Um Conto de Seis Trilhões de Anos escrita por Lady Bellemare


Capítulo 1
Primeira Tarde


Notas iniciais do capítulo

Sim, é bem curto.
Sim, parece um prólogo.
Sim, a história é minha e eu faço o que eu quiser. /q
Escrevi num ímpeto, depois de ficar dois dias com a letra dessa música e as imagens do clip na cabeça, e estou postando-a também num ímpeto.
Sem mais delongas,
Boa leitura!



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No meu vilarejo existe um lugar proibido.

Levada pelo entusiasmo daquele fim de tarde lúdico, Aurora acabou se esquecendo d’A Regra. Por isso, quando um de seus amigos jogou a bola longe demais, fazendo com que ela sumisse entre árvores e pedras, não hesitou em sair correndo para reconquistá-la e assim ganhar o jogo.

Mal percebeu ela que nenhuma das outras crianças foi atrás.

A bola não foi muito longe; como se obedecendo à Lei ignorada pela jovem, ela parou antes de passar do limite. Se Aurora tivesse visto quando o pequeno objeto se escondeu entre dois arbustos robustos, teria voltado para a clareira sem problemas e o evento seria logo esquecido pelo fim de tarde dourado.

Mas se isso tivesse acontecido não haveria história para contar.

Aurora passou direto pelo brinquedo e adentrou a mata mais a fundo. Não ficou apreensiva – seu vilarejo era cercado pela floresta, lugar que os moradores frequentavam em busca de frutas e animais diariamente. Andar por ambientes como aquele era uma segunda natureza para ela. Mas isso não a impedia de tropeçar e cair.

Seu pé direito bateu contra algo duro; antes que pudesse registrar a dor, Aurora já estava caindo. O terreno ali não era plano, mas sim um declive que levava até um vale antes das cordilheiras rochosas na fronteira do Reino. Isso fez com que Aurora rolasse pelo chão, trombando com pedras pontudas, raízes saltadas e galhos afiados. Ela só parou quando atingiu uma superfície plana – que por acaso era a entrada de uma caverna.

Ofegante, a criança ficou caída no chão por alguns instantes, sentindo toda a pele arder com os arranhões e raladas. Antes que se recuperasse e levantasse, porém, o barulho.

Um ruído baixo, rápido, como passos furtivos na calada da noite.

O coração de Aurora pulou do peito para a garganta, estrangulando o grito que quase escapou pelos seus lábios abertos. De olhos arregalados, ela perscrutou a escuridão na outra ponta.

Nada.

Dizem que lá vive a cria de um demônio.

Apesar da aflição de seu coração, Aurora não se sentia apavorada, o que era estranho. A curiosidade que despontava dentro do seu peito era suficiente para ganhar do medo. Logo estava de pé, de costas para a entrada.

Aurora avançou devagar, os braços erguidos na altura dos ombros como se estivesse preparada para agarrar algo que fosse lançado em sua direção. Quando chegou à parte escura, sua visão já tinha se adaptado à escuridão o máximo que conseguia, permitindo que a menina visse silhuetas da formação rochosa, mas nenhum detalhe. Era o suficiente para que conseguisse seguir adiante sem trombar ou cair.

Não chegou ao fundo como esperava. A cavidade continuava e continuava e continuava até a entrada se tornar apenas um ponto de luz às suas costas, e ainda assim continuava.

Não era uma caverna; era uma gruta.

Silêncio era sua única companhia, mas ela não tinha imaginado o barulho. Tinha que haver alguma coisa ali dentro. Estava quase desistindo e dando meia volta. O brilho da saída era tão pequeno quanto sua esperança de encontrar algum ser vivo ali dentro.

E então.

Mais uma vez, o mesmo ruído.

Ela parou, com medo. Não medo do perigo – o que deveria ter. Medo de assustar o que quer que fosse que estava fazendo esse barulho. Queria vê-lo. Queria conhecê-lo.

Não podia ser nada tão terrível assim.

Finalmente um brilho surgiu em sua visão. Não era a entrada da caverna, que tinha ficado para trás. O brilho estava adiante. Era um par, pequeno, que se movimentava e piscava.

Eram olhos.

Aurora ficou congelada, admirada. O par de íris que a fitava era dourado como o pôr-do-sol mais puro. Brilhante como joias de ouro. Era pequeno, e curioso como ela. Um pouco assustado.

— O... — começou a menina, mas sua voz falhou. Nunca tinha visto olhos como aqueles e a admiração a deixava sem voz. — Olá.

Os olhos piscaram, como que aturdidos. Com passos cautelosos, se aproximou. Lento, lento. Perto; quase lá.

Ela enxergou uma silhueta.

A exclamação de surpresa que soou de seus lábios foi involuntária e fez com que o outro congelasse seus avanços. Aurora percebeu seu erro e sorriu, relaxando o rosto e usando a “expressão de curandeira” que consistia em um sorriso reconfortante que a mãe a dizia para usar quando a ajudava a atender os pacientes.

O truque funcionou, pois a postura foi relaxada e a aproximação, retomada.

As íris douradas ocupavam um rosto muito humano de feições suaves. Nas bochechas, imediatamente sob os olhos, havia uma marcação que parecia preta naquela escuridão. Eram dois triângulos longos, um de cada lado, que terminavam na altura do nariz. O cabelo era longo como se nunca tivesse sido cortado, quase cobrindo os olhos e escondendo a nuca, e mais claro do que o da pessoa mais loira que ela conhecia.

Ele parecia ter a mesma idade que ela.

Quando o menino ergueu uma mão em direção ao seu rosto, Aurora percebeu o que era o ruído que ouvira. Não era de passos, pois os pés descalços não tinham como fazer barulho.

Eram correntes.

Elas se conectavam a uma manilha de ferro puro fechada sobre seu pulso direito.

Mas há apenas um garoto acorrentado.


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Notas finais do capítulo

PS: não revisei porque estou com preguiça HUE
O que acharam? Depois que meu escravo, o Cérebro, inventar um nome bacana para o menino dragão lindo maravilhoso, *ahham*, postarei o próximo, e último, capítulo.
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Ou talvez eu apenas procure por um nome no google.



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