento. — Já desconfiava há muito tempo, mas achei que você não fosse tão covarde a ponto de virar um Comen...

— Shhh, Granger! — Ele tapou a boca dela com as duas mãos; seu tom de voz era assustado. — Se você abrir a boca para falar isso com alguém...

— Eu não vou falar. — afirmou ela, transmitindo falsa segurança, quando ele finalmente deixou que dissesse alguma coisa. Sentia-se uma idiota tentando conseguir a confiança de Malfoy. — Você tem a minha palavra.

Este soltou uma risada de escárnio.

— E você acha mesmo que darei minha confiança a uma... uma... criatura nojenta como você?! — falou com desdém.

— Então tente me matar — desafiou Hermione. — Vá em frente, se é isso que você pretende fazer em vez de confiar em mim.

Houve um longo momento de silêncio em que Malfoy provavelmente pensava.

— Certo, Granger. — disse; seu tom de voz era nervoso e irritado. — Eu vou confiar em você, embora não goste desta ideia. E ouça bem: se por acaso chegar aos meus ouvidos que você quebrou sua promessa, haverá menos um sangue-ruim neste maldito castelo.

— Ótimo — resmungou Hermione, de cara amarrada. — Desde que você pare com essas ofensas horríveis que dirige a mim e aos outros nascidos-trouxas. O nosso sangue é tão bruxo quanto o seu ou o de qualquer outra pessoa que se denomine sangue-puro.

Malfoy a fitou com desprezo.

— Eu poderia matar você agora mesmo.

— Prefere assassinar alguém a parar de ofender as pessoas. — disse Hermione. — Faça o mínimo de esforço e tudo será mais fácil.

Ela teve a impressão de que Malfoy explodiria de raiva — literalmente — a qualquer momento, mas ele simplesmente deu-lhe as costas e entrou no banheiro resmungando. Hermione pensou ter ouvido murmúrios grosseiros, no entanto apenas ignorou e torceu para que Malfoy de fato fizesse aquele pequeno esforço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Por favor, comentem e expressem seus sentimentos! *u*
Lembrando que estou sempre aberta a críticas construtivas e conselhos u-u
Beijão e até semana que vem ♥