Cisne Negro escrita por Vampiric Lilium


Capítulo 2
Capítulo 2




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"Você sabe que eu morreria só para te abraçar, ficar com você

De alguma maneira eu te mostrarei que você é meu céu noturno

Eu sempre estive logo atrás de você

Agora eu sempre estarei ao seu lado

Tantas noites eu chorei para dormir

Agora que você me ama, eu me amo

Eu nunca pensei que eu diria isso

Eu nunca pensei que haveria você"

(Evanescence - You)

Parei de correr quando ouvi a explosão.

Enfiei-me em um beco a poucos metros da praça circular, onde o fogo queimava com maior intensidade. Havia um turbilhão de chakras pulsando naquela direção.

Eu me virei para encarar meu acompanhante.

– Escute bem, Yuzo – Segurei-lhe os ombros com firmeza. – Nós estamos no meio de uma grande confusão aqui. É muito perigoso pra você. Veja o que teria lhe acontecido se Sasuke-kun não o tivesse protegido da primeira vez. Não vamos contar com a sorte de novo. Você vai ficar me esperando aqui – decretei.

– O quê?! – Ele fez uma careta de indignação, desvencilhando-se de mim. – De jeito nenhum! – e cruzou os braços de forma obstinada.

Soltei um longo suspiro, já esperando por essa reação.

– Eu sinto muito – disse a ele, erguendo minha mão. Golpeei-o antes que ele tivesse a chance de contestar.

Yuzo me lançou um último olhar acusador antes de perder os sentidos. Amparei sua queda, deitando-o no canto mais escuro do beco.

Sem mais perder tempo, saltei para ultrapassar o muro em meu caminho e disparei rumo ao epicentro do que parecia ser uma minúscula variante do inferno. Assim que cheguei minhas narinas arderam ao aspirar o cheiro acre da fumaça, com partículas alaranjadas de brasa espiralando pelos ares.

Fiz uma rápida varredura da cena.

Dezenas dos clones de Naruto golpeavam e espocavam em nuvens de fumaça ao serem atingidos. Agora que estava concentrada, ao invés de sobressaltada, imediatamente reconheci a assinatura do chakra de Sasuke-kun. Ele se movia com agilidade e só pude captar um mero vislumbre das suas investidas. A pessoa que lutava contra ele também era um borrão, mas tive a nítida impressão de ouvir metal retinindo contra metal, espalhando faíscas e aqui e ali conforme se chocavam.

A atmosfera fumarenta não me deixava ver as coisas com clareza, por isso meus extintos primários de sobrevivência foram automaticamente acionados, meu corpo reagindo sozinho quando o golpe foi desferido contra mim. Girando nos calcanhares, ergui as mãos para deter o chute que teria me atingido nas costas.

O impacto me jogou para trás, fazendo meus pés se arrastarem no chão, meus punhos cruzados em frente ao rosto.

– Não fique aí parada, doçura.

Estreitei os olhos para o homem que se posicionou a minha frente. Ele ostentava um físico esbelto e tinha cabelos ruivos, com uma longa trança jogada por cima do ombro. O rosto, de traços quase femininos, era marcado por um sorriso provocante que instantaneamente suscitou em mim uma ardente vontade de acertar-lhe o punho no meio dos dentes.

Desfiz minha pose defensiva e ergui os ombros, já sabendo, pela potencia do chakra que emanava dele, que estava diante de um adversário que não se enquadrava na mesma categoria que os ninjas de anteriormente. Havia algo perverso incrustado nos olhos azuis, tão debochados ao me fitar.

De repente sua expressão mudou e ele pareceu irritado, então saltou para trás, o corpo esbelto descrevendo um arco no ar, indo pousar ajoelhado alguns metros à frente.

Três kunais se cravaram com precisão no lugar onde ele estivera parado.

– Sakura-chan! – Naruto veio correndo em minha direção, a silhueta surgindo através da fumaça, mas percebi que as kunais não haviam sido arremessadas por ele.

Ergui a cabeça e vi Sasuke-kun perfeitamente parado sobre o poste de energia acima de mim, o olhar cravado no ruivo.

Naruto parou ao meu lado, o rosto quase completamente encoberto pelas cinzas, ressaltando o azul dos olhos.

– Você demorou, Sakura-chan – Seu tom era bem-humorado, embora não deixasse de fitar o inimigo a nossa frente. – Esses caras são um pé no saco.

No exato momento em que Naruto falou, mais duas figuras surgiram a nossa frente, postando-se uma de cada lado do ninja de trança.

O primeiro era um homem, cujo rosto estava oculto por uma máscara de ferro, com duas frestas abertas para os olhos. Tinha os braços cruzados sobre o peito desnudo, a pele morena marcada por cicatrizes acentuadas. Uma de suas mãos era feita de metal, com dedos compridos e afiados que não paravam de mexer, como se ansiosos para rasgar a pele de alguém.

Maravilha, pensei.

Do outro lado estava uma mulher de cabelos negros e compridos, usando um traje provocante, quase escandaloso, com as pernas totalmente expostas e um decote avantajado. Os lábios estavam curvados num sorriso malicioso. Ela não olhava para mim ou Naruto, olhava para cima, diretamente para Sasuke-kun.

Rangi os dentes, tentando não ceder a um desnecessário ataque de fúria, ao vê-la contemplá-lo com a mais pura e simples volúpia feminina. Uma grande estupidez de minha parte, é claro, mas eu nunca havia sido boa em controlar meu temperamento.

Não foi preciso dizer nada para que alguém fizesse o primeiro movimento. Todos nós nos movemos assim que o ninja louro executou uma sucessão de ins e na palma de sua mão surgiu uma esfera de fogo, que foi atirada numa velocidade impressionante em direção a mim e Naruto.

Nós dois saltamos para desviar dela, que explodiu ao entrar em contato com o solo, deixando óbvio para mim quem havia sido o responsável por todo aquele maldito fogaréu.

Sasuke-kun já havia se movido quando o poste onde estivera desabou com a explosão. Ele desapareceu por um segundo e quando o vi novamente estava arremetendo a Kusanagi contra o ninja de máscara.

Naruto foi em direção ao ruivo, que agora sustentava duas bolas de fogo, uma em cada palma.

Fiquei mais do que satisfeita em me lançar contra a mulher.

Ela desviou do primeiro golpe, saltando para tomar distância de mim. O rosto bonito expunha uma expressão de aborrecimento.

– Eu estava mais interessada em continuar brincando com aquele moreno de tirar o fôlego – Ela me olhou de cima a baixo, me avaliando, então sorriu com desdém. – Mas posso me contentar em acabar com a namoradinha raivosa dele.

Não era como se eu houvesse proclamado meu envolvimento com Sasuke-kun, mas a ira incendiária em meus olhos deve ter sido uma excelente pista. Sendo mulher, ela sabia reconhecer os sinais.

– Você pode tentar – Eu sorri de volta.

Para minha grande surpresa, ao invés de partir para o ataque, a mulher simplesmente gargalhou e depois saltou para o telhado do edifício mais próximo, correndo para longe.

Eu não pretendia perder tempo tentando decifrar seu comportamento, apenas quis disparar em seu encalço, mas algo me prendeu no lugar – novamente um clique, meus extintos me enviando um novo alerta.

Pelo canto do olho vi quando os clones de Naruto pularam todos de uma vez sobre o ninja ruivo. Ele, por sua vez, fez uma pose de cisne, ficando graciosamente equilibrado na ponta dos pés. Com a elegância de uma bailarina, seu corpo esguio começou a rodopiar numa espiral de chamas.

Tudo aconteceu muito depressa. Daquele corpo em constante movimento, globos flamejantes começaram a ser expelidos, de modo desenfreado e para todas as direções.

Na velocidade em que vinham, eu sabia que não seria capaz de evitar a todos. Minha pulsação estava frenética quando Sasuke-kun, num borrão de movimento, surgiu atrás de mim. Seu braço circundou minha cintura, puxando meu corpo contra o dele, nos lançando para trás, as costelas espectrais do Susanoo fechando-se ao nosso redor.

As bolas de fogo nos alvejaram, colidindo contra a barreira de Sasuke-kun com violência. Eu fiquei tensa, mas diferente daquela primeira esfera arremessada contra mim, essas não explodiram.

Eu tinha certeza de que os olhos de Sasuke-kun, tanto Sharingan quanto Rinnegan, já haviam registrado a diferença.

As cópias de Naruto espocaram uma após a outra, desaparecendo em meio a poeira erguida do chão. O verdadeiro Naruto, com um Rasengan reluzindo na mão, mergulhou lá do alto em direção ao ninja rodopiante.

O choque entre as duas energias fez primeiro surgir um clarão, depois veio o estouro, fazendo o chão vibrar abaixo de nós. Senti o braço de Sasuke-kun me enlaçar com mais firmeza.

Assim que a poeira dispersou, olhei freneticamente em todas as direções, procurando Naruto. Relaxei assim que o avistei, intacto e ofegante, ajoelhado sobre um casebre semidestruído.

Na direção oposta estava o ninja de trança, erguendo-se do chão em meio aos escombros da parede que atingira, alguns metros de onde estivera, observando Naruto com um esgar cínico dos lábios. Não estava mais do que um pouco abarrotado. Ao que parecia, o ciclone de fogo que criara ao redor de si, mais forte e consistente do que imaginei, o protegera contra maiores danos.

Sasuke-kun me soltou conforme o Susanoo se desfazia.

Eu girei para encará-lo.

– Obrigada – Sorri, mas parei ao notar o rasgo em seu ombro.

– Não é nada – garantiu ele, dispensando a mão que ergui em sua direção.

– O ninja de máscara, onde...

– Preso em um genjutsu – Sasuke-kun olhava por cima do meu ombro, para o inimigo ainda de pé, e seus olhos continham aquela frieza com a qual eu já me habituara.

Eu assenti, impressionada com a sua agilidade. Quantos segundos ele teve para dominar o mascarado antes de vir em meu socorro? Eu já vira Sasuke-kun subjugar inimigos através de um único relance do Rinnegan, tão potente e avassalador, incontáveis vezes, apesar disso a eficácia do seu doujutsu ainda me surpreendia.

Tentei não me afligir ao ver o sangue manchando sua roupa. Às vezes, quando preocupada, eu me esquecia de quão forte ele era.

Ajeitei minhas luvas, embora elas já estivessem perfeitamente encaixadas em minhas mãos – um costume adquirido com o tempo.

– Eu vou dar um jeito nos seus ferimentos quando eu voltar – Não havia inflexão em minha voz ou qualquer docilidade em meu rosto, como costumava haver na maior parte do tempo, deixando claro que o assunto estava encerrado.

Sasuke-kun voltou seus olhos para mim, um vermelho e outro violeta, arqueando uma sobrancelha ao se deparar com minha expressão pouco amigável.

Ele era naturalmente arrogante e um tanto teimoso, além de um bocado displicente, de modo que, às vezes, sua personalidade arredia se sobrepunha a minha amabilidade para com ele. Quando mais jovem, eu costumava ser muito mais maleável, mas com o tempo passei a tratá-lo com o pulso firme em ocasiões em que ele se mostrava obstinado em recusar minha ajuda.

– Aonde você vai? – questionou, sério.

No que dizia respeito a ser posteriormente curado, Sasuke-kun não ergueu qualquer protesto. Não porque estivesse de acordo, é claro, mas porque sabia ser inútil tentar me demover de qualquer decisão tomada em seu benefício.

– A mulher fugiu – expliquei, dando as costas para ele, pronta para começar a correr. – Estou indo atrás dela. Você e Naruto tomem cuidado – falei por cima do ombro, então disparei pelo mesmo caminho que ela havia tomado.


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Notas finais do capítulo

Acredito que todos já estejam muito bem familiarizados com as técnicas que podem ser utilizadas através do Rinnegan, mas vou deixar explicado o porquê da Sakura ter deduzido que Sasuke usou o Rinnegan, ao invés do Sharingan, ao prender o cara no genjutsu. Bem simples na verdade, só uma questão de rapidez. Rinnegan tem inúmeras variações de acordo com cada usuário, mas um dos quesitos comuns é ser capaz de controlar as bestas com um simples relance. Prender um humano num genjustu é mel na chupeta. Diferente do Sharingan, onde é preciso cravar o olhar na vítima a fim de usar as ilusões.

É isso aí, povo. Sei que há perguntas pululando em suas cabecinhas sobre a missão do time 7, entre outras coisas, mas tudo será devidamente explicado. E no próximo capítulo The Dark Swan shall rise!

Não deixem de acompanhar. Abraços



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