SeuSegredo. Com escrita por Panda Chan


Capítulo 14
Convite Perigoso


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo quero deixar bem claro que mereço um prêmio por essa capa, obrigada.
Olá bolinhos, como vocês estão nesse glorioso aniversário da cidade de São Paulo? Se não fosse por ele, eu teria atrasado mais uma semana q
Nha Nha, imagino que a capa do capítulo vá criar expectativa, é a minha intenção. Espero que vocês surtem bastante nesse capítulo ♥
Boa leitura.



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Domingo sempre foi meu dia favorito, sinto que é um dia feito em nome da preguiça para que você possa descansar e esquecer os problemas. Sabe qual a melhor parte? No domingo, a ressaca de sábado não te atinge mais.

Domingo é um dia mágico, mesmo quando você passa as primeiras horas dele em frente ao computador falando mal sobre a vida dos seus colegas de classe e os pais deles.

Meu celular toca pela segunda vez e eu o arremesso para algum lugar, sem me dar ao trabalho de olhar onde. Ouço quando o aparelho bate contra o chão e o barulho significa que ele não se espatifou como eu esperava. Volto a me esconder no edredom quentinho, ciente do aparelho vibrando em alguma parte do cômodo.

Estou quase voltando a dormir quando insistentes batidas contra a porta da sacada do meu quarto me acordam.

— Ninguém pode aproveitar a preguiça de domingo em paz?

Se bem que comigo essa preguiça dura a semana inteira e um pouco mais.

Levanto, ou devo dizer me arrasto, até a porta e a abro encontrando meu melhor amigo com folhas no cabelo.

— Por que você não usa a porta da frente? – pergunto bocejando.

— Eu vi o carro da sua mãe estacionado e sei que ela não iria me deixar entrar por meios… Convencionais – ele olha para o pijama e depois para minha cara de sono – Estava dormindo?

— Não, caçando coelhos – me joguei na cama – É claro que eu estava dormindo, ainda é madrugada!

— Anna, já passou da uma da tarde!

— Repito, ainda é de madrugada – estreito os olhos para ele – O que você quer?

Lucca sorri como o Gato de Cheshire e mostra o celular.

— Vim trazer a notícia mais quente do momento.

Meu cérebro semiadormecido acorda imediatamente.

— Mostre.

Lucca se senta na cama apoiado no meu travesseiro, engatinho até ficar ao seu lado e sento como ele.

— Recebi isso a uns quinze minutos da Larissa.

Meu estomago se embrulha só de ouvir o nome da garota, mas se ela enviou alguma notícia realmente “quente” a ânsia de vomito é bem-vinda.

A imagem que ele me mostra é do muro de uma fábrica no centro da cidade, aparentemente Bill resolveu se aventurar fora dos muros da escola. Bill grafitou nele a imagem de uma pessoa com “cabeça” de rosa e o corpo coberto por um sobretudo preto com a seguinte frase ao lado:

“É fácil brincar de gato e rato e atacar quem nunca viu, mas e se mudarmos isso? Me encontre no Saintine hoje a noite.”

— O Bill quer se encontrar comigo? – as palavras saem sem que eu perceba. Meu cérebro não consegue lidar bem com a nova informação e fico relendo a mensagem por várias vezes em busca de algo subliminar.

— É uma armadilha – Lucca conclui por mim – Ele quer te atacar.

— Se ele quer me atacar, eu vou atacar antes.

— Ficou maluca? – ele pergunta com os olhos arregalados, se de surpresa ou medo não sei dizer.

— Estou quase – admito – Cyber está atacando o site e Bill me ataca através de mensagens públicas, eu preciso derrotar um desses dois ou vou enlouquecer de verdade.

Lucca me encara por alguns segundos pressionando seus lábios até de tornarem uma linha fina e depois suspira.

Os braços dele me rodeiam e sinto quando ele respira profundamente.

— Já disse que te amo hoje? – pergunta, a voz abafada pelos meus fios castanhos.

Finjo pensar no assunto por alguns segundos antes de responder:

— Não – ele ri baixo e completo – E isso me lembra que eu também não disse – afasto dele e encaro seus olhos – Eu amo você.

— Para sempre?

— Sempre ainda é pouco tempo – brinco.

Um sorriso gigante se espalha nos lábios dele e meu coração acelera.

— Agora, vamos pensar em como vou me disfarçar para encontrar meu inimigo mortal.

— Vamos acabar com o garoto das rosas e encontrar um disfarce estiloso para você.

É claro que a notícia sobre o convite do Bill se espalhou mais que fogo em um galão de gasolina e na segunda-feira todos os alunos do Santine estavam polvorosos e ansiosos para mais novidades sobre isso. Eu tentei controlar, juro que tentei, mas nem as postagens rotineiras do blog tiveram efeito para sossegar o tumulto.

O diretor Gregory fez uma reunião de emergência com todos os alunos e foi bem claro ao dizer que a polícia da cidade ofereceu apoio e iria vigiar a escola durante a noite – afinal, o encontro seria em propriedade privada o que caracteriza invasão de propriedade.

Eu sei muito bem porque o delegado ofereceu seu apoio, tenho certeza que ele ainda não superou que eu tenha expulsado seu filho do armário ao revelar que ele tinha um caso com o dono da academia.

Saber sobre o envolvimento da polícia deixou os alunos ainda mais agitados.

“Como eles vão invadir agora?” “Será que vão conseguir se encontrar?” “Ah, eu shippo os dois. Ninguém deve separar o amor deles!”, entre outros comentários preencheram cada segundo entre as aulas que faltavam até o final do dia.

As únicas pessoas que não ficaram mexidas pelo encontro foram Ícaro e Clarissa e suspeito que só porque estão mais preocupados com a peça de teatro da escola. Clarissa vai ser a princesa Aurora e Ícaro batalha para ser o príncipe.

O diretor não estava brincando, o celular da Secret não parou de vibrar por um segundo. A todo o momento chegavam fotos sobre bloqueios policiais sendo feitos nas ruas próximas ao Saintine e até alguns jovens que relataram terem sido abordados por policiais que os acharam suspeitos.

Não que isso tenha atrapalhado em algo meu plano, afinal eu já havia previsto isso.

Lucca: Os inspetores pararam a verificação. Tudo limpo.

Suspiro de alívio e saio do armário onde me escondi por horas.  Ironias da vida.

Lucca e eu criamos teorias sobre o que poderia acontecer se o diretor tentasse impedir o encontro entre Bill e Secret, por isso inventamos um plano que daria jeito em qualquer possibilidade.

Eu me escondi no armário do vestiário feminino onde são guardados os materiais esportivos e Lucca fez o mesmo com o do vestiário masculino. Como os vestiários são separados do prédio principal da escola os inspetores não se aprofundaram muito na busca por alguém escondido neles.

Vou até os chuveiros arrastando minha mochila velha, para não levantar suspeitas caso Bill me veja indo embora. Fico apenas com minha roupa de baixo enquanto puxo uma longa faixa de pano branca que enrolo em meu corpo, para esconder os seios. Pego calças de moletom do pai do Lucca e visto junto com uma camisa velha do Lucca. Calço coturnos dois números maiores que o meu recheados de jornal velho para não dificultar a caminhada e coloco luvas pretas nas mãos.

Por cima de tudo, visto um moletom de capuz vermelho.

— Tudo bem? – Lucca sussurra se aproximando. Pela respiração acelerada posso dizer eu ele veio correndo até aqui.

— Sim – respondo com um sorriso.

Separo meu cabelo e faço um trança de cada lado, depois circulo pela minha cabeça e as prendo nas laterais. Lucca verifica o celular na Secret enquanto termino de me arrumar.

Arrumo a peruca loira e curta e finalizo com um boné de beisebol e o capuz da blusa.

— Pareço comigo?

— Não, parece um garoto de catorze anos com as roupas do pai – ele me avalia – Só faltam os óculos escuros e a maquiagem da pele.

Afasto parte da peruca do rosto e passo várias camadas de pó e base para escurecer a pele antes de colocar os óculos que Lucca pegou emprestado para mim. Esses óculos têm lentes especiais que escurecem quando expostas a luz, então se Bill tentar ver meu rosto em algum ponto mais claro, eles vão me ajudar a esconder os olhos.

Sou muito grata por Jullie, a mãe dele, ser míope e ter uma coleção de óculos como esses.

— Já arrumei para você – Lucca me entrega o próprio celular com os fones de ouvido plugados – Faça um teste.

Nós descobrimos um aplicativo que distorce a voz da pessoa, resolvemos usar o microfone dos fones de ouvido para que eu use sem chamar atenção.

— Como está minha voz? – murmuro perto do microfone.

Alguns segundos depois a frase foi repetida por uma voz bem mais grave que a minha saindo dos alto-falantes conectados por bluetooth.

— Perfeito, agora vamos esconder isso em você.

Ele guarda os alto-falantes nos bolsos da calça e eu passo o celular e os fones por dentro da roupa. Graças a peruca e o capuz, eles ficam imperceptíveis.

— Alguma novidade?

— Sim – ele me mostra uma foto do mesmo muro onde Bill pichou o convite, dessa vez ele adicionou a hora – Foi enviada há cerca de cinco minutos.

— Ainda temos dez minutos – concluo.

— Você não precisa fazer isso, podemos capturá-lo de outra forma.

— É o único jeito, Lucca – digo – Vamos aproveitar esse tempo para verificar se as câmeras estão no lugar.

Assim que contamos nosso plano para Gustavo, meu gordinho favorito veio de Sparks com um carregamento valioso de câmeras com lentes noturnas que nós escondemos pela escola.

— Espera – Lucca segura meu braço – Outra mensagem – ele ergue o olhar para mim – Ele marcou em um muro perto daqui o local. O laboratório de química.

— Certo.

— Boa sorte, Nana.

— Sorte é para os fracos.

Lucca e eu seguimos para direções opostas e o nervosismo se instala em minha barriga.

Os inspetores continuam patrulhando pela escola, mas graças as câmeras que espalhamos sabemos para onde eles vão só de olhar para as telas de nossos celulares.

Estou me sentindo em um filme.

Abro a porta do laboratório, a sala está escura e a única iluminação vem da lua no céu, que não faz muita diferença. No escuro tudo que posso distinguir são os contornos das bancadas e instrumentos usados nas aulas e uma sombra bem mais alta que eu ao lado de uma janela aberta.

— Você conseguiu – a voz é rouca como a minha distorcida pelo aplicativo – Parabéns, espigão. Ou devo chama-la de Secret?

— Ora, Bill – sorrio satisfeita pelo aplicativo funcionar e me aproximo, mantendo-me sempre nas sombras – Como meu garotinho romântico está se sentindo hoje?

— Deixe as formalidades de lado, cobra – parece que alguém é bem menos romântico fora dos muros – Eu quero que pare de tentar me atrapalhar, o que eu faço é algo bacana que ajuda a autoestima das pessoas bem diferente do que você faz.

— Oun, é um bom samaritano – reviro os olhos – Pena que bondade não me comove. Desmascarar você está na lista de postagens que merecem um prêmio.

— Você podia revelar a sua identidade, traria a mesma quantidade de visualizações.

— E vinganças – completo.

— Não deveria falar dos outros se não aceita a si mesma.

Não conseguir ver o rosto dele é frustrante, Bill se mantém nas sombras como eu.

— Entretanto, eu só falo sobre pessoas que também não aceitam quem são, como você.

— Se você não parar eu vou entrar no jogo, Secret – o tom de voz é ameaçador – E tenho certeza que teria muitos aliados para vencer você.

— Boa sorte, Bill – digo – Eu vou revelar você antes disso.

Ouvimos passos vindos pelo corredor. Bill olha para a porta e depois para a janela aberta, corre até ela e faz o inesperado.

O garoto se jogou pela janela!

Sem acreditar no que vi, corro até a janela mantendo o capuz no rosto.

Bill corre por uma estreita faixa de cimento que serve para decorar a lateral do prédio e pula, se agarrando a um grosso galho de uma das árvores no pátio. Ele corre saltando bancos e qualquer outro obstáculo até chegar ao muro da escola que pula com facilidade.

Alguns inspetores o veem e tentam pegá-lo, mas ele consegue escapar mesmo assim.

Afasto-me da janela e a fecho antes que algum deles tenha ideia de olhar em minha direção. Envio uma mensagem para Lucca avisando que estou bem e que descobri algo sobre o Bill.

O filho da mãe faz parkour.

 


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Notas finais do capítulo

KKKK Nunca digam que eu não sou uma pessoa criativa, criei um plano infalivel para a Secret desmascarar o Bill u_u
Será que dessa vez nossa mocinha consegue o que tanto deseja? E essa ameaça do Bill, será que ele tem algo em comum com o Cyber?
Ai ai, meus dedinhos estão se coçando mas não vou revelar.
Nessa história, o segredo é ler as entrelinhas.
Beijinhos com manteiga jovens bolinhos sabor pipoca.