13º Instituto Remanescência escrita por Vico


Capítulo 11
Capítulo 11 - Banheiro




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A porta estava trancada. A chave era a única segurança, mas o silêncio era a melhor arma. O único barulho do local eram sons de gotas pingando na pia. A garota, que estava com o rosto vermelho devido a um anterior momento de choro, colocava a mão sob a torneira, para evitar o barulho.

– Que situação a nossa. Sozinhos aqui dentro desse banheiro. Aqueles Cranks lá fora. O que será que aconteceu? - perguntava o garoto, soando inconveniente para o momento.

– Cala essa boca. - responde a menina com rispidez.

– Não fica nervosa. Você não está só. A gente vai sair dessa juntos. - o garoto tenta consolá-la.

– Eu já mandei você calar essa boca! - sussurra a menina com raiva.

O garoto estava suado. Sua pele branca estava avermelhada e seu cabelo liso grudado na testa. Os óculos estavam um pouco embaçados, mas ele olhava para a maçaneta, após desviar o olhar da garota. A menina olhava para a pia, preocupada. Seus olhos um pouco puxados estavam vermelhos e ela os semicerrava da mesma maneira que contraía os lábios. A cabeça inclinada olhando para a pia fazia seus cabelos negros e ondulados na altura do ombro caírem ao lado de suas bochechas.

– Linda. - fala o garoto.

A menina o ignora, cansada de mandá-lo fazer silêncio.

– Linda. - ele insiste.

Ela gira o rosto lentamente para direcionar ao menino um olhar furioso.

– Você ouviu isso? Foi um tiro, eu acho. - ele fala assustado.

A garota para por um tempo, para prestar atenção nos sons ao redor. Logo em seguida, outro som de tiro. Dessa vez a menina consegue escutar e se concentra para tentar saber de onde veio, mas logo tem sua atenção desviada por uma explosão. As paredes do banheiro vibravam levemente.

– O que foi isso? - pergunta o garoto.

– Eu não sei, Jacob. Mas veio lá de cima. A arma tem algum silenciador, pelo som. Veio de perto. - responde Linda.

O banheiro em que estavam ficava na parte de baixo do Bloco C, em um corredor que dava para a parte de trás da escola, chamada de Bloco G, onde ficava toda a área esportiva.

– Para onde vamos? - pergunta o garoto. - Não podemos ficar aqui. Vamos para o Bloco G? O ginásio parece ser um bom lugar.

– Não. Não é. É muito aberto. Precisamos ficar escondidos até entendermos o que está acontecendo aqui. - responde a menina.

– Maldito dia em que decidi ficar até mais tarde nessa escola! - o garoto grita as palavras antes de dar um soco na porta.

Linda tenta se manter paciente. Apenas coloca a mão esquerda na testa e respira. Ela pretendia fazer o máximo de silêncio possível.

– Olha, Jacob. Meu plano é sair dessa situação sem ser percebida por esses Cranks. Infelizmente, eu fui percebida por você e a gente acabou formando uma dupla. Então, por favor, procure ficar em silêncio. Também estou desesperada, mas é preciso pensar para não morrer. - Linda sussurra aquelas palavras com os olhos cheios d'água. Sentia vontade de chorar novamente.

– Me desculpe. É que eu tô com medo. - responde o garoto em um tom triste.

– Pelo barulho, não houve combustão nessa explosão. Suponho que tenha sido causada por altas pressões. O barulho não veio da mesma direção em que estão os cilindros de gases. Acho que veio de algum laboratório lá em cima. A explosão aconteceu logo depois do tiro, então acho que pode ter sido causada intencionalmente. Isso pode significar que... - a explicação da menina, que era mais para ela própria do que para Jacob, foi interrompida por outro som de disparo com revólver.

– Outro tiro... Mas esse não parece ter silenciador. - o menino reflete assustado.

– Vamos sair daqui agora! Tem pessoas armadas por aqui. Precisamos nos tornar amigos delas. - sugere Linda.

A garota se apressa e gira a chave da porta. Ela abre lentamente a porta e sai do banheiro que era destinado apenas a funcionários. Atrás dela, Jacob faz o mesmo.

– Vamos. - ela pede para Jacob segui-la.

– Será mesmo uma boa ideia? - o garoto se sente apreensivo. Não sabe se pode confiar em quem quer que sejam os donos daqueles revólveres.

– Confia em mim! Que saco, Jacob! - a garota perde novamente a paciência.

Os dois seguem lentamente, observando tudo com cautela antes de dobrarem nos corredores. Eles passam pelo corredor de baixo do Bloco C e seguem para o corredor que dá para o lago por onde correram Vico e os garotos no momento de distrair os Cranks. Paralelo ao corredor, no sentido oposto, uma escada levava à parte superior do Bloco C. Linda e Jacob se aproximam lentamente e inclinam a cabeça para observar a subida.

– Deve haver vários Cranks por aqui. As pessoas com revólveres provavelmente estão fugindo. Se elas descerem a escada, se prepara para segui-las. - aconselha a garota. - Se virmos que elas seguiram em direção ao Bloco E...

Ela para de falar no momento em que vê uma jovem mancando virar o corredor e descer alguns degraus da escada, se escorando na parede. Em seguida, duas garotas descem carregando um corpo ensanguentado. Um tiro silencioso.

– Acertar a cabeça é o mais eficiente. - fala um jovem que também chega à escada. Em sua mão, uma arma de fogo - Deixem-me vê-la.

O jovem coloca a arma no bolso do jaleco e retira a máscara que ainda cobria o nariz e a boca de Débora. A garota emitiu uma leve tosse engasgada. Um pouco de sangue escorreu de sua boa e de suas narinas.

– Não dá mais. A bala atingiu a cervical. O pulso está parado. Sinto muito.

As meninas começam a chorar, principalmente Luana e Rayane. Haviam perdido uma amiga muito próxima e não sabiam mais como suportar a situação.

– Não deixem o emocional abalar vocês. Essas coisas acontecem. Precisamos manter o foco em ficarmos vivos. Vamos. - o jovem tenta ser o mais delicado possível no momento de convencer as garotas a prosseguirem. - A explosão chamou muita atenção. Precisamos sair daqui. A garagem está logo aqui embaixo. Vamos até lá e pegaremos um veículo.

Ele desce a escada, sabendo que só isso faria com que as garotas o seguissem. Dá suporte a Thaís para que ela também desça.

– Eu ajudo. - diz Jacob ao surgir de súbito na escada. Victor tem uma resposta lenta, mas mesmo assim aponta o revólver para o garoto.

– Não atire nele! Ele só quer ajudar! - Linda também aparece. Sua fala sai entrecortada por soluços. A garota chorava muito. - Quem fez isso com ela?

– Cranks também sabem atirar. Anote isso. - Victor já estava de volta à postura anterior. Fornecendo ajuda a Thaís. Jacob passou a dar suporte à garota, segurando-a pelo braço esquerdo. Acima, Luana e Rayane ainda choravam sobre o corpo de Débora. Quando Victor chega ao pé da escada, chama as garotas novamente. Elas, com muita dor, se afastam lentamente da amiga. A cena fazendo Linda chorar ainda mais.

– E você... Se acalme. - Victor perde a paciência com o choro da garota.

– Qual o seu nome? - pergunta Thaís com uma voz doce.

– Linda. - Ela responde enxugado os olhos com as mãos.

Thaís não sabe como reagir. Demora um tempo até processar a informação de que aquele era o nome da garota.

– Vai dar tudo certo, Linda. Você está com a gente, agora. - Thaís consola a garota.

Victor guia os garotos pelo mesmo caminho em que vieram Linda e Jacob. Com cautela, atravessam os corredores, passando pelo banheiro dos funcionários onde estavam Linda e Jacob, e chegam à parte de trás do Bloco C, onde havia uma rua, que, se atravessada, daria para o Bloco G. Victor segue lentamente para o lado direito, onde havia a garagem dos veículos da escola. As garotas ainda choravam, mas com menos intensidade.

Os garotos vão escondendo-se atrás de arbustos até chegarem em frente à garagem, precisando apenas atravessar a rua para alcançá-la. Nesse momento, um som estranho faz os garotos se deterem.

O som estrondoso de rangidos metálicos lembrava um maquinário colossal de alguma fábrica.


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