Stay Strong escrita por Queen Manuela


Capítulo 3
I told you so




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Were you really surprised when she left all your memories behind
She never said she was hurting but what girl means it when they say they’re fine

And she’s crying and she’s dying for you to take her home
And she doesn’t want space, she just wants to be chased
And for you to show her she’s not alone

So don’t wait and let her go cause I don’t want to be the one
Who has to say, I told you so
I told you so
Of course she wants attention cause you never mention
How much she means to you
It shouldn’t be news that she wants to be important to you
So don’t play the fool
( I Told You So - Kathryn Dean )



Não existe sensação mais gratificante do que aquela de não ser acordada por um despertador, o que não se aplica a mim nunca.
Como de praxe o despertador me acordou as sete em ponto, abri as venezianas e fechei os olhos absorvendo a brisa fria lá de fora, a sensação do vento vindo de encontro ao meu rosto nostalgicamente me fez ter uma ideia meio louca, talvez John a compre como desejo de gravida. Corri para o banheiro e fiz minha higiene matinal, coloquei uma roupa confortável, amarrei os cabelos em um rabo de cavalo e calcei os tênis, peguei um biscoito e saí em disparata para o estacionamento do prédio.
Lá estava ela, minha bicicleta dos anos mil novecentos e bolinhas, com sua cestinha incrivelmente conservada. Liguei para John e avisei que estava indo para a academia da agencia, ele estranhou pois era sábado e eu passava o dia todo enfurnada assistindo seriados, não quero nem imaginar sua cara ao meu ver nessa bicicleta. Subi na bicicleta e testei o freio, aparentemente tudo okay, comecei a pedalar em direção a agencia, me arrependi logo na segunda quadra. Onde eu estava com a cabeça? não pratico nenhum exercício muito menos ando de bicicleta, como vou chegar inteira?
Bem, um caminho que normalmente levaria 30 minutos eu consegui fazer em 50, parando a cada 5 minutos e tomando folego. Cheguei a agencia e estava tudo tranquilo, como era sábado apenas alguns funcionários ou clientes iam para a academia treinar alguns tipos de lutas que não faço ideia de quais nomes tenham. Cumprimentei Lyla e fui direto para a academia que ficava exatamente no 3º andar, como conspiração dos deuses os elevadores não estavam funcionando e eu tive que subir pelas escadas. Cheguei na academia com uma mão no joelho e a outra na barriga, se fosse possível Bea tinha nascido ali mesmo de 4 meses, John veio ao meu encontro sorrindo e por seus ombros um belo par de olhos azuis me fitavam do tatame, droga, Sara me disse que ele treinaria com John mas não pensei que fossem todos os dias.

— Fê você está bem? — John segurou em meus braços me levando até uma cadeira próxima — não acredito que subir algumas escadas te deixaram assim.

— Estou bem — assenti tranquilizando-o — estamos bem John não se preocupe.

— Aconteceu alguma coisa? por que está aqui Felicity?

— Wow, essa é uma ótima recepção por sinal — me levantei e fui até o bebedouro, peguei um copo com água e voltei a me sentar — eu pensei que pudesse passar o sábado comigo, você não vai me ver desde segunda, agora passa o tempo todo com aquele dali — levantei a cabeça apontando para Oliver acertava um daqueles sacos de pancada — e não foram as escadas okay, acho que preciso de uma daquelas bicicletas com marcha a minha está realmente muito velha.

— Espera — ele se levantou esticando uma mão me fazendo parar de divagar — está me dizendo que veio do Glades aqui de bicicleta?

— Talvez sim, talvez não — encolhi os ombros amedrontada, John me olhava severamente, desviei meu olhar do seu e vi Sara passando chegando — Sara — gritei chamando sua atenção.

— Aí está você, Lyla me disse que estava aqui, porque não me avisou? eu mesma teria lhe buscado.

— Deve ser porque ela decidiu se aventurar numa bicicleta da época da minha vó.

— Não John, lola não é tão antiga assim — deixei escapar e o vi revirando os olhos, Sara levou as mãos a boca abafando um riso — eu vim chamar John parar uma volta na praça, sabe Sara, John tem estado tão preocupado que não vai me ver desde segunda.

— Sei sim Fê, ele agora só tem tempo para Oliver Queen — Sara falou com desdem e lancei a John um olhar tipico de "eu te avisei "

— Sabe que as coisas entre ele e Lyla acabaram esfriando?

— Vão falar de mim como se eu não estivesse aqui? — John respirou fundo e levou as mãos a cabeça — estou tentando conciliar as coisas, eu estou preocupado com você Felicity, só que recebi uma ordem de sessar com o brócolis e percebi que talvez estivesse invadindo demais a sua vida.

— Eei eu só estava cumprindo um pedido dela, nada pessoal — Sara fez cara de ofendida e eu segurei um sorriso. Me levantei e me aproximei tocando os ombros de John.

— Eu pedi para sessar o brócolis não a sua presença em minha vida, e bem, vou confessar que tem alguém aqui sentindo falta da sua comida saudável e incrivelmente ruim — peguei uma mão sua e coloquei sobre minha barriga — Bea tem colocado qualquer outra comida para fora, tá cada vez mais difícil engana-la com outras coisas — ele sorria e olhava para minha pequena barriga — acho que é a maneira que ela encontrou de dizer que sente falta do padrinho.

— E da madrinha? — Sara colou a mão sobre minha barriga e se abaixou para falar com Bea — sente falta da madrinha princesa? — em resposta Bea se mexeu fazendo Sara e John gargalharem.

— Me desculpe Fê, é só que treinar tem aliviado as ideias em minha cabeça — A expressão seria voltou a seu rosto mas havia também um misto de culpa — ainda não acredito que Cooper te deixou gravida e sumiu no mundo, se eu encontro aquele desgraçado sou capaz de mata-lo.

— Eey, minha família está bem aqui — voltei a unir nossas mãos sobre minha barriga — você Sara e Bea.

Bom todo o meu plano foi por água a baixo, depois de subir todas aquelas escadas eu não conseguiria dar mais nenhuma pedalada, resolvi por esperar o treino acabar. Sara se trocou e foi para o tatame com John, alguém sentou ao meu lado e a vulgar a corrente elétrica e a densidade do ar a minha volta eu sabia quem era. Resolvi não falar nada e ficamos assim, lado a lado alguns instantes até que ele resolveu quebrar o silencio.

— Você está bem? algum problema com o bebe?

— Eer, a vulgar que Bea quase veio ao mundo enquanto eu subia essas escadas agora estou bem — Oliver balançou a cabeça deixando um sorriso aparecer em seu rosto — sabe que tem tomado algo de mim ?

— Não me diga que estou tirando seu sono Srta. Smoak — filho da mãe, foi mordendo o lábio inferior que ele abriu aquele sorriso cafajeste de tirar o folego.

— Não seja arrogante Sr. Queen — esfreguei minhas mãos nervosa evitando fitar seu rosto, maldito, ele tem noção do poderio que tem aqueles malditos olhos azuis e aquele sorriso de canto — estou falando de John, tem usado muito do tempo dele.

— E isso te incomoda? posso usa-lo contigo também.

— Como é que é? — cometi o erro de encara-lo, seus olhos estavam sobre mim e em seus lábios um sorriso brincava — qual a sua em ?

— Me desculpe, pensei que humor fosse uma das suas façanhas — droga, ele tem razão, eu costumo levar tudo na brincadeira mas esse cara consegue mudar meu humor — não tivemos a chance de nos conhecer direito — ele se levantou e me estendeu a mão — prazer sou Oliver Queen.

— Prazer, Felicity Smoak — me levantei e apertei sua mão.

— Então, está gradiva não é? — revirei os olhos com sua pergunta, era meio obvio ele devia ter pulado essa — o que? tá legal foi bem obvio, mas não me disse nada sobre o pai da criança ...

— A pergunta foi bem obvia mesmo — lancei a ele um sorriso e comecei a andar, ele veio ao meu lado esperando que eu respondesse a próxima — John não é o pai — balancei a cabeça sorrindo quando seus ombros relaxaram — bem, digamos que Bea não tenha pai, se é o que queira saber ..

— Não tem pai?

— Longa história

— Eu quero saber, tenho todo tempo do mundo.

Acabamos sentados na cantina, sai de casa tão apressada que mal coloquei algo no estomago e Bea já estava reclamando. Desde que terminei meu relacionamento com Cooper tenho tido dificuldade em me relacionar com as outras pessoas, subi algumas barreiras mas algo nele dizia que eu podia confiar. Tinha algo nele que me hipnotizava, talvez a intensidade em que aquele belo par de olhos me olhava ou o jeito oblíquo de sorrir apertando os lábios, quem ele pensa que é para chegar e fazer esse reboliço em minha vida? não sei dizer mas em pouco tempo todas as barreiras que eu havia construído estavam caindo, eu estava confiando em outra pessoa que não fosse John ou Sara, eu estava exposta.

— Mas e você? Quem é o famoso Oliver Queen? — Seu olhar se perdeu por alguns instantes como se tivesse escolhendo as palavras para usar, eu estava prestes a dizer que tudo bem se ele não quisesse falar quando ele me surpreendeu.

— Já estive em uma situação parecida com a sua, quero dizer em uma clinica — algumas hipóteses começaram a rondar minha cabeça, ele era estéril? apoiei um braço sobre a mesa e deixei o peso do meu queixo sobre ele fitando Oliver — não sou estéril — ele maneou a cabeça sorrindo, droga lá estava aquele maldito sorriso novamente — a situação era inversa, eu estava como doador.

— O quê? você é doador de sêmens? — minha voz saiu mais alta do que pretendia, eu o encarava incrédula. Oliver tinha um extenso histórico na mídia e nenhum deles envolvia coisas desse porte, exceto por uma matéria que Sara me contou sobre ele ter feito campanhas de doação de sangue, agora sêmens? ele estava dando a outra pessoa a oportunidade de realizar o sonho da maternidade/paternidade. Não consegui conter um sorriso, é por pessoas generosas como ele que hoje Bea faz parte de minha vida — você não pode estar falando sério.

— Poucas pessoas sabem, mas há algo em você que inspira confiança. Talvez seja o fato de você ter confiado em mim detalhes da sua vida, ou esses seus olhos grandes que dizem o que sua boca raramente consegue conter — okay ele já estava passando dos limites, não temos essa intimidade toda para ele falar sobre minha boca sem freio — Sério Felicity, o tempo que estive com Thea em NY me mudou muito, eu sei que você deve ter um relatório enorme sobre mim, mas nem tudo que dizem é o que eu realmente sou. — Eu assenti concordando, bem ele disse nem tudo, uns 80% deveria ser verdade, balancei a cabeça afastando os pensamentos e gesticulei para que continuasse — como sabe as informações sobre o doador são extremamente sigilosas, caso contrario eu não teria topado. Já pensou quantas mulheres gostariam de engravidar de um Queen ? — Sim, mas todas elas devem preferir o método tradicional, eu iria preferir — tem razão, a maioria prefere — meu Deus eu disse em voz alta. Senti meu rosto corar enquanto o desgraçado abria aquele sorriso de encharcar calcinhas novamente, peguei minha bebida e beberiquei afastando todos os pensamentos sobre como fazer um filho com ele, eu não tinha me dado conta mas de repente o clima havia esquentado e então eu retirei o agasalho que vestia.

— Eu quis dizer que seja mais fácil, menos burocrático do outro jeito, sabe .. você entende né? — ele assentiu sorrindo, ele estava se divertindo a minhas custas isso não é justo — mas te entendo, imagina a fila de mulheres a sua porta dizendo que está gravida de você? bem, talvez fosse engraçado.

— Constrangedor, não me leve a mal mas ter um filho de outra pessoa que não seja planejado não é algo que eu queira para mim. — Balancei a cabeça concordando, é claro que ele tinha que estragar tudo. Me levantei e fui direto ao caixa pagar a conta. Estava saindo quando ele segurou meu braço — espere, eu não quis ser rude, me perdoe.

— Você estava indo tão bem, eu estava equilibrando as coisas que já sabia e as coisas que você estava me dizendo, e acredite essa pessoa que você estava vendendo estava se sobressaindo sobre a outra que você disse não ser — balancei minha cabeça e soltei um longo suspiro cansado — você não passa de uma pessoa mesquinha ocupada com seu egocentrismo brincando de ser solidário.

— Você não me conhece, não pode tirar conclusões precipitadas dessa maneira por algo que eu disse só porque você não concorda.

— Você tem razão Oliver — forcei para que ele soltasse meu braço e dei um passo a frente me aproximando dele — eu não o conheço, e quer saber? não tenho interesse em conhecer. Você pode ser bonito, incrivelmente sexy, mas o seu repertorio para por aí, ser bonito só interessa nos primeiros minutos, há coisas mais importantes em uma pessoa, como caráter. Não faz sentido algum fazer uma doação de algo que vá gerar vidas se você não tiver respeito por elas.


Soltei o ar que nem percebi prender e dei as costas a ele, saí do prédio e parei um táxi que passava por ali, entrei e pedi que me levasse para casa. Me joguei na cama e permiti que as lagrimas caíssem, eu poderia culpa-lo por isso, mas algo no meu subconsciente gritava " eu bem que te avisei" eu não deveria confiar em mais ninguém, as pessoas são volúveis demais, e muitas vezes não são um terço do que dizem ser, e ele não era.
Mais uma vez meu maldito coração falou mais alto que a razão, mas nem que eu lute contra mim mesma todos os dias as coisas vão mudar.


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Notas finais do capítulo

Eu deveria postar mais tarde, mas vocês tem sido tão maravilhosos comigo que decidi adiantar um pouquinho. Obrigada por estarem comentando, obrigada pelos fantasminhas que estão acompanhando também, eu gostaria de poder interagir um pouco mais com vocês, saber se está confuso, se estão gostando e tal, fico aguardando o feedback de vocês nesse capitulo. Me perdoem os erros, boa parte desse capitulo foi digitado pelo celular, prometo conserta-los assim que possível. Boa noite a todos e muito obrigada do fundo do coração.