13º Instituto Remanescência escrita por Vico


Capítulo 17
Capítulo 17 - A van




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            Não demorou muito até que eles começaram a ver a muralha se elevando no perímetro da escola. Victor, Thaís, Luana, Rayane, Linda e Jacob ficaram estáticos observando aquelas paredes de metal emergindo do chão.

            - Droga! - diz Victor ficando nervoso. - Droga! Droga! Droga! Se apressem!

            Victor se apressa para atravessar a rua, mas Linda o puxa pelo jaleco.

            - Você é louco? Pode ter algum deles por aqui! - ela sussurra um tanto alto.

            - Sim! Tem alguns deles por aqui! - Jacob grita quando avista três Cranks vindo da curva que a rua faz a cerca de quarenta metros. Dois deles adultos e um deles jovem.

            - Para a garagem! Agora! - Victor grita para que todos ajam rapidamente.

            Os garotos correm enquanto atravessam a rua. Luana e Rayane saem na frente. O choro havia cessado, mas seus rostos ainda estavam vermelhos e expressavam pânico. Linda está logo atrás, ainda marcada pelo choro de alguns segundos atrás, mas expressava concentração e seu olhar provava que a garota analisava tudo ao redor minuciosamente. Victor e Jacob ajudavam Thaís a correr logo atrás. Thaís estava odiando a si mesma pelo estorvo que pensava estar sendo e se esforçava ao máximo para ir o mais rápido possível. O ferimento em sua perna doía cada vez mais. Victor olhava em todas as direções enquanto apontava o revólver para os Cranks. Jacob parecia ser o mais nervoso do grupo. Estava ainda mais pálido do que costuma ser e o suor parecia escorrer como um rio de sua testa.

            A garagem se assemelhava a um hangar, tendo uma série de três enormes portas de alumínio que deslizam no sentido horizontal. Ao lado esquerdo da garagem, havia um conjunto de enormes equipamentos dentro de uma cerca de ferro. Eram os geradores da escola, que estavam também sem funcionar. Ao lado direito, havia algumas árvores que já integravam a floresta da parte de trás da escola. Victor olha para a esquerda, onde havia o Bloco G, e nota que não havia nenhum Crank vindo daquela direção.

            Rayane e Luana são as primeiras a chegarem à garagem. Elas tentam abrir a porta, mas notam que está trancada por um cadeado. Linda chega logo em seguida e vê a situação das meninas.

            - Está trancada! - grita Rayane. A garota olha para o cadeado e para os Cranks de uma maneira agitada.

            Luana avista alguns entulhos em um espaço vazio entre a garagem e os geradores e vai até lá correndo. Quando volta com um pedaço de madeira, Thaís, Victor e Jacob já integram o grupo que tenta abrir a porta.

            - Talvez isso ajude a quebrar! - Luana mostra a madeira ao grupo.

            Jacob pega o objeto e incessantemente desfere pancadas no cadeado.

            Rayane e Luana dão forças ao garoto, incentivando-o a não desistir. Enquanto isso, Linda e Thaís não desviam o olhar dos Cranks, que se aproximam cada vez mais. Victor mantém o revólver apontado para a ameaça. Os Cranks já estão a dez metros. Nove. Oito.

            O primeiro tiro. Victor atira no Crank do meio, atingindo seu pescoço. O Crank cai ao chão, mas os outros continuam correndo. Cinco metros. Alguém irrompe pelos garotos e vai em direção aos Cranks. Jacob desviara o alvo, achava melhor impedir os Cranks que destruir o cadeado que parecia indestrutível.

            - Jacob! - Linda grita ao notar a atitude do garoto.

            Todos ficam atônitos com o ato de coragem que presenciavam. As muralhas fazendo um barulho estrondoso e tornando a situação ainda mais caótica. Victor aponta a arma para um dos Cranks e se concentra.

            - Você pode acertar o menino! Não atira! - Luana grita para o cientista.

            Victor ignora e continua se concentrando. Aperta o gatilho. Mas no mesmo instante, Luana se joga contra o braço de Victor, fazendo a arma ficar apontada para outra direção. Tudo dali em diante ocorre da maneira mais caótica que se podia imaginar para o momento. Victor se desequilibra e acaba caindo. Thaís consegue se manter em pé com dificuldade mesmo após não ter ninguém em quem se apoiar. Rayane grita pela situação, tentando puxar Luana. Linda corre em direção a Jacob para ajudá-lo. E da arma surge o problema mais perigoso para o momento.

            Não havia mais munição. Victor puxara o gatilho, mas nada havia acontecido.     Linda chega próximo ao garoto, que desfere golpes aleatórios e violentos com o pedaço de madeira. Sendo eficaz na missão de atrasar os Cranks. Ela se joga contra um dos Cranks, atingindo em cheio sua barriga. Ela se desequilibra, mas o Crank é arremessado longe, caindo de costas. O outro Crank continua sobre Jacob, que dá passos para trás na intenção de se manter longe. Ele se move lentamente enquanto se defende até que é impedido pela porta da garagem. Não sabia como foi se encontrar naquela situação. Encurralado por seus impulsos.

            - A outra porta! Está aberta! Apenas corram! - Linda grita para o grupo antes de correr em direção à porta deslizante que fica na outra extremidade da garagem.

            Luana e Rayane correm para o local onde havia mais pedaços de madeira e pegam alguns para servirem de instrumento de defesa. Regressam e passam por Thaís.

            - A gente vai tentar dar cobertura a você, Thaís. Fica atrás da gente. - diz Luana.

            As duas garotas vão até onde Jacob está e atacam o Crank com os pedaços de madeira. Os ataques não são fortes como o do garoto, visto que as meninas apresentam físicos delicados como os de típicas modelos, principalmente Rayane. Porém, os golpes servem para distrair o Crank e possibilitar que Jacob dê uma investida com força total, afastando o Crank dali.

            O garoto segura o objeto com as duas mãos e ataca o rosto do Crank, batendo repetidamente em vários pontos da cabeça da aberração, que fica cada vez mais deformada. O Crank solta um grito de fúria enquanto se vê obrigado a andar para trás até tropeçar e cair sentado. Ele tenta se proteger com os braços, mas Jacob se sente com uma raiva crescente em seu interior. Seu sangue parece ficar mais quente a cada momento. Sua pele pálida dera lugar a um tom muito rubro. Ele ataca incessantemente a cabeça do Crank.

            Enquanto isso, Linda faz força para empurrar a enorme porta da garagem. Ela havia visto o espaço do cadeado vazio e algumas manchas de sangue pela porta. Imaginou alguém em seu lugar, morrendo enquanto tentava abrir aquela porta colossal. A garota ficara também avermelhada com o esforço, mas via que a porta se mexia lentamente e que a brecha se tornava cada vez maior. O Crank que derrubara alguns segundos antes já havia se levantado e certamente buscava uma vingança. Ele corria como uma besta em direção à garota. Ela nota e solta um grito, mas continuando em sua missão. Um misto de delicadeza e coragem.

            Rayane e Luana correm em direção à garota, passando pelo Crank que recebera um tiro no pescoço. Ele ainda apresentava sinais de vida e ameaça, soltando um rosnado engasgado e lutando para ficar de pé enquanto segurava o pescoço. As meninas o ignoram, correndo em um ritmo mais acelerado em direção a Linda, para ajudá-la a abrir a porta. Thaís segue logo atrás, mancando, embora menos do que antes. As garotas se viram para o Crank que Linda derrubara, que vai ao chão novamente devido a um golpe de Victor, que havia se jogado contra suas pernas.

            O Crank revida e parte para cima do garoto, ficando sobre ele. Victor não tem medo do Crank e não evita contatos, já que sabe que é imune ao Fulgor. Luana corre até os dois e bate nas costas do Crank com o pedaço de madeira. O homem sente o golpe, mas ignora, continuando o ataque sobre o cientista. Rayane chama por Victor e joga o pedaço de madeira para ele, correndo logo em seguida para ajudar Linda a abrir a porta.

Victor, mesmo estando próximo do objeto, tinha dificuldades para pegá-lo para contratacar.

            Thaís se esforça para chegar até Linda e Rayane e passa a ajudá-las a empurrar a porta até que se abre uma brecha com espaço o suficiente para passarem. Thaís chama pelos outros para que corram para o refúgio dentro da garagem, mas a situação dos garotos dificulta sua fuga.

            O Crank parecia invencível sobre Victor, arranhando-o às vezes e desferindo socos violentos contra seu rosto. Luana continua batendo no homem, na tentativa de tirá-lo de cima de Victor. Ela só consegue isso quando dá um forte golpe em sua cabeça, fazendo-o cair para o lado. Ela aproveita a situação e oferece a mão a Victor, ajudando o cientista a se levantar e correr com ela em direção à porta. Quando o grupo se reúne, nota que Jacob ainda luta contra o outro Crank. Todos passam a gritar seu nome para que o garoto também vá se refugiar. Porém, Jacob está sobre o Crank mais jovem, espancando-o como se estivesse em transe. Sua pele vermelha, o rosto suado e a expressão de ódio na face subitamente se esvaem quando ele nota que chamam por ele. Ele deixa de lado o Crank em que batia e segue para a porta.

            O Crank que brigava com Victor segundos atrás está se pondo de pé recebe um chute de Jacob quando este passa correndo ao seu lado. Mas o Crank logo tenta se levantar, passando a seguir o garoto com todas as suas forças, cambaleante. Os garotos se preparam e começam a fechar a porta. Todos empurram e gritam por Jacob.

            O garoto passa por uma brecha pequena e todo fecham a porta rapidamente, fazendo o Crank bater desesperado contra ela. Eles passam a segurar a porta para evitar que o Crank a abra.

            A garagem por dentro é muito escura, pois não tem nenhuma janela aberta. Victor rapidamente acende sua lanterna e clareia o lugar. O que se vê é uma pequena área iluminada dentro de uma imensidão negra. Ele move a lanterna para observar o local e todos notam vans e ônibus parados. Perto de onde estão, mais ao fundo da garagem, veem um pequeno prédio de dois andares com escadas externas. Todos olham minuciosamente o que conseguem enxergar enquanto ouvem o barulho forte da muralha do lado de fora. Tudo lá dentro os assusta. As ferramentas no chão, os ônibus. Sentem sempre que algo paira no ar, uma ameaça. Isso porque a situação em que passaram a viver há minutos atrás, quando os Cranks surgiram na escola, impossibilitava os garotos de que mantivessem a calma.

            Victor vai até as ferramentas e pega uma espécie de corrente. Ele volta e a coloca de uma maneira surpreendente no espaço reservado para o cadeado, travando a porta.

            - Vamos logo para dentro de uma dessas vans para sairmos dessa escola! - diz Thaís.

            - Talvez seja tarde demais. Vou procurar umas coisas nesse prédio enquanto tento bolar um segundo plano. - Victor responde.

            - Você parece saber de tudo e parece não querer dizer nada a gente - Rayane afirma um pouco revoltada com a falta de informações que Victor fornece aos garotos.

            - Você quer saber?! Não dá mais para sair dessa porcaria de escola de carro. Esse barulho que você está ouvindo é da muralha que cerca a escola. Ela está se erguendo e aposto que agora mesmo já está em uma altura que impossibilita qualquer um de entrar ou sair dessa escola. Mas há um jeito, e estou tentando pensar um pouco sobre isso: a escola tem um Transportal. A solução é sair por ele. Quer saber de mais alguma coisa? - o cientista responde ironicamente, demonstrando sua impaciência.

            Rayane apenas se sente desconfortável com a situação. Olha para baixo nitidamente arrependida por ter perdido a paciência enquanto Victor já segue em sua busca. Ele para e dirige a lanterna aos veículos.

            - Acho melhor irmos a pé mesmo. Seria chamativo ir em uma van até a frente do Bloco A para chegar ao Transportal. Sem contar que ele apenas funciona se houver energia na escola. - Victor diz aos outros após refletir um pouco.

            - Eu posso tentar ativar o gerador que fica aqui ao lado. Entendo um pouco disso e só preciso de algumas ferramentas. O que, com certeza, deve haver no prédio da oficina aqui da garagem. - Linda diz.

            Os garotos se entreolham sob a luz da lanterna e topam realizar o plano. Não é preciso ninguém dizer nada para saberem que a próxima etapa é procurar as ferramentas que das quais Linda precisa: uma chave de fenda, uma chave estrela, um alicate e uma torquês. Todos seguem para o prédio dentro da garagem.

            Começam a procurar por toda a área que a lanterna ilumina. Sempre que a lanterna muda de direção, os garotos se assustam, imaginando que algo se movimenta entre eles. Aos vasculharem, Victor encontra uma outra lanterna.

            - Toma. Procura no andar de cima, pode ser que estejam lá. - o cientista oferece a lanterna a Linda.

            - Mais dois vão com ela, assim ficamos igualmente divididos. Eu não sou um desses dois, não vou subir nenhuma escada com essa perna ferida. - diz Thaís.

            Jacob e Rayane acompanham a garota. Eles sobem a escada metálica que range a cada passo, fazendo um barulho que seria ainda mais assustador se o silêncio fosse total, mas as muralhas ainda se mexem lá fora. Linda abre a porta de alumínio e vidro e ilumina o local. Os três entram e ficam parados próximos à porta, utilizando a lanterna para ter uma visão geral do ambiente. Continuam se assustando com a movimentação da luz, que ilumina mesas, papeis e armários. Depois de um curto tempo, logo chegam à conclusão de que as ferramentas não estariam ali.

            - Acho que aqui é apenas um escritório. As ferramentas devem ficar todas no andar de baixo mesmo. - diz Rayane.

            Linda concorda e se vira para se dirigir novamente à porta. Nesse momento, a lanterna ilumina rapidamente algo que Linda pensa ser um rosto. Ela solta um som de espanto e fica estática.

            - O que foi? - Jacob pergunta.

            - Nada, acho que vi um rosto. - ela procura iluminar novamente o local onde viu o rosto enquanto os outros dois estranham a situação.

            Quando ela dirige a lanterna para onde estava a face que a assombrara, ela se surpreende. A face estava ali, contudo mais perto. Voando em sua direção.

            Ela se movimenta rapidamente para o lado e procura iluminar algo atrás de si. A luz mostra um corpo ensanguentado agachado. Um Crank acabara de saltar contra ela, mas a garota havia conseguido desviar. O homem aparentemente velho vira o pescoço lentamente e olha para os três com um sorriso cheio de sangue no rosto. Nesse momento, Rayane solta um grito que dá início a uma série de barulhos no local. O Crank tenta loucamente atacar os garotos, sem pena dos objetos da sala. Batia em mesas, derrubava canetas, batia nas janelas e ria. Ria alto enquanto todos gritavam.

            Embaixo, Thaís, Victor e Luana saem da sala e vão até a frente do prédio. Victor aponta a lanterna para cima com o objetivo de enxergar o que acontece. Os três embaixo gritam os nomes de Linda, Jacob e Rayane até que algo inesperado acontece. Jacob e o Crank caem abraçados do primeiro andar. O tempo parece ficar lento enquanto os garotos observam a cena, voltando à velocidade normal quando o Crank atinge o chão, com Jacob sobre si.

            Thaís anda o mais rápido possível até a porta de uma van e tenta abri-la, mas não adianta. O veículo está trancado. Linda e Rayane descem rapidamente as escadas e ajudam Jacob a se levantar. Luana corre para dar apoio principalmente a sua amiga Rayane e Victor se dirige a Thaís. Os outros garotos logo estão perto da van, na esperança de que entrariam no veículo para escapar. Victor direciona a lanterna novamente para o Crank e vê que ele não está mais lá.

             O pânico atinge a todos. O Crank poderia vir de qualquer lugar. Linda e Victor movem a lanterna em todas as direções, mas o único sinal do Crank é sua risada, que parece ecoar mais agudamente no local. Subitamente, Linda corre em direção as escadas e Jacob tenta impedi-la. O garoto estava incrivelmente bem após a queda, talvez devido ao fato de o Crank ter amortecido o impacto. A risada se torna cada vez mais histérica no ambiente. E Victor passa a focar a luz apenas na garota, para iluminar a área ao seu redor. Ela sobe as escadas, com Jacob em sua cola logo após ter pego o pedaço de madeira que havia deixado no chão.

            Linda abre a porta e entra no escritório. Jacob já estava no fim da escada quando os garotos veem o Crank entrar na área iluminada , se dirigindo à escada com uma velocidade incrível. Todos gritam para alertar Jacob e Linda. O garoto corre para a sala e fecha a porta, passando a segurá-la para que o Crank não a abra. Linda vai ao birô do escritório e pega uma chave.

            - Vamos ter que sair dessa sala, Jacob.

            O garoto não espera e logo abre a porta. Ele dá um golpe com a ponta da madeira, que acaba entrando na boca do Crank. Jacob empurra o homem até o parapeito da varanda que fica na frente da sala e manda Linda descer. A garota grita por Victor e joga a chave que havia pegado, descendo as escadas logo em seguida enquanto olhava para trás com o objetivo de ver como Jacob se livraria do Crank.

            O garoto impulsiona a outra ponta do pedaço de madeira para baixo, causando uma pressão contra os dentes do Crank. O homem tenta segurar Jacob, mas a madeira é longa e o garoto se mantém a uma distância segura das unhas do Crank. Quando um barulho seco indica que os dentes superiores do Crank foram quebrados e seu maxilar deslocado, Jacob puxa o objeto e desfere um golpe contra o homem, obtendo o tempo necessário para fugir. Ele desce as escadas rapidamente e segue Linda até os outros. Victor pega a chave e aperta o botão nela. Há um sinal sonoro e luminoso rápido, mas não é na van em que estão.

            - É mais prático achar o carro dessa chave que achar a chave desse carro! Corram para os próximos! - Linda grita enquanto eventualmente aponta a lanterna para trás, para ver Jacob e, principalmente, o Crank. Linda e Jacob alcançam o grupo.

            As duas lanternas iluminam o local, com Linda e Victor direcionando-as a vários lugares com suas mãos trêmulas. Victor aperta o botão mais uma vez enquanto corre no sentido oposto ao do prédio. Os veículos próximos não indicam nada. O veículo certo está mais distante. O grupo continua correndo enquanto move a luz para procurar o Crank, mas só é possível ouvir sua risada que ecoa agudamente pela garagem.

            Victor pressiona novamente o botão. Um piscar de luzes e um sinal sonoro que é ouvido mesmo sob o barulho da muralha indicam que o veículo está mais próximo. Uma batida ressoa pelo ambiente, provavelmente mais uma estratégia do Crank para assustá-los. O grupo continua correndo. As risadas ainda pelo local. A luz mudando de direção. Victor aperta o botão uma outra vez e já é possível identificar o veículo, uma van a cerca de dez metros. Os garotos correm e chegam aonde queriam chegar.

            Tentam desesperadamente abrir a porta, mas está trancada. Victor pressiona de novo o botão na chave. Há o típico sinal sonoro e luminoso. Os garotos conseguem abrir a porta e entram na van, enquanto observam vultos se movimentando do lado de fora. Eles ficam lá dentro, ouvindo suas respirações tensas e a muralha lá fora. Thaís revela lágrimas em seus olhos, pois sua perna dói muito. Ela agradece por ter conseguido chegar ao veículo sem ter caído ou ter ficado muito para trás.

            Todos olham para fora da van. Veem outras vans dos dois lados, o chão sujo de óleo e a porta enorme à frente. Foi naquela porta à frente em que estavam tentando quebrar o cadeado. Cortaram praticamente toda a garagem até alcançar a van.

            Quando iam apontar a lanterna para ver o que havia através do vidro traseiro, algo colide com o vidro dianteiro. Todos se assustam e desviam o olhar para o local. A lanterna ilumina um Crank com o rosto grudado no vidro enquanto o arranha com as unhas. O rosto sádico e sorridente apresentava muito sangue. Um ferimento como uma mordida próximo a testa era bastante assustador e, provavelmente, era a origem de todo aquele sangue. Porém, o que mais assustava os garotos, não eram essas características.

            Os garotos ficaram apavorados ao verem que o Crank tinha uma feição feminina e longos cabelos negros. Era uma mulher. Havia mais de um Crank na garagem. Alguns na van gritam e pedem para Victor, que estava com a chave e aparentemente era o mais velho do grupo, ligar o carro e dirigir, para passar por cima da ameaça. Ele explica que não adiantaria, pois a porta da garagem está trancada e eles não conseguiriam sair.

            - Nos leva na van até perto da porta! Eu desço e abro a porta para sairmos. O plano é interrompido por algo vindo de trás do carro. Uma risada. Eles direcionam a lanterna até lá e se deparam com o Crank homem, sua face assustadora, cheia de sangue, sem dentes e com o maxilar deslocado. Porém, os garotos não o viam através do vidro traseiro. Ele estava dentro da van, sobre os últimos bancos. Ele balbucia algo que é facilmente entendido como um "Boa noite, passageiros".

            A partir daí, o interior do veículo se torna caótico. Victor vai para cima do Crank, alegando que é imune e é a melhor pessoa para segurá-lo. Os outros vão ajudá-lo, exceto Thaís. A garota pega a chave que Victor deixou cair e se dirige ao banco do motorista. Thaís ativa a ignição do carro e acelera. Não consegue atropelar a Crank, que já havia saído da frente do carro. Mas continua levando o carro em direção à porta por onde entraram. Logo depois, a cabeça da mulher aparece no vidro dianteiro. Ela estava em cima da van. Thaís faz uma manobra para fazê-la cair e consegue, mas perde o controle da van, que fica totalmente de lado. A mulher aparece e dá um soco no vidro da porta ao lado de Thaís. Dá socos repetidos enquanto a garota tenta aprumar o carro no sentido certo.

            Depois de alguns golpes, o vidro se quebra e a mulher tenta pegar Thaís com suas mãos. A motorista evita os golpes e acaba se afastando do volante. Nesse momento, Jacob abre a porta da van e desce, correndo em direção à porta e chamando a atenção da mulher. Linda vai atrás do garoto, deixando na van Thaís, que tenta fugir das garras da Crank, e Victor, Luana e Rayane, que tentam colocar o Crank para fora do veículo.

            Linda e Jacob correm e chegam à porta. Tiram a corrente que a prendia e começam a empurrá-la. Os dois fazem isso sem tirar a atenção de tudo ao seu redor. Quando uma pequena brecha na porta se abre, Linda coloca a cabeça para fora da garagem e vê que os três Cranks estavam na porta no lado oposto da garagem, provavelmente atraídos pelo barulho na van quando o caos começou. Ela e Jacob passam então a empurrar a porta com mais afinco. Os três Cranks, Linda observa, já estavam vindo em sua direção. De repente, Jacob para de empurrar e dá um golpe com o pedaço de madeira que ainda carregava. Linda olha de relance e vê a mulher Crank estirada no chão, gritando como louca e se debatendo. Jacob já estava rubro como ficara no lado de fora da garagem, sua expressão demonstrava raiva. Ele volta a empurrar a porta e logo ataca a Crank mais uma vez, dessa vez chutando-a na face para que não se levante. Linda nota que os três Cranks no lado de fora estão se aproximando. Um em condições "normais", outro com o rosto desfigurado e outro com uma cachoeira de sangue escorrendo do pescoço às vestes.

            Linda empurra a porta com força com a ajuda de Jacob, que logo se volta para atingir a mulher. A porta já está aberta o suficiente quando os dois ouvem o barulho de pneu em atrito com o chão. Linda diz a Jacob que é o suficiente e os dois correm pela rua para longe da garagem e dos Cranks. A mulher passa a persegui-los, assim como os três Cranks, embora estes estejam mais distantes.

            Na van, o Crank segura com as duas mãos o pescoço de Rayane, empurrando a garota para fora do veículo. Victor e Luana o atacam, mas ele continua sufocando a garota. A pele de Rayane passa a ter um coloração mais escura e próxima do violeta, seus olhos passam a ficar vermelhos e sua face a ficar inchada. Thaís acelera se dirigindo para fora da garagem e Victor nota o perigo. O cientista empurra com toda a força o Crank para o lado, fazendo Rayane ficar por cima dele, embora sob ataque. Victor puxa a garota pelos ombros, deixando todo o seu corpo dentro da van. O Crank ainda aperta seu pescoço e tenta puxá-la para fora do veículo. De repente, a van passa pela brecha da porta, que parecia ter sido feita na medida certa para o veículo, e sai da garagem. Os braços do Crank deixam em paz o pescoço da jovem e caem ao longo do corpo. Victor, devido ao fato de o Crank ter soltado a garota, acaba caindo para trás com o corpo de Rayane, que tosse bastante e chora, sem forças para se mexer. Luana vai a seu auxílio quando ela e Victor notam o corpo do Crank. Apenas o corpo do pescoço para baixo. Não havia mais uma cabeça ali.

            Na saída, a van acaba atropelando um dos três Cranks. O veículo sente o impacto, mas continua na direção de Linda e Jacob, que estão sendo perseguidos pela Crank. Quando ela está perto dos dois jovens, a van a atropela e a deixa esmagada sob o pneu dianteiro, dividida ao meio pela barriga, com todas as suas tripas espalhadas pela rua do Instituto. Linda e Jacob olham para trás assustados com a situação.

            - Se o seu amiguinho Crank não tivesse feito isso à minha perna, eu talvez tivesse conseguido frear a tempo. Me perdoe. - Thaís fala para a Crank que acabara de atropelar.

            A motorista grita para Linda e Jacob entrarem na van e os dois o fazem justo no momento em que a muralha para de se elevar. Thaís dá a arrancada e sai do local, deixando para trás dois Cranks que tentavam persegui-los. Jacob puxa a porta do veículo e a fecha, se dirigindo logo em seguida a Linda:

            - Viu como eu salvei você várias vezes lá na porta?

            - Que bom. - ela responde.

            Os garotos prestam socorro a Rayane e uns aos outros enquanto Thaís faz a curva a cerca de vinte metros, levando a van em direção ao estacionamento da escola.


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