Eu escolho Paris escrita por nana


Capítulo 1
Eu escolho Paris - parte I


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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...

- Com a Spencer, nada? - Perguntou Emily a Toby em um tom meio retórico. Pelo bem de sua amiga, ela desejava que a resposta fosse diferente da que já esperava.

Toby permaneceu em silêncio, como estava desde que Emily chegara. Falar de Spencer o deprimia. Principalmente porque sabia que ele tinha culpa de tudo que estava sofrendo e de tudo que havia feito Spencer sofrer. Mas ainda que aquilo lhe machucasse pelo resto da vida, sabia que precisara daquele tempo, que nunca haveria cicatrizado tantas feridas se não fosse como havia sido.

- Nunca vamos entender ou esquecer porque justo nós tivemos que passar por tudo aquilo, Toby – falou Emily, como se pudesse ler os pensamentos do rapaz ao seu lado - Nós passamos por tanta coisa juntos. Todos nós. E tudo aquilo com Charlie... foi compreensível, te juro que quase chego a sentir pena por tudo que ela passou. Mas nós vivemos tanto tempo naquele inferno que é difícil ter misericórdia.

- É – finalmente Toby respondeu - e eu afastei a única pessoa que tornou todos aqueles anos de inferno suportáveis.

- Não sei se você entende o que a Spence deve ter sentido. Quero dizer, ela esteve lá o tempo todo, Toby. Ela te protegeu até quando soube que você era parte do jogo. E você a deixou de fora. De tudo. Como se ela não tivesse sofrido tanto quanto você.

- Eu sei, Emily. E sei que não tenho o direito de, agora que vocês estão de volta, correr para os braços da Spencer e dizer que a amo como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado. Tanto tempo se passou. Eu a perdi. Eu me perdi.

Um silêncio meio mórbido tomou conta da conversa por vários minutos. Emily não sabia o que dizer. Ela não concordava com a maneira como Toby tinha lidado com as coisas anos atrás, mas isso não a impedia de se sentir muito mal por ele, afinal o amava, como seu grande amigo que era. E amava Spencer, sabia que a amiga também sofrera e talvez continuava sofrendo.

Toby também não sabia o que falar ou se falar. Era como se cada vez que pronunciasse o nome de Spencer, seu coração fosse ficando menor, mais apertado.

- Eu estraguei tudo, não foi? - Perguntou ele finalmente depois de longos minutos.

- Nem me fale de estragar tudo. Eu fui tão covarde - lamentou Emily, com lágrimas presas aos olhos e o queixo trêmulo.

Toby passou os braços pelas costas da amiga trêmula ao seu lado, como que a rodeando de amor e proteção e compreensão.

- Alison?

Emily apenas sacudiu a cabeça em um meneio positivo.

- Você fez a coisa certa naquele momento, Em. Ela precisava de espaço, como eu precisei e você foi corajosa o suficiente para abrir mão do que sentia para deixá-la recuperar-se.

- Eu não sei, Toby. Às vezes tenho a sensação que estava pensando mais em mim do que nela... Toda a história de Charlie e de saber que tudo que ela sofreu foi nas mãos de sua própria irmã e grande amiga, aquilo não foi algo que se assimila facilmente, eu sei. E sei que não tinha o direito de confundi-la ainda mais com meus sentimentos. Mas eu fui para tão longe. Não queria só dar espaço a ela, queria me dar espaço, Toby.

Covarde, covarde, a mente de Emily gritava.

- Hoje eu só queria colocá-la em meus braços, Toby, e cuidar dela e fazê-la ter certeza de que nada de mal lhe acontecerá nunca mais. Mas creio que criei uma barreira entre nós. Tinha tanto medo de expor tudo que tinha guardado. Eu tinha medo da resposta.

- Ela precisava daquele tempo, isso não tinha a ver com o sentimento dela por você, afinal Ali disse a você que seus sentimentos eram correspondidos, certo?

- Sim, mas... E se ela tivesse mudado de ideia? Se tivesse percebido que na verdade só eu sentia aquilo de forma tão profunda? E se ela tivesse percebido que precisava menos de mim do que eu precisava dela? – Emily choramingou - Eu teria ficado por ela, Toby. Teria aberto mão de Malibu.

- Você teria, mas você não precisava. Você deu a Ali o tempo que ela necessitava e agora você está de volta.

- É... Agora estou aqui, bastou uma ligação e eu voltei, porque ela ainda é tão importante! Só que agora, Toby, agora... agora ela...

- Ela está casada – completou ele, pois sabia que Emily não teria forças.

Ouvir aquilo da boca de outra pessoa era ainda pior para Emily. Quando só o vivia na sua cabeça era quase possível pensar que era um pesadelo, que acordaria a qualquer momento. E era nisso que queria acreditar. Mas parece que faz de conta nunca havia funcionado com ela. Não funcionaria agora, sendo ela já uma adulta, nadadora profissional e atuante como conselheira esportiva da Universidade Pepperdine.

- Por que nós crescemos tão rápido e tão à fina força? - Perguntou em um tom inconsolável.

- Para quem queria que fossem sempre suas bonecas, Charlie fez o exato oposto. Nada de brincadeira de criança a vida de vocês - lamentou Toby, cerrando os lábios.

Ele ainda não conseguia superar toda aquela raiva que carregava de Charlie, de tudo que havia feito contra Spencer, contra Emily, contra sua mãe... para ele Bethany nunca seria a única culpada.

- O que nós vamos fazer, Toby? – Perguntou ela, buscando respostas para suas próprias inquietações, mas também com o intuito de trazer Toby de volta a realidade, pois sabia que ele estava pensando bobagens e alimentando o ódio.

- Talvez eu possa conversar com Alison... quem sabe sondar como ela se sente...

- E o que você acha que ela diria? Ali não casaria com alguém se não o amasse. Acabou para mim, Toby - os olhos de Emily deixaram cair as lágrimas que há tanto seguravam - mas bem que eu podia fazer algo por você - continuou ela com a voz embargada - quem sabe se eu conversar com a Spencer...

- Em... você não machucou Alison. Vocês merecem uma segunda chance. Eu não. Eu escolhi ficar sem a Spencer, eu a mandei para longe. A culpa foi minha e vou arcar com as consequências. Vai continuar doendo. Mas um dia vai parar.

...

Emily saiu da loja da loja de ferramentas de Toby algum tempo depois quando ambos haviam percebido que ficar ali se lamentando e chorando não resolvia nada, pelo contrário, só tornava as coisas mais difíceis.

A confusão em sua cabeça não permitia que Emily pensasse bem as coisas. Uma hora acreditava que deveria correr até Alison, abraçá-la apertado, dizer que a amava e que isso nunca iria mudar. Outras vezes pensava que isso seria mais covarde do que o que havia feito 5 anos atrás: seria egoísta. Alison estava bem, certo? Ela estava casada, tinha seu emprego aqui, sua casa, sua vida. Depois de tudo que ela havia passado seria justo que Emily simplesmente confessasse seus permanentes sentimentos para confundi-la completamente?

Mesmo que Alison não estivesse feliz, mesmo que as coisas não tivessem mudado tanto, mesmo que não tivesse passado tanto tempo, mesmo que fosse a coisa certa a se fazer, Emily pensava, como ela faria para dizer tudo que carregava dentro do peito há tanto tempo? Ou melhor, como ela faria para expressar novamente tudo aquilo, só que agora em palavras?

Lembrava nitidamente aquela noite, quando esperavam que o pesadelo logo acabasse, afinal Alison finalmente estava de volta, realmente de volta. Emily perguntou-se por que sua mãe teria deixado que Ali dormisse lá aquela noite, será que ela sabia o que ia acontecer? As declarações que Alison faria? A maneira como Emily responderia?

As palavras de Alison ecoavam em sua cabeça como se apenas a tivesse ouvido falar. “Eu te fiz pensar que seus sentimentos eram unilaterais, que não havia reciprocidade... Você foi o mais difícil de deixar para trás”.


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Notas finais do capítulo

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