Reviravolta escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 2
Acaso


Notas iniciais do capítulo

Olá! Chegando com mais um capítulo do conto! Enjoy!



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O meu trabalho foi tão bem recebido, que comecei a ser chamada para fazer fechamentos, e a ganhar por isso. O que foi um tremendo alívio. Fiz amizade com o pessoal da redação que informou sobre tudo e todos na editora. Inclusive a mulher arrogante que vi no primeiro dia que pisei na empresa.

Seu nome? Berenice. Uma advogada da empresa que possui algumas ações desta. Parece que ela tem muito influência dentro do local. Porém, boatos apontam que esconde algo. “E nem queira saber o que é”, disse Lígia.

Lá estou eu, em uma sexta-feira à noite, ajudando a bater as últimas emendas dos textos juntamente com a revisora, enquanto auxilio os retoques finais com o pessoal da arte.

Tento achar uma nota que caiba em um vazio de uma reportagem sobre um congresso odontológico, quando ouço uma voz inconfundível...

— Boa-noite!! Tudo bem por aqui?

Levanto os olhos e o vejo encarando-me surpreso. A papelada em cima da mesa, o computador com mil janelas abertas, a xícara com resto do chá, as olheiras que denunciam o quanto estava enlouquecida e envolvida com o trabalho.

— Nossa!! Não esperava por isso nem mil anos!! - diz rindo. - Tudo bem com você ? Menos brava comigo? – indaga-me Giovanni.

Ainda com rosto quente e com coração aos pulos, respondo sem-jeito:

— Pois é, a Marta chamou-me para ajudá-la.

— Isso mostra que ela realmente gosta de você e de seu trabalho. Não é mesmo, Marta? – pergunta com a cabeça voltada para editora-chefe. E ele continua: - Como chegou até aqui?

— Foi a Daisy quem me indicou. Uma das repórteres da revista de farmácia.

— Ah, a Daisy! Aquela maluquinha, Marta, que adora fazer piadas de são paulino? – indaga para minha editora-chefe.

— Essa mesmo. Ela é um barato! - responde Marta. Porém, ela nos olha como pensasse: “ De onde eles se conhecem?”.

Parecendo adivinhar os pensamentos dela, Giovanni explica sobre o acidente.

Mais tarde, ele retorna à redação para levar o CD que continha todos os arquivos prontos para rodar na gráfica.

Mas antes de sair, revela:

— Fico feliz por saber que você não vai desaparecer.

Sem que me dê conta, o meu rosto fica rubro. E penso: "não posso ter me apaixonado assim." Primeiro, que nós nos conhecemos em uma situação tão inusitada. Segundo, bem, segundo, que no fundo, ele é meu chefe.

Retorno para casa de táxi com pessoal da redação, que foi dividida em duas turmas, dependendo da região em que morava. Volto no mesmo carro com a Marta e vejo-me quase a indagando sobre ele, mas, me seguro da forma mais forte que posso, qualquer meio de fazer perguntas sobre sua vida pessoal.

Agitada, chego em casa e o procuro nas redes sociais. Lá está ele. Pesquiso seu perfil e confesso que fico aliviada quando verifico o status de solteiro. Sem pensar muito, o adiciono para ser meu amigo. No dia seguinte, para minha surpresa, quando checo meus e-mails, ele tinha aceitado.

A partir daí, começo a “vigiá-lo” diariamente. Algumas vezes, ele comenta minhas postagens, minhas fotos. Tudo com muita educação, um pouco de humor, mas nada de intimidade.

Um tempo depois, reparo que uma loura é assídua em sua timeline. Seja para comentar, brincar ou mesmo, fazer um gracejo. Minha primeira reação? Ciúmes! Mesmo que não admita nem a mim mesma. Larissa é mais bonita, alta e magra do que eu. Jeito de modelo, cara de cosmopolita, mas reside no interior da cidade de São Paulo. Penso: "Será que no fim eles estão se paquerando? E se eles começaram a namorar?". Só de pensar na possibilidade todo o meu corpo se retorce de repulsa, raiva e rancor.

Em uma manhã fria de domingo, o status dele havia mudado para “relacionamento sério”. Mas por mais ridículo que pareça, fico muito mal. Triste e magoada, me sinto infeliz e aí sim, a confirmação estou apaixonada por ele.

Me sinto tão infeliz comigo mesma, por não lutar por esse homem. Sou tímida, avessa que mulher tome a iniciativa. Me julgue! Mas e agora, o que posso fazer?

Mas a resposta vem em uma sexta-feira do mês, durante o fechamento.

A noite está fria, e o trabalho é regado a xícaras de chocolate com marshmallow, biscoitinhos de queijo e outras especiarias.

— Tudo por conta da casa. - informa Marta.

Como de costume, ele aparece no final dos trabalhos.

— Tudo certo, então? Posso levar o CD ?

— Claro! A prova chega na segunda e damos a última batida aqui. – diz a minha editora-chefe.

— Ótimo! Agora vão que vocês precisam descansar. – e diz olhando para mim. Tento desviar o olhar o mais rápido possível.

E nesse momento, ouço o som das inconfundíveis batidas dos saltos altos que aumentam conforme chegam à sala.

— Boa-noite!

É difícil controlar as minhas emoções e a minha feição diante daquela figura. O tom da voz cortante e seco, os cabelos presos em um coque, o olhar superior e o mesmo ar vulgar mesmo vestida em um tailleur... Ela... Berenice.

Quase me sinto desfalecer quando ela pega no braço de Giovanni, e o olha de forma lânguida, meio que se oferecesse, lá, na frente de todos. Ao mesmo tempo, ele parece sem-jeito e evita me olhar. Eu os encaro surpresa, mas o meu olhar é fulminante, cheio de raiva.

Ele tenta amenizar a situação dizendo em um ritmo rápido:

— Bem, antes de tudo, muito obrigado pelo trabalho. E desejo a todos, uma ótima noite.

Ótima noite??? Só se for para ele! Nunca desejei a morte de alguém como naquele momento! E nunca iria imaginar que ele estava com ela.

No táxi, de volta para casa, e ao lado de Marta, procuro disfarçar a voz trêmula, o choro preso na garganta e o olhar perdido que foco nos prédios, casas, comércio mal iluminados pela luz fraca dos postes.

— Você está bem?- pergunta-me Marta com uma voz preocupada

— Sim... - respondo com um suspiro – Ah, tudo ficará bem... tem que ficar tudo bem...

Os dias seguintes são os mais tristes da minha vida. Não me conformo comigo mesma por me sentir tão atraída e apaixonada por ele. E sentir o que estou sentindo. Sinto tonturas, talvez pelo esforço que o meu cérebro faz para procurar as respostas que as perguntas do coração gritam sem cessar. Tudo inútil. E assim me sinto também, inútil.

Procuro me focar no trabalho. Recebo apoio de amigos, saio várias vezes, vou para baladas, me embebedo.

Mas é uma adolescente que me mostra a saída...


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Notas finais do capítulo

E no próximo sábado... você saberá qual a saída que Catarina encontra para esquecer Giovanni.
Começa a campanha: "Deixe um comentário e faça uma autora feliz^^".
Então, até lá!



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