Há 10 anos atrás:

– Oi, Mills. -Disse Emma, uma garota loira dos olhos claros que passavam segurança e tranquilidade para qualquer um, mas que escondiam inseguranças e medos.

– Swan, não esqueça de chegar cedo na minha festa hoje, ok? -Respondeu Regina, uma garota morena de olhos escuros que diferente de Emma, possuía um olhar fatal e marcante, mas que escondiam uma pessoa carente e frágil.

– Claro que não, não é todo dia que se completa 18 anos! -A loira disse empolgada, sorrindo para a amiga.

– Nem me diga, daqui em diante é uma vida nova e cheia de surpresas. -Regina não sabia ainda, mas seriam mais surpresas do que ela esperava e gostaria, surpresas que mudariam seu dia a dia.

– Te vejo mais tarde! -Emma saiu em disparada na direção da saída da faculdade.

Já eram 7 horas da noite e Regina se aprontava alegremente, colocou um dos dois vestidos que havia comprado especialmente para a data, ela não conseguia decidir qual usar. O vestido vencedor era roxo e combinava com seu casaco preto, descia até o joelho, possuía um pequeno decote, justo, mas não muito, o suficiente para realçar seus seios.

– Emma, vai demorar muito? -Regina mandou uma mensagem para a amiga enquanto observava um vestido azul-claro que fazia conjunto com um casaco e perguntava a si se havia escolhido o certo. – Por favor me responda, você prometeu que chegaria cedo!

O relógio marcava 7 horas e 30 minutos e nenhum sinal da loira, Regina estava preocupada, já que a amiga não costumava se atrasar (principalmente em uma data tão especial e que vinham planejando á semanas). A festa começava as 8 horas, mas os convidados já deveriam estar a caminho do salão.

– Emma??? -Grita Regina! A campainha finalmente havia tocado.

– Sim...- A loira respondeu em um tom baixo que deixou a aniversariante muito preocupada.

– SWAN, O QUE ACONTECEU COM SEU ROSTO? -A morena respondeu assustada quando abriu a porta e se deparou com um pequeno corte no canto dos lábios e com o canto do olho de Emma um pouco inchado.

– Eu caí, demorei porque fui comprar um band-aid, mas a farmácia estava fechada. -Mente ela e Regina fecha a cara imediatamente.

– Caiu no punho do Neal, não foi? -Regina responde zangada.

– Regina... -Emma tenta explicar afim de evitar briga (o que evidentemente não funcionou).

– Regina? Eu não posso acreditar que você esteja se arriscando tanto dando corda para aquele traficante, sei como é difícil superar, mas sabe o que seria mais difícil de superar? UM TIRO NA CABEÇA! -A morena grita.

– Ele só estava de cabeça quente, já conversamos, ele está tentando mudar. -A loira responde com seus olhos marejados.

– De cabeça quente faz 3 anos. Eu não posso permitir que você ponha sua vida em risco para ficar com esse marginal. Tantas oportunidades te aguardam, Neal não passa de um traficante que te usa como objeto! E você sabe disso, tanto que várias vezes você me conta que ele te chama de cadela dele.

– Ele me ama, eu sei que ama!

– Não posso acreditar que você ainda acredita nisso, existem tantas coisas para criar, como um gato, um cachorro, um peixe, mas não crie expectativas nesse cara, porque ele não está nem aí para os sentimentos de outra pessoa, a não ser os dele. -Responde Regina, agora também com os olhos marejados.

– Você fala isso como se fosse fácil, fala como se soubesse como é amar alguém, te conheço desde os 5 anos e nunca vi você amar outra coisa que não fosse seus preciosos livros... QUER UMA NOVIDADE? PESSOAS COLOCAM ESPERANÇAS NAS COISAS, MUITAS VEZES SE MACHUCAM, MAS O SOFRIMENTO AO LONGO DO CAMINHO É INEVITÁVEL. ENTÃO NÃO TENTE MUDAR O CAMINHO DOS OUTROS PORQUE ISSO NÃO É SUA RESPONSABILIDADE, É ISSO QUE VOCÊ SEMPRE FAZ, TENTA USAR LÓGICA EM TUDO, MAS NEM SE IMPORTA COM AS PESSOAS. - Grita Emma no auge de sua raiva, seu rosto estava vermelho, quase que na cor do vestido de Regina, seus batimentos iam a mil.

– COMO VOCÊ OUSA DIZER ISSO? –Regina grita e logo abaixa o tom de voz. –Estive ao seu lado em cada gota de lágrima, em cada risada, em cada briga e em cada luta. E eu sei o que é amar sim, pois senão te amasse eu não me importaria tanto com você e não ficaria horas com você chorando me contando de cada coisa ruim que ele já fez com você para no segundo seguinte ao que ele pede desculpas você já estar novamente ao lado dele como um cão adestrado. Esse inútil te cegou e agora você não consegue ver o que está bem de baixo do seu nariz... SUA BURRA! -As lágrimas fluíam pelo rosto de ambas.

– Se sou tão burra assim, não mereço a companhia da rainha da lógica, desculpe desperdiçar seu tempo... MAJESTADE! -Emma saí do apartamento de Regina rapidamente e sem olhar para trás. Ao fechar a porta, a morena se olha no espelho e se depara com a maquiagem toda borrada, ela retira o casaco agressivamente e arremessa o celular contra o espelho.

– Parabéns Neal, você conseguiu estragar a coisa mais importante para mim, mas você não vai tirar mais nada. -Regina fala isso para si mesma enquanto observa o espelho quebrado em vários pedaços.

– Querido amigo, seu estado atual lembra meu coração... -Ela fala isso enquanto pega uma lasca.

– Quebrado e cheio de lascas, onde cada uma delas representa uma lembrança dolorosa que nunca vai sumir, mas que me fará evoluir. -A morena limpa seu rosto e vai para a festa.

A loira que tinha algo muito delicado para contar para a amiga mal sabia o que fazer porque foi a farmácia, mas não exatamente para comprar band-aid e ao contar para o namorado o resultado não foi dos melhores e nem com a morena ela poderia contar, teria de contar aos seus pais. Isso seria uma das coisas mais difíceis que teria de fazer sem saber ao certo como contar a eles o que se passava com ela, com tanta raiva de Regina e o sentimento de recusa por estar sozinha acabou omitindo que Neal também a havia deixado.

A noite da morena não foi nem de longe como ela imaginava, pois mesmo com raiva ficava apreensiva da Emma ter voltado para aquele cafajeste e tinha medo do que ele poderia fazer na sua amiga. A noite de Emma também só poderia ser pior se seu ex-namorado estivesse ali para ouvir seus pais gritando com ela enquanto chorava abraçada as pernas sem ter ninguém para recorrer, sem saber o que seria da sua vida agora que parecia que tudo estava desmoronado em cima dela como uma avalanche que só ficava maior e maior.