A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 66
Seja bem-vinda | A Herdeira


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, realmente estou aqui, cumprindo todas minhas promessas, depois de falhar tantas e tantas vezes! Eu estou me sentindo profundamente triste, como há muito tempo eu não me sentia mais. Infelizmente, tem coisas que a gente não consegue resolver com um pouco de comida de fim de ano, música e bebendo água. Esse é o penúltimo capítulo, o próximo vai ser separado em pequenas partes, do crescimento da filha deles, e então eu vou postar dois bônus, um deles do Cato e Clove, outro é surpresa, mas juro que estou tão feliz, porque foi um dos capítulos que eu mais me senti feliz escrevendo cada camada dele. Depois, o epílogo, que eu estou escrevendo ainda, mas boa parte já foi.

Bem, o flashback desse capítulo eu escrevi em 22 de junho de 2020, mudei apenas algumas coisas para ficar mais coeso, porque eu escrevi muitos caminhos para essa história. Ontem, inclusive, achei um de 2016 em que o Peeta dessa história não queria ter filhos e quis se separar da Katniss kkkkkkkkkkk Felizmente durou apenas um capítulo. Gosto muito mais dessa versão que nós temos hoje.

Enfim… boa leitura, uma virada de fim de ano segura, com muita paz ♥️



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Disjuntores de indústria e desconstrutores de almas

E charlatões de fala mansa atropelando uns aos outros

E as vozes que imploram: Você deveria estar fazendo mais

Para você, posso admitir que sou sensível demais para tudo isso

 

Uh, uh, uh, uh

 

Dizem que o fim está próximo

Todos estão tramando algo

Eu me peguei correndo para casa, para as suas palavras doces

Lá fora, eles estão se empurrando

Você está na cozinha, cantarolando

Tudo que você pediu de mim foi um doce nada

— Sweet Nothings, Taylor Swift

 

— Não acredito que já se passaram 9 meses — comento. Katnissri, mas já está ofegante mesmo sem fazer muita coisa. — Quer ajuda?

Ela assente, esticando as mãos para se levantar da cadeira. Por unanimidade ela foi colocada de férias e licença-maternidade por um bom tempo, mas isso não impede que fique no meu escritório, só para preencher parte de seus dias.

— Eu acredito. Tem sido meses horríveis — responde. Entrelaça seu braço no meu, enquanto vamos caminhando para o salão principal. — Ok, nem tão horríveis assim, mas… enfim. Ela está chutando de novo a minha costela!

— Astér, não chute a costela da sua mãe! — peço, mas sem pararmos de andar. Ela ri, me empurrando, ainda com o braço entrelaçado ao meu. — Pedi para prepararem uma comida leve, já que a médica disse que é possível que ela nasça essa semana. 

Assente. Estamos muito felizes. Mas estamos muito cansados. Ela está muito  cansada, eu só tenho dado meu suporte e energia, o que também não deixa de ser cansativo. Quando completou seis meses, teve uma recaída muito difícil no tratamento, e precisou ficar uma semana em observação internada na ala hospitalar. Não dava para manter seu estado em sigilo, porque ainda precisamos fazer aparições semanais no programa de televisão, apresentado por Caesar e atualizar os cidadãos. Foi muito difícil mesmo, porque houve um momento em que os batimentos da nossa filha entraram em um estado crítico, muito baixos. 

Com essa situação, resultou em especulações sobre a segurança do trono, irresponsabilidades, enfim. Felizmente, tudo isso está chegando ao fim. Há três semanas tivemos uma grande festa para celebrar o aniversário de Katniss, e ela não poderia ter estado mais linda. Setembro começou há poucos dias, e eu não poderíamos estar mais animados, porque já escolhemos o nome.  

{Flashback on} 

Katniss suspira, com um sorriso, caindo ao meu lado na cama, se afundando nos travesseiros mognos, depois de uma manhã namorando. Eu quem suspiro, então, sorrindo igual um grande idiota que eu sou. Já estou quase atrasado.

— Eu sinceramente não poderia imaginar que você pudesse me deixar tão cansado, Katniss —falei, tirando uma mecha de seus fios castanhos do seu rosto suado, como o meu. — Mas sempre podemos fazer mais vezes.

— Depois eu bato em você e você reclama.

Ri, balançando a cabeça, mesmo sabendo estar quase na hora de precisar ir para os meus compromissos. Eu já estava todo arrumado, mas Katniss me amassou completamente em mais um de seus desejos. E ainda está no quarto mês e meio de gestação, nem posso imaginar o que vai ser até o nono.

Bem, não importa, não é como se eu não gostasse de dar toda essa atenção. Tomo outro banho, e mais uma vez visto roupas sociais, dessa vez para valer. Ao retornar para seu quarto, ela está apenas com o vestido de cetim para dormir que eu tirei de seu corpo noite passada, espalhada na cama, com as pernas para cima na cabeceira, mexendo preguiçosamente nas unhas da mão. Hoje ela tem manicure marcada. Dou uma risada e ela sorri, virando o rosto na minha direção.

— Já vai?

— Alguém tem que governar o país, meu bem — respondo, beijando seus cabelos volumosos. Ela está no auge da beleza. Pensei que já tinha visto ela linda, até poder contemplá-la grávida. Os médicos estão muito otimistas.

— Você poderia deixar que tudo ficasse uma bagunça de vez em quando, meu bem.

Replicou, ficando de barriga para baixo — enquanto ainda pode fazer isso —, com o rosto sustentado nas mãos.

— Teremos mais tempo se eu trabalhar agora. Volto logo, eu espero. Tenho que conversar com alguns governadores. 

Suspirou, se sentando na cama.

— Me parece divertido. Pelo menos mais do que ficar sozinha aqui no quarto.

— Logo a Brianna estará chegando, amor. Você vai pintar as unhas, escovar o cabelo, poder fazer fofoca com as suas criadas. Sabe que precisa ficar de repouso — fiz carinho em sua bochecha, depois de apoiar um dos meus joelhos no colchão, para poder me inclinar mais em sua direção. — Gosto muito de você. Gosto muito de vocês. 

Sorri, pendendo a cabeça para o meu carinho. Seu rosto está mais corado. Ganhou muitas espinhas, mas nem isso consegue ferir o quão bonita ela está.

— Obrigada. Sabe como me deixar lisonjeada depois de todo esse tempo.

Deslizei o dedo por seu nariz, fazendo com ela risse, e eu também, para então beijar sua bochecha e me apressar para os compromissos. Quando estou na metade do corredor, caminhando para a sala de reuniões, escuto ela gritar e correr atrás de mim. Levo um susto, mas suspiro aliviado ao ver seu riso de novo.

— Esqueceu a coroa e o seu broche, lerdo — colocou na minha cabeça, ficando na ponta dos pés. — Agora é a hora que você corre. Vi que Garett chegou.

Fiz uma careta, assentindo, partindo para a sala. A melhor vantagem de termos “demorado” para ter um filho - ainda que estejamos tecnicamente tentando, e não esteja sendo fácil -, empenhamos primeiramente mais tempo para cuidar das coisas de Panem. É um país gigantesco, ainda que menor do que era dezenas de anos atrás, e requer muita dedicação para manter as coisas em ordem.

Nós passamos por maus bocados em alguns eventos, como termos sido vaiados e ameaçados. O povo está tomando cada vez mais o nosso lado, o que é ótimo, esse é o objetivo, porém também precisamos do apoio administrativo para que as coisas para cheguem até a população. Com o fim dos distritos, faltou um fio de cabelo para entrarmos em um verdadeiro colapso.

— Obrigado — agradeci, ao receber uma pasta com novos arquivos e informações sobre os avanços na construção de duas novas universidades em lugares que antes eram os distritos Oito e Sete na Flórida. — Quando será a inauguração da área oncológica infantil em Miami?

Pergunto ao governador do estado.

— Em uma semana, majestade — responde, otimista. — Pretendemos expandir a área de psiquiatria no próximo trimestre.

— Minha irmã esteve lá recentemente, e disse que seria mesmo adequado — concordei, avaliando os gráficos. Às vezes ainda me é muito confuso, mas consigo me localizar. — Conseguimos finalmente resolver a questão da água, mas os efeitos colaterais ainda são muitos.

— Sim, o mesmo é em Carolina, tanto do sul quanto do norte — outro governador entrou na conversa. — Mas temos revertido bem a situação. A mortalidade reduziu consideravelmente no último ano. Tivemos uma redução de 78% com as novas estações de tratamento.

E assim foi toda a minha tarde, com atualizações e revisão de dados, medidas. É muito cansativo, porque de segunda à sexta eu tenho tarefas parecidas com essa para lidar, além de um monte de documentos no meio da situação, que eu preciso assinar. No mês que decretamos o fim dos distritos, minha mão ficou tão manchada de caneta - por eu ser canhoto -, que eu precisei de um pequeno procedimento estético para tirar a mancha quase permanente que a caneta deixou.

— Um comprimido para dor? — Joseph ofereceu, com um sorriso amigável, me oferecendo um remédio numa bandeja, ao lado de um copo de água. Agradeci sinceramente, descansando na cadeira grande do meu escritório. Logo o dispensei, para que ele pudesse descansar. Passou o dia todo em pé no canto da sala, por causa dos protocolos.

Pedi pelo interfone alguns cookies, enquanto assinava mais documentos, que eu li com bastante cuidado, uma vez que são relacionados à verba dos cofres públicos. Já ocorreu o caso de eu quase assinar um golpe por não ler cuidadosamente o que dizia no documento.

Quando me dou conta, já é tarde, quase a hora que a Katniss gosta de tomar seu chá na minha companhia, desde que descobrimos a gestação. Troco ainda no escritório os sapatos sociais pela sandália bege, e suspiro aliviado pelo conforto que isso me traz. Deixo na mesa do escritório a coroa, sabendo que meus compromissos por hoje se encerraram, e parto para me encontrar com ela no jardim. Nem percebo que já estou sorrindo, descendo as escadas com as mãos no meu bolso, pensando nela. É como se ainda fosse nossos primeiros encontros.

Diferentemente de como a deixei, agora está com os cabelos alinhados em camadas bonitas, totalmente lisos, atingindo um pouco abaixo da sua cintura. Suas unhas estão com uma cor cinza, com as pontas rosa claro. No rosto, reconheço a presença de um gloss brilhoso, que deixam sua boca como se tivesse mel e açúcar, enquanto nos seus olhos tinha um delineado simples, que destacavam seus lindos olhos redondos.

— Você fica linda de rosa — elogio, me sentando de frente paraela na única mesa disposta no jardim. Fica perto do labirinto de flores, onde somospresenteados com uma brisa gostosa. Estamos em abril, bem no começo da primavera, o que deixa nossas roupas perfumadas com o aroma natural.

— Eu sou linda como todas as cores que montam o arco-íris — disse, fingindo superioridade, jogando os fios para trás dos ombros, me fazendo rir, beijando suas mãos. — Pensei que ia demorar mais para vir hoje.

— Consegui resolver mais cedo — respondi. — Como foi sua manhã e tarde?

Sorriu, esticando para mim meus óculos de grau, que agradeci, colocando. Tento não usar com outras pessoas perto de mim, mas isso faz com que minha vista doa mais. Hoje nós dois temos uma comunicação silenciosa, e ela me ajuda de diversas maneiras, entendendo coisas que nem eu mesmo consigo.

— Foi muito divertida. Consegui falar com minha tia Anastacia depois de todo esse tempo. Ela disse que tentará nos visitar no aniversário de Prim, mês que vem — assenti, prestando atenção nela, que adoçava com mel seu chá de camomila inseparável. — Ela pela primeira vez não pareceu estar com mágoa de mim ou algo assim. Não acho que possamos voltar ao relacionamento de antes, como quando Madeline estava entre nós, mas talvez possamos ter o mínimo, pelo menos para não apagar totalmente a linha do trono. Quero que nosso filho conheça a família toda.

Ela se refere à mãe apenas pelo segundo nome, Madeline. O único momento que diz “mãe” é quando estamos em alguma entrevista, ou algo assim. Ela nunca se pronunciou publicamente sobre os escândalos com provas sobre os horrores que sofria de sua genitora.

— Apoio você na decisão que tomar, seja esta qual for — digo. Katniss sabe que eu nunca a abandonaria, mas faço questão de lembrar.

Nunca disse, porém no dia do nosso casamento, em um momento no meio das danças, sua tia Anastacia me chamou em um canto, sozinha, e perguntou se havia sido ela quem matou a rainha Clara. Neguei veemente, mesmo sabendo da verdade. Katniss e eu concordamos em nunca dizer sobre o que aconteceu naquela sala de estátuas, por respeito à Prim. Seu pai deve saber, mas nunca comentou sobre o assunto.

— Obrigada. Meu tio Frank e eu conversamos por vídeo, e foi muito bom. Só o tenho visto ele e meus primos no natal, mas gostaria de ter tia Anastacia também — sorri, feliz por vê-la sorrir. Sei o quanto é difícil estar longe deles. — Contei que apenas no sexto mês vamos ao público contar sobre a gravidez, e ele disse que tudo bem desde que ele possa estar aqui comigo e com Sabrina, esposa dele.

— Será uma festa então, quando tivermos que vir à público contar sobre o bebê — ela sorriu, assentindo. Contamos para todos nossos familiares quando completou 12 semanas. — Meu bem, quando é a sua próxima consulta?

— Amanhã mesmo. A médica garantiu que vamos saber se é menino ou menina, mas eu não tenho tanta certeza se eu quero saber… — falou, num suspiro cansado, descansando as costas na cadeira. — Você faz questão?

— Com nenhum dos meus irmãos eu sabia o que viria, nem meus pais — respondi, dando de ombros. — Eu acho que pode ficar para você decidir. No fundo, eu gostaria de saber.

Revirou os olhos, com um sorriso.

— Ok, então eu também vou aceitar saber, mas só porque pediu — ri, balançando a cabeça. — Você acha que é o quê?

— Me lembro bem da gravidez do Stuart, Amanda e do Benjamin. Acertei em todas. Eu chuto que é menina — respondi, com um sorriso, vendo ela sorrir, mordiscando um morango. — E você?

— Também acho, mas eu não estava totalmente certa. Amélia me disse que ela errou quando estava grávida dos gêmeos, porque pensou que esperava dois meninos.

— Fico pensando se vai ser parecido com você. Não que seja algo ruim, mas é um pouco estressante pensar que eu estou gerando no meu corpo, ganhando estrias, dores nas costas, e a criança não tenha nem o mesmo formato de rosto que eu tenho — ri, da sua cara pensativa, enquanto passava manteiga em um pão de queijo.

— Relaxa, bebê, se for parecido comigo, ao menos vai ser bonito — pisquei, e ela revirou os olhos, mas com um sorriso. — Espero que se pareça com você.

Me estiquei um pouco para fazer carinho em sua bochecha. 

— Porque você é linda.

Cora, dando um tapa na mão. Me diverti dacena, pegando mais um pedaço do brioche.

Depois do lanche, eu tenho uma mais um reunião, e então o resto do dia para nós.

(...)

Acordo me sentindo indisposto, sem razão alguma, e com um pouco de febre. Katniss logo nota, chamando um enfermeiro, que me medicou, enquanto ela se responsabiliza pelos trabalhos que eu tinha durante o dia diretamente do meu quarto.

— Você está se sentindo melhor? — pergunta, com o cenho franzido de preocupação, fazendo carinho no meu rosto. Assenti, dando um sorriso torto.

Uhum — respondi, ainda afundado nos travesseiros. Ela riu, se sentando ao meu lado, e fez carinho em meus cabelos. Grande parte da nossa comunicação é através de gestos como esse.

— Só está cansado e preguiçoso. Estou me sentindo uma médica por causa desse diagnóstico — rio, me virando na cama, beijando seu pulso, enquanto ainda afagava meu cabelo. Hoje continua com os cabelos bem lisos, por causa do alisamento que fizera ontem. — Seus olhos estão muito bonitos. Estão em um tom de azul que parecem diamantes.

— Obrigado. É só porque estou olhando para você, docinho — pisquei de um olho só, com um sorrisinho, e logo fui acertado no rosto por uma almofada, me fazendo dar uma boa risada, vendo ela ficar toda sem jeito e corada.

— Você é ridículo, sinceramente, Peeta. Vem, vamos, levanta logo, daqui a pouco é a ultrassom, e você não almoçou. Me recuso aceitar um pai anêmico! — assenti, acatando suas ainda que sem vontade, partindo para o banho, não me surpreendendo quando ela veio logo atrás, para fazermos mais do que simplesmente tomar banho no meio dos sorrisos.

Cindy nos recebeu com um sorriso enorme, empolgada. Katniss estava falando o tempo inteiro, enquanto eu só ficava encarando aquela tela, tentando entender alguma coisa. Já passei por isso muitas vezes, mas ainda não sei absolutamente nada. Dean bem que tentou explicar, no meio de uma das ultrassonografias de Amélia, quando ela estava grávida, já que eu estive presente em pelo menos metade das sessões, mas sigo ignorante no tema.

Lágrimas vem nos meus olhos, quando podemos escutar as batidas fortes do bebê. Cindy parece eufórica, dando uma olhada em outros exames. Tem sido muito bom todas vezes ver a animação dela.

— Não estou conseguindo ver se é menino ou menina, por enquanto… mas posso garantir para vocês que tudo está super certo — disse, nos tranquilizando. — A senhora só está um pouco abaixo do peso adequado. Tente seguir à risca o cardápio da nutricionista, ok?

Katniss assentiu, enquanto eu a ajudava a limpar o gel de sua barriga. Fomos de braços dados de volta para o quarto, porque mal percebi que estou de jeans e camiseta, o que não é bom, por termos jornalistas pelo palácio hoje.

Passamos a tarde trabalhando juntos, na escrivaninha do seu quarto, bem confortáveis, em boas risadas e olhares cúmplices no meio de todos os papéis. Nosso relacionamento tem melhorado muito, de forma que nem eu esperava.

— O que quer jantar hoje? — pergunta, quando estou assinando o último documento do dia. Suspirei, relaxando por fim na cadeira giratória.

— Você quer comer alguma coisa em especial? — negou. — Eu também não faço questão, pode ficar à vontade. Acho que só vou comer alguns biscoitos.

— Tudo bem, vou avisar para o pessoal da cozinha — beijou minha bochecha, indo até o interfone. Enquanto nosso pedido não chegava, deixei ela fazer carinho no meucabelo, conosco deitados na grande cama.

Fico fazendo carinho em sua barriga saliente, que fica destacada no seu pijama de cetim rosa. É a cor do seu humor ultimamente, ela tem isso agora, usar roupas na cor do seu humor. Beijo sua barriga, conversando com o bebê, contando sobre o dia. Ela ri, balançando a cabeça, agora fazendo carinho em meus ombros. Fechei os olhos e quase dormi, teria, se não tivessem nos interrompido com um bater na porta, anunciando nosso jantar.

Comemos na cama, assistindo um filme de ação, com cuidado para não sujar a roupa de cama e dar trabalho para o pessoal que limpar. Depois de escovarmos os dentes, ela se sentia sonolenta e foi se deitar. Eu parti para a varanda, sem sono, me sentindo um pouco triste. Não é o tipo de tristeza que eu saiba, exatamente, do que se trata. Às vezes eu simplesmente me sinto estranho assim. É normal termos dias não tão bons, meu terapeuta diz.

Deito na rede, num suspiro, balançando devagar, tirando as pétalas de uma rosa branca. Eu realmente sou bem natural, gosto muito da natureza, e queria viver uma vida vegana, se não fosse tão tentador o cozido de carneiro do palácio e a torta de frango que Stacey faz. Mas diferentemente de como eu me sentia tempos atrás, eu realmente me sinto feliz no dia a dia por aqui. Katniss é a minha casa, meu lar. É totalmente suficiente, eu gosto muito disso. Não sobrecarregamos um ao outro, e isso é muito bom.

Olho meu relógio e nem me assusto, já são três e meia da madrugada. Começo a contar as estrelas, enquanto deslizo entre meus dedos um cabo de flor. Do nada às vezes penso na minha mãe, e na falta que ela faz. Com o passar dos anos fica menos difícil, e eu descobri que não gosto muito de falar sobre ela, porque eu sei pouco ao seu respeito. Para apaziguar a saudade, fico apenas sentindo o cheiro das flores que plantei, para me acalmar, e esperar a saudade amenizar um pouco mais para eu voltar a realidade.

— Sem conseguir dormir de novo, meu bem? – Tomo um susto com Katniss enrolada em um kimono, fazendo ela rir, se sentando em uma poltrona suspensa no teto, ao meu lado.

— É… olhando pro nada, pensando em tudo… sabe como é — ela sorri, e eu também, continuando a balançar. — Pensando um pouco na minha mãe.

— Quer falar sobre isso? — neguei, sentindo ela afagar meus cabelos. — Estou aqui, tá?

Sorri, fechando os olhos por um instante. Eu sei que está. Isso é o suficiente para eu me acalmar. Ficamos uns longos minutos em silêncio, bem confortável, até ela cortar com uma pergunta.

— Sabe qual é a flor de setembro? — assenti, olhando para ela, e estiquei o braço para tocar em seu rosto, percebendo que ela está corada.

— É a flor áster — digo, e ela concorda.

— Sabia que tem algumas cores? Ela não tem uma cor só.

— Katniss, eu sou jardineiro — ela ri, me acertando um tapa tosco na minha testa, me fazendo rir. De repente, a tristeza que eu estava sentindo sumiu, tão repentinamente como veio.

— Tem três tonalidades… e eu andei pesquisando. Achei que deveria saber. Sabe que eu gosto de ouvir você falar sobre as flores, mas sobre essa em particular você nunca me contou nada, sabia? — Neguei, pensativo. Ela então veio para a rede, se deitando do meu lado, é bem espaçosa, então coubemos sem problemas. Sabendo que quando eu fico assim estou um pouco mais frágil, ela entrelaçou os nossos dedos, olhando para o céu, junto comigo. Está bem estrelado. — Segundo a história grega… — começou a contar, e me aconcheguei em seu ombro, fazendo carinho em sua barriga, e uma de suas mãos acompanhava esse carinho. Fecho os olhos, mas prestando total atenção no que dizia.

— Vai, termina de contar — riu baixo, concordando.

— Segundo a sabedoria grega, os ásteres foram criados pela deusa Astraea, que chorou ao ver que o céu quase não tinha estrelas, sabia? — Neguei. — As lágrimas dela fizeram surgir novas. As versões roxas dessa flor tem haver com sabedoria e nobreza. O que acha?

Abro meus olhos, abrindo um sorriso.

— Nossa, achei legal. De verdade. Você nunca falou nada do tipo para mim. Mas o que te levou a pesquisar sobre flor? Eu quem gosto de fazer isso.

Ela se sentou na rede, dando um sorriso torto.

— Tenho um presente para você. Espera aí — franzi o cenho, realmente sem entender. Ela foi no quarto dela, e voltou poucos instante depois, com algo atrás das costas. — Fecha os olhos.

Fechei, mas muito desconfiado, até sentir alguma coisa leve no meu colo, então ela se sentou na rede de novo.

— Pode abrir — disse, num sussurro.

Quando olhei, mal pude acreditar. Um buquê com flores áster, dos três tipos.

— É uma menina. Pedi para a Cindy me dizer hoje, e fingir que não tinha conseguido ver mais cedo na ultrassom — diz, sorrindo. Eu estou chocado demais para reagir. — Áster é um bom nome para a nossa filha. Ela nasce em setembro, provavelmente no começo do outono. Aqui em Angeles temos bastante dessas flores.

Meus olhos marejaram totalmente, e logo eu estava sorrindo, rindo, na verdade, chorando, abraçando ela.

— Você está falando sério, Katniss? — assentiu, chorando também, rindo. — Você deixou de ser a coisa mais linda do mundo só porque a gente vai ter a Áster, meu bem. Espero que você não se importe.

Riu, me abraçando, balançando a cabeça, escondendo o rosto no meu pescoço. Nossa filha, nossa herdeira, nossa Áster.

{Flashback off}

Voltamos para o seu quarto, em um ritmo leve, e ela se senta na beira da cama. Mexe nos cabelos, então suspira. Desde ontem ela tem sentido contrações, que tem aumentado, mas a médica aconselhou que continuasse fazendo as atividades que está habituada. Sua barriga está muito bonita, mas um pouco baixa, justamente por estar perto da bebê nascer. Bem, não entendo essas coisas, foi o que a médica disse. 

— Eu acho que estou em trabalho de parto — eu dou uma risada, regando uma samambaia que coloquei na sua varanda. 

— Você é muito boa, meu bem — comento, indo regar outra planta. Todas estão cuidadas, mas não tanto quanto as que eu mantenho no meu quarto mesmo, por causa frequência que venho. Geralmente as coisas acontecem no meu quarto, por termos um pouco mais de privacidade.

Meus pensamentos são interrompidos pelo gemido sofrido dela. Largo o regador na mesma hora, correndo até ela, que se jogou para trás na cama e está chorando. Falo um palavrão, gritando pelos guardas chamarem os médicos. Ela me acerta um tapa quando me aproximo, e nem me ofendo. 

— Eu falei que estou em trabalho de parto, seu idiota! Ó, Deus, parece que fiz xixi nas calças. Na minha roupa de cama que ganhei da Dakota! Urghhh!!!Imbecil! Você tinha que ter vindo quando eu avisei! — Ela continua me xingando, e um guarda que está comigo desde a Seleção, vê a cena e abaixa a cabeça para rir baixinho. Acerto um travesseiro em Peter, que assente, mas com um sorriso discreto ainda pairando no rosto. 

Katniss começa a chorar de verdade, indo para a ala hospitalar em uma cadeira de rodas. Ninguém corre com ela, porque segundo Cindy, não há necessidade para isso. Em poucos minutos ela é levada para o banheiro e troca de roupa, vestindo um roupão.

— Majestades, tudo está favorável para um parto normal. A dilatação ainda está pequena, com 3 centímetros, mas temos tempo — Katniss assente, mais relaxada, sem sentircontrações nesse instante. — Gostaria da aplicação da epidural? 

Minha esposa assente, e seguro sua mão durante todo o procedimento. O alívio em seu rosto é absoluto, dando até uma risada. Pouco tempo depois sente outra contração, segurando-se em mim durante o período que sente a dor. Abraço Katniss de volta com todo o cuidado, fechando os olhos.

— Estou aqui com você. Você vai se sair muito bem.

Ela balança cabeça, cansada. Infelizmente, passado algumas horas, ela não tinha dilatado mais do que dois centímetros. Os batimentos da bebê começaram a cair, enquanto a pressão de Katniss subiu — e acredito que a minha também, porque até fiquei tonto quando disseram isso, e comecei a ficar realmente nervoso. De repente haviam mais duas médicas na sala, e averiguaram que o cordão umbilical estava na passagem, e dificultaria o parto normal. Seria necessário fazer uma cirurgia, algo que chamaram de cesária de emergência, e Katniss precisaria tomar outra anestesia na coluna.

Sem que desse tempo da gente pensar, procedimentos começaram a ser feitos. Eu fiquei muito assustado, mas sem sombra de dúvidas Katniss estava muito mais. Não queria sair do seu lado, mas eu teria que colocar outras roupas para poder acompanhar, e já conseguia ouvir a movimentação dos jornalistas do lado de fora. Fiz o que me pediram o mais rápido possível e corri — literalmente — para o lado dela. Fiz uma trança em seus cabelos, deixando uma mecha de cada lado, e fazer isso acalmou nós dois, enquanto ela recebia outro tipo de anestesia.

— Obrigada — sussurra. Nego, sorrindo, tirando o suor do seu rosto com um lenço umedecido e depois passo um seco em seu rosto tão bonito. — Seremos pais daqui a pouco. Você consegue acreditar? 

Nego, e ela sorri. Ver seu sorriso ilumina tudo o que acontece além do pano. Com a correria, eu não avisei ninguém que ela estava em trabalho de parto, e todos agora já com certeza sabem, por causa das fofocas e porque tem uma dúzia de jornalistas do lado de fora. Agora, a pessoa que mais importa para todos é nossa filha, que representa mais do que a expansão da nossa família, é a estabilidade de todo um país.

Os minutos se arrastam e parecem horas, horas infinitas. Estou muito ansioso e nervoso, olhando cada detalhe. Não me lembro de ter ficado tão ansioso assim na minha vida antes, nem quando assisti o parto de Amélia, quando teve os gêmeos. Dean disse que eu não deveria ficar muito nervoso, porque elas precisam que estejamos bem — jogo sempre na cara dele, um médico, que desmaiou quando Sky nasceu, e nem viu Angelo, porque teve que ser socorrido; Amélia riu tanto que precisaram medicar ela um pouco mais para conseguirem finalizar o parto. 

Então, escutamos o som inconfundível de choro. Falo o segundo palavrão do dia, e Katniss ri, emocionada. Mal dá para ver com quem ela parece, ainda que limpem o rosto dela quando deitam no colo da minha esposa, que acabou de se tornar mãe. Eu acabei de me tornar pai. Meu Deus.

 

— Seja bem-vinda, Aster, você é a pessoa mais linda que eu já vi — declaro, constatando os fatos. A menina tem olhos tão azuis, que não daria para não perceber.

— Você é a menina mais amada que já nasceu — Katniss diz, tão emocionada que treme, rindo muito. Também tenho uma crise de risos. 

(…)

Estou deitado no sofá, com um braço sobre meus olhos e o outro está levemente flexionado, segurando o carrinho-berço que Aster está dormindo. Katniss caiu de sono enquanto ainda amamentava a pequena. Mandei uma única mensagem para nossos familiares dizendo:

Ásternasceu! Ela é linda, tem olhos azuis e um monte de cabelo castanho” 

 

Já recebi várias outras mensagens, que ainda não li, porque estou cansado.Katniss está cansada. Nossa filha também, porque não reclama. Sei que está respirando, porque a cada 10 minutos eu coloco o dedo embaixo de seu nariz minúsculo para saber se está saindo ar.

Todos os devidos procedimentos foram tomados, e até furaram a orelha delas. Ri dessa parte, então fiquei completamente enfurecido quando ela começou a chorar. Descobri que ser pai é ir de 8 para 80 rápido demais. Isso tem me causado um certo estresse.

Dois toques são dados, eu abro os olhos. Amélia está com Stacey e Prim, segurando alguns balões. Sorrio, e me levanto para abrir para minhas irmãs e minha cunhada.

— São as primeiras a visitarem. Se sintam privilegiadas — digo, em um tom baixo. Amélia me abraça e chora, sem nem ver a menina no berço ainda. Rio, tirando ela do chão e balançando, evitando fazer barulho. 

— O que foi? — Katniss pergunta, em um bocejo. — Vocês vieram! 

Áster continua dormindo serenamente, e levo o carrinho para mais perto de Katniss. Abraço então Stacey e depois Prim. Elas não estão usando perfume, e trouxeram além dos balões, cartas de boas-vindas para a bebê. Agradeci sinceramente pelo presente. 

Por ser magra e pequena, Prim consegue se deitar ao lado de Katniss, e as duas ficam juntas, o que me dá privacidade para ficar na outra ponta do quarto falar com minhas irmãs. Fico feliz demais que tenham sido elas a virem primeiro.

— Nosso pai está esperando no seu quarto. Ben não para quieto de ansiedade, você sabe que ele está com ciúmes. Stuart ainda não pode vir, porque está apresentando trabalho até amanhã em Miami, mas tem o voo agendado. Seu sogro está à caminho — Amélia me informa, e eu assinto. — Infelizmente Amanda está com Lavínia muito gripada, talvez venha daqui algumas semanas.

— Mas nós estamos aqui — Stacey diz, pegando minhas mãos. — Você já está com cara de pai. Acho que Áster vai parecer com Katniss, mas que bom que ela tem seus olhos azuis, estava ficando chato já que só você, papai e Ben tem olhos tão bonitos e específicos na nossa família.

— Sabe que eu também estava me perguntando sobre isso? Eu não sei. Espero que se pareça com Katniss mesmo. Você está dizendo que eu estou com cara de velho? Você tem cara de ser mais velha do que eu!

Acabamos entrando nós três em uma pequena discussão, em sussurros, que rendeu alguns empurrões e risadas. Eu sou o mais velho, mas por apenas poucos minutos de Amélia, mas me sinto o caçula. Minhas irmãs me dão conselhos, ajudam Katniss quando tem que amamentar de novo a bebê, e não consegue fazer uma boa pega como fez da primeira vez. Prim tira fotos de nós nessa bolha de intimidade em família, e eu a agradeço muito por isso.

Amélia fica abraçada em mim praticamente o tempo inteiro. Me deixo ser abraçado, porque sinto falta dela. Sinto falta de muitas coisas, mas da minha irmã com certeza. Geralmente eu vejo ela mais quando vem buscar Sky e Angelo, por causa da correria. Poder estar com minha irmã gêmea é a sensação de maior sorte que eu tenho na vida.

— Ela tem seu nariz, Stacey. Você tem o nariz da mãe de vocês — Prim nota, segurando a sobrinha no colo. — Ela se parece tanto com Amanda também. Ah, não, vocês precisam ter outro filho, quero um que pareça comigo, Katniss! Como isso é possível? 

Uma hora depois que elas chegaram, tia Effie chega, com uma pilha de coisas, e fica em silêncio. Fica sentada ao meu lado, me ouvindo contar sobre como foi tudo, e sorri no final. A paz que sinto de tê-la comigo é muito grande. Todo o tempo ela me deu ajuda com muitas coisas, e eu sou ainda mais agradecido.

— Sabe que considero a senhora como uma mãe, não sabe? — Já aconteceu de eu chamá-la de mãe em algumas ocasiões. Meus irmãos não se incomodam, cada um tem sua forma de lidar com as perdas. Tia Effie sorri mais uma vez, e beija meu ombro, se inclinando para olhar Áster em meu colo.

— Acho que ela deveria ter um segundo nome, embora esse seja muito bonito — comenta. Katniss franze o cenho, pensativa. — Só foi um comentário. E Peeta, você disse que seria um adolescente até o dia que tivesse um bebê. Hoje você teve, então se prepare para a vida adulta!

— Bem, eu concordo — minha esposa diz, aceitando uma das batatas fritas de Amélia. — Peeta, você deveria escolher um nome, já que eu escolhi o Áster. E você é um… adulto!

Stacey parece surpresa, e Prim também.

— Você não escolheu o nome? — rio, ninando Áster, com uma das pernas cruzadas.

— Katniss escolheu. Foi como ela me disse que era menina. Bem, eu não estou conseguindo pensar em muita coisa, me pegou desprevenido.

— Gracie era o nome da nossa avó — Amélia comenta. — E o nome de solteira da mamãe.

— Eu nem me lembrava disso — Stacey acrescenta. — Mas Gracie é nome de velho.

— Ei, nem eu lembrava disso também, pensava que nós éramos apenas Mellark. Ah, sim, o nome de solteira… bem… Eu gosto de Aster Grace. Soa forte. Combina com ela, e vai nos dar muitas opções de apelidos! 

Katniss ri, concordando, e diz que aprova o nome. A bebê sorri, mexendo os dedinhos das mãos, e todos nós fazemos “aaaahhhhhh….!”, bobos pelo gesto dela. 

— Acho que é sinal que ela gostou — tia Effie diz, sorrindo. — Sua mãe teria orgulho, Peeta.

(…)

Quando Aster Grace completa um mês, é realizado um programa exclusivo para contar os detalhes sobre a recuperação e como anda o desenvolvimento dela. Katniss a apresenta em seu colo, para todo o país, orgulhosa. Me sinto super protetor, mas ao mesmo tempo muito orgulhoso, e Katniss divide essa emoção comigo. Nossa filha é linda, e tem crescido de forma elegante e cheia de graça. Mesmo tão pequena, ela é forte — segurou o cabelo de Katniss ao ponto que arrancou fios, quando ficou estressada para trocarmos sua fralda — e inteligente — ela sorri toda vez que falam seu nome com uma voz fina que usamos apenas para bebês. 

Cato, Finnick e Calvin vieram, e foi como nos velhos tempos, mas com os filhos deles. Tecnicamente, Cato não é pai de Callum, é apenas de Clove, mas desde que eles se casaram, depois de um tempo, Cal passou a chamá-lo de pai, então meio que foi acontecendo. 

Finnick já tem três crianças, e todos se parecem com Annie, enquanto o filho de Calvin é idêntico igual a ele. Calvin é o único de nós que é divorciado. Quando ele estava longe, Cato soltou o comentário mais “antigo-Cato” que poderia.

— É, vai ver que é por isso que ele é o único calvo também.

Eu engasguei, rindo, mas ri ainda mais quando o refrigerante que Finnick estava bebendo saiu pelo seu nariz. Fico imaginando o que Gale faria se estivesse aqui. Quando nós recuperamos, eu preciso ficar um pouco de bruços na mesa, sem olhar para a cara deles, já que o meu rosto ficou dolorido de tanto rir quando Calvin pergunta do que estávamos rindo, e aí rimos mais.

Após o programa, Katniss fica mais aliviada. Se senta na poltrona do meu quarto, depois que Brianna auxilia em sua troca de roupas e eu faço o mesmo em um cômodo separado. Áster gesticula as mãos minúsculas nocolo de Katniss, e eu rio, pegando ela para mim um instante.

Dois toques no interromperam um instante, enquanto me sento no chão com a bebê.

— Majestades, chegou uma correspondência via e-mail. Do senhor Gale Hawthorne.

— O quê? Gale mandou uma mensagem? Eu quero ler, obrigada! — Katniss pega o e-mail impresso, e vai ler na penteadeira. Parece que tem muitas páginas.

— Pensei que você tivesse ainda algum contato com ele, não achei que fosse receber ainda uma carta assim — comento, depois de trocar Aster e ainda encontrá-la lendo. Katniss está com os olhos marejados, mas não diz nada.

Resolvo deixar nossa bebê no berço, então me deito na cama, esperando me contar alguma coisa. Fico realmente curioso.

— Nos falamos raramente. Ele desenvolveu um relacionamento com uma pessoa na Austrália, e há uns anos toda a família dele foi para lá. Gale se casou com alguém chamada Ellen, há um mês — resume, se deitando ao meu lado. — Desejou tudo de bom para a gente e a Aster. Eles moram em uma espécie de santuário de ovelhas, e tem um cachorro. Fico feliz por ele… contou o motivo de nunca termos realmente mantido uma amizade, disse que quando esteve longe percebeu o quanto gostava de mim, e como seria diferente e difícil para ele conseguir lidar.

Assinto. Eu não consigo nem pensar como teria sido nossa vida se as coisas tivessem sido diferentes. Não sinto insegurança sobre algo do tipo, e nem acho que deveria. Beijo seu cabelo.

— Que bom para ele, que as coisas deram certo no final. Que bom que as coisas deram certo para a gente também. 

Ela sorri, assentindo. Fecha os olhos, e em poucos instantes cai em um sono profundo. Quando estou quase caindo no sono, Aster começa a chorar. Poderíamos ter babás, mas Katniss teve uma crise de ansiedade, pensando na possibilidade da menina se sentir rejeitada. Por mim não é tão ruim assim, Áster tem sido tranquila de levar.

Quando a pego no colo, já sei que apenas precisa ser ninada de novo. Dou meu indicador para ela segurar, e ela se acalma aos poucos. Me sento na poltrona reclinável, balançando ela de leve.

— Está tudo bem… já estou aqui, meu amor. 

Acabo dormindo com ela no colo. Na maioria das vezes é tão difícil, mas sempre conseguimos contornar. Sei que tudo isso é fase, tudo passa ainda mais rápido quando estamos com crianças por perto, mas nós vamos ficar bem.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Feliz 2024, que seja um ano muito bom para todos nós… em breve estarei disponibilizando os gifs, então se você abrir e não tiver nenhum disponível, cheque depois porque tem muito gif legal, e pelo celular não estou conseguindo postar!
Obrigada pelo carinho, comentem o que acharam, o que esperam, gosto muito de receber feedback de vocês ♥️



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