Edward estava altamente perturbado. Seu casamento com Tanya estava a poucas semanas de acontecer, Renesmee o odiava, sua família desconfiava dele e reprovava suas atitudes e para completar Lunne estava morrendo por causa da desilusão que ele a fizera passar. Nesse momento, só faltava Jane Volturi aparecer pra tortura-lo e, mesmo assim, isso seria uma das melhores coisas que poderiam lhe acontecer, afinal, nada se compara ao sofrimento, a dor e ao remorso que ele sentia neste momento.

Ele estava embaixo da árvore de Lunne vendo as primeiras estrelas surgirem no céu, quando percebeu alguém se aproximar. Pensou que era Tanya, por isso já se preparou para um ataque, até que percebeu outra pessoa ali, ou melhor, outras pessoas: Alice e Jasper.

-Edward, você está bem, meu irmão? – Perguntou Alice.

-Não tem como está bem num momento desses. Todo mundo está me odiando, ou você acha que eu não ouvi nos pensamentos de todos naquela casa, o quanto estou sendo odiado e reprovado. Carlisle e Esme estão decepcionados. Rosalie está com raiva de mim, não tão diferente de Emmett e Jacob. Renesmee me abomina. Minha própria filha me odeia! Eu vou me casar com uma maluca chantagista e lunática! Eu deveria ter matado a Tanya! – Disse Edward, revoltado.

-Realmente mata-la seria de grande utilidade! E oque falaríamos pra família dela? – Perguntou Jasper. Nesse momento, ele usou seus poderes e abrandou um pouco os sentimentos de Edward. Alice sentou-se ao lado do irmão e abriu os braços, onde ele foi quase que automaticamente e se aconchegou. Jasper sentou em frente aos dois e eles ficaram em silêncio durante algum tempo, até que Edward perguntou:

-Por que isso tem que acontecer? Parece que nada na minha vida se acerta. Eu nunca fui feliz, até conhecer Bella. Nesse momento, pensei que conseguiria ser feliz, apesar dos obstáculos que nós enfrentamos juntos. Quando eu realmente pensei que algo ia ter mais sentido, ela morre pra dar a luz a Renesmee. Mais uma vez eu fico aqui, sem nenhum sentido até que a Lunne aparece na minha vida. Ela deu luz, graça e leveza a minha existência e quando nós estamos prestes a ser felizes pra sempre, a Tanya aparece e destrói tudo! – Alice e Jasper se olharam, com pena do irmão. Eles queriam ajuda-lo da melhor maneira, mas parecia quase impossível. Era como se eles estivessem amarrados com nós muito fortes e não conseguissem se soltar. Eles ficaram ali, pensando, até que Jasper se manifestou:

-Edward, você precisa fazer alguma coisa. Você não pode se casar com a Tanya e deixar a Lunne morrer. – Edward levantou-se do colo de Alice e falou:

-É fácil falar, mas o difícil mesmo é agir. Se eu volto pra Lunne, a Tanya nos perseguirá pra sempre, se eu a mato, teremos uma possível guerra com a família dela. Não sei oque fazer pra sair disso, Jasper. Se soubesse já teria feito, acredite.

-Eu acho que o Jazz tem razão. Se acontecer algo grave com a Lunne, você vai se martirizar pro resto da sua vida. – Disse Alice.

-Sei lá, Alice. Melhor deixar as coisas acontecerem naturalmente pra não haver mais dor. – Edward disse isso e saiu, deixando Alice e Jasper para trás.

Dias depois...

Faltava um dia para o casamento de Edward e Tanya, mas nada estava bem na casa da família Cullen. Desde o fatídico dia em que Renesmee e Alice voltaram da casa de Lunne, o clima não era dos melhores: Renesmee e Jacob partiram para Forks. Rosalie e Emmett não trocavam mais nenhuma palavra com Edward, Esme só conversava o necessário e mal se via Carlisle, pois ele preferia ficar no hospital a permanecer na guerra que se estendia em sua casa.

Edward estava em seu quarto refletindo tudo que ocorrera nos últimos meses. Sua preocupação com Lunne aumentava a cada dia. Ele sentia que ela estava muito mal, que estava precisando dele, mas ainda assim, não sabia oque fazer. Nesse momento, ele pegou a foto dele e de Bella. Ficou ali, observando-a durante horas, até que num acesso de raiva, jogou o porta retrato na parede, que se estilhaçou em vários pedaços. Nesse momento, Edward viu que junto da foto, havia um pedaço de papel. Levantou-se da cama e foi observar aquilo. Viu que se tratava de um envelope, uma carta. Quando começou a examina-la, viu que na frente, estava escrito “Para Edward”. Aquela era a letra de Bella, coisa que deixara Edward intrigado. Bella havia escrito uma carta pra ele antes de morrer? Era oque aparentava. Ele sentou-se em sua cama, abriu a carta e começou a ler:

Edward,

Não sei quando você vai descobrir que eu escrevi essa carta, mas tenho certeza de que até lá, já não estarei mais com vida. Sei que vou morrer no parto do nosso bebê. Não adianta tentarmos fingir que isso não vai acontecer, porque eu sei que vai. Por isso te peço que cuide bem do nosso filho, que eu tenho quase certeza que será uma linda menininha, então cuide bem da nossa Renesmee.

Espero que, independente do que possa acabar acontecendo, que você não sofra depois da minha morte. Quero que um dia você encontre uma pessoa boa, gentil e generosa o suficiente para te fazer feliz mais uma vez e quando isso ocorrer, não desperdice essa oportunidade. Lute, contra tudo e contra todos, como você fez por mim, independente das conseqüências disso.

Desde já tenho muito orgulho de você. Amo muito você e o nosso bebê, mais do que tudo, inclusive mais que a minha vida.

                                                                                       Bella

Edward não conseguia acreditar no que lia. Bella então já imaginava que morreria no parto de Renesmee. Ela sabia, de algum modo que ele um dia encontraria Lunne e que tudo que está acontecendo, ocorreria. Parecia que ela sabia de tudo oque estava acontecendo antes mesmo de acontecer. Agora que ele encontrara essa carta, ficara cheque em relação ao destino que ele deveria seguir...

No dia seguinte, todos já estavam prontos para o casamento, menos Edward. A única coisa que ele conseguia pensar era na carta de Bella. Isso fez com que ele perdesse toda a noção de tempo e quando percebera, faltava apenas duas horas para o inicio da cerimônia. Ele tinhas suas duvidas ainda, por isso fora falar com Carlisle sobre o assunto. Ao ver Edward entrar no escritório, Carlisle se assustou:

-Você ainda não está pronto Edward? Pelo amor de Deus, faltam menos de duas horas pro casamento. – Edward sentou-se em frente a seu pai e falou:

-Veja isso. – Disse, estendendo a carta para Carlisle. – Foi Bella que escrevera. – Carlisle então leu a carta e ficara um pouco desconcertado.

-Onde você encontrou essa carta, Edward? – Perguntou ao filho.

-Isso não importa agora. Oque é realmente importante é que essa carta me deixou totalmente impotente. Eu não posso fazer isso com a Lunne!

-Edward, meu filho, foi você mesmo que fez essa escolha por conta própria. Agora está arrependido? – Perguntou Carlisle.

-Pai, acho melhor você saber da verdade. – Disse Edward, deixando Carlisle intrigado.

-Que verdade, Edward? Oque está acontecendo? – Perguntou Carlisle. Edward suspirou e disse:

-Esse meu casamento com a Tanya é uma total farsa. – Nessa hora Carlisle olhou espantado para Edward e perguntou:

-Como assim, Edward? – Edward então explicou toda a história, desde de tudo que aconteceu semanas antes de seu casamento com Lunne, até agora. Carlisle não conseguia acreditar. Ele sabia que Tanya não gostava de Lunne, mas nunca pensou que ela chegaria a esse ponto e destruiria a vida de todos.

-Edward, meu filho, você não pode se casar com ela! Você não pode fazer isso com você, com a Lunne. É loucura! – Disse Carlisle.

-Eu sei, Carlisle, mas mesmo assim fico em dúvidas sobre isso. Eu temo pela Lunne. – Disse Edward, receoso.

-Eu entendo, Edward, mas mesmo assim, você deveria temer oque está acontecendo com a Lunne agora, do que com oque aconteceria se vocês ficassem juntos. Bem, a decisão é sua, Edward. Só espero que ela seja feita e que depois você não se arrependa. Agora vá se arrumar, que falta apenas uma hora pro casamento.

Edward voltou pro seu quarto e se arrumou. Quando estava se olhando no espelho, lembrou-se de tudo que Carlisle lhe falara e as dúvidas ainda estavam crescentes em sua mente. Ele se dirigiu a mesinha de cabeceira e abriu a gaveta, tirando de lá uma foto dele e de Lunne. Ela sorria lindamente na foto e foi vendo esse sorriso que Edward se decidiu sobre seu futuro.

Cerca de meia hora depois, Edward estava no altar esperando Tanya entrar. Ao observar, viu que lá haviam muitas pessoas conhecidas dos Cullen, muitos amigos de sua família, alguns de séculos.

Então ele começou a ouvir a marcha nupcial. Em segundos, ele pode avistar Tanya, que acompanhada de Eleazar, se dirigia ao altar. Ela usava um vestido simples, tomara que caia, com alguns bordados e seus cabelos presos. Estava realmente bonita, mas deixava Edward com nojo. Quando chegou ao altar Edward ofereceu a mão para ela, que sorriu e o casamento se iniciou. Após algumas palavras, o ministro que realizava o casamento perguntou:

-Tanya Denali, você aceita Edward Cullen como seu esposo, para amá-lo e respeita-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe? – Tanya sorriu abertamente, coisa que fez os irmãos de Edward e até o próprio sentirem ódio, e respondeu:

-Sim, eu aceito. – Nesse momento o ministro se dirigiu a Edward:

-Edward Cullen, você aceita Tanya Denali como sua esposa, para amá-la e respeita-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe? – Edward deu um leve sorriso, meio macabro, coisa que não foi percebida por Tanya, mas não passou pelos Cullen, que nessa hora se preocuparam. Edward simplesmente respondeu:

-Não. – Nesse momento, o sorriso de Tanya desapareceu, dando lugar ao desespero. Ela não conseguia acreditar no que ouvira. Olhou para Edward e viu que era olhada com desprezo. Edward desceu do altar e falou em alto e bom som:

-Pessoas aqui presentes, essa mulher é uma chantagista! Estou aqui hoje obrigado, pois ela me ameaçou, dizendo que se eu não me casasse com ela, mataria Lunne, minha noiva. – Todas as pessoas, inclusive os Cullen que não sabiam e os Denali ficaram espantados. Edward continuou: -Bem, Tanya, seu plano não funcionou, sabe porque? Porque eu desisto de casar com você! Não vou destruir minha vida nem a de outras pessoas. Eu amo a Lunne! Você ouviu? A Lunne, não você! – Tanya jogou o buquê no chão e correu desesperada para perto de Edward. Ela ajoelhou-se e falou:

-Não, por favor! Eu te amo, Edward! Eu te amo, não faz isso comigo, pelo amor de Deus, não faz! – Edward olhou para ela e disse:

-Eu já fiz, Tanya. Você é uma lunática! Se realmente me amasse, me deixaria viver ao lado da Lunne. Oque você tem é doença! – Ela se agarrou as calças de Edward e implorou:

-Por favor, não me abandona, não me deixa aqui sozinha, desamparada! Você é meu! Não me deixa! – Edward soltou as mãos dela de suas calças e encerrou o assunto dizendo:

-Eu nunca fui seu, Tanya. Nunca fui e jamais serei! Me esquece! – Disse isso e saiu correndo, sendo seguido por sua família, deixando Tanya desolada e cheia de ódio.

Edward entrou em casa correndo e subiu pro seu quarto. Abriu uma mala e foi colocando algumas roupas dentro. Alice logo chegou, acompanhada de toda a família.

-Oque você está fazendo, Edward? Pelo amor de Deus, diga-nos! – Falou Alice.

-Estou fazendo minha mala, não está vendo? Vou ir ver a Lunne. Não vou deixar ela sofrer mais por minha causa. Eu tenho que contar a verdade a ela. E vá arrumar a sua também, Alice. Você e Jasper irão comigo. Rosalie e Emmett, vocês vão pra Forks buscar Jacob e Renesmee. Tragam ela de arrasto, se for preciso. Carlisle e Esme, por favor, fiquem e contem aos Denali e aos outros convidados a verdade.

-Edward, mas nem nós sabemos de nada! Como vamos contar a Renesmee e Jacob a verdade? – Perguntou Rosalie.

-Vocês saberão se virar tenho certeza disso. Vou fazer de tudo para trazer a Lunne de volta pra essa casa. Talvez eu demore, por isso, agilizem-se, por favor. – Disse ele, fechando sua mala. Todos então saíram do quarto de Edward e foram fazer suas malas, menos Carlisle. Ele ficou ali, olhando seu filho.

-Estou orgulhoso de você, Edward. Tenho certeza que essa foi a melhor decisão que você poderia ter tomado.

-Também acho, Carlisle e espero que a Lunne me perdoe por tudo. – Após dito isso, Edward colocou suas malas no carro e logo depois vieram Alice e Jasper com as suas. Rosalie e Emmett colocaram suas no Jipe e todos partiram ao mesmo tempo.

Durante o caminho, Edward percebera que no seu desespero não trocara de roupa. A única coisa que fez foi tirar o paletó e arregaçar as mangas da blusa. Alice e Jasper também não haviam trocado de roupa. A ansiedade era grande e todos queriam chegar logo a casa de Lunne, principalmente Edward.

Já era noite alta quando eles pararam na guarita em frente à mansão Legrand. De lá, ao envés de qualquer vampiro, saiu Dimitri. Ele se impressionou ao vê-los e principalmente ao ver Edward no volante.

-Oque vocês estão fazendo aqui a essa hora? E porque ele está dirigindo o carro? Não era hoje o seu casamento? – Perguntou Dimitri.

-Dimitri, é melhor não fazer perguntas difíceis e deixar logo a gente entrar. Precisamos falar com a Lunne. – Disse Alice.

-Tudo bem. Aproveito e vou com vocês até a mansão. – Ele abriu os portões, deixou o carro entrar e logo após também entrou e seguiu para a mansão. Edward estacionou o carro e saiu como um furacão, sendo seguido de perto por Alice, Jasper e Dimitri. Ao entrar, já deram de cara com Lyra e Matilda, esta última que carregava uma bandeja de comida, que provavelmente era para Lunne.

-Edward? Oque você está fazendo aqui? Não era pra você estar casado com a tal Tanya a essa hora? – Perguntou Lyra a ele. Nesse momento, Lewis e Helena apareceram e se assustaram ao ver Edward parado no hall da mansão, seguido por Jasper e Alice.

-Eu preciso ver a Lunne! Preciso ver ela agora! – Disse Edward. Lewis se aproximou de Edward e perguntou:

-Oque você quer falar com a Lunne? E porque isso hoje, no dia do seu casamento? – Edward suspirou e disse:

-Não houve casamento. – Todos se surpreenderam com essa noticia. – Agora eu vou ver a Lunne. Com licença. – Edward disse isso e subiu como um raio para o quarto de Lunne, enquanto Jasper a Alice se apressavam em contar toda a verdade para a família de Lunne.

Edward parou em frente ao quarto de Lunne e respirou fundo, mesmo não precisando disso. Tinha que se acalmar e ter paciência, porque Lunne estava frágil e ferida por causa dele. Ele bateu na porta, mas ninguém respondeu. Ele então entrou e viu que tudo estava escuro. A única luz que ali havia era a da lua cheia. Parecia a noite em ele havia pedido Lunne em casamento. Ele tentou avista-la e viu que ela estava destraída olhando o luar, com lágrimas nos olhos. Edward se assustara com o estado de Lunne. Estava um pouco melhor que quando ele viu na mente de Alice, mas mesmo assim, ela ainda estava péssima: magra, frágil, doente. Edward se aproximou um pouco mais e parou a mais ou menos um metro de distancia de Lunne. Ela ainda não havia notado sua presença no quarto até que ele disse:

-A lua está realmente muito bonita essa noite. – Nesse momento o corpo de Lunne ficou tenso. Ela se virou e se deparou com Edward. Seus olhos verdes começaram a soltar lágrimas e ela começou a se aproximar dele. Ela o tocou, como se quisesse ter certeza que realmente era ele.

-Edward... oque você está fazendo aqui. Hoje não era o seu casamento com a Tanya? – Perguntou ela, receosa.

-Eu não vou mais me casar com a Tanya. O plano dela não funcionou. – Disse ele.

-Que plano Edward? – Perguntou ela.

-O plano dela era separar a gente. Ela me ameaçou. Disse que te mataria se eu não me casasse com ela. Eu quis te proteger, não quis causar problemas a você, por isso, desistido nosso casamento. – Lunne parecia não acreditar no que ouvia.

-Não é possível... Não acredito nisso. – Disse ela.

-É a mais pura verdade, Lunne. Acredite em mim. Eu sofri todos esses meses, sabendo que você estava mal por minha causa. Sofri mais ainda sabendo que você estava morrendo por minha causa... Agora acabou. Eu não preciso fazer mais nada. Eu desisti de tudo por sua causa. Eu te amo.

-Eu... Eu preciso pensar. Preciso ficar sozinha. Me deixa sozinha, Edward, por favor! – Edward ficou um pouco decepcionado, mas mesmo assim deixou Lunne só em seu quarto. Ela caminhou até sua penteadeira e sentou em frente ao espelho. Bella apareceu, pela primeira vez, em meses. Ela sorria abertamente, como num sinal de que tudo aquilo era a mais perfeita verdade. Só bastava ela própria aceitar, coisa que ela não sabia se seria fácil ou difícil.

Continua no próximo capítulo...