13º Instituto Remanescência escrita por Vico


Capítulo 19
Capítulo 19 - Quarteto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/648436/chapter/19

            - Ela não pode ficar aqui. Ela merece acabar de uma maneira digna. - Jonathan fala enquanto segura Fernanda em seus braços.

            - Merece sim. - Débora fala enquanto derrama lágrimas.

            - Nada aqui nessa porcaria de escola é digno para ela. O máximo que podemos fazer é deixá-la em um local onde ninguém venha perturbar o seu corpo. - Vamos colocá-la no último boxe, lá não tem nenhum vaso sanitário nojento, só um chuveiro e alguns materiais de limpeza. - diz Eliza.

            Jonathan e Débora concordam. Eles se levantam e ajudam Eliza a pegar o corpo da garota. Jonathan pega Fernanda pelos braços e as garotas seguram em suas pernas. Eles a levam até o quinto boxe e a colocam sentada, escorada na parede. Débora diz que vai limpá-la. A garota vai à pia e volta com papeis úmidos e secos. Débora limpa o rosto da amiga e tira o máximo que pode do sangue em sua pele.

            - Agora precisamos apenas trancar a porta. Mas esse filho da mãe quebrou a tranca. - diz Eliza.

            - Eu tranco com a vassoura. - diz Jonathan.

            As garotas tiram os produtos de limpeza de dentro do boxe. Garrafas de desinfetante, rodos, vassouras e baldes. Jonathan permanece dentro do boxe e pede às garotas o rodo. Débora pega o objeto e entrega ao garoto. Ele desenrosca o cabo, jogando o gabarito com força, como se quisesse descontar sua raiva, para fora do boxe. Ele fecha a porta e usa o cabo de madeira para trancá-la, apoiando-o contra o que sobrara da tranca e contra a parede. Dessa maneira, era praticamente impossível que a porta fosse aberta por alguém do lado de fora. Ele fica parado por um tempo, observando Fernanda.

            - Você continua linda. - ele diz.

            Jonathan se ajoelha, dá um beijo na testa da namorada e acaricia seu rosto.

            - Eu volto para te tirar daqui. - Após dizer isso, o garoto se pendura no mármore e pula para o boxe ao lado. Ele vai até a frente do quinto boxe e empurra porta, notando que ela está bem trancada.

            Ele ignora as duas garotas, que estão paradas o observando, e sai do banheiro, logo após cuspir no rosto do professor. Débora e Eliza olham para o corpo do homem e algo chama a sua atenção: o antebraço direito do professor estava enfaixado e um pouco ensanguentado. As duas se entreolham e Eliza puxa um pouco da fita, desconfiada. Desenrolando parte da atadura, as garotas notam que havia uma mordida sob a fita de pano. O ferimento estava feio, escuro, como se estivesse em putrefação. Elas se entreolham como se agora tudo fizesse sentido e saem do banheiro, para seguir Jonathan.

            - Infelizmente é o máximo que podemos fazer. - diz Eliza em um tom triste quando sai do banheiro.

            - Sim, Eliza, infelizmente. Infelizmente ela morreu no seu lugar. Não sei se você sabe, mas era você quem iria estar morta nesse momento se não fosse por mim e por ela. - Jonathan responde com um tom bastante amargurado.

            - Como é que é? Não é culpa minha! - diz Eliza em um tom que começa a se elevar.

            - A culpa é sua sim! Se não tivesse fugido sozinha como uma idiota, não estaria em apuros! Se não tivesse batido no professor ele não teria essa sede de vingança por você e ainda estaria conosco. - Jonathan, que estava escorado na parede do banheiro, passa a caminhar em direção a Eliza.

            - Ele bateu em Débora! - Eliza grita.

            - Ele foi mordido, Jonathan, descobrimos isso agora. Ele era uma ameaça, não podia ficar conosco. - Débora fala nervosa, tentando acalmar tanto Eliza quanto o garoto.

            - E eu fujo para onde eu quiser quando estiver em perigo. E eu bato em quem eu quiser quando me sentir ameaçada. - Eliza fala em um tom alto, enquanto serra os punhos de uma maneira bastante escarada.

            - Você quer me bater agora? Vai em frente. - Jonathan pergunta baixinho enquanto se aproxima da garota.

            - Você é ridículo! - Eliza grita.

            - Parem com isso! - Débora grita amedrontada com a situação.

            Jonathan chega muito perto de Eliza e a encara por alguns segundos, calado. Ele se vira e sai andado, dobrando no corredor e indo para a área externa. Sozinho, furioso e determinado.

            Débora, que estava segurando o braço de Eliza, deixa a garota livre.

            - Eu ia socar a cara dele. Porque você me segurou? - Eliza pergunta a Débora.

            - A gente se vira, Eliza. Fica calma. Vamos pegar o Workpad que está lá dentro e algo para nos armarmos. - Débora entra no banheiro, seguida por Eliza.

            Eliza pega uma vassoura e diz que usará aquilo para se defender. Débora pega o Workpad que Eliza deixara cair a pouco tempo. Eliza vai até a frente do quinto boxe e olha fixamente para a porta, como se estivesse vendo através dela.

            - Não vamos te abandonar nunca, Fernanda. Você sempre estará conosco e nós sempre estaremos com você. - Eliza diz como se Fernanda pudesse ouvi-la.

            - Eu tenho um Workpad no meu bolso. Fique com o seu, Eliza. - após observar a atitude da garota, Débora diz à amiga, que segura o Workpad e começa a iluminar o escuro corredor. Ela ilumina o lado que leva mais para dentro do bloco, sendo possível avistar algumas portas dos dois lados e uma porta de vidro muito larga mais ao fundo. Do outro lado, é possível ver a parede do corredor transversal que leva à parte exterior do bloco. As garotas seguem por essa direção, tomando muito cuidado.

            - Não podemos perder mais ninguém de nós quatro. O objetivo era ir até o Transportal, mas agora eu sinto que a prioridade é encontrar Rafaela. - diz Eliza.

            - Sim. Ela pode estar bem. Precisamos encontrá-la. - conclui Débora.

            - Vamos voltar para o laboratório de Física. A partir de lá podemos descobrir o que houve com ela. É arriscado, mas isso é o qualquer uma de nós faríamos pela outra. - Eliza fala no momento que chega à área externa do bloco.

            Elas olham ao redor para averiguar se há perigo, mas a única coisa que conseguem notar é a muralha. Estática.

            - Ela parou de subir e eu sequer notei que o barulho havia parado. - Eliza fala para Débora.

            - Pois é. Esse silêncio torna tudo pior. - Débora responde.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "13º Instituto Remanescência" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.