No dia seguinte após a lua cheia a princesa veio visitar o jovem príncipe ainda dolorido pela noite anterior. Pobre coitado além de dor física existia um buraco enorme em sua alma. Ele não sabia quanto tempo suportaria isso. Provavelmente alguns meses. Ou semanas. Quem sabe até dias.

Seu psicológico não aguentava mais. Ele estava já ficando sem forças até para andar, falar ou qualquer outra coisa relacionada ao físico. A sorte dele era que a princesa lhe trazia sempre coisas novas, para se distrair.

–Então Scorpius!?- disse ele ao se sentar ao se lado na cama( se é que poderia chamar isso de cama) e ele lhe da um abraço e um beijo na testa- Como se sente?

–Melhor agora com sua companhia princesa- ele beija sua mão e dá um discreto, porém sincero, sorriso.

–Bom hoje não poderei passar o dia com você, mas... - seu sorriso some e sua expressão facial também.

–Como assim não?- ele a interrompe- Nós tínhamos combinado que passaríamos o dia hoje. Juntos.

–Mas- retomou a fala dando-lhe um abraço bem apertado- em troca passaremos a noite juntinhos. Um ao lado do outro e acho que terei uma surpresa para você.

– O que é?- ele dá um sorriso animado

–Não posso dizer bobinho é surpresa.

–Desculpe, que idiotice a minha- ele abaixa os olhos encarando os sapatos da princesa. Ele apenas pensava como ela era bela e delicada ao mesmo tempo.

–Mas- ela interrompe seus pensamentos- Eu posso ficar o quanto tempo quiser ou até o rei vir me buscar.

– O que vai fazer que de tão importante assim?

–Vou falar no palanque real hoje, nada que interesse a mim ou a você.

–Aposto o morango mais vermelho dessa cesta que você vai furar- ele pega o morango e coloca entre os dois

–Apostado.

E eles ficaram rindo até o rei chegar. Quando a sombra do homem apontou no corredor Scorpius se encolheu todo e começou a tremer com medo do que poderia acontecer com ele. Felizmente nada.

– Minha querida- disse o rei da porta da cela- está na hora de ir.

–Sim Majestade - ela faz um leve reverencia e dá um abraço e um beijo na bochecha de Scorpius que repete os gestos. Eles se separam e ela sai da cela- Tchau.

–Tchau princesa- eles dão um sorriso tímido e encaram o chão.

E então Rose foi para o palanque real fazer uma palestra enquanto Scorpius se distraia com os livros que ele lhe trouxe. Em sua maioria romances ilustres: Macbath, Romeu e Julieta, O Sonho De Uma Noite De Verão. Entre outros mais que ele gostava. Mas seu preferido era Romeu e Julieta. Achava incrível a história e via ela como um espelho de sua vida.

Então o dia se passou e Rose finalmente chega à noite, ou quase escurecendo. Alguns guardas vinham atrás dela como um escolta e eles traziam suas coisas. Quando chegou a porta da cela destrancou a porta e os guardas adentraram colocando suas coisas no chão, próximas à cama do príncipe.

–Obrigada, e digam ao rei que está noite não precisarei de guardas à porta eu os dispenso.

–Mas Alteza... – um deles começa a dizer

–Eu mandei saírem- diz ela com uma voz autoritária

–Sim Vossa Alteza. Com sua licença...

Eles fazem uma reverência e saem.

–Boa noite Scorpius- ela se senta ao lado dele novamente que até então permanecia calado

–Boa noite Rose- ele a abraça pelo ombro- Amarelou?

–Sim- ele aperta um pouco seu ombro num gesto de conforto e la se meche incomodada

–O que houve?

–Nada.

–Houve sim- ele se aproxima de se ombro direito de vagar e tira o pano e vê um curativo- Rose... o que aconteceu?

–Quando eu parei de fazer o discurso pela metade e o rei assumiu, ele havia ordenado que me prendessem em uma sala e logo após ele acabar ele me feriu a ferro no ombro por ter atrapalhado o palanque. A maçã é sua.

Ele dá uma mordida e depois entrega para Rose, que depois dele insistir que não estava com fome a mordeu. Scorpius não fazia ideia do que estava acontecendo entre os dois. Isso era amor? Talvez um dia. Talvez ele apenas tinha um crush por ela, ou, talvez era definitivamente apaixonado por ela.

–Tenho uma surpresa para você- ela diz levantando e arrumando suas coisas e colocando as poucas que ele possuía em uma mochila camuflada e jogando sua capa por cima de tudo- Sua surpresa é lá fora. Vamos.

Eles dão a mãos e começam a andar pelo corredor. O medo de ser pego dominou Scorpius de um modo que o fez tremer ao descer as escadas da torre. Rose segurava sua mão cada vez mais forte, apesar de ter permissão para sair de lá a hora que bem entendesse, ele não tinha.

O mais difícil foi passar por todos os guardas do castelo, até que finalmente chegaram à porta dos fundos da cozinha. A cozinheira, Sra. Marsson, encobriu ambos até chegarem aos estábulos onde os cavalos já estavam à sua espera.

–Alteza- disse a cozinheira enquanto Rose e Scorpius subiam no cavalo- sentirei falta suas.

–Algum dia eu voltarei para busca-la Madame Marsson.

–Eu agradeço- ela beija a mão direita da princesa e anda até o príncipe- Alteza, eu o criei até não poder mais, os dois, seja feliz e diga ao seu pai que eu retornarei algum dia para sua cozinha.

–M-meu pai?- ele diz com a voz espantosa

–Ai Madame Marsson- diz Rose- a senhora estragou a surpresa.

–Desculpe querida. Agora vão.

–Segure-se em mim Scorpius- ele abraça a cintura dela e enquanto a Madame dá um tapa na bunda do cavalo e eles saem galopando.

–Adeus- ela grita

–Adeus Madame Marsson- Rose responde.

O cavalo galopou floresta negra adentro. Eles ouviam os gritos dos guardas do palácio enquanto fugiam dessa vida. A única coisa que fizeram foi olhar para trás uma única vez. Eles firam flechas vindo em sua direção, e não pensaram duas vezes, voltaram a galopar em direção ao Reino de Avaloon.