1989 escrita por Juliane Bee


Capítulo 3
Out Of The Woods.


Notas iniciais do capítulo

HOJE É MEU NYAHVERSÁRIO DE 3 ANOS NO SITE!!! YEYY! PARABÉNS PRA MIMM!!!
Sim, é real! Estou viva, e trouxe um capitulo novo para vocês :) Mil perdões pela demora, mas aconteceu tanto coisa durante esses últimos meses de 2015, ah, falando nisso.. FELIZ 2016!!! Que esse ano seja incrível para todos! Muito sucesso pra nós!! Obrigada pelo carinho que vocês tiveram comigo durante esse hiatus, mas agora voltei de verdade! Minha ideia central era baseada na música Clean, mas ontem depois de assistir o clipe de OOTW, GENTE, O QUE É AQUELE CLIPE???? Um dos melhores que a Taylor já fez desde que acompanho a carreira dela em 2008. Adorei as metáforas, a caracterização, tudo! E sabe quando voce tem aquele estalo na cabeça? Aquela ideia que te atinge como um raio? Então, foi o que aconteceu. Comecei a escrever as 3 da manhã, e só parei para almoçar e lavar a louça, claro kkk Quem já leu as outras oneshots vai ter uma surpresa.. só digo isso.. eu avisei que faria algo assim, e cumpri minha promessa. Espero que vocês se apaixonem pela pela Lívia como eu me apaixonei, e dentre todos os personagens de 1989, ela é a mais parecida comigo. Como sempre digo, essa é a minha interpretação da música :)
Uma boa leitura!
Não esqueçam de opinar, hein!
Obrigada, Debs pela linda recomendação! Você é encantador :)
Até breve, e feliz ano novo - de novo kk
Beijão~
PS: se você ainda não viu o clipe, corre lá!
Tá m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o!



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Remember when we couldn't take the heat

I walked out, I said "I'm setting you free"

But the monsters turned out to be just trees.

(...)

Aproveitei para observar a decoração do aeroporto enquanto esperava minha liberação para o embarque. Tudo estava tão vivo, como se ainda fosse véspera de natal. Eu sempre gostei tanto dessa data, minhas melhores lembranças em família são as que passamos juntos na ceia. Pela primeira vez, esse ano foi diferente, e eu daria tudo para apagar o dia 25 da memória.

É engraçado como a vida as vezes parece uma roda gigante. Não, melhor ainda, um castelo de cartas pronto para desabar a qualquer momento.

Nada dura para sempre.

Nada.

É como se fossemos programados para termos certo tempo de duração, como uma pilha que vai perdendo a força ao longo de sua vida útil. Uma hora tudo chega ao fim, e eu sabia que esse dia não estava longe.

Algumas coisas simplesmente nunca vão dar certo, não importa a quantidade de tentativas. Se 1 + 1 não é 2, algo está errado.

E nós dois sempre fomos tortos.

— Senhorita? - Desviei minha atenção do celular, encarando a aeromoça.

— Nós já vamos decolar, peço por gentileza que você desligue o aparelho.

— Claro, sinto muito. - ela sorriu amarelo e voltou a checar as outras poltronas.

Olhei mais uma vez a proteção de tela, para ter certeza se faria mesmo ou não. Cliquei no botão sem titubear.

— Acabou. - sussurrei, vendo a foto sumir.

Não precisaria mais encarar aquele sorriso, muito menos aquele par de olhos verdes que me arrepiava toda vez que me olhava. É melhor assim, pensei alto o bastante tentando me forçar a acreditar nisso.

Voltei a prestar atenção ao meu redor, e percebi que ainda não tínhamos decolado. Olhei para minha guia, que parecia inquieta. Alguém do grupo estava atrasado, só pode.

— Ali! - apontou para a aeromoça, aliviada.

Duas senhoras chegaram ofegantes - ambas trajando a camiseta vermelha da excursão - acompanhadas por um homem.

— Mil perdões! - uma delas tentava se desculpar.

— Tudo bem, senhora. - a aeromoça disse impaciente - Sentem-se, que decolaremos em breve.

Ela seguiu as instruções, e sentou com o homem algumas poltronas atrás da minha. A outra senhora sentou ao meu lado, no último lugar vago do avião.

Óbvio.

— Já estava pensando que embarcariam sem a gente! - disse nervosa. Seu sotaque era diferente, provavelmente sulista. Ela pareceu notar minha camiseta vermelha embaixo da jaqueta de couro. - Ah! Você também faz parte da excursão? - assenti.

Ela me analisou em silencio. Se as luzes não tivessem se apagado, acredito que falaria mais alguma coisa.

Aproveitei para fechar os olhos e descansar um pouco, como se isso fosse possível.

Não demorou muito e uma conversa me fez despertar. Escutei a voz da guia, Manuela, acho, mas não prestei muita atenção. A senhora ao meu lado conversava com a outra que chegou atrasada.

— A culpa do nosso atraso é do Augusto, nunca vi ser tão grudento. - ela riu.

— Pelo menos assim todos prestaram atenção na gente. - falou a sentada ao meu lado - Você já notou a quantidade de gatinhos nessa viagem?

— Contenha-se, Lúcia! Não estamos indo para cidade do amor! - gargalharam.

Não contive um sorriso, e ela pareceu notar.

— Pelo menos fiz você rir. - sorriu - Uma moça bonita como você não deveria ficar assim tão séria. - se aproximou um pouco mais, como se estivesse prestes a me contar um segredo - Dizem que dá rugas. - a outra riu - Me chamo Lúcia.

— Lívia. - sorri.

— Aquela é Dora - apontou para a outra senhora atrasada, que acenou - e o dorminhoco ao lado dela é Augusto, seu filho, e culpado pela nossa chegada triunfal.

Ela riu e eu a acompanhei, fitando com o canto do olho o tal Augusto. Ele parecia ter a minha idade, talvez trinta completos, não sei, mas dormindo lembrava muito um adolescente.

— Pessoal, um minutinho da sua atenção! - a guia parou na metade do avião (eu estava na 24A), então foi perto o bastante de onde estávamos sentadas - Nossa viagem está se desenrolando muito bem, apesar de alguns imprevistos - fitou propositalmente Lúcia, que piscou para Dora - e dentro de algumas horas estaremos pousando em Santorini! - algumas pessoas aplaudiram entusiasmadas - Dentro desse avião estão dois grupos, os que seguirão para Atenas, e os que ficarão comigo em Santorini. - sorri. Isso estava mesmo acontecendo. - Assim que chegarmos ao aeroporto, peço que o grupo vermelho me acompanhe, enquanto o outro grupo seguirá com outro guia. Alguma pergunta? - todos continuaram em silencio. - Tudo bem.

— Tenham todos uma ótima viagem, e não se esqueçam, se virem um pontinho vermelho sozinho, não é uma joaninha! É um membro do grupo! - Lúcia falou ao mesmo tempo que ela - É sempre a mesma coisa.

— Percebo que não é sua primeira viagem. - indaguei.

— Para Santorini é a primeira vez, mas já rodei esse mundão algumas vezes. - sorriu - Desde muito nova sempre quis sair da minha cidade natal, mas não tinha dinheiro suficiente, e também, naquela época uma mulher não podia nem ir a igreja sozinha, imagina para outro país! - ela pareceu nostálgica - Depois de velha tomei coragem e embarquei para minha primeira viagem. Eu tinha 45 anos, e foi a melhor coisa que já fiz. - sorriu - Depois de ter meus dois filhos, claro! - sorriu - E você? É sua primeira viagem?

— Sim. Eu sempre quis conhecer a Grécia, então quando essa oportunidade surgiu eu não pensei duas vezes.. - sorri fraca.

Era eu ou ele.

Fitei minha cicatriz na mão direita.

Remember when you hit the brakes too soon

Twenty stitches in a hospital room

When you started crying

Baby I did too

But when the sun came up

I was looking at you

No dia seguinte ao acidente, quando o vi deitado naquela cama de hospital, eu tive a certeza de que ele era o amor da minha vida. Só a possibilidade de perde-lo já me fez desmoronar, como se eu precisasse dele para viver. Se nesse momento tivessem feito esse mesmo convite, para estudar 6 meses na Grécia, eu nunca teria aceitado.

Talvez ele fosse mesmo o cara certo para a Lívia daquela época, jovem e apaixonada, mas agora eu nem sabia mais por que estávamos juntos. Nossos caminhos tomaram rumos diferentes, e não compartilhávamos mais os mesmos objetivos. Ele queria formar uma família, casar, ter filhos, e isso eu também quero, só que não agora.

Estou no meu melhor momento profissional, batalhei tanto para alcançar tudo que consegui, e não queria abrir mão de tudo isso por um desejo dele, e não nosso.

“Você está sendo egoísta!”

Suas palavras ainda martelavam em minha cabeça.

— Lívia, nós chegamos. - Lúcia pousou sua mão na minha, perto o suficiente da cicatriz - Talvez você queira ver a paisagem pela janela.

— Obrigada. - assenti, empurrando a cortina para cima. - Nossa! É lindo.. - a imensidão azul me hipnotizou.

Nunca tinha visto algo tão encantador em toda minha vida, e aquela pontinha de culpa que carreguei comigo até agora, sumiu. Cada segundo para estar nesse lugar, nesse instante, valeu a pena.

Respirei fundo.

Eu tinha sim tomado a decisão certa.

Não tirei os olhos da paisagem até que aterrissamos, queria poder registrar cada momento em meu pensamento como uma fotografia, eternizando esse lugar.

As luzes se acenderam novamente, e os cintos liberados. Esperei até que Lúcia saísse, para retirar minha mochila do bagageiro - pelo peso ela nem poderia estar ali - mas não consegui alcança-la, estava muito longe.

— Deixa que eu.. - com um simples puxão minha mochila saltou para fora.

— Obrigada. - agradeci a ajuda.

— Você carrega o que aí, tijolos? - o tal Augusto riu.

— Quase, é meu equipamento de pesquisa. - ele levantou uma sobrancelha.

— Desculpe interromper esse momento fofo, mas vocês estão impedindo a circulação de pessoas. - nossa guia sorriu amarelo.

— Perdão! - Augusto levantou as mãos em rendição, me deixando passar em sua frente frente.

— Obrigada de novo. - sorri me afastando.

Desci do avião com o pé direito.

Aqui é o começo de uma nova vida.

Encontrei o resto do grupo depois de pegar minha bagagem, e percebi que Lúcia acenava para que eu fosse ao seu encontro. Me aproximei dela, e terminei de escutar as instruções da guia ao seu lado.

— Isso vai ser divertido! - piscou para Dora - Onde está o Augusto?

— Deve estar falando com a Ju, você sabe como ele é super protetor.

Fiquei inquieta.

Posso não ser a mestra dos flertes, mas sei que estava rolando alguma coisa minutos atrás. Não que eu queira, longe disso, mal saí de um relacionamento sério, mas não achei legal a atitude dele.

Que babaca.

Fui uma das primeiras a embarcar na van que nos levaria ao hotel. Não queria me encontrar com ele, não por agora.

****

Ao chegarmos, a guia me procurou, puxando-me para uma conversa.

— Lívia, - olhou o crachá que nos fez colocar dentro da van - No seu pacote você pediu um quarto para duas pessoas, mas pelo que percebi você está sozinha, não é? - ela estava fazendo isso de propósito, para machucar mesmo.

— Sim. - disse seca.

— Então nós temos um problema aqui, como você está sozinha, sugiro que divida o quarto com alguém. - ela estava com batom nos dentes, mas não sabia se falava ou não.

Aquilo estava me incomodando.

— Eu divido o quarto com ela. - Lúcia apareceu ao meu lado - Dora pode ficar com o Augusto, e eu fico com a Lívia, se não tiver problema. - sorriu.

— Por mim tudo bem. - encarei a guia.

— Está bem, o quarto de vocês é o 12. - jogou a chave no ar, mas eu a peguei. Anos de handebol no colégio serviram para mais do que somente pernas grossas.

— Ah! Manuela, - ela já tinha se virado - Você está com uma coisinha no dente. - Lúcia sorriu, mas ela saiu de lá irada, não achando engraçado.

— Obrigada. - agradeci.

— Eu só espero que você não ronque. - gargalhou - Vamos subir?

Assenti pegando minhas malas, e ajudando-a com as dela.

Não me importei em subir carregada dois andares, já que tudo no hotel era feito de vidro, deixando a paisagem a vista. Propositalmente - ou não - Lúcia deixou que eu ficasse com a cama perto da janela, de onde eu podia ver o mar.

— Eu vou até o quarto da Dora ver como ela está, mas logo estou de volta.

— Tudo bem, eu vou checar alguns emails e depois vou tomar um banho.

— Até logo. - sorriu se despedindo.

Peguei o carregador na bolsa, e esperei alguns minutos até que o celular ligasse. 128 mensagens, a grande maioria desejando feliz ano novo. Liguei para minha mãe.

João, é a Lívia! - gritou— Só um minuto, filha! Seu pai está vindo, e eu vou colocar no viva voz.

— Tudo bem, mãe.

Feliz ano novo!— falaram juntos.

— Mãe, o fuso não é tão grande assim - gargalhei - Aqui são seis da tarde, ainda é dia 31 de dezembro. - eles ficaram em silencio - Obrigada mesmo assim, feliz ano novo pra vocês também!

Mande um beijo para o Noah, filha. Diga que estamos mandando um feliz ano novo pra ele também. - respirei fundo. Chegou a hora.

— Mãe, o Noah não veio comigo para Grécia.

O que? Mas, como assim?

— Nós terminamos.

Vocês estavam aqui na véspera de Natal, como isso pode ter acontecido?

— Não foi de repente, mãe. Nós não estávamos mais dando certo, e foi melhor assim. - decidi omitir alguns detalhes.

Você vai passar a virada de ano sozinha, querida?— agora quem perguntou foi meu pai.

— Sim, pai. E eu não poderia estar em companhia melhor, acreditem. - ri irônica, mas eles continuaram em silencio - Está tudo bem, sério. Amanhã ligo de novo para vocês, e conto o quão lindo esse lugar é.

Se cuida, filha.— ele parecia triste.

Nós amamos, você.

— Eu também amo vocês, mãe. Beijo! - e desliguei.

Muitas vezes pensei nos dois antes de terminar tudo, já que Noah é como um filho para eles, mas não sou tão altruísta assim. Falando nele, notei que uma das mensagens era sua.

“Liv, você saiu daqui de cabeça quente, vamos conversar melhor, por favor, me liga. Vou esquecer que você foi embora, e assim que voltar podemos nos casar. Os filhos podem esperar mais alguns anos, mas não quero esperar para te ver todos os dias ao meu lado.

Eu te amo.”

Vou esquecer que você foi embora. Ri sozinha.

Definitivamente ele não era mais o cara certo pra mim, estava tudo acabado.

Ainda estava no banho, quando escutei batidas na porta.

— Sim?

— Lívia, nós vamos comemorar a noite de ano novo em um restaurante beira-mar, caso você queira vir conosco, está convidada.

— Claro, já estou saindo! - desliguei o chuveiro e coloquei o roupão, saindo no quarto. Lúcia já estava pronta.

— Eu me arrumei com a Dora, que é minha maquiadora oficial de viagens. - sorriu - Ela usava um vestido branco, no estilo grego, e o cabelo preso.

Procurei um vestido na mala, e optei também por um cardigã, já que o clima estava um pouco frio.

— Sei que não nos conhecemos direito, mas já me sinto íntima. - voltei minha atenção para ela - Por que uma moça tão jovem como você está viajando sozinha na noite de ano novo? Você me parece tão triste, me perdoe se estou sendo evasiva.

— Tudo bem. - balancei a cabeça - Essa viagem era um presente meu para uma pessoa especial, já que não vou voltar para o Brasil quando a semana acabar. - ela assentiu para que eu prosseguisse - Sou mestra em história, e recebi um convite para estudar por algum tempo na Grécia. No começo nos conversamos sobre, ele me apoio, tudo mais, mas de repente ele mudou, veio com um papo diferente, de que já não somos mais tão jovens, e que já era hora de partir para uma próxima etapa. Algumas noites atrás, no natal, ele me pediu em casamento, mas eu recusei. Não quero me casar. Quero continuar minha pesquisa na Grécia, talvez estender por mais alguns meses, não sei, mas não quero me prender a ele. Noah começou a dizer que eu não o amava o suficiente, e isso é verdade. Eu não consigo amar um cara que não quer dividir a conta do restaurante comigo, ou aceitar um presente caro, como essa viagem. - ela me encarou - Eu comprei passagens para nós dois, e o Augusto ficou com o lugar que era dele.

— Seria chato se eu dissesse que não sinto muito por ele? - neguei - Pois bem, acho que você fez a coisa mais certa a se fazer. - sorriu - Eu fiquei anos ao lado de uma pessoa que não apoiava meus sonhos, e perdi muito com isso. Você ainda é jovem, Lívia. Tem a vida inteira para “formar uma família”. - pegou em minhas mãos - Que esse próximo ano seja especial para você, que já vai começa-lo bem, na Grécia!

— Tomara. - sorri fraca.

— Vai sim, tenho certeza disso. - acariciou a cicatriz - Agora vamos comemorar com a gente, venha! - pegou a chave do quarto, e abriu a porta, me empurrando para fora.

Nesse exato momento Dora e Augusto estavam no corredor.

— Querida, você está linda! - falou entusiasmada - Não é, filho?

— Sim.. - falou sem jeito.

Não me senti confortável. E essa tal Ju? Como ele tinha coragem de fazer isso com ela?

Andei calada até o restaurante, e passei parte do jantar assim, respondendo apenas o necessário. Eu era uma intrusa ali, e também não era a melhor pessoa para se ter como companhia. Não nesse momento.

— Faltam 10 minutos, vamos até a praia ver os fogos? - Lúcia disse entusiasmada.

— Eu vou ligar pra Ju, até 2016! - sorriu.

Antes de sair do restaurante, peguei uma flor branca da decoração. Recebi um olhar de reprovação do garçom, mas eu precisava manter a tradição.

Assim que a contagem regressiva começou, flashbacks com os melhores momentos do ano passaram pela minha cabeça.

A noite de natal estava entre as lembranças.

Foi sim um dia triste, eu o amei muito, e não posso jogar mais de quatro anos no lixo, mas pelo menos colocamos um ponto final dignamente na nossa história.

Are we in the clear yet?

In the clear yet, good

Agora eu posso seguir em frente.

Tirei minha sandália, ficando descalça. Senti as pedras ásperas nos meus pés. O mar estava gelado, assim como a brisa em meus cabelos. Joguei a flor no mar, sussurrando votos para o ano que se inicia.

Olhei para o meu peito, a única coisa que ainda me ligava a ele estava aqui, comigo.

Your necklace hanging from my neck

The night we couldn't quite forget

When we decided, we decided

Arranquei o colar que ele havia me presenteado quando comemoramos 1 ano juntos, jogando-o ao mar. A água estava límpia, então pude ve-lo afundando, como nosso futuro, que nunca vai acontecer.

— Você percebeu que eles estão te encarando? - virei para encara-lo.

— Você não sabe que é feio flertar com uma mulher quando se é comprometido? - ele franziu o cenho. - A Ju pode não gostar.. - ele começou a rir.

— Na verdade eu contei pra ela sobre você, e ela está louca para te conhecer. - sorriu - Eu comprei Percy Jackson pra ela como presente de 9 anos, e ela não para de falar sobre Atena, Poseidon, Zeus..

— O que?

— A Júlia é sim a mulher da minha vida, mas não desse jeito. - senti minhas bochechas esquentarem. Droga. - Acho que começamos errado, meu nome é Vicente.

— Você está tirando com a minha cara? - ele continuou com a mão estendida.

— Minha mãe me chama de Augusto porque é meu segundo nome, mas meu pai prefere Vicente. Eu sou escritor, e tenho uma filha.

— Ai meu Deus. - ri fitando o mar, que gelava minha canela - Sou Lívia. - apertei sua mão.

— Você quer voltar para o restaurante com a gente, não sei, quem sabe gravar um áudio no whatsapp contando a história do Mundo Inferior pra Juju.

— É o mínimo que eu posso fazer, depois de pensar tanta coisa errada a seu respeito..

Comecei a andar de volta ao restaurante, e ele me acompanhou.

— Espera! - virei-me para encara-lo - Você achou que eu estava flertando com você?

Preferi não responder.

Continuei andando sem graça até Dora e Lúcia.

A vida é mesmo uma roda gigante, com altos e baixos, mas depende exclusivamente de mim a forma de encarar esses desafios.

Seguir a minha intuição e embarcar - mesmo que sozinha - para Grécia, foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Eu nunca estivesse tão certa de uma coisa a vida inteira.

Eu o perdi, sim, mas acabei me encontrando.

E de alguma forma isso significou tudo.


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Notas finais do capítulo

E então? Curtiram?
Eu já tinha comentado no capitulo anterior, acho, que estava pensando em fazer essa interação entre os personagens :) Eu sou apaixonada pelo Vicente, e acredito que ele merecia alguém legal como a Lívia. Esse casal tá aprovado?
Espero que tenham gostado do capitulo, e não esqueça de deixar aquele comentário maroto, que me ajuda pra caramba!
Um ótimo final de semana,
Se cuidem!
Beijão~
FELIZ 2016 MAIS UMA VEZZZ!!!!



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