13º Instituto Remanescência escrita por Vico
- Ela não pode ficar aqui. Ela merece acabar de uma maneira digna. - Jonathan fala enquanto segura Fernanda em seus braços.
- Merece sim. - Débora fala enquanto derrama lágrimas.
- Nada aqui nessa porcaria de escola é digno para ela. O máximo que podemos fazer é deixá-la em um local onde ninguém venha perturbar o seu corpo. - Vamos colocá-la no último boxe, lá não tem nenhum vaso sanitário nojento, só um chuveiro e alguns materiais de limpeza. - diz Eliza.
Jonathan e Débora concordam. Eles se levantam e ajudam Eliza a pegar o corpo da garota. Jonathan pega Fernanda pelos braços e as garotas seguram em suas pernas. Eles a levam até o quinto boxe e a colocam sentada, escorada na parede. Débora diz que vai limpá-la. A garota vai à pia e volta com papeis úmidos e secos. Débora limpa o rosto da amiga e tira o máximo que pode do sangue em sua pele.
- Agora precisamos apenas trancar a porta. Mas esse filho da mãe quebrou a tranca. - diz Eliza.
- Eu tranco com a vassoura. - diz Jonathan.
As garotas tiram os produtos de limpeza de dentro do boxe. Garrafas de desinfetante, rodos, vassouras e baldes. Jonathan permanece dentro do boxe e pede às garotas o rodo. Débora pega o objeto e entrega ao garoto. Ele desenrosca o cabo, jogando o gabarito com força, como se quisesse descontar sua raiva, para fora do boxe. Ele fecha a porta e usa o cabo de madeira para trancá-la, apoiando-o contra o que sobrara da tranca e contra a parede. Dessa maneira, era praticamente impossível que a porta fosse aberta por alguém do lado de fora. Ele fica parado por um tempo, observando Fernanda.
- Você continua linda. - ele diz.
Jonathan se ajoelha, dá um beijo na testa da namorada e acaricia seu rosto.
- Eu volto para te tirar daqui. - Após dizer isso, o garoto se pendura no mármore e pula para o boxe ao lado. Ele vai até a frente do quinto boxe e empurra porta, notando que ela está bem trancada.
Ele ignora as duas garotas, que estão paradas o observando, e sai do banheiro, logo após cuspir no rosto do professor. Débora e Eliza olham para o corpo do homem e algo chama a sua atenção: o antebraço direito do professor estava enfaixado e um pouco ensanguentado. As duas se entreolham e Eliza puxa um pouco da fita, desconfiada. Desenrolando parte da atadura, as garotas notam que havia uma mordida sob a fita de pano. O ferimento estava feio, escuro, como se estivesse em putrefação. Elas se entreolham como se agora tudo fizesse sentido e saem do banheiro, para seguir Jonathan.
- Infelizmente é o máximo que podemos fazer. - diz Eliza em um tom triste quando sai do banheiro.
- Sim, Eliza, infelizmente. Infelizmente ela morreu no seu lugar. Não sei se você sabe, mas era você quem iria estar morta nesse momento se não fosse por mim e por ela. - Jonathan responde com um tom bastante amargurado.
- Como é que é? Não é culpa minha! - diz Eliza em um tom que começa a se elevar.
- A culpa é sua sim! Se não tivesse fugido sozinha como uma idiota, não estaria em apuros! Se não tivesse batido no professor ele não teria essa sede de vingança por você e ainda estaria conosco. - Jonathan, que estava escorado na parede do banheiro, passa a caminhar em direção a Eliza.
- Ele bateu em Débora! - Eliza grita.
- Ele foi mordido, Jonathan, descobrimos isso agora. Ele era uma ameaça, não podia ficar conosco. - Débora fala nervosa, tentando acalmar tanto Eliza quanto o garoto.
- E eu fujo para onde eu quiser quando estiver em perigo. E eu bato em quem eu quiser quando me sentir ameaçada. - Eliza fala em um tom alto, enquanto serra os punhos de uma maneira bastante escarada.
- Você quer me bater agora? Vai em frente. - Jonathan pergunta baixinho enquanto se aproxima da garota.
- Você é ridículo! - Eliza grita.
- Parem com isso! - Débora grita amedrontada com a situação.
Jonathan chega muito perto de Eliza e a encara por alguns segundos, calado. Ele se vira e sai andado, dobrando no corredor e indo para a área externa. Sozinho, furioso e determinado.
Débora, que estava segurando o braço de Eliza, deixa a garota livre.
- Eu ia socar a cara dele. Porque você me segurou? - Eliza pergunta a Débora.
- A gente se vira, Eliza. Fica calma. Vamos pegar o Workpad que está lá dentro e algo para nos armarmos. - Débora entra no banheiro, seguida por Eliza.
Eliza pega uma vassoura e diz que usará aquilo para se defender. Débora pega o Workpad que Eliza deixara cair a pouco tempo. Eliza vai até a frente do quinto boxe e olha fixamente para a porta, como se estivesse vendo através dela.
- Não vamos te abandonar nunca, Fernanda. Você sempre estará conosco e nós sempre estaremos com você. - Eliza diz como se Fernanda pudesse ouvi-la.
- Eu tenho um Workpad no meu bolso. Fique com o seu, Eliza. - após observar a atitude da garota, Débora diz à amiga, que segura o Workpad e começa a iluminar o escuro corredor. Ela ilumina o lado que leva mais para dentro do bloco, sendo possível avistar algumas portas dos dois lados e uma porta de vidro muito larga mais ao fundo. Do outro lado, é possível ver a parede do corredor transversal que leva à parte exterior do bloco. As garotas seguem por essa direção, tomando muito cuidado.
- Não podemos perder mais ninguém de nós quatro. O objetivo era ir até o Transportal, mas agora eu sinto que a prioridade é encontrar Rafaela. - diz Eliza.
- Sim. Ela pode estar bem. Precisamos encontrá-la. - conclui Débora.
- Vamos voltar para o laboratório de Física. A partir de lá podemos descobrir o que houve com ela. É arriscado, mas isso é o qualquer uma de nós faríamos pela outra. - Eliza fala no momento que chega à área externa do bloco.
Elas olham ao redor para averiguar se há perigo, mas a única coisa que conseguem notar é a muralha. Estática.
- Ela parou de subir e eu sequer notei que o barulho havia parado. - Eliza fala para Débora.
- Pois é. Esse silêncio torna tudo pior. - Débora responde.
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