Mesmos Nomes. Outras Histórias. escrita por Eduardo Marais


Capítulo 14
Hematófogos




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– O que foi aquilo? – Adam larga-se no chão, ofegante, com os braços e pernas abertas. Deitando-se ao lado de Regina. - O que são eles?

– São pessoas que protegem sanguessugas humanas. O problema é que não sabemos quem é quem, por isso não é seguro ficar naquela aldeia durante a noite, neste período da lua.

– Vampiros? – Regina senta-se no chão, recuperando seu controle. – Mas eles podem sair da aldeia e tentar nos atacar.

– Não, Rainha. Estão aprisionados nos limites da aldeia. Infelizmente, a estrada passa bem no centro da aldeia deles. E estamos ainda sob o domínio da lua cheia.

Adam senta-se e olha tristemente as mãos. Estavam deformadas novamente. Passa os dedos pelo rosto e pela cabeça e percebe sua condição de fera, outra vez.

– Quando esse tormento acabará? – ele murmura.

– Em breve, macacão. Estamos quase no castelo.

Adam deita-se novamente no chão e perde-se em pensamentos. Seu ódio estava retornando para sua alma e aquela espera o estava inflando ainda mais. Por que perder tanto tempo procurando a maldita Sombria, se poderia ter levado o pirata como moeda de troca para a Rainha Monstro. O acordo estaria realizado e sua vida retornaria ao normal.

O ódio cresce dentro dele e a fera o domina. Ele rosna e levanta-se num salto, avançando para atacar o pirata. Iria levar aquele devasso a qualquer custo.

Rumpel é tomado pela surpresa e seus instintos de preservação afloram dentro de sua alma. Era a fera marinha dentro dele que decide emergir e proteger sua existência.

O som metálico das espadas chocando-se contra si e os gritos das duas feras ecoa pelo espaço. Era uma luta feroz e decisiva, por isso Regina se recusa a interferir. Não adiantaria usar seus truques contra a explosão de ódio entre os dois homens. Iria apartar caso percebesse risco da morte de um dos dois.

Em meio aos gritos e urros das duas ferras, o som alto semelhante aos guinchos de morcegos chega aos ouvidos e prendem a atenção dos três. A luta cessa e eles procuram a origem dos sons.

– Eles romperam os limites e soltaram as sanguessugas... – a voz ofegante de Rumpel é ouvida.

Adam olha para os lados e trata de ficar em pé. Procura Regina e a encontra afastada a alguns metros. Gesticula e a observa vir para mais perto.

– E como são essas sanguessugas?

– Não são nada agradáveis de ver. – o pirata retira um dos ganchos que estavam presos em seu cinturão. Fica em posição ofensiva.

– Como são? Como saberemos quem são? – grita Adam olhando para os lados.

– São daquele jeito. – Regina fala e aponta para quatro figuras que brilhavam sob a lua cheia.

Suas peles refletiam a luz vinda do céu em suas peles lisas. Tinham bocas imensas com dentaduras pontiagudas, como dentes de piranhas. Os braços eram finos, longos e músculos, igualmente eram as pernas. Andavam curvados como macacos, apoiando suas mãos no chão. As criaturas soltam um grito agudo e avançam na direção dos humanos, mas são bloqueadas por um círculo de fogo, criado por Regina.

As criaturas tentam invadir o espaço do círculo, porém ficam intimidadas com o calor e a luminosidade. No centro da proteção, os três humanos ainda estavam preparados para a luta. E no meio daquela tensão, uma criatura menor consegue observar o ritmo das chamas e aproveitando a redução de uma delas, penetra o círculo.

Rosna, grita e avança para atacar aquela criatura cabeluda que cheirava a carne crua. Aquilo havia comido carne crua e o odor do sangue continuava nítido em seu hálito. Praticamente voa para atacar Adam, mas sente o impacto de uma lâmina afiada contra um de seus braços. Sente a queimadura e urra ao ver seu antebraço decepado e caído no chão. Arregalando seus olhos escuros e sem íris, a criatura salta de volta para fora do círculo de fogo e corre para dentro da mata.

As outras três criaturas mostram-se confusas e aflitas com o ocorrido. Pela forma de comportamento eram seres conscientes.

– Acabe com o fogo! – ordena Rumpel, sendo atendido por Regina. Sem hesitar, ele ergue a espada e o gancho, avançando contra as três criaturas vampirescas.

Por segundos, as criaturas hesitam, mas decidem que precisam alimentar-se e aqueles humanos pareciam deliciosos. Atacam também, encontrando adversários ferozes e hábeis. Adam usa sua espada e Regina diverte-se atirando bolas de fogo.

– Temos de partir imediatamente. Quando a criatura retornar para a aldeia e exibir a mutilação, outras criaturas serão libertadas. – diz o pirata, momentos depois da luta, empurrando uma criatura morta, com o pé. – E lamento dizer, mas teremos de ir pelo rio para camuflar nosso cheiro.

– Poderemos misturas nosso cheiro com uso de ervas. – Regina massageia as mãos. Aquilo a havia cansado. – Essas criaturas vivem em meio de tantos animais e pessoas vivas, então, porque decidiram pelo nosso sangue?

– Sangue fresco. Um de nós está cheirando a sangue fresco. – limpando a lâmina da espada em um lenço. – Desculpe-me pelo atrevimento, mas a senhora está naquele período...

Regina acha graça na pergunta.

– Em meu reino, as mulheres escolhem se querem o tal período ou não. – ela ri ainda mais quando vê a expressão surgida no rosto bonito do pirata.

– Eu comi um coelho. – confessa Adam. – quando fui banhar-me, cacei um coelho e o comi. Mesmo lavando a boca e usando ervas aromáticas, o odor ficou impregnado.

– Precisamos retomar nossa caminhada e encontrar a Sombria o mais rápido. A fera está ficando mais nítida em sua alma. – Regina bate no ombro de Adam e começa a caminhar para longe dos homens.

Adam prende os cabelos em um rabo de cavalo e depois observa as unhas. Estavam iguais como antes. Olha para o pirata e aguarda uma piada sem graça sobre a situação, entretanto, tudo o recebe é uma ordem muda para começar a caminhar.


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