Ilha de Esme - o Início escrita por csb


Capítulo 6
CAPÍTULO 04 - UMA LONGA NOITE




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4. UMA LONGA NOITE

 

 

— Já sinto sua falta.

— Eu não preciso partir. Posso ficar...

— Hmmm.

Fez-se silêncio por um longo momento: apenas o martelar do coração dela, o ritmo interrompido de nossa respiração irregular, o sussurro de nossos lábios se movendo em sincronia, os ruídos distantes que já não faziam sentido algum.

Eu sempre precisava me concentrar ao máximo para não perder a noção de que estava beijando a pessoa mãos frágil do universo — jamais, nem por um segundo, poderia me entregar ao delírio ou esquecer que tinha em meus braços algo muito mais valioso do que minha própria vida. Hoje minha própria vida pouco significava para mim.

Eu já havia superado há muito a tentação que o sangue dela exercia sobre meus instintos, embora ainda houvesse a queimação na garganta, a sensação de que eu estava constantemente inalando chamas. Incrível pensar que isso agora não era nada. Com a evidência de que apenas algumas horas nos separavam do altar, com a certeza de que Bella estava prestes a ser minha de todas as maneiras possíveis que alguém pode pertencer ao outro, resistir àquele corpo impecavelmente moldado ao meu, ignorar o desejo subindo acelerado pelas veias quando nossas bocas se misturavam em harmonia, era infinitamente mais doloroso: um tormento físico que me enlouquecia.

Lutando contra a loucura antes que fosse totalmente engolido por ela, afastei meu rosto para fitar o de Bella — suave, sereno e ao mesmo tempo ardente. Meu prêmio... Deus, eu merecia tamanha recompensa?

Nossos olhares se fixaram por um momento. Não era difícil imaginar o que ela estava pensando. De inúmeras maneiras legítimas, embora ainda não literais, o corpo dela era uma extensão do meu e era fácil identificar minhas próprias confissões refletidas na profundidade de seus olhos. Os olhos de chocolate — meus olhos — brilhavam diferentes. Uma alegria explosiva, uma tensa expectativa. O alívio por saber que o sacrifício da resistência estava a um passo de se findar: este era o único reflexo que meus olhos não conseguiam compartilhar.

De forma alguma eu podia sentir alívio por condená-la a ser como eu, embora soubesse que essa atitude muito me facilitaria a vida. Era uma fagulha altruísta frente a uma vida guiada por comportamentos egoístas. Havia sido um trato, uma decisão coletiva — eu sabia disso. Também sabia que eu não me permitiria voltar atrás. Mas, independente de tudo, eu ainda preferia a eternidade de sofrimento a tirar-lhe o último suspiro da alma.

Ela puxou meu rosto para o seu mais uma vez.

— Sem dúvida, vou ficar — murmurei, hipnotizado pelo instante.

— Não, não. É a sua despedida de solteiro. Você precisa ir.

Ela disse as palavras, mas os dedos de sua mão direita se fecharam em meus cabelos, sua mão esquerda apertou a base de minhas costas. Afaguei seu rosto quente.

— As despedidas de solteiro são feitas para aqueles que lamentam o fim de seus dias de solteiro. Eu não poderia estar mais ansioso para deixar para trás os meus. Então isso não faz sentido algum.

— É verdade. — Sua respiração contra a pele gélida de meu pescoço era uma tortura. Eu tinha mesmo competência para o sofrimento.

Estávamos enroscados em sua pequena cama, entrelaçados ao máximo, considerando o cobertor em que ela se enrolara. Ao fundo, os roncos pesados de Charlie eram a certeza, ao menos para ela, de que estávamos verdadeiramente sozinhos e, por isso, seguros. Eu não me guiava por isso, claro. Em minha cabeça, os sonhos confusos de Charlie se misturavam aos pensamentos que eu fazia questão de ignorar, embora nem sempre conseguisse.

Ainda que ela tivesse de se embrulhar, minha camisa estava no chão — uma de suas exigências. Perto de Bella, meu corpo sem graça era apenas uma estátua inanimada de mármore branco e frio. Obviamente não havia competição ali. Não havia espaço para mim ao lado de sua beleza genuinamente humana: as maçãs coradas no rosto de anjo, o encanto de suas sutilezas e mistérios, o toque macio e, ao mesmo tempo, carregado de uma energia invisível quando seus dedos desciam delicados por meu peito, acompanhando meus músculos, parando na barriga. Não disfarcei o tremor que percorreu meu corpo. Ela sorriu, aproximando-se mais um pouco e eu puxei gentilmente sua boca outra vez na minha. Como se a recíproca fosse verdadeira, como se eu precisasse dos mesmos cuidados, ela deixou a ponta da língua pressionar meus lábios com uma suavidade vítrea e eu suspirei satisfeito. Ela ficou tonta e eu sabia que era o efeito de meu hálito doce.

Uma quentura conhecida — e exageradamente excessiva — cruzou meu peito, subindo pelos braços, implorando por mais. Fechei minhas mãos com força para que meus dedos traidores não agissem sozinhos e comecei a me afastar a contragosto, uma reação automática para que as coisas não fossem longe demais.

— Espere — disse ela, agarrando meus ombros e se aninhando em meu peito. Libertou do cobertor uma perna e passou em volta de minha cintura. Estremeci. Deus, o que ela estava fazendo? — A prática faz a perfeição.

Eu sorri no escuro.

— Bem, a essa altura devemos estar bem perto da perfeição então, não é? Você dormiu neste último mês?

— Mas este é o ensaio geral — lembrou-me ela —, e só praticamos algumas cenas. Não é hora de tomar precauções.

Meu corpo ficou imóvel em uma repentina tensão.

Essa era outra decisão inflexível. Bella teria suas experiências humanas, todas elas, antes de assumir um compromisso para a vida inteira com um corpo desconhecido. Mas ouvi-la assim tão entregue, tão confiante e impulsiva, era uma injeção cavalar de combustível em minha consciência sempre tão cautelosa na avaliação do certo e do errado.

— Bella... — sussurrei.

— Não comece com isso de novo — disse ela. — Já fizemos o acordo.

— Eu sei. Mas é difícil demais me concentrar quando você está comigo dessa maneira. Eu... não consigo pensar direito. Não vou ser capaz de me controlar. Você vai se machucar.

— Eu vou ficar bem.

— Bella...

— Shhh! — Ela colocou seus lábios nos meus, mas isso não foi o suficiente para deter minhas preocupações. E havia tantas...

— Está com um pé atrás? — perguntei.

— Muito à frente.

— É mesmo? Nenhuma dúvida? Não é tarde demais para mudar de idéia.

— Está tentando se livrar de mim?

Sorri. Que pergunta incabível! De todas as alternativas, essa era a única impossível. Eu me livraria de mim para não ter de me livrar dela.

— Só estou me certificando. Não quero que você faça nada de que não esteja certa.

— Eu tenho certeza de você. O resto posso ir levando.

Hesitei.

— Pode mesmo? — perguntei, em voz baixa. — Eu não me refiro à cerimônia do casamento... A essa tenho certeza de que você sobreviverá, apesar de seus escrúpulos... Mas, depois... E quanto a Renée e a Charlie?

Ela suspirou, seu coração martelando inseguro.

— Vou sentir saudades deles.

— Angela e Ben, Jessica e Mike.

— Vou sentir falta dos meus amigos também. Especialmente de Mike. Ah, Mike! Como vou passar sem ele?

O quê? Ela não podia estar falando sério... Tomado de ciúme, grunhi suficientemente alto para ela escutar.

Ela escutou, porque riu. Mas logo depois ficou séria.

— Edward, já falamos sobre tudo isso. Nem sei quantas vezes. Sei que será difícil, mas é o que quero. Eu quero você e quero para sempre. Uma vida inteira simplesmente não é o bastante para mim.

— Paralisada para sempre aos 18 anos — sussurrei.

— A realização do sonho de toda mulher.

— Sem mudar jamais... Jamais avançado.

— O que quer dizer?

Bom, esse era um assunto tão delicado que eu não sabia nem por onde começar. Algo que estava me incomodando há algum tempo. Um conflito que eu presenciava diariamente em minha família. Esme, Rosalie e até Alice — por mais que falasse o contrário, Alice não conseguia esconder os sentimentos de mim. Todas elas, cada uma à sua maneira, sofriam por aquilo que jamais poderiam ser: mães.

— Lembra-se de quando dissemos a Charlie que íamos nos casar? E ele pensou que você estivesse... grávida?

— E ele pensou em atirar em você — adivinhou com uma risada. — Admita... por um segundo ele sinceramente pensou nessa hipótese.

Ele pensou. Mas como Bella podia brincar com um assunto tão sério? Isso só aumentava minhas angústias.

— O que foi, Edward? — perguntou.

— Eu só queria... Bem, queria que ele tivesse razão.

— Dãa! — exclamou.

— Melhor, que houvesse uma maneira de ele poder ter razão. Que tivéssemos esse potencial. Eu odeio tirar isso de você também.

Ela ficou pensativa por um minuto.

— Sei o que estou fazendo.

— Como pode saber, Bella? Veja minha mãe, minha irmã; não é um sacrifício tão fácil quanto você imagina.

— Esme e Rosalie se saíram bem. Caso seja um problema mais tarde, podemos fazer o que Esme fez... Podemos adotar.

Suspirei e depois minha voz saiu em um tom mais enérgico do que eu planejara:

— Isso não está certo! Não quero que você tenha de fazer sacrifícios por mim. Quero lhe dar as coisas, não tirá-las de você. Não quero roubar seu futuro. Se eu fosse humano...

Ela pôs as mãos em meus lábios.

— Você é o meu futuro. Agora pare. Chega de choramingar, ou vou chamar seus irmãos para virem pegar você. Talvez você precise mesmo de uma despedida de solteiro.

— Desculpe. Estou reclamão, não é? Deve ser os nervos.

— Você está com o pé atrás?

— Não nesse sentido. Esperei por um século para me casar com você, Srta Swan. A cerimônia de casamento é o que mal posso...

Ei, Edward! Estamos chegando! Os pensamentos de Jasper.

Se valoriza  sua consciência é melhor não tentar fugir! Saia já daí ou vamos invadir! Agora Emmett.

Pela intensidade dos risos, eles já estavam bem perto da casa.

Ah, outra coisa: não sei o que estão fazendo aí dentro, mas trate de se vestir antes de aparecer! zombou Emmett. Não preciso, aliás... não quero vê-lo colocando em prática tudo aquilo que lhe ensinei... Argh!

— Ah, pelo amor de tudo o que é mais sagrado! — reclamei.

— Qual é o problema?

Trinquei os dentes. Qual era o problema? O problema era que essa tal de despedida de solteiro não se passava de uma invenção grotesca e sem fundamento — e meus irmãos os mais ridículos de toda a história. A última coisa que eu queria eram motivos para me irritar. Mas pelo visto não me restava alternativa.

— Não precisa chamar meus irmãos — continuei. — Ao que parece, Emmett e Jasper não vão me deixar escapar essa noite.

E não vamos mesmo! Era Jasper.

Chegamos! Emmett.

Ela me abraçou com força por um segundo e depois me soltou.

— Divirta-se — disse.

— Não vejo como.

Houve um ruído áspero na janela. Era Emmett arranhando o vidro com unhas de aço, provocando aquele barulho irritante de que Bella tinha nervoso. Ela tremeu em arrepios e fiz uma rápida nota mental: destruir o imbecil.

— Se você não mandar Edward sair — disse Emmett —, vamos entrar para pegá-lo.

Tenha santa paciência!

— Vá — Bella riu. — Antes que eles arrombem minha casa.

Revirei os olhos, mas no fundo não duvidada das ameaças. Coloquei-me de pé em um movimento ágil, depois pus de volta a camisa. Curvei-me para dar um beijo na testa de anjo.

— Vá dormir. Terá um grande dia amanhã.

— Obrigada! Isso certamente vai me ajudar a relaxar. De qualquer forma, ainda tenho divertimento de sobra. — Ela mirou o baú ao lado da cama.

Sorri.

— Durma, Bella. Terá a vida inteira para descobrir o baú.

— Vou tentar, prometo.

— Vejo você no altar.

— Eu serei a mulher de branco. — Ela sorriu.

— Muito convincente.

Agachei-me, os músculos retesados como uma mola, e lancei-me da janela, projetando-me para cima de Emmett. Houve um baque surdo quando nossos corpos se chocaram e ele xingou baixinho.

— Acho bom que não o façam atrasar — murmurou Bella, sabendo que podíamos ouvir.

Em uma fração de segundo, Jasper escalou a parede e enfiou a cara na janela.

— Não se preocupe, Bella. Vamos levá-lo para casa bem a tempo.

Jasper não perdeu a oportunidade e usou seus talentosos dons para acalmar minha noiva. Fiquei me perguntando se isso era realmente necessário, se ela estava tão nervosa assim. Os pensamentos conflitantes de Jasper — na verdade, os sentimentos de Bella refletidos neles — foram respostas suficientes.

— Jasper? O que vampiros fazem em despedidas de solteiro? — perguntou Bella. — Não vai levá-lo para uma boate de strip-tease, não é?

Emmett olhou debochado para mim e tivemos de abafar as risadas. Fiz sinal para que ele inventasse alguma coisa só para me divertir um pouquinho.

— Não conte nada a ela! — grunhiu Emmett, socando meu peito. Depois sussurrou em meu ouvido: — Sua noiva até que é bem criativa... Poderíamos seguir as idéias dela.

— Vai achando... — respondi entre os dentes.

— Relaxe, Bella — disse Jasper. — Nós, os Cullen, temos uma versão própria. Só alguns leões da montanha, alguns ursos pardos. Uma noitada bem comum.

Versão própria... De onde Jasper havia tirado essa? Era a primeira vez que saíamos para uma despedida de solteiro, afinal.

— Obrigada Jasper. — Bella agradeceu.

Jasper pulou da janela, lançando-se sobre mim em uma imitação tosca. Eu me desviei e ele caiu no chão. Lógico que nem se arranhou.

— Pronto para se divertir, futuro ex-solteirão? — perguntou ele, pulando em minhas costas.

— Vamos acabar logo com isso! — murmurei e larguei em disparada pela floresta. Meus irmãos vieram logo atrás. — Quero ver quem é capaz de me alcançar! — desafiei.

A princípio, a despedida de solteiro foi mais necessária que divertida.

Eu era o mais veloz e ninguém conseguia me vencer na corrida. Quando tive certeza de que finalmente os dois haviam acabado de passar a meu lado — devido ao vento deixado para trás —,  eu já estava com a primeira presa fincada nos dentes de aço. Mantive os olhos fechados para concentrar toda a atenção em minha garganta que urrava satisfeita enquanto meu corpo se abastecia do único alimento que me nutria a vida.

O leão não tivera a mínima chance. No instante em que avancei, lançando-me silenciosamente para o alto e depois caindo sobre ele com uma precisão primorosa, meus braços de ferro se fecharam em sua barriga e eu o arrastei para as sombras que a luz da lua desenhava no meio da névoa. O leão se debateu pateticamente, mas sua ferocidade, acompanhada de um coração acelerado e pulsante, só fez por aumentar minha sede. Houve tempo para um último suspiro rouco e grave, um aviso à floresta que, em resposta, agitou-se enfurecida bem acima de mim. Eu não era bem-vindo ali — vampiros desequilibram a cadeia alimentar, porque são predadores absolutos; nenhum animal é uma ameaça para nós.

O sangue irradiou-se por meu corpo sólido com uma rapidez avassaladora. Infiltrou-se em cada minúscula cavidade como se meus músculos fossem uma espécie de esponja sugadora e insaciável. E com o sangue veio também a quentura indescritivelmente prazerosa que chegou à ponta de meus dedos em menos de meio segundo, provocando espasmos debaixo da pele por onde passava. Não demorou muito e o animal transformou-se em um cadáver murcho e pálido, e eu me contorci violentamente para aproveitar as doses finais de prazer, deixando escapar um gemido baixo.

Fiquei um longo tempo paralisado em estado de delírio total, a língua ainda ardendo em labaredas. A sede jamais se finda e é por isso que, depois da transformação, todo vampiro precisa de muitos anos para conseguir suportar a queimação constante na garganta, para aprender a conviver com ela. Também demora um tempo considerável para que se consiga encontrar qualquer outro sentido para a vida senão saciar o apetite indócil.

Eu me preocupava com Bella. Tão frágil, doce e pura... Eu tinha medo de que ela se arrependesse de sua decisão, de que não fosse capaz de se reconhecer dentro de uma criatura monstruosa. Nem as longas décadas de existência podiam apagar minhas memórias de recém-criado. No início, a falta prolongada de sangue humano era um martírio insuportável. Doía como se, a cada dia de abstinência, boa parte de meus ossos virassem puro pó dentro do corpo. Até hoje não sei como sobrevivi a isso, como consegui superar minhas fraquezas, encontrar o ponto certo do equilíbrio, sustentar o autocontrole; como consegui deixar para trás minha face homicida.

Quando soltei os dentes — quando todo o sangue secou enfim —, joguei a carcaça podre para o lado, levantei minha cabeça e enxerguei Emmett bem ao longe, camuflado no meio dos arbustos escuros. Ele estava agachado, o pescoço retorcido para frente. Procurei também por Jasper, mas não encontrei nenhum de seus sinais ao longo do enorme perímetro circular até onde minhas vistas alcançavam. O frenesi da caçada bloqueava os pensamentos alheios em minha cabeça.

Ágil e solitário, parti para a segunda presa da noite. Senti meus olhos latejarem tal qual um radar ativo procurando com urgência qualquer sinal de vida atrás do movimento. Eles varreram os cantos das pedras, os troncos de árvores. Nada podia escapar invisível, porque agora todos os meus sentidos estavam centralizados apenas nisso. As narinas inflamaram-se para farejar o sangue molhado e meu cérebro não era nada além de um poço vazio.

Não foi difícil.

O ruído surdo e suave de patas entrou repentinamente em meu campo de observação e eu me preparei para o ataque, subindo rapidamente no alto de uma árvore. O cheiro quente estava cada vez mais próximo e, quando meus olhos captaram o animal abaixo de mim — um puma movendo-se apetitoso por entre os galhos da vegetação rasteira —, saltei com toda a força e o esmaguei contra o chão. Meus dentes ansiosos e afiados arrebentaram a carcaça, a gordura e os tendões com uma facilidade ridícula. Lá se foi mais um.

Precisei de mais dois animais para me sentir totalmente empanzinado. Não cabia mais líquido em meu corpo, embora a garganta ainda ardesse. Nada demais: eu estava acostumado à sede inesgotável.

Corri para o alto de um monte de pedregulhos e fiquei esperando até que Emmett apareceu. Jasper surgiu logo depois. Ambos tinham os olhos dourados e brilhantes na madrugada.

— Que noite! — exclamou Emmett se posicionado a meu lado direito.

— Inigualável! — acrescentou Jasper do outro lado, sua mão tocou meu ombro.

Sorri amigavelmente para os dois, depois fiquei de frente, observando em silêncio o vazio da escuridão. Eles me acompanharam quietos por um longo momento.

— Como está se sentindo? — Foi Emmett quem quebrou o instante.

— Abastecido por duas semanas — respondeu Jasper imediatamente.

— A pergunta era para o futuro ex-solteirão aqui — corrigiu Emmett com um tapinha em minhas costas. Era notável como sua força estava revigorada. — Como está se sentindo?

Suspirei.

— Não consigo descrever... — respondi.

— Bela despedida de solteiro, maninho — disse Jasper.

— Bote bela nisso — acrescentou Emmett. Fiquei desconfiado com o modo como disse bela, enfatizando bem a palavra; as sobrancelhas no alto da testa. Era impressão minha ou aquilo tinha um quê proposital para me irritar?

— Não me refiro à caçada — continuei, ignorando minhas suposições. — Não consigo descrever o que estou pensando agora. Sabe, não dá para acreditar que, quando a próxima noite cair no céu, serei um homem casado.

Os dois riram e eu desviei o olhar para fitá-los.

— É... quem diria... — observou Jasper.

— O grande pianista — retrucou o outro.

— O que não tinha coisa melhor a fazer a não ser gastar as noites estudando línguas — Emmett outra vez.

— Você beijou outra mulher antes de Bella? — Agora Jasper.

Eu sabia que era exatamente isso que eles queriam, mas, idiota que sou, não consegui dominar a impaciência que começou a subir lentamente pelas veias. E olha que eu tinha doutorado em calmaria.

— E sabe o que eu fico me perguntando? — disse Emmett. Eu estranhei quando ele se afastou um pouco, suas pernas posicionando-se para correr, o tronco levemente inclinado. — Cara, o que foi que Bella viu em você? — E saiu em disparada, desaparecendo no meio dos arbustos.

Apertei os olhos para me controlar, tentando não me render, e quando os abri outra vez, quando olhei para o lado, Jasper também havia sumido. Meu corpo girou cento e oitenta graus em torno do próprio eixo até que eu o avistei bem longe, do lado oposto. Ele acenou e gritou:

— Eu sei a reposta, Emmett! Aham... Bella é louca! — Meu peito rugiu como uma pantera, a respiração ofegante. — Mas só falo uma coisa: aquelas bochechinhas coradas são realmente demais... — E correu para noite escura.

O quê? Minhas mãos se fecharam em punho enquanto eu rosnava para o alto.

— Vocês querem despedida de solteiro? — berrei para o vazio, minha voz voltando em um eco horripilante. — Preparem-se para a despedida de suas vidas. Vou acabar com vocês!

Meus ouvidos aguçados captaram as gargalhadas felizes no meio da floresta sombria.

E avancei furioso à procura dos dois.

 


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Notas finais do capítulo

Façam uma escritora feliz: COMENTEM POR FAVOR!!!! A OPINIÃO DE VOCÊS É MUITO IMPORTANTE PARA MIM!!!!   Perfil no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=3706316756103144444 Comunidade no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=99360742   CONHEÇAM MINHAS OUTRAS FICS: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/64807/Madrugada_Lua_Nova_Por_Edward_Cullen   http://fanfiction.nyah.com.br/viewstory.php?sid=65021