Seria mais fácil morrer do que perceberem que estou com ciúmes. Entendam, fiz teatro.

Era um dia normal, a névoa da ilusão em relação a Damon já tinha se dissipado, um pouco.

Já está obvio que Caroline é minha melhor amiga, não? Bem, se não estava, agora está! De qualquer forma, eu tenho uma colega chamada Rose. Eu e o universo sabemos que ela é apaixonada por Damon, pois a mesma faz questão de falar do pobre garoto o tempo inteiro, e eu como boa amiga, nunca contei pra ela que Damon também é meu crush.

— Você já viu o sorriso dele? Sério, perfeito! — Dizia sorridente.

— Nossa Rose, eu não sei o que você vê nesse menino... ele na verdade nem é bonito, ele é um Mal-educado e galinha. — Será que devo agradecer minha mãe pelo teatro?

— Ah, só você que acha isso! — Ela fala me encarando de um jeito estranho, mas depois volta a falar dele, atitude que me faz revirar os olhos.

(…)

Rose resolveu virar “amiga” de Damon, mas a situação passou dos limites quando ele passou realmente considerá-la uma amiga

Qual o problema dele? Ele não percebe a forma em que ela olha pra ele? Não vê que é um grande e delicioso pedaço de bife acebolado sem gordura aos olhos femininos?

— Caroline, ela está sugando a pouca merda de paciência existente no meu corpo...

Sabe quando seu coração sente um ódio inexplicável em relação a uma pessoa?

Eu definitivamente arrancaria todas as unhas de Rose, uma a uma. É definitivo, odeio essa maldita.

Ela já demonstrou pra ele suas verdadeiras intenções, e o cachorro parece corresponder.

(…)

— Então, depois das lágrimas veio o tão esperado beijo. É sério Rose, melhor filme … tipo, pra sempre. Nenhum ser vai tirar do topo! — Como boa nerd que sou, eu assisto tudo antes de todos e depois corro por aí, vomitando spoilers, enquanto danço Fifth Harmony – Sledgehammer.

Fico tão empolgada falando sobre séries, que é assustador! Não faço o tipo: “Oh, que fofinha”, estou mais para: “Oh, que fofinha, ela está com uma faca!”... De qualquer forma sou fofa! Nossa, como eu divago.

— Olha que folgado amiga... — saio da minha viagem matinal pra assistir uma pequena desgraça.

Damon estava sentado no colo de Rose, olhando pra mim e sorrindo. Já à minha doce, linda, querida, cheirosa, quase melhor amiga linda Rose, olhava pra mim com o olhar “Cara, ele tá tão na minha!”

Minha deusa interior entrou em combate com Katherine — nome que dei pra minha parte maléfica. — Contei que a deusa se chama Delphine Valentine?

O tempo parou, consegui ver a poeirinha que entrava pela janela, vi também que um menino que praticamente brigava com os raios solares — os raios estavam batendo nos seus olhos — e perdia feio.

A última cena vista em meu subconsciente foi Delphine e Katherine brigando dentro de uma locomotiva, enquanto a mesma atropelava meu coração.

— Que bom pra você, vocês realmente se merecem! — Explodi.

Essa foi a primeira vez na minha doce vida que eu realmente senti ciúmes.

Não demorou muito pra conseguir recuperar o controle da situação.

— Rose? Eu vou ver se a professora de Ciências já corrigiu nossa prova...tá? — Saí, sem nem ao menos esperar sua resposta.

(…)

Eles continuaram conversando, e eu fiquei aqui, parada atrás da professora, olhando de rabo de olho pros dois.

Só voltei pra mesa de Rose quando Damon saiu com seus amigos.

— E aí... A professora já corrigiu as nossas provas? — Indagou.

— Bem, ela deve ter corrigido antes, porque a nossa eu não vi! — Sorri, provavelmente amarelo.

Considerando que eu nem estava olhando...

Acho que compreendo o que querem dizer quando dizem que a adolescência é difícil...

Mentira, eu não entendo nada, sempre me iludo em relação a tudo. Ao menos acredito que seja uma fase de descobertas. A única coisa que eu sei, é que eu espero profundamente que Rose não descubra nada sobre meus sentimentos — sim, eu tenho! — Se isso acontecer, a situação — que já não é agradável — vai ficar muito, mas muito feia mesma.

Piedade, eu sei que nasci trouxa... Mas preciso morrer também? — Diário, guarde isso! Ou queime no mais profundo inferno. Bjocas, Elena.