Dear Diary, escrita por LiKaHua


Capítulo 8
Capítulo 8 — Pássaro Ferido


Notas iniciais do capítulo

Gente, é muito mais amor do que eu consigo aguentar!! A Niia recomendou a minha história! por favor, me tragam um lenço que eu estou chorosa aqui!! Cara, quase não acreditei quando entrei pra postar o capítulo e responder os comentários e vi. Juro, estou morrendo de felicidade aqui! Obrigada, obrigada de coração! Tudo que eu posso fazer pra retribuir é tentar sempre escrever da melhor forma e deixar a história a altura de todos vocês. Saibam que me sinto honrada de ter vocês aqui comigo, obrigada por me darem essa chance, obrigada de verdade ♥ :')



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Querido diário,

Eu não pedi desculpas por ter pegado o número dela sem permissão. Eu não me arrependo. Principalmente depois do episódio horroroso que eu presenciei ontem, tinha saído mais cedo para esperar por ela e ver se ela queria ir a algum lugar comigo, mas quando ela demorou eu entrei para procura-la, fui primeiro à sala, mas ela não estava, depois à biblioteca, mas também não estava lá. No banheiro eu não podia entrar, mas não foi preciso, quando eu vi as coisas dela espalhadas no chão senti um frio na espinha, entrei mesmo sabendo que era errado e o que eu vi não podia ser nomeado com nada além de covardia; eu não saberia colocar em palavras o que eu senti quando a vi, ferida, no chão, enquanto Vanessa a humilhava e dois dos meus colegas de time, caras de quem eu nunca esperei uma conduta tão estúpida, seguravam Ellen pelos braços e a agrediam. Fiquei cego, parti para cima dos dois e em segundos eles estavam caídos no chão, virei-me para Vanessa, que parecia chocada demais para falar qualquer coisa, assim como suas amigas xerocadas.

— O que acha que está fazendo? — Gritei. — O que ela fez pra você? O que?!

Quanto mais eu gritava mais assustada ela ficava. Eu nunca, sob hipótese alguma, bateria numa mulher, acho que não se pode chamar de homem um ser que faz isso. Mas o olhar de nojo e revolta que eu lancei foram piores que qualquer tapa merecido para Vanessa naquele momento, ela começou a chorar, furiosa, gritando comigo e me perguntando por que a Ellen.

— Ela nem é bonita! É só uma garota insignificante! — Ela tentava avançar, mas as amigas a detinham.

— Só o fato de você dizer isso já mostra o quanto ela é superior a você. — Segurei Ellen em meus braços, com extremo cuidado, e olhei uma última vez para Vanessa. — Se você encostar nela outra vez, seja de que modo for, eu vou esquecer meu código de honra.

Diário, eu nunca vou conseguir superar a dor no meu peito ao ver ela machucada, ali, e principalmente por ter sido eu o causador de tudo aquilo, eu devia saber que havia algo errado com a Vanessa desde o início, mas não estava preparada para a outra descoberta. Quando eu ergui a manga do suéter dela, as marcas roxas e algumas até esverdeadas de hematomas mais antigos se espalhava por toda a pele, eu era incapaz de distinguir o que era da escola e o que não era. Fiquei profundamente preocupado. Ela ainda ficou desacordada por um bom tempo, foi quando tirei o celular dela do bolso do suéter e enviei uma mensagem para mim mesmo, a fim de salvar o número, a enfermeira conversou com a mãe dela, sei que é errado, mas eu escutei atrás da porta, perguntou se ela sofria algum tipo de abuso em casa, a mãe de Ellen garantiu que não, então, a enfermeira disse que se todos aqueles machucados pelo corpo fossem resultado de bullying ela já vinha sofrendo há bastante tempo na escola. Não consegui acreditar na mãe dela, algo me dizia que ela estava mentindo. Ellen parece muito com a mãe, os cabelos castanhos meio puxados pro vermelho, os olhos azuis, o jeito frágil e a pele muito pálida. Faltei ao treino nesse dia, sabia que teria problemas com o meu pai, mas não me importei. Eu queria ter certeza que ela estava bem, me ofereci para acompanha-las ao hospital e a mãe dela não pareceu se importar, quando eu tive certeza de que ela estava realmente fora de perigo voltei para escola, ainda a tempo de ver os últimos tempos de biologia. Liguei para Ellen assim que encontrei coragem o bastante, mas percebi que vou ter que me esforçar mais se quiser conquista-la, e, diário, você não imagina como eu quero! Quase implorei para que ela se abrisse comigo, que me desse uma chance de ajudar, mas ela disse que não pode, ela está com medo de alguma coisa eu tenho certeza, o que me faz ter ainda mais convicção de que não vou abandoná-la, é, diário, não tem mais volta, eu não sei como aconteceu, não sei o que ela fez comigo, mas aquela garota inteligente que acha que ninguém a nota e que tenta se esconder atrás da invisibilidade me conquistou, ganhou meu coração tão fácil. Eu estou apaixonado por ela de uma forma que eu nunca me apaixonei por ninguém, e não importa o que eu precise enfrentar para tê-la comigo, eu vou vencer esse jogo.

Hoje ela não veio pra escola, estou ainda mais preocupado, me perguntando se aconteceu alguma coisa, ela parecia tão mais frágil ontem... Tentei falar com a Janine, estava tão desesperado que quase não me apresentei direito, percebi que ela ficou meio chocada por eu ter falado com ela, mas não consegui muita coisa, ela me disse que Ellen sempre foi muito fechada e que as duas eram apenas parceiras de laboratório, não conversavam muito e Ellen sempre escondia tudo que podia sobre a família, às vezes mesmo em dias de muito calor andava com roupas muito compridas e as garotas zoavam com ela, principalmente a Vanessa, o que só aumentou ainda mais meu nojo daquela patricinha sem cérebro. Eu sei que há algo errado com a Ellen, e quero ajuda-la, quero salvá-la dessa névoa que impede que ela sorria, como ela sorriu pra mim a primeira vez, eu nunca esqueci a luz do seu rosto, o jeito como seus olhos azuis brilharam quando ela sorriu. Caminhei pela escola meio pensativo depois do treino, tentando pensar em algo que eu pudesse fazer, eu não sabia onde ela morava, mas não era tão difícil roubar o registro da secretaria ou procurar por ela no catálogo, só que, se ela nunca me deixou ir à casa dela tem suas razões, talvez ela não queira que eu a visite, mas eu preciso tanto vê-la... é quase como se a necessidade dela fosse a mesma de oxigênio. Fiquei passando mentalmente as semanas em que me aproximei dela, o jeito assustado dela cada vez que eu chegava perto, o trabalho que deu para eu fazer ela entender que eu realmente queria conhece-la, conversar com ela.

— Você é mais interessante do que pensa, Ellen. — Eu disse pra ela, sorrindo.

— É difícil não pensar que você está tentando me enganar. — Confessou ela, sem me olhar.

— Eu pareço assim tão ruim pra você? — Perguntei, triste.

— Quando algo muito bom me acontece, não há como eu não achar que é volátil, que quando eu tentar realmente segurar, vai desaparecer, vai me deixar novamente um vazio enorme. — Havia tanta dor nas palavras dela que eu me senti com ainda mais desejo de protege-la.

— Eu nunca vou deixar você. — Segurei as mãos dela e ela sobressaltou-se com o toque. — Não importa o que aconteça, Ellen, eu não sou especial, eu sou apenas um cara comum, mas vou fazer o que puder para proteger você.

Depois disso ela continuou me olhando um pouco assustada, não sabia disso apenas pelo seu olhar assustado e cheio de lágrimas, mas pela sua respiração irregular e o pavor que tinha em seus olhos. Eu também estava um pouco assustado, mas sabia que ela tinha muito mais que a insegurança de ter um cara “popular” falando com ela daquela forma, e acho até que eu falei as coisas rápido demais, posso ter assustado ela, mas eu tinha que falar, não aguentava mais me conter. Esconder o que eu sinto. Posso ter sido um pouco idiota, diário, percebi que ela ficava sempre a uma certa distância de mim depois disso, mas sabia dentro de mim que ela queria minha companhia tanto quanto eu a dela, era muito difícil fazê-la sorrir, mas eu fazia o máximo que conseguia pra isso, e cada sorriso que eu conquistava era melhor que o prêmio de um campeonato! Nossos encontros na biblioteca só me fizeram admirá-la mais, ela é tão paciente e inteligente, coisas que antes me pareciam impossíveis de aprender com ela parecem tão insignificantes, eu consegui subir muito as minhas notas, e sempre que a via nas arquibancadas me vendo treinar, ganhava uma motivação a mais para dar o meu melhor, meu treinador me elogiou. Ellen tornou o meu mundo aberto a uma luz nova, uma luz que eu quero retribuir. Aquela garota doce, inteligente, tímida e meiga que não tem ideia do quanto é linda, fez o meu coração bater mais forte pela primeira vez, não posso deixa-la fugir, diário. Não vou. Tentei ligar pra ela hoje o dia todo, mas ela não atendeu, mandei mensagens que ela não retornou, estou ficando cada vez mais preocupado, se ela não for à escola amanhã eu vou procurar a casa dela de qualquer forma! Mesmo que ela fique chateada comigo por isso.

Quando criei coragem para finalmente falar com ela, tive vontade de dizer que sempre reparei nela, desde o primeiro ano, mas que achava que ela era do tipo que só conversava com pessoas que tivessem o mesmo QI que ela, ou mesmo que não fosse do tipo fazer amizade, porque eu nunca a via no refeitório e nas raras vezes que aconteceu ela estava com um livro e fones de ouvido como uma mensagem de “Fique Longe”, mas pra mim, ela sempre foi interessante, bonita do seu próprio jeito. Nessas semanas que conversei com ela, que soube como ela ama ler a ponto de querer fazer biblioteconomia, que gosta de música que gente da idade dela não gosta muito, que aprecia arte e vê beleza nas coisas mais simples, Ellen não precisa de muito pra ser feliz e eu a admiro ainda mais por isso, cada jeito novo dela que eu descubro só me apaixona mais, a prova final disso é que ela não foi a escola hoje e tudo pareceu tão diferente, vazio, fora do lugar. Senti falta dela como se não a visse há anos. Não posso mais ter nenhuma dúvida de que estou apaixonado, não é? Espero que isso seja uma coisa boa, porque vou ter que enfrentar o meu pai pela primeira vez na vida e estou disposto a isso se a Ellen me aceitar. E por falar nisso, minha mãe ligou de novo, disse que vai chegar em casa só no outro fim de semana e que também vai perder o aniversário do Charlie, porque tem uma viagem marcada pra filial da empresa em Dublin, eu fiquei tão irritado que não quis jantar. Meu irmão caçula me trouxe um sanduíche no quarto depois que o papai foi dormir, berrando pra que eu apagasse a luz, ele me perguntou por que a mamãe ficava sempre tão longe, confesso que quase chorei, mas eu o abracei e disse que ele precisava ser forte como um homem e treinar muito para que ela viesse ver a final de basquete. Se ela não viesse, juro que ia ligar pra ela e dizer tudo que estava entalado, Charlie não é como eu que suporta a falta dela calado, ele sofre e diz que sofre e isso faz com que meu pai seja ainda mais intolerante com ele.

Mandei uma mensagem pra Ellen agora, vou tentar dormir embora duvide muito que vá conseguir. Espero vê-la amanhã, quero olhar nos olhos dela e tentar apagar aquela tristeza que ela traz em si, quero saber o que ela esconde. Pra mim, a Ellen é um pássaro ferido que esqueceu como se canta, que desaprendeu a voar por que tem as asas machucadas por muito tempo, quero ouvi-la cantar novamente, livre, no alto de uma árvore, e quando eu ver o brilho da liberdade no céu azul dos seus olhos, quero ter a certeza que ela vai voltar e pousar no meu ombro, poder dizer que ela também é minha. Será que é isso que chamam de amor?

Michael.


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Notas finais do capítulo

Velho, estou apaixonada pelo meu próprio personagem... Que cara fofo! Viu, só fiz vocês surtarem com aquela nota final U.U isso é um clichê, meus queridos, esqueceram? Tudo vai dar certo depois que tudo der errado ;)
OBRIGADAAAAAAAAA POR ESTAREM AQUI SEUS LINDOS!!!!