Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 27
Primeira Missão




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  Como benjamin me bloqueia?

  Ele tem asas – apenas por esse motivo já não há de ser apenas um garoto – mas é além de uma simples mutação ou magia, é algo maior... esse toque, esse calor, essas asas; eu conheço Benjamim a muito mais tempo do que estou em terra, conheço ele do...

***

  – Katherine – uma voz muito familiar ressoa sobre meus ouvidos como uma suave melodia.

  Olho ao meu redor, vejo Alinpç – devo ter desmaiado, ou Natacha o feito por mim – ele veste roupas estranhas, seus lindos e lisos cabelos negros estão completamente encobertos por uma peruca branca como meus cabelos, lisa ao centro – acima da testa – e enrolada em três círculos ao lado do rosto; suas calças beges são justas, sobrepostas por uma meia branca em cada perna até o joelho, um sapato preto e uma espécie de bengala longa, fina e sem curvas; além de sua blusa branca estufada acima do peito, uma “jaqueta” azul royal que se estende atrás até onde as meias param, completa o figurino francês de século XVIII.

  – Katherine, vossa terceira reencarnação dizias a mim que eras monstro – seu sorriso imodificável não foi contido ao se lembrar dela – ironicamente, Kat foste o pior monstro que havias de discernir.

  – Como podes falar assim de outra mulher em minha presença? Não havia de dizer que me amava? Arrisquei minha vida para fugir de meu marido e vir para seus braços, não faça-me arrependida – Uma mulher respondeu a Alinpç, ela posava como modelo-vivo para ele, a sua frente com apenas um lençol de seda cor-de-rosa, ajoelhada em sua cama

  – Jamais Amanda, Katherine fosse a maldade que nem estimavas em Isabel, Clarice fosse tua quota maternal, amorosa, Christopher tua ganancia e tu Amanda, tu és tal-qualmente parte de Isabel

  – Pelo menos acabaste a pintura? – a mulher disse de uma maneira sensualmente impaciente

  – Olhes ti mesma – Alinpç virou o cavalete para a bela dama, nele havia uma pintura, porém não era apenas Amanda em um lençol, Rafagh estava atrás dela, olhando-a como nenhum homem antes a olhara – não como Konor olha para tudo que seja do sexo oposto, Alinpç olhava Amanda como sempre olhou todas as Isabeis, apaixonado com um toque de luxuria, todavia como se fosse de sua posse – Isabel?

  – Já tivesses versões de Isabel em maldade, ganancia... acho que sois a luxuria – Alinpç se ajoelhou a frente da cama, pegou uma das mãos de Amanda e a beijou, seu olhar encontrou-se com o dela

  Os olhos deles brilharam, não apenas como dois amantes, tinha algo a mais ao fundo, o dragão de ouroboros girava em círculos ao fundo dos quatro olhos, até que os dele pararam de perseguir a si próprios, quebrando o ciclo vicioso e seguiram para mais afundo nas pupilas, até desaparecerem. E os dela se partiram, como se fossem de madeira quebraram ao meio e também desapareceram.

  – Para sempre, não importa qual for meu nome te amarei — disse ela, enquanto ele se levantava, sem deixar de fitar os olhos lilás de Amanda

  – Nossas almas estarão juntas para sempre— disseram mutuamente

  Na mente de Amanda as pedras da barreira entre suas outras vidas e essa desmoronou e aos poucos as memórias de todas as outras vidas começaram a fazer parte das memórias de Amanda, das memórias de Isabel.

 

  – “Disseram mutuamente” – diz Natacha ironicamente, enquanto tudo se desfazia como sempre – que romântica, fofa, mas sabe o que acontece depois? Clarice foi morta por Ernesto, Katherine morreu de peste negra, sendo que Alinpç poderia ter qualquer coisa que desejasse na vida, menos a saúde dela. E sabe o Christopher, isso mesmo pequenina, o amor deles além de mais forte do que o tempo, é mais forte do que o corpo, apesar das belas pernas e rostinho da vampira Isabel, meu irmãozinho sempre amou foi sua mente – ela se vira e segue em direção a uma mesa cheia de doces em meio ao branco total – O amor deles sempre venceu todas as barreiras, menos a da morte – diz Natacha, agora vindo em minha direção, enquanto come um bolinho rosa – cupcake Joaninha... quer um?

  A mesa de doces era branca como tudo mais nesse lugar, porém acima da toalha de mesa xadrez branco com branco havia cupcakes das mais variadas cores vibrantes, pirulitos, bolos e muito chocolate de textura e quantidade de leite diferentes. Olhando para todos aqueles doces a minha frente, meu cérebro não se concentrava no que eu precisava, mas o que era mesmo?

  — Café ou chá pequena? – ela me pergunta sem motivo algum

  – Café – respondi

  – Também prefiro, ainda mais bem doce, quer?

  – Natacha, eu...

  – Sabe Joaninha, estou a tanto tempo em um caixão que acho que se um dia alguém por um milagre de Kelloiri me achar, não vou nem me lembrar de como se anda – Natacha fita um ponto fixo por sobre meu ombro, meu intuito é de virar e conferir que não tem ninguém atrás de mim, não o faço – meu corpo não está mais assim pequena, sim kirians não envelhecem, mas podem morrer por quaisquer causas naturais, apesar da magia do caixão me manter viva, meu corpo está desidratado, descascado, meu sangue coagulou e meu coração não bate mais, meu corpo fede a chorume... mas já que estou em minha própria mente por que não, ter essa bela aparência, da mulher de lindos olhos azuis que eu era. Além de ter os maiores prazeres da vida sem suas consequências... como essa mesa colorida.

  Por que ela está me contando... ela pode ler minha mente, não posso pensar antes de agir, de falar.

  — Natacha por que me apagou quando estava lembrando de onde eu e Ben viemos? – disse rápido, sem pensar no que falava, como se despejasse as palavras

  Não pense em nada, não pense em nada

  — Não adianta...

  – Só fale!

  – Há coisas que, não precisam ser lembradas

  – O que?

  Ela apenas me olha balançando levemente a cabeça de um lado para o outro

  – Oque Natacha?!

  – Só não deixe que matem Yasmim. Essa é sua tarefa no momento.

  Natacha e os doces desapareceram, ela me expulsou de sua mente, realmente ela não quer que me lembre do que seja agora, melhor não pensar muito sobre, ela lê minha mente a todo momento, cada passo de todos dessa ilha são julgados e controlados por Iknpa.

***

  É estranho, todas as mentes de que saio tenho que voltar do corpo da pessoa até o meu, mas a de Natacha é diferente, apesar dela literalmente nunca sair do lugar, sempre volto de lugares diferentes da floresta da ilha, deve ser o modo que Ernesto e Rafagh encontraram para impedi-la de ser achada, caso contrário ela poderia facilmente levar qualquer kirian a sua mente e ao ele sair, ela saberia onde está enterrada.

  Uma pequena voz no meu subconsciente me diz que ela deve estar naquela floresta em um local que eu não tenha saído, mas onde? E o mais importante, o que aconteceria se eu a libertasse?

  – Temos que adiar a reunião – ouço a voz de Ramon por sobre mim

  Vic ia dizer algo, mas Ramon a interrompeu dizendo que eu estava acordando.

  Benjamin também está no quarto

  – Você caiu – diz o anjinho com sua voz de timbre fino e inocente

  – É... eu acho que não estava muito bem

  – Quem é ele Davina? – vejo por Vic que meu pai olhando para mim

  – Se chama Benjamim – digo, ainda um pouco zonza

  – Essa criaturinha meio pássaro já nos disse o nome, falta apenas saber... – ela olha Ben de baixo a cima – bom, tudo.

  – Eu disse que nasci com asas e do porquê de eu estar tristi.

  Sorrio, nunca tinha reparado no quão fofo era ele falando

  – Okay criaturas. Filha, se quiser pode levar seu passarinho para jantar conosco. Já vamos ter uma cobra mesmo – Vic suspira lembrando de que teria que aturar Sôfi por mais um jantar

  – Victory! – repreendeu-a seu irmão   

  – Tá criatura, uma cobra, uma serpente e um... troglodita atraente, aos outros já citados

  – Espera, você me chamou de passarinho? – Ben já não chorava mais – não posso ficar aqui, minha mamãe vai sentir minha falta, ela já sente a de Max 

  Benjamim abriu a janela, esticou as asas e saiu voando para longe, cortando o vento e recomeçando a molhar o chão com água salgada.

  Ramon e Vic me levaram até a sala de jantar.

  Na mesa estão todos da casa, meu pai come o prato servido a mesa, como se ainda fosse humano; Vic por outro lado bebia do sangue pingado em uma taça por um dos empregados, depois desistiu de esperar e agora busca da própria fonte; Konor e Genevive comem como se não houvesse amanhã; Sofi balança o garfo de um lado para o outro acima da comida; Enquanto eu brinco com a comida em meu prato, alternando as mentes de quem me olha.

  – Sei que planejam me expulsar daqui – diz Sofi ainda olhando para o garfo

  – Ótimo! Então já que notou, pode se retirar por conta própria criatura – o sangue de Monci escorre pela boca de minha mãe enquanto ela fala quase engasgando com o próprio

  – Vic ela é irmã de nossa filha! – Konor quase ri ao ouvir Ramon me chamar de filha

  – Ela assassinou Melaine quebrando o seu crânio! – Genevive parece enjoada ao ouvir Vic e ainda vê-la com sangue escorrendo por entre seus dentes, Konor olha para Sôfi sorrindo, admirado do que ela fez – E nem sabemos como essa criatura fez aquilo com Jeffrey!

  – Posso ser útil – minha irmã diz olhando para Ramon, ela se recusa a olhar a balbúrdia de modos deselegantes dos outros comerem

  – Vou te mostrar onde enfiar sua utilidade criatura

  – Como? – pergunta calmamente o Deathless à Deverron, deixando de lado seu prato e sinalizando para uma das empregadas na cozinha levar a ele uma taça de sangue fresco

  – Sei onde Yasmim está – Genevive se engasga com a comida ao ouvir a frase de Sofi

  Konor olha para a garota a sua direita e para a mulher a sua esquerda.

  Genevive é infiltrada de Yasmim, Sofi sabe disso, optou por manter segredo e não dizer a mim, ela é uma kirian, vai usar disso para se manter no luxo próxima do comando dos quatro reinos, disso e da desculpa de ter uma irmã nessa mansão... Sôfi quer um dos estados para ela, é quase tão gananciosa quanto Rafagh, mas como ela quebrou o crânio de uma lobisomem? ... Se ela não é uma nível dois, tem alguém ajudando-a que seja. Ela quer algo a mais, algo que descobrirei – raciocina Konor mais rápido do que um ser humano, ou vampiro, normal.

  – Onde? – pergunta Ramon

  Sofi sorri

  – Me deixem ficar e a trago em uma bandeja

  Meu coração acelera, se Sôfi matar Yasmim, Natacha a mata, sei que ela só finge conseguir sentir algo por mim, mas é minha irmã e é Sofi Deverron, ela pode voltar a conseguir amar. Além de que é muito pior, Natacha disse que mataria não só um, mas todos que amo se a neta dela for executada.

  Ela só não pode matar o pequeno anjo, não pode nem entrar em sua mente. Mas de que adianta o pequeno anjo vivo se não tiver a Ramon, Vic, Sofi, qualquer um. Iknpa pode matar a todos os outros da ilha se quiser... não, tem que ter alguém para impedi-la em seus surtos.

  Alinpç.

  Ernesto.

  Mas será que algum me ajudaria? Talvez Alinpç quando eu for mais velha, pelo que sei da maldição, irei seduzi-lo, talvez ele fará tudo que quiser, ou algumas coisas.

  Estou certa Natacha?!

  O que estou fazendo? Falando comigo mesma esperando que Natacha saiba? Estou ficando louca com essa situação, por enquanto só tenho uma tarefa.

  Impedir que matem Yasmim.


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