13º Instituto Remanescência escrita por Vico


Capítulo 10
Capítulo 10 - Tiros




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Todo o laboratório estava escuro. Os equipamentos pararam de funcionar de súbito.

— Era só o que faltava - reclama Victor.

Ele tateia algo no escuro até que encontra uma lanterna. Aperta um botão que a deixa acesa, iluminando a parede a sua frente. Ele movimenta a lanterna pelo cômodo até que a luz ilumina o grupo. Os cinco estão assustados com a situação inesperada. Todos se perguntando o que farão a partir dali.

— Digam adeus aos testes de imunidade. Só poderemos fazê-los quando a energia voltar. Mais importante que isso: a pesquisa. Impossível dar continuidade a ela nessas condições. - diz Victor ainda apontando a luz para os garotos.

— O que será que houve? - pergunta Rayane.

— A pergunta certa seria "quem fez isso?". - conclui Débora - A energia não iria sumir sem motivo algum. Alguém deve tê-la desativado.

— Espero que esse pensamento esteja errado. - diz Luana - Como se não bastassem os Cranks, teríamos algum inimigo sóbrio tentando piorar as coisas?

— Não sei se é bem um inimigo. O professor de Física disse algo sobre nos apressarmos, pois a energia da escola seria cortada. - Vico fala dessa informação que faltava às pessoas que não estavam no laboratório de física.

— Deve ser algum plano militar. Ele se comunicou com pessoas de fora. - Thaís termina o pensamento iniciado por Vico.

— Vamos esperar, então. Em breve eles devem mandar a energia de volta. Eu espero. - diz Rayane.

— Vamos embora. Tenho quase certeza de que a energia não voltará. Preciso levar alguns materiais a outro laboratório da cidade e concluir a pesquisa lá. - Victor começa a recolher alguns itens, como papeis, notebook, workpads e amostras em tubos de ensaio e colocá-los em uma mochila.

Os garotos ficam ainda mais surpresos. Não esperavam sair do laboratório tão cedo. Vico e as garotas não sabem se irão acompanhar o cientista ou se ficarão por mais tempo em segurança dentro do cômodo. As coisas estavam complicadas, principalmente para Thaís, que estava com a perna machucada.

— Vocês não vêm? - pergunta Victor ao ver a falta de ação dos jovens.

— Você quer que eu fuja dos Cranks como? Voando? - responde Thaís.

— Será pior ficar aqui. A energia não vai voltar e precisaremos de alimentos, coisa que não há nesse laboratório. É mais viável sair dessa escola o quanto antes. Se o professor pediu ajuda e alguém tomou uma atitude, significa que lá fora as coisas não estão ruins como eu imaginava que estivessem. - raciocina Victor.

— Iremos com você. - responde Luana.

— Thaís, nós te ajudaremos. - diz Rayane.

Thaís se convence, mesmo estando sem certeza. Prefere pensar que é mais seguro estar lá fora acompanhada do que sozinha dentro do laboratório. Vico também decide partir, mas prefere observar como estão as coisas por perto.

— Eu vou sair e ver como estão as coisas nos arredores. - diz Vico numa tentativa de parecer alguém heroico.

Ele sai do laboratório antes que alguém o impeça, rumo ao corredor escuro. Vai lentamente encostado na parede enquanto os outros o observam pelo vidro fumê. Quando chega à quina que dá para o corredor largo para o Bloco B, ele para e coloca lentamente a cabeça para fora, de maneira a observar a movimentação nesse corredor. Nota que há vultos em meio à escuridão, a cerca de trinta metros dali. Ele volta lentamente para o laboratório, a fim de passar a informação aos outros.

— Tem muita gente no meio do corredor do bloco B. A gente precisa ir pelo corredor que leva ao Bloco E, chegar ao Bloco F e, se tivermos sorte, encontrar os outros ainda no ônibus. - sugere Vico.

— Que ônibus? - pergunta Victor.

— O ônibus que o professor falou que usaríamos para sair da escola. - responde Vico.

— Podemos sair a pé. Qual a necessidade de um ônibus? - Victor começa a refletir sobre a situação - Vamos sair o mais rápido possível dessa escola. Tenho duas possibilidades em mente, e nenhuma é boa. Acho que precisaremos realmente sair em algum veículo.

— Como sairemos daqui, do laboratório? Isso é mais importante. - diz Thaís.

— Eles estão por perto, não é? Não podemos ser notados. - completa Luana.

— Vamos para a escada perto do Bloco E e não iremos para o Bloco F. O ônibus dos garotos já deve ter saído. Precisamos ir até a garagem perto da quadra e pegarmos uma vã. - planeja Victor. - Tem uma autoclave à bateria aqui no laboratório, precisaremos dela para passar até o Bloco E.

— Não tô entendendo. - diz Vico.

Victor ilumina o caminho até a autoclave. Ao se aproximar dela, aperta um botão e a põe em funcionamento. Ele ajusta as condições de temperatura e pressão em seu interior de maneira a serem máximas.

— Vamos colocar essa autoclave no lugar onde os corredores do Bloco C e do Bloco B se encontram. - fala o cientista. - Será apenas por precaução. O plano A é passarmos sem sermos notados.

— Espero que você saiba o que está fazendo. - diz Thaís apreensiva.

Victor abre a porta do laboratório e sai, empurrando a autoclave, que andava silenciosamente sobre suas rodas. Nas suas costas, sua mochila com os dados da pesquisa. Os outros rapidamente seguem o rapaz, sem tempo para pensarem direito. Thaís ainda mancava, sendo carregada pelos ombros por Luana e Rayane. Atrás delas estava Débora, carregando uma mochila que aparentava ser a de Rayane. Provavelmente não a haviam largado na fuga inicial. Por fim, Vico, que fechou cautelosamente a porta do laboratório e logo se adiantou para ficar ao lado de Victor. Os dois pararam antes de ficarem visíveis a quem quer que estivesse no corredor do Bloco B.

— Essa é a parte mais difícil. Mas pelo menos estamos acobertados pela escuridão. - diz Victor.

Vico concorda nervoso com um aceno de cabeça. Em seguida, o cientista continua a arrastar a autoclave lentamente. Ele deixa o equipamento no ponto central de interseção entre os corredores e continua andando lentamente, passando pela escada onde Vico, Cláudio e Vitor desceram para despistar os Cranks. Ele chega à parede do laboratório de Física e logo sai do campo de visão de quem quer que estivesse no corredor do Bloco B. As três garotas fazem o mesmo. Vico continua escondido e pede para Débora ir na frente, de maneira que ele cuidasse da retaguarda. Ela segue, e Vico faz o mesmo a cerca de meio metro atrás dela.

Porém, quando Débora estava em frente à escada, chegando perto da parede do laboratório de Física, algo puxa seu pé, fazendo-a cair. Ao atingir o chão ela solta um grito, pois sente que está sendo puxada escada abaixo. Ela tenta se levantar, ficando de joelhos. Atrás dela, um Crank faz o mesmo, se apoiando em suas pernas aparentemente destruídas. Luana e Rayane soltam Thaís e vão em direção à amiga. Mas Vico é mais rápido e pula contra o peito do Crank, que solta a perna de Débora.

A situação impede que os garotos notem que sons de passos apressados e grunhidos se aproximam cada vez mais rápido. Victor avança, apontando a arma para o Crank, mas se detendo com medo de acertar o tiro em Vico. O garoto e o Crank lutam enquanto embolam no chão. Débora começa a subir a escada quando escuta Victor mandar todos correrem. Os vultos do Bloco B, agora já facilmente identificáveis como Cranks, estavam cada vez mais próximos.

— E Vico?! - pergunta Rayane.

— Ele parece ser durão. Confiem em mim. - diz Victor tentando consolar as garotas.

Victor pede para as meninas ajudarem Thaís e eles começam a correr. Victor se mantém olhando para trás, apontando a arma para o corredor vazio. Eles passam pelos corpos dos dois Cranks que Victor matara há pouco tempo para salvar Vico e Thaís. Alguns segundos depois, um grupo de Cranks tenta dobrar do corredor do Bloco B para o Bloco C, mas, devido à velocidade em que corriam, se chocam contra a parede. Havia cerca de seis. Um parecia ser jovem, talvez um estudante; quatro se vestiam de maneira elegante, como muitos outros Cranks que já apareceram no caminho dos garotos. O último se vestia como um dos vigias da escola. Com o colete no peito, o porrete pendurado na cintura ao lado de um coldre vazio.

— Fechem os ouvidos! - grita Victor antes de dar um tiro que atinge a perna de um Crank vestido com ternos rotos.

Victor deixa de correr, de maneira a melhorar a pontaria. Os Cranks já haviam se reestabilizado, voltando a correr sobre as duas pernas. O Crank vigia na dianteira. Victor se concentra e dá um tiro que não atinge nenhum dos Cranks, mas atinge seu objetivo: a autoclave.

O segundo seguinte é atordoante. A autoclave explode devido à alta pressão em seu interior. O barulho estrondoso causa uma pequena dor no ouvido dos garotos, que logo retomam a corrida. A estrutura do prédio balança um pouco. No laboratório de Física, que ficava muito próximo do local da explosão, objetos e prateleiras começaram a cair, assim como um armário.

Estilhaços de metal voam para todos os lados, misturados aos pedaços de vidros provindos das vidrarias no interior do equipamento. Os cranks, que estavam perto, são ferozmente atingidos. Eles são lançados pela onda de ar, se chocando contra as paredes e contra o chão. Os estilhaços os atingem em diversas regiões, inclusive a cabeça. O plano de Victor dera certo. Havia conseguido eliminar quase todos os Cranks.

O vigia, porém, começava a se levantar, se apoiando nos braços e pernas recheados de cacos de vidro e pedaços de metal. O sangue escorrendo por seu corpo e um sorriso esboçando em seu rosto. Começa a levantar o braço direito, onde na mão havia um revólver, o que explica o coldre vazio em sua cintura. Ele dá uma gargalhada e puxa o gatilho.

Thaís perde o equilíbrio, tropeçando para frente e levando consigo o corpo de Luana ao seu lado direito. Do lado esquerdo, Débora caía ao chão enquanto gotas de sangue saiam de seu pescoço, preenchendo o ar.


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