Em seus olhos escrita por Hawtrey


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi oi, voltei. Obrigada Izzy Granger por comentar =D espero que da proxima vez os fantasmas sigam o mesmo exemplo dela u.u



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Mesmo tentando acompanhar os passos rápidos do seu mais novo professor, Amber também tentava gravar cada detalhe dos corredores vazios. Sua memória sempre foi muito boa, mas precisaria se dedicar mais para lembrar de cada caminho, cada corredor, cada porta e com certeza para onde cada uma das inúmeras escadas a levaria. Snape não se transformou em um guia turístico, ela apenas deduzia de acordo com o que via e relacionando ao que tinha lido em “Hogwarts, Uma História”.

Em um certo momento a claridade da maioria dos corredores foi trocada pela mal iluminação e pelo frio. Ali deveria ser as Masmorras, lar dos Sonserinos. Snape não olhou para trás em nenhum momento, nem sequer dirigiu uma palavra a ela. E isso dizia muito sobre ele, ou sobre o que ele queria que pensassem dele. O professor só parou e a fitou quando chegaram em frente a uma porta de madeira escura e rústica.

Ele lançou um último olhar que ela não conseguiu decifrar e abriu a porta, indicando para que entrasse.

― Esse é o meu escritório ― anunciou enquanto trancava a porta ― É aqui que aplico a maioria das detenções.

O que ele chamava de escritório, Amber chamava de mini sala de aula. Havia a mesa dele no fundo da sala, antes disso havia dois balcões com seus respectivos acentos, compreendeu que era ali que os alunos o xingavam enquanto faziam as poções que ele mandava. Uma parte das paredes era coberta por estantes de livros enquanto a outra havia armários de vidro guardando inúmeros frascos de poções e alguns potes guardando, o que ela reconheceu o que ela reconheceu como sendo ingredientes. Havia duas portas, uma de cada lado da sala e sim, o ar gélido ainda estava ali.

― Acredito que o Lord das Trevas tenha explicado o plano a você ― Snape concluiu passando por ela e indo em direção a porta da esquerda.

― Sim, senhor ― ela concordou vendo-o abrir a porta com um aceno de varinha.

― Esses são os meus aposentos ― ele anunciou entrando ― Ficará aqui até ser selecionada. Ali fica a porta do quarto e lá dentro há um banheiro, sinta-se à vontade para se arrumar logo para o jantar, voltarei em alguns instantes com alguma comida para você.

Amber arrastou seu malão para dentro, mas perdera metade das palavras de Snape, estava mais interessada nos aposentos dele. Era enorme. Com certeza havia um feitiço de expansão ali. Havia uma lareira rodeada por um sofá e uma poltrona, estantes de livros para todos os lados, uma mesa de jantar e seguindo direto, passando em frente a lareira, podia-se encontrar a porta do quarto que ele indicara. Ela virou-se para se certificar de que estava sozinha e encontrou apenas a porta fechada.

O quarto não era exatamente...decorado. Havia a cama de casal entre duas janelas cobertas por grossas cortinas, um criado-mudo, um guarda-roupa e bem a sua frente a porta do que deveria ser o banheiro. Parecia que Snape gostava de manter um padrão reto entre suas portas. Era espaçoso e simples.

Jogou a mala no chão, aos pés da cama e tratou de procurar suas vestes de Hogwarts feitas sob medida sem o seu conhecimento. Mas não as encontrou. Bufou irritada. Não poderia ter esquecido em casa, não mesmo. Ergueu o olhar e a encontrou pendurada na parede da direita, estreitou os olhos desconfiada. Por que suas vestes estava ali? Aproximou-se cautelosamente e verificou a etiqueta, “Amber”. Aquelas eram mesmo suas vestes. Deu de ombros, pegou-as e foi direto para o banheiro. Não aceitaria o risco de ficar no mesmo recinto que Snape usando apenas uma toalha.

Apressou-se no banho, não queria ainda estar ali quando Snape chegasse com a comida, estava realmente com fome depois de pular todas as refeições desde o dia anterior. Alcançou seu uniforme e o vestiu, a cada peça rezando para que nada desse errado. Agradeceu internamente por usar uma meia calça e não uma meia enorme, o uniforme não estava ruim. A saia não ultrapassava os joelhos, a blusa estava do tamanho certo. Faltava apenas transfigurar aqueles sapatos horríveis. Fez um aceno com a varinha e no lugar dos sapatos havia uma sapatilha de salto pequeno e opaca. Pelo menos não iria se destacar do resto das roupas.

Fitou-se no espelho e secou os cabelos com a ajuda da divina magia, decidindo escutar Draco e deixá-los soltos. Gostou da sensação de deixá-los cair até sua cintura, a muito tempo não os mantinha soltos, o que deixou as madeixas ruivas mais volumosas e onduladas. Pelo menos não estavam rebeldes.

― Senhorita Evans?

Agarrou suas coisas e saiu do banheiro, a procura de Snape. Encontrou-o na sala, colocando uma bandeja de comida sobre a mesa. Mas quando ele se virou para chama-la mais uma vez, paralisou pela segunda vez naquele dia.

O que se passava na mente de Snape era muito mais confuso do que poderia expressar e do que Amber poderia imaginar. Porque ali na sua frente, quebrando todas as suas barreiras e todas as linhas dos seus pensamentos, estava uma cópia quase exata de Lilian Evans, sua Lily. Tão parecidas que Snape começara a duvidar se sua sanidade. Toda a sua confusão começou quando entrou no escritório de Dumbledore e a viu de costas, porque ali ele não conseguia encontrar nenhuma diferença entre as duas ruivas. Mas quando Amber virou-se para encará-lo ele notou uma diferença gritante... Snape esperava ver amáveis e brilhosos olhos verdes, mas encontrou apenas a mesma cor. Os olhos de Amber expressavam apenas indiferença, eram gélidos e quase opacos. Não havia o brilho da alegria que sempre viu em Lilian.

― Algum problema professor Snape? ― ela questionou começando a ficar constrangida sob o olhar dele.

Snape pigarreou e voltou a ficar sério.

― Precisamos conversar sobre o plano.

Ela revirou os olhos enquanto se aproximava e sentava a mesa. Todos queriam rever o plano, mas ela não precisava de lembretes.

― Podemos conversar enquanto eu como? Estou realmente sentindo falta de alguma comida.

Ele sentou a contragosto, ficando de frente para a garota.

― O que sabe sobre Hogwarts?

― Apenas o que meu pai me contou e o que li nos livros ― Amber respondeu sincera. Lembrava-se perfeitamente das noites em que Voldemort estendia um mapa completo de Hogwarts sobre a mesa e apontava os lugares perigosos, as passagens secretas, lugares onde provavelmente ninguém entraria e bons esconderijos. Na época não entendi porque deveria saber tudo aquilo, mas agora tudo fazia sentido.

― E quem é o seu pai?

Ela interrompeu o caminho da maça até sua boca e arqueou uma sobrancelha. Então nem o mais fiel seguidor sabia de sua existência?

― Não sabe quem é o meu pai? ― questionou só para ter certeza.

― Eu deveria? ― Snape questionou também arqueando uma sobrancelha.

Amber negou e decidiu mudar de assunto:

― Pode me ajudar com algum feitiço para esconder a marca?

― Marca?

Lançou um olhar confuso a ele e arregaçou a manga de sua blusa, mostrando a marca gravada em seu pulso esquerdo.

Snape franziu o cenho, ligeiramente surpreso e sacou a varinha, dizendo:

― Deve ser muito boa para ganhar a marca tão jovem.

― Eu tento ― ela respondeu inexpressiva enquanto voltava a comer a maça.

O professor decidiu ignorar algo que remexeu dentro de si e lançou um feitiço no pulso da garota.

― O feitiço é de longa duração, mas iremos renová-lo pelo menos uma vez no mês por garantia. Os feitiços dos meus aposentos já reconhecem você, por isso pode me procurar sempre que quiser.

Ela apenas acenou em concordância.

― Lembra do plano? ― Snape questionou guardando a varinha.

A ruiva engoliu o que tinha na boca e recitou, como se fosse algo que lera a vida toda:

― Ser gentil, ser amiga do Potter, ficar no meio dos grifinórios, ganhar a confiança de todos eles e conseguir informações para Voldemort.

― Também tente ser impertinente e irritante nas minhas aulas, assim eu terei mais motivos para lhe dar detenção ― sugeriu Snape sério.

― Isso não será problema ― Amber garantiu esboçando um sorriso torto.

Então ele se levantou, pronto para deixa-la sozinha.

― Lembra-se onde fica o Salão Principal? Passamos por ele a caminho daqui.

― Aquele com a porta dupla enorme? Lembro sim.

― Ótimo, o jantar será às oito, esteja lá dez minutos antes.

― Sim, senhor.

― Tenho uma reunião com o diretor agora, não toque em nada e não saia daqui, não quero ninguém perdido por ali.

Amber queria dizer que em poucas horas provavelmente saberia mais sobre os corredores de Hogwarts do que ele, que deve ter passado a maior parte da vida ali. Mas o deixou ir embora, tendo a certeza de que seria um assunto tratado entre ele e o diretor. A mesma certeza lhe fez abandonar a comida pela metade assim que ouviu a porta do escritório se fechar, sacou a varinha e lançou em si mesma o feitiço da desilusão, sorrindo ao sentir a sensação gelada cobrir seu corpo. Correu até o espelho do banheiro só para ter certeza que o feitiço funcionara e depois foi até o escritório de Snape, abrindo a porta de forma hesitante, apenas para se certificar de que ele não estava mais no corredor. Correu todo o caminho tomando cuidado para que seus sapatos não fizessem barulho. Diminuiu os passos quando percebeu que já estava chegando e encontrara Snape em frente a uma gárgula.

― Tortas de limão ― ele murmurou.

Deveria ser a senha, Amber imaginou quando a gárgula abriu espaço para que o professor passasse. Ela se apressou e se jogou para dentro do lugar que era guardado pela gárgula. Tampou a boca em uma tentativa de silenciar a própria respiração irregular, lançando um olhar temeroso para o professor a sua frente que parecia não notar a presença dela. Quando a passagem para a sala de Dumbledore se abriu para que Snape saísse e ela pudesse respirar aliviado, ele parou.

Ela voltou a prender a respiração quando Snape virou-se e olhou para o lugar bem próximo de onde ela estava. Ele lançou um olhar desconfiado e retomou seu caminho.

O plano inicial de Amber era entrar na sala junto com Snape, mas agora temia ser vista por Dumbledore. O diretor parecia esperto demais para ser enganado por um simples feitiço de desilusão. Então quando a porta se fechou ela fez o que não fazia a muito tempo: colou sua orelha à porta e rezou para que a conversa deles não fosse muito baixa.

― O que o atrás aqui Severo? Deveria estar fazendo companhia a senhorita Evans.

A voz de Dumbledore a fez respirar aliviada, iria conseguir ouvi-los perfeitamente.

― Se eu soubesse que teria que lidar com Lilian Evans de novo eu jamais teria aceitado essa missão ― Snape garantiu rispidamente.

― Claro que teria aceitado, é o seu trabalho Severo. E ela não é Lilian, meu caro.

― Mas é idêntica a ela ― cortou Snape no mesmo tom ― Os cabelos, as mãos, o rosto. Até mesmo o perfume! O mesmo sobrenome!

Amber franziu o cenho, ela não estava usando perfume. Aquele era, literalmente, o seu cheiro.

― E quanto aos olhos? ― Dumbledore questionou.

― Com certeza os de Lily eram muito mais amáveis.

Lily. Então eles eram grandes amigos mesmo, concluiu Amber.

― Prometeu a Voldemort que cuidaria dela ― Dumbledore o lembrou.

Amber arregalou os olhos. Por que Dumbledore sabia disso? O que, exatamente, Snape contara a ele?

― Eu nem a conheço! ― Snape exclamou irritado ― Nem sabia que havia alguém tão jovem aliado a ele.

― Ora, então faça perguntas ― insistiu Dumbledore ― Você tem que conhecer sua nova pupila, Severo. Saber se ela pode ficar ao nosso lado.

Ao nosso lado?!, Amber exclamou mentalmente. O que ele quis dizer com aquilo?

― Não acho que isso seja possível, ela tem a marca Alvo ― Snape revelou, fazendo os olhos da ruiva aumentarem ainda mais.

Por que Snape está revelando isso?!

― Isso pode ser um problema ― comentou Dumbledore ― Mas ela tem apenas quinze anos, não sabemos o que pode ter passado até chegar aqui. Talvez ela precise de uma segunda chance e até mesmo queira isso. Converse com ela quando achar seguro e talvez possamos ganhar mais uma aliada nessa guerra contra Voldemort.

Era o suficiente. Ofegante, Amber se levantou e saiu pelo mesmo lugar que entrara. Assim que seus pés tocaram o piso do corredor, ela correu. Ouvira o suficiente para saber que Snape não era só o seguidor mais fiel de seu pai, ele também era o agente duplo de Dumbledore. O diretor já devia saber de tudo, toda a missão pelo menos.

Sentiu raiva. Passou quinze anos esperando por alguém que tivesse a chance de tirá-la das garras de Voldemort e havia um espião duplo ali o tempo todo. Mas ele nem sequer sabia a existência dela! O feitiço de desilusão sumiu, junto com sua concentração. Ela queria pensar, pensar no que fazer, pensar em um novo plano interno. Antes daquilo ela apenas iria obedecer as ordens, passar as malditas informações, tudo porque não sabia que não conseguiria nada além da morte caso se voltasse contra o pai. Mas agora... agora ela sabia que havia mais um na mesma situação que ela, havia mais pessoas contra Voldemort.

Sentiu o seu corpo bater contra algo e seu pé ser massacrado por alguns objetos. Xingou todos que conhecia ao sentir a dor aguda, mas abriu o maior dos sorrisos ao erguer a cabeça e encontrar uma garota de cabelos castanhos caída na sua frente.

Com certeza estava com sorte.

Livrou-se do sorriso e se apressou para juntar os livros da menina que havia caído em cima do seu pé. Mas a garota ainda não se mexia, apenas a encarava assustada, como Amber previu.

― Desculpe por isso ― a ruiva pediu ainda arrumando os livros ― Eu realmente não prestei atenção por onde andava.

A castanha balançou a cabeça e se levantou, ainda assustada.

― Desculpa, mas quem é você? Nunca a vi por aqui.

― Ah sim, serei selecionada hoje à noite ― Amber sorriu e estendeu a mão desocupada ― Muito prazer, meu nome é Amber Evans.

― Nossa... er, bem, prazer, sou Hermione Granger ― a outra balbuciou apertando sua mão.

― Ah, seus livros ― Amber lembrou passando os livros para Hermione ― Para onde ia com tanta pressa?

― Estava indo deixar meus livros... no dormitório ― respondeu Hermione ainda assustada com o que estava vendo ― Meus amigos estão esperando e eu perdi a hora na biblioteca.

― Quer ajuda?

Hermione apenas acenou e deixou a ruiva pegar mais da metade dos livros de suas mãos. Então ajeitou sua bolsa sobre os ombros e continuou o caminho até o salão comunal da Grifinória, dessa vez acompanhada.

― Então... hoje é o seu primeiro dia?

Amber sorriu, sabia exatamente o que dizer, então respondeu:

― Sim, minha vó estava doente e por isso tive que adiar minha vinda para Hogwarts.

― E você ficou andando por ai?

― Sim, não tenho onde ficar até ser selecionada e não conheço muito bem Hogwarts ainda ― a ruiva mentiu.

― Não quer... ficar comigo? Na torre da Grifinória? ― Hermione perguntou hesitante.

Amber arregalou os olhos, por essa não esperava.

― Sério? Não sei se posso, não sou da Grifinória.

― Mas não pode ficar andando por ai até o jantar, acho que não fará mal algum.

― Se você diz...

Amber poderia ajoelhar e beijar os pés de Hermione por dar a ela uma chance de mostrar, antes da seleção, que poderia ser alguém diferente da filha de Voldemort. Mas também poderia estapeá-la por facilitar tanto o plano do mesmo.

Quando chegaram em frente ao quadro da mulher-gorda, porta de entrada para a Torre dos leões, Amber fez questão de ficar um pouco distante da castanha, não queria ouvir a senha. Quando o quadro abriu passagem, Hermione virou-se e a chamou com um sorriso. Seu coração batia furiosamente em seu peito quando entrou. A primeira coisa que fez foi notar os detalhes e guarda-los, depois notou que o local estava vazio.

― Hermione? ― Amber virou-se para encontrar um ruivo irritado descer as escadas ― Onde você estava? Ficamos te esperando...

A voz dele morreu ao encontra-la ao lado de Hermione. A ruiva parecia um fantasma aos olhos dele.

― Rony, foi a Mione que chegou?

O coração de Amber deu um salto, batendo mais rápido ao ouvir a voz de Potter. O garoto nem notara a presença dela, descia as escadas com os olhos presos no caderno que estava na sua mão, parou ao lado do amigo e o fitou confuso ao encontra-lo estático e pálido..

― Rony?

― Ha-Harry ― o outro gaguejou apontando para a ruiva.

― Rony, tudo bem? O que aconteceu? ― Harry insistiu esquecendo o caderno e balançando os ombros do amigo.

― Harry! ― Rony exclamou começando se irritar com a cegueira do amigo.

Harry finalmente olhou para onde Rony apontava.

Hermione esboçou um sorriso constrangido ao notar os amigos paralisados, pálidos e encarando Amber descaradamente.

― Pessoal ― ela chamou, elevando a voz e fazendo-os acordar ― Essa é Amber Evans.

― Prazer ― a garota saudou de repente se sentindo tímida com a atenção que recebia,

― Amber ― Hermione prosseguiu ― Esses são meus amigos Harry Potter e Ronald Weasley.

― Oi, senhorita Evans ― Harry começou descrente.

― Por favor, me chamem de Amber.

― Você é linda ― Rony disse subitamente, ficando completamente vermelho em seguida.

― Obrigada, Ronald.

Foi difícil Hermione convencer os garotos de que Amber não pertencia a Grifinória, até mesmo apontava para a falta de cor no uniforme da ruiva. Ela apenas riu, achando graça da ingenuidade de cada um. Amber apenas foi gentil, pela primeira vez deixaram sua máscara cair na frente de outras pessoas. E não estava fazendo tudo isso, esboçando sorrisos, por causa de um plano de Voldemort. Na verdade, em um certo momento, esqueceu dos objetivos do plano e deixou-se ser e agir como ela mesma.

― Eu não acredito que você não conhece o Harry ― duvidou Rony, teimoso.

Amber se sentiu mal ao manter a mentira.

― Eu deveria?

― Ele é o menino-que-sobreviveu!

― Sobreviveu a quê?

Rony bufou e deixou a cabeça cair sobre o braço da poltrona.

― Ela estava dentro de uma caverna ― murmurou em desistência.

― Ou talvez ela só morasse no mundo trouxa ― interviu Harry lançando um olhar repreensivo a Rony.

― Não ligue para o Rony, Amber ― pediu Hermione em tom de desculpas ― Ele não sabe como é viver no mundo trouxa.

― Posso fazer uma pergunta? ― Amber questionou, hesitante.

Ela realmente não queria entrar nesse assunto, mas a curiosidade estava matando-a por dentro. Não obteve resposta durante quinze anos, então agora iria abraçar as dúvidas até encontrar uma certeza.

― Claro que pode ― Hermione confirmou animada.

Amber fitou cada olhar, cada expressão. Deveria mesmo se abrir tanto com eles?

― Por que me olharam daquela maneira quando me viram pela primeira vez?

O trio se entreolhou e como ela esperava, Hermione respondeu:

― Er... bem, você se parece muito com Lilian Potter, a mãe do Harry.

― E o quanto sou parecida com ela?

Eles se entreolharam mais uma vez em uma conversa silenciosa. Harry acenou a cabeça concordando com algo e retirou algo do bolso da calça, entregando a Amber em seguida. Ela aceitou o pedaço de papel e os fitou confusa, até o abrir, então compreendeu.

― Essa é minha mãe, a foto foi tirada na época de Hogwarts mais ou menos no sétimo ano ― Harry esclareceu em tom baixo ― Não sei bem, eu meio que roubei a foto.

Amber analisou a foto mais uma vez. Ali havia duas garotas abraçadas, rindo e se abraçando, uma ela não tinha a mínima ideia de quem era, mas a outra... era impossível não reconhecer. Os mesmos cabelos ruivos, a mesma cor de íris, o mesmo sorriso que raramente surgia no rosto de Amber, o mesmo nariz. Sentiu um aperto no peito. Será que até sobre isso Voldemort estava mentindo?

― Não... não tem medo de perder a foto? ― questionou tentando se recuperar.

― Não, Hermione enfeitiçou para que ela sempre volte para mim ― Harry respondeu sorrindo enquanto pegava a foto de volta ― Olhe.

Ele jogou a foto no ar e segundos depois a mesma voltou para suas mãos em passe de mágica. Amber acompanhou tudo sem realmente notar o que estava vendo.

― Tudo bem, Amber? ― Harry questionou a fitando com atenção.

― Claro, claro ― ela se apressou em responder ― Só estou preocupada com a seleção.

Esse era o momento de Amber unir o útil ao agradável?

― Preocupada com o quê? ― questionou Rony.

Ela fitou cada um e suspirou antes de responder:

― Acho que vou para a Sonserina.

Rony arregalou os olhos, mas foi Hermione que questionou:

― Por que acha isso? Não vejo características sonserinas em você.

― Porque meu pai era um Sonserino e meus avós querem o mesmo de mim ― não era totalmente mentira, a única diferença era que seu própria pai a queria na Sonserina.

― Não acho que sua família possa definir quem você é ― Hermione tentou reconfortar.

― Não entendeu, eles querem o mesmo de mim ― a ruiva insistiu ― Não quero nem pensar no que pode acontecer se eu não for para a Sonserina.

Os olhos do trio se arregalaram em compreensão. Mas Amber queria mais, já tinha implantado a dúvida, só faltava eles a encontrarem e começarem a se questionar. Acreditara que contara o suficiente de sua vida para que eles questionassem pelo menos um erro.

― Não importa, eu preciso ir ― avisou já se levantado ― Daqui a pouco será o jantar.

― Não, espera! ― exclamou Hermione fazendo-a parar. A castanha levantou depressa e correu até a ruiva, perguntando ― Não quer conversar sobre isso?

O foco de Amber falhou por alguns segundos. Hermione estava-a tratando como uma amiga e a ruiva era novata nessa área, na verdade não tinha experiência alguma. Por que não se deixar levar?

Não, não podia se apegar assim tão rápido. Era o seu primeiro dia em Hogwarts!

― Acho melhor não Hermione, acabei de conhecer vocês ― explicou sincera ― Me desculpem.

Virou-se para ir embora e mais uma vez foi impedida, dessa vez por Harry.

― Amber?

Fitou os olhos verdes e brilhantes de Harry, esperando que o mesmo continuasse. O moreno se aproximou com calma e sorriu ao dizer:

― Não importa para onde for seleciona hoje, poderá sempre contar com a gente. Amigos?

Ele estendeu sua mão com o sorriso ainda no rosto. Amber prendeu a respiração ao notar o ato e encontrar um sorriso amável em Hermione e um sorriso contido em Rony.

Então soube que o seu plano estava completamente comprometido, pois a partir daquele momento não havia mais chances de Amber Evans continuar ao lado de Voldemort. Sempre tivera um motivo para lutar contra seu pai, mas depois de todos os acontecimentos de hoje... tinha certeza de que não estava sozinha.

Conversaria com Dumbledore, pediria ajuda ao Snape, revelaria tudo ao trio de ouro de Hogwarts.

E se tudo desse errado? Bom, ela morreria tentando.

― Amigos.


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