P.O.V Do Freddie

Eu estava me arrumando para buscar a Rachel no aeroporto, ela decidiu vir para Seattle antes de completar os nove meses de gestação, ia ficar em nosso apartamento e a Sam concordou, disse que não teria problema em receber Rachel, ela estava até ansiosa para conhecer a mulher que estava esperando um filho meu.

— Você está ansioso para rever sua amiga? - Minha loira perguntou se jogando na cama, ela usou a palavra 'amiga' para não dizer sua 'ex-ficante'.

— Um pouco. - Fui sincero.

Rachel era minha amiga mesmo, fomos amigos com benefícios durante alguns meses, nunca foi nada sério. Era legal sair com ela, a morena era uma boa companhia e eu sempre fui sincero com ela sobre a Sam. Rachel sempre soube sobre os meus sentimentos pela loira.

— Também estou ansiosa para conhecê-la. Pelas coisas que você me falou dela, ela parece ser uma pessoa muito legal... - Comentou.

— E ela realmente é, mas ela não quer o bebê. Isso é... Ah, você sabe... Não posso julgá-la. Rachel nunca desejou ser mãe. Ela até gosta de crianças, mas não se vê sendo mãe... Ela teve uma infância muito difícil. - Falei relembrando sobre as coisas que minha amiga desabafou.

— Entendo... - Sam sentou na cama e eu terminei de me arrumar.

— Você não vai ficar enciumada quando ela chegar, não é? - Indaguei.

— Eu deveria? - Levantou e estreitou os olhos, pondo as mãos na cintura.

— Não, mas...

— Eu confio em você. Confio no meu taco. - Sorriu confiante. - E se ela se engraçar pro seu lado, eu viro a cara dela do avesso! - Disse séria.

Comecei a rir, ela havia ficado vermelhinha.

— Qual é a graça? - Cruzou os braços.

— Você... - Apontei para ela. - Fica tranquila, amor, a Rachel não é nenhuma ameaça. Ela é uma amiga minha, nunca foi apaixonada por mim. O que tivemos foi apenas sexo! - Afirmei.

— Sexo que se resultou em algo muito importante... Ela vai ter um filho seu. - Disse sem me olhar. - Eu preciso ver o que eu vou fazer para o almoço... - A voz dela saiu arrastada.

Fui até e ela e pousei minhas mãos em seus ombros.

— Olha pra mim. - Pedi. Ela ergueu os olhos que estavam com um brilho melancólico. - Não fique triste, você ainda pode engravidar, você é a mulher que eu amo, quero ter muitos filhos com você, acredite! - Soltei seus ombros e acariciei seu rosto.

— Eu acredito! - Abriu um sorriso.

— Linda, minha linda, eu amo você. Apenas você! - Tomei seus lábios com calma.

Ela passou os braços ao redor do meu pescoço, envolvi sua cintura com um abraço, aprofundamos o beijo...

[...]

P.O.V Da Carly

— Não Brad, eu não vou parar de tomar anticoncepcional. Não quero engravidar agora. A gente ainda nem casou. Ainda não é o momento certo para construirmos uma família. Podemos fazer isso daqui à 5 anos! - Falei me controlando para manter a calma.

Eu não queria discutir com ele. De novo não. Mas ele continuava insistindo, colocando pressão em mim. Queria casar logo. E estava querendo ter um filho antes dos 30. Mas eu não estava de acordo.

— Podemos casar ainda esse ano. Somos jovens. Temos nossos empregos. Podemos comprar uma casa, apenas diga sim. Você tira licença à maternidade. Eu quero ser pai, eu...

— Não, Bradley. Já falei que não. Eu não quero casar esse ano. Não quero engravidar logo. Eu estou me dedicando ao meu trabalho. Eu fui promovida e você sabe disso. - Eu disse começando a me irritar.

— Você está apenas me enrolando. Acho que nem quer casar comigo. Você está com medo de estragar o seu corpo. Você não deseja ser mãe, não é mesmo? - Indagou com raiva, também havia tristeza em seu olhar.

Fiquei chocada. Como ele era idiota à ponto de pensar e me acusar de tudo aquilo?

— Você... - Meus olhos arderam. - Pensa mesmo isso de mim? - Perguntei magoada.

Ele não respondeu. Avancei nele.

— RESPONDA, PRENTICE! - O empurrei, ele continuou calado. - VOCÊ É UM IDIOTA! - Esmurrei seu peito. - ACHA QUE ESTOU TE ENROLANDO? ACHA MESMO QUE EU NÃO QUERO CASAR COM VOCÊ? QUE EU NÃO QUERO TER UMA FAMÍLIA COM VOCÊ? - Berrei ainda esmurrando seu peito, furiosa.

— ACHO! - Gritou comigo. - VOCÊ ESTÁ COMIGO APENAS PORQUE AINDA NÃO QUER ME LARGAR, MAS NUNCA QUER FAZER PLANOS PARA O FUTURO! SEMPRE FOGE DO ASSUNTO! E TEM MAIS! EU SEI QUE VOCÊ FLERTA COM OUTROS! - Berrou ainda mais furioso.

Me afastei e ele me agarrou pelos pulsos.

— Eu vi. Ninguém me contou. Eu vi você flertando com aquele rapaz que trabalha na cafeteria aonde você sempre frequenta com suas amigas! - Apertou meus pulsos e me sacudiu.

— Isso não é verdade... - Balbuciei.

— Não adianta negar, Carlotta. Eu não sou otário. Se quer terminar comigo, ótimo. Isso termina aqui. Você vai ficar livre para abrir as pernas para aquele babaca de merda. É o que você quer, sua... - Não o deixei finalizar a frase. O tapa que dei nele fez seu rosto virar e a palma da minha mão arder.

Ele olhou para mim transtornado e revidou. O soco que ele desferiu em mim me derrubou. Caí de costas, bati a cabeça no chão e senti minha visão ficar toda turva...

Acordei e senti minha cabeça latejar, gemi de dor, eu estava tonta e desorientada, tentei me levantar... Voltei a deitar de novo, fechei os olhos, respirei fundo e os tornei a abrir, minha visão embaçada foi melhorando e eu olhei ao meu redor. Eu estava em nosso quarto, deitada na cama.

— Carls... - Brad se aproximou, eu nem tinha percebido que ele estava tão perto. - Me perdoa, eu não queria... Me perdoa, eu não devia... Me perdoa, eu sinto muito... - Ele estava chorando descontrolado.

— Não toque em mim... - Comecei a chorar quando ele me abraçou me apertando contra si. - Me solte... - Tentei me livrar de seus braços. O corpo dele sacudia à cada soluço.

— Eu estou tão arrependido, muito mesmo... Eu não queria... Eu não devia ter feito aquilo... Te peço perdão, meu anjo... - Ele estava chorando feito bebê.

— Você bateu em mim... Eu nunca pensei que você fosse capaz... Bradley, eu... Eu não quero mais casar com você. - Retirei a aliança de noivado. - Não posso ficar com um homem que me machucou. - Consegui afastá-lo de mim. - Está tudo acabado entre nós... - Peguei suas mãos trêmulas, as abri deixando a aliança nelas. - Vou arrumar minhas coisas... - Coloquei as mãos na boca, abafando um soluço. Meu rosto ainda estava dolorido.

[...]

P.O.V Da Melody

Observar meu marido brincando com o nosso filho era tão bom, aquilo me deixava toda derretida e vê-los juntinhos também enchia o meu coração de felicidade. Dylan havia me perdoado, ele desistiu do divórcio e voltou para a casa, ele era maravilhoso e eu prometi a ele e a mim mesma que jamais o decepcionaria novamente.

Anthony havia chegado tristinho da escolinha, ele até trouxe o lanche intocado. Dylan foi buscá-lo e disse que o nosso pequeno estava fazendo manha. Ele estava chorando quando ele foi buscá-lo... Mas quando chegou em casa, nosso loirinho se acalmou e Dylan o convidou para brincar.

Contei a ele sobre o bebê que perdi, ele não ficou com raiva, disse apenas que deveríamos seguir em frente e deixar o passado para trás. Era o melhor a se fazer e eu concordei com aquilo.

Liam acabou se mudando de Seattle, foi morar com os tios em Atlanta. Não quis denunciar o Dylan por agressão, também não me procurou para se desculpar. Foi a melhor coisa que ele fez... Ter ido embora. Ter me envolvido com ele foi o meu pior erro.

— Vem brincar com a gente, mamãe. - Meu pequeno me chamou.

Anthony era sem dúvidas o meu bem mais precioso. Eu mataria e morreria por ele. Meu filho era tudo para mim. Se Dylan o tirasse de mim, eu morreria...

— Já estou indo, meu amor... - Me juntei a eles.

Passamos um bom tempo brincando, meu loirinho não se cansava com facilidade. Era um garotinho bastante elétrico. Eu me cansei logo, tirei um tempinho para descansar, eu ainda precisava ir preparar o almoço. Meu marido levou o pequeno para tomar banho. Dylan não levava jeito para cozinhar, ele era um desastre na cozinha.

O almoço ficou pronto e eu subi para o nosso quarto. Tomei um rápido banho e coloquei uma roupa mais confortável para ficar em casa. Dylan estava com o nosso filho no quartinho dele.

— Vamos comer, meninos? Eu fiz a sobremesa favorita dos dois. - Avisei botando a cabeça para dentro do quarto de Anthony.

Meu marido se afastou do nosso garotinho que estava sentado na cama e veio até a mim, saiu do quarto e fechou a porta.

— O que aconteceu? - Perguntei depressa, o semblante dele não era nada bom.

— Nosso filho sofreu maltratos na escolinha. - Ele me avisou.

— Como? - Fiquei horrorizada.

— Quando fui dar banho nele, vi as marcas nas costas... Alguém bateu nele, Mel. Não parece ser coisa de criança, foram causadas por um adulto. Ele está com medo. Não disse quem foi... - Explicou arrasado.

— Não. Não. Não... Isso não pode estar acontecendo... - Balancei a cabeça, me recusando a acreditar.

— Melody, olha pra mim, isso não vai ficar assim. Nós vamos tomar uma providência. Se troque, nós vamos à delegacia para prestar queixa e seja lá quem for, essa pessoa vai pagar por isso! - Ele disse com firmeza.

— Eu vou matar... Dylan, eu vou matar quem tocou no nosso filho. Se alguém abusou dele, eu juro que... - Comecei chorar.

Ele me puxou para os braços dele e eu chorei ainda mais.

— Eles vão examiná-lo. Se ele foi abusado, saberemos... - Me apertou contra si, a voz dele saiu embargada.

[...]

P.O.V Da Sam

Freddie ainda não havia voltado, deu tempo de fazer o almoço, tomar banho e colocar uma roupinha melhor para receber Rachel. Eu havia arrumado o quarto de hóspedes, ela ficaria em Seattle, em nosso apartamento, e voltaria para Vancouver após ter o bebê. Faltava uma semana para ela completar nove meses de gestação. O tempo passa voando. Quando descubri sobre ela, Rachel ainda estava com sete meses.

Levantei do sofá quando vi que a maçaneta estava mexendo, meu moreno tinha a cópia da chave. Eles haviam chegado. Freddie abriu a porta e eu me aproximei.

Rachel entrou primeiro, toda sorridente carregando apenas uma bolsa cor de creme. Freddie entrou logo atrás carregando duas malas, uma média e outra pequena.

— Oi, você deve ser a famosa Sam! - A morena se apressou em me cumprimentar.

Fui pega de surpresa quando ela me abraçou, um pouco desajeitada por conta da barriga volumosa e me soltou. O sorriso não saia do rosto.

— Ela é mesmo linda, Freddie! - Se virou para ele.

— Obrigada. - Agradeci sem jeito. - Seja bem-vinda, fique à vontade. - Sorri para ela.

— Eu que agradeço por me deixar ficar aqui. Vou sentar um pouquinho, se me permite... - Caminhou até o sofá, sentou e tirou os sapatos de salto.

Ela não devia estar usando aqueles saltos. Eu nunca nem usei saltos daquele tamanho.

— Como foi a viagem? - Perguntei.

— Foi boa. Fiquei um pouquinho enjoada, mas é normal... - Respondeu se acomodando no sofá.

— Vou levar as malas para o quarto de hóspedes. - Freddie avisou.

Ela estava usando um vestido vermelho, não usava muita maquiagem e o cabelo dela estava diferente, na foto era mais curto...

Ele foi para o quarto de hóspedes e Rachel levantou. Ela era mais alta que eu, a pele dela era da cor da pele de Freddie, e mesmo estando grávida de 8 meses e 3 semanas, o corpo dela parecia ser magro e sem muitas curvas. Apenas os seios e a barriga que estavam volumosos, mas sem exagero.

— Espero não estar incomodando. De verdade, eu só vim para ter o bebê e vou embora, eu tenho trabalho, amigos e um namorado em Vancouver. Considero o Freddie como um grande amigo. Ele vai ser um bom pai e você vai ser uma mãe maravilhosa pelo visto... Sei da história de vocês. Estou feliz por você ter perdoado ele. Freddie te ama, sempre amou... E é isso, o bebê estará em boas mãos. - Ela se aproximou e pegou as minhas mãos. - Sempre cuide bem deles. - Pediu.

— Cuidarei, não se preocupe. - Prometi.

— Ótimo! - Ela sorriu e me abraçou.

— Atrapalho? - Meu moreno voltou para a sala e nos soltamos rindo.

— Não. A comida está pronta, estão com fome? - Perguntei.

— Sim, estou faminta. - Rachel respondeu.

Ela parecia uma boa pessoa, Freddie não mentiu sobre ela ser legal e sincera. Rachel não parecia ser uma ameaça para mim. Logo ela voltaria para Vancouver após o bebê nascer.

Depois do almoço, mostramos o quarto do bebê para ela. Rachel adorou a decoração e os móveis. Eu havia escolhido todo o enxoval com a ajuda da Melody e da Carly. O quartinho ficou perfeito. Freddie também gostou muito quando o viu pronto. Eu pessoalmente cuidei de cada detalhe e escolhi tudo com muito carinho.