Aquela manhã chegou um pouco gelada e com ela uma dor de cabeça, não dormi muito bem a noite, todas as vezes que tentava fechar os olhos, minha mente começava a se agitar com a noticia que meu avô havia dado, afinal ele não tinha dado muitas escolhas para mim e para Jenny, estavamos nessa sem ao menos querer, lá no meu interior estava torcendo para que ele escolhesse ela, nunca que eu iria querer ser uma auror mexer com essas coisas, isso não combina comigo... não mesmo.

Queria poder bater o pé e dizer que não vou participar de avaliação nenhuma, que quero outra coisa para a minha vida, e o que fato eu quero? Eu não sei, ultimamente, só uma coisa vem alimentando a minha rotina, descobrir mais minha mãe, sei o seu nome, conheço o seu rosto e algumas histórias que minha avó contou de quando ela era pequena, mas acho que se meu avô soubesse surtaria, mamãe, era um assunto proibido nessa casa, quero saber por que?... Meu pai, dele eu não sei, bem, não sei nada... Adoraria saber...

Ando cheia de perguntas e nenhuma resposta, isso as vezes, chega ser irritante... frustante, eu diria. Fiz a minha higiene da manhã, vesti o meu sueter que havia ganhado no natal da bisâ Molly, eu adorava todos eles, a cada ano ela ficava mais criativa.

***

Quando cheguei na cozinha, só minha vó estava lá. Meu avô já devia ter saido para o ministerio e meu irmão devia estar aprontando alguma coisa por ai, ele tinha que escolher o que queria fazer, já tinha completado 17 anos, mas ele vivia dizendo que ainda era cedo, pelo menos ele ainda podia escolher né? Já eu, bem...

–- Bom dia Lau.

–- Bom dia vó. Todos já sairam?

–- Já sim, seu avô teve uma chamada no ministerio e seu irmão, bem seu irmão, é seu irmão... Ela sorriu. -- O que pretende fazer hoje?

–- Estava pensando em passar na biblioteca.

–- Essa história de novo Lau?

–- Vou só pegar alguns livros que quero ler só isso, não é nada demais.

–- Minha neta, entenda... Algumas coisas devem continuar guardadas, é para o seu bem e do seu irmão. Sei que nessa idade que vocês estão bate uma certa curiosidade, mas... Ela fez uma pausa, levou as mãos aos cabelos e disse: -- Só não mexa com isso, com essa história...

–- Entender eu entendo, mas eu não aceito, mas não se preocupe vó, não irei fazer nenhuma loucura. Depois de lá, irei visitar a bisâ, estou com saudades.

–- Tudo bem, você vem para o almoço?

–- Sim, não vou deixar a senhora almoçar sozinha.

Tomei meu café da manhã, o de sempre, ovos, bacon e torrada e sem esquecer o suco de laranja, era assim que ela preparava desde que me entedo por gente... Coloquei a louça na pia, dei um beijo em minha vó e sai, antes de sair pela porta ouvi ela dizer:

–- Tenha um bom dia minha filha.

***

Estava muito frio, a biblioteca não era muito longe de casa, meia hora de caminhada, gostava de ir lá, era um lugar calmo e bem os livros sempre são boas companhias né? Meu irmão vivia dizendo que era loucura, isso por que uma época atrás...

FLASH BACK ON

–- Laura o que você estava fazendo remexendo aqueles jornais na biblioteca? Ele gritou

–- O que todos fazem... eu estava lendo... o que há de mais nisso?

–- O problema não é você ler e você sabe, mas sim o conteúdo que você estava lendo...

–- Era uma noticia apenas...

–- Uma noticia sobre... sobre...

–- A minha mãe.

–- Já falei para não mexer com isso.

–- Não tinha nada demais lá, só dizendo que ela tinha ganhado um premio na escola, o que tem demais eu saber disso?

–- Não quero você e nem o seu irmão mexendo nessas coisas, você entendeu?

–- Entendi vô.

–- Assunto encerrado, espero não ter que repeti isso.

Comecei a chorar e ele saiu porta a fora, sem nada dizer...

FLASH BACK OFF

Nunca esqueci esse dia, ele ficou muito bravo, não sei por que fazia questão de esconder as coisas sobre minha mãe, depois desse dia, a ala dos jornais virou zona proibida, para mim e para meu irmão, ele não ligou muito, nunca gostou de ler.

Assim que cheguei a biblioteca fui para a minha ala favorita lá, história da magia, adorava saber das coisas do passado, esta bem? Talvez, eu seja viciada nisso, mas todo mundo é viciada em alguma coisa, seja lá o vicio que for...

Peguei um livro e comecei a ler, sem muito interesse, não é por que não vou a escola que não tenho atividades, eu tenho, e tenho que entrega-las em dia, se não estou frita... Faço algumas anotações, vou terminar em casa mais tarde, melhor ir mais cedo para a casa da bisâ. Peguei apenas um livro para levar para casa, ajudaria a complementar o meu trabalho.

***

Quando cheguei a casa da bisâ, ela estava aonde sempre encontravamos ela quando iamos lá, na cozinha, e ela estava terminando de tirar uma fornada de biscoitos, meu favoritos.

–- Bisâ?

–- Oi querida, como está? Parece com fome, acabei de tirar uma fornada de biscoitos, se bem não me falha a memória, os seus favoritos...

–- Sua memória nunca falha, estão cheirosos...

–- Muito bom ver você Lau, já tinha um tempinho que você não vinha aqui.

–- Eu sei, andava um pouco ocupada, coisas dos estudos...

–- Nenhum amor? Fiquei vermelha na hora.

–- Bom bisâ, ainda não...

–- Ficou vermelha feito tomate, oh querida, não tenha medo de se apaixonar, é o sentimento mais lindo que existe nessa vida.

–- Creio que sim, bom, é que nunca me encantei por ninguém...

–- Ira acontecer, quando menos esperar, é assim que funciona, quando não está procurando ele encontra você. Peguei um biscoito na bandeja. -- Tem algo mais te preocupando, o que é minha querida?

–- A decisão do meu avô.

–- O que ele está aprontando dessa vez?

–- Quer que eu ou Jenny trabalhe com ele no ministério...

–- Seu avô, sempre foi teimoso, nada o faz mudar de ideia... um cabeça dura.

–- De fato é bisâ...

–- Está torcendo para ele escolher sua prima não é?

–- Sim, não levo jeito para isso, não mesmo.

–- Ah Lau, você tem mais do seu avô do que imagina, talvez seja por isso que sempre batem de frente um com o outro, por essa semelhança.

–- Você acha bisa? Por que ele insiste em dizer ao contrario...

–- Tem coisas que você ainda não sabe querida, mas tenha paciência no momento certo as coisas vão se acerta e você irá conseguir entender. Um chocolate quente para acompanhar os biscoitos?

–- Seria maravilhoso.

Passar aquela manhã com a minha bisa, tinha sido maravilhoso, mas acho que ela gosta de me fazer pensar, por que sai de lá com mais perguntas que respostas. Antes de ir para casa, passei na doceria e comprei o doce favorito de minha vó.

***

Assim que entrei pela porta pude ouvir ela me chamando, dizendo que estava em sua sala, pendurei o casaco, deixei as botas do lado e corri para lá.

–- Como minha mãe está?

–- Bem, como sempre.

–- Você adora estar com ela, né querida?

–- Sim vó, são sempre bons momentos.

–- Sua bisa é incrível, sempre foi... E a biblioteca?

–- Consegui o que eu queria, tenho que terminar o trabalho. Lhe trouxe algo.

–- E o que é? Entreguei a ela, abriu um sorriso, ganhei o meu dia. -- O meu favorito.

–- Sabia que ia gostar...

–- Obrigado querida.

–- De nada vovó.

Almoçamos juntas e conversamos bastante sentadas próximas a lareira, vovó estava querendo fazer uma visita ao beco diagonal no dia seguinte para fazer umas compras e confesso que adorei a ideia, sempre gostava de ir lá, quando criança ia sempre com meu avô, lá tem uma sorveteria que tem o melhor sorvete que eu já tomei... hum... adoro essas lembranças, o meu era sempre chocolate e do dele... o dele era morango...