Your Hunger Games III - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 5
Seiva


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Seiva

"Espelho, meu mar,

teu silêncio taciturno

rouba minha paz" - Antonio Cabral Filho

– Você não é muito bonita, e isso é algo que devemos tratar bem, para que sua aparência seja aceitável entre os outros tributos. Temos de consertar seus dentes, eles estão muito tortos e amarelados, são grandes, o que lhe dá um sorriso bonito. Vamos cortar esta franja para que não incomode seus olhos, mas vamos manter o estilo, pois cai bem com seu rosto fino. Com sua pele, acho que mudar a cor para um louro-escuro ou mel combinaria mais que o castanho escuro natural. – disse o estilista. – Vamos consertar estas sobrancelhas grosseiras e tirar o buço que nenhuma garota digna pode ter. – ele respirou fundo, ordenando que os ajudantes fizessem exatamente o que dizia – Quero as medidas dela antes das quatro da tarde, unhas feitas, mas não pintadas. E tirem essas espinhas horríveis da testa dela.

Ele deu as costas e saiu pisando duro, praguejando em tom alto. Talvez ele não gostasse muito de seu emprego. Ennie olhou para a sua equipe de preparação e todos devolveram o olhar com um sorriso companheiro “nós sabemos, ele é uma pessoa difícil”. Ennie não iria reclamar, sabia que o estilista entendia o que fazia. Embora gostasse de seu cabelo da cor que era e de como suas sobrancelhas se desenhavam naturalmente. Ela nunca reparara em buço ou dentes. Sabia que eram grandes, mas pensava que eles eram certinhos. Eram mais bonitos que a maioria dos dentes que já vira no Distrito Dez.

– Por favor, relaxe. Não iremos machucar, caso comece a doer, é só avisar. – disse uma moça jovem e de traços orientais, com cabelo rispidamente cortado em uma concha sobre seu rosto, deixando-a quase totalmente oculta pelas madeixas negras e grossas. – Me chamo Nee.

– Flowërniie, mas Ennie é mais fácil. – sorriu, e então lembrou-se de que seus dentes eram tortos e fechou o sorriso, constrangida.

– Não se preocupe com ele. Nós na Capital desde pequenos arrumamos imperfeições, tanto que não notamos quando alguém é naturalmente belo em algo, nós sempre achamos que é preciso melhorar.

– Eu não me importo. Estou em suas mãos. – Ennie acenou com a cabeça e Nee abriu um sorriso largo, enquanto ensaboava suas pernas. Os outros dois rapazes que estavam, um lavando seu cabelo e outro cortando as cutículas eram ambos ruivos, mas artificiais, pois a moda na Capital agora era o vermelho, pois o último vitorioso fora ruivo e se destacara por na final dos Jogos ter aberto a garganta de seu adversário sobre si mesmo e se lambuzado de sangue (embora ele não tenha feito visando o lucro e sim a sobrevivência). Eles eram gêmeos e trabalhavam em silêncio.

– São Avox, criminosos que nós usamos como ajudantes. Eles fazem de tudo, desde servir chá, até preparar banhos. São ótimos ouvintes, aliás. – e então Nee sorriu para um dos garotos, que não pôde sorrir pois sua boca estava enfaixada. – Eles são mudos.

– Os dois? – Ennie piscou os olhos.

– Sim. Arrancaram suas línguas.

– Por quê? – questionou.

– Pois são criminosos. Eles infringiram a lei. Desorganizaram a ordem. – e então a moça enxaguou suas pernas e Ennie notou que estavam nuas. Completamente sem pelos. Era estranho ver-se tão rosada. O Sol não atingia sua pele por causa dos pelos grossos, era uma adaptação do Distrito Dez. – Viu, sem dor, sem sujeira.

– Incrível. – Ennie assentiu, esquecendo o assunto sobre as Avox. Nee lhe explicou como eles iriam retirar todas as células mortas de sua pele e como iriam tratar as espinhas para eliminá-las. Ennie gostava de ouvir o que a moça dizia, ela parecia muito inteligente e sabedora do assunto. Quando já estava completamente limpa, os irmãos tiraram suas medidas com precisão e delicadeza e as levaram para o estilista, que se chamava Freud.

– Você é bem mas pálida que deu a parecer. Talvez precisemos passar um spray rosado para deixá-la mais vermelha, como está na moda.

– Acha melhor?

– Não sei. – Nee deu de ombros, e então sorriu. – Eu gostei de você, Ennie. Normalmente os tributos que chegam até nós são calados demais ou teimosos demais, mas você é calma e compreensiva. Até agora não rejeitou nada.

– Eu não gosto de discórdia. – Ennie concordou – E nenhuma das questões levantadas me prejudicam de verdade. Não me importo tanto com a cor de meu cabelo ou com os pelos da minha sobrancelha. – e então ela sorriu, e tocou o coração de Nee.

– Você é tão fofinha... – a moça apertou sua bochecha. – E tem uma pele incrível, aliás. Quem dera eu nascer com uma assim – e então virou-se em direção a porta, onde Freud as observava. – Ah, aqui está ela. Limpa, depilada. Uma joia.

O homem mais velho e ranzinza a observou calmamente, contornou-a, apertou seus braços, seu quadril, olhou desde os cantos das unhas de seus dedos do pé até a raiz dos cabelos. E então deu de ombros, voltando-se para Nee. Ele ainda a ignorava completamente.

– Ela não é tão ruim quando parecia. Mas vamos continuar com o plano. Tingir os cabelos de louro-rosa, e as sobrancelhas e todos os pelos que ainda sobraram. Quero um tom de loiro que se misture com a pele dela, algo suave e aparentemente natural. Corte o cabelo rente às orelhas, e diminua a franja até um pouco acima da sobrancelha. Deixe os fios desfiados, pois eles são finos e vão ganhar movimento com isso.

– Está certo, senhor. – Nee concordou. Novamente, Freud foi embora e o grupo respirou aliviado por não ter grandes problemas. Estava na hora de mudar completamente seu visual e Ennie não sentia ansiedade. Estava calma, pois aparentemente Freud sabia que ela ficaria bonita do modo como ele sugeria. Nee a levou até uma cadeira diferente, onde não ficaria deitada, mas sim sentada. Os gêmeos cortaram seu cabelo com paciência, uniformemente, e então desfiaram em camadas. Ennie nunca teve os cabelos tão curtos desde a infância. Era estranho não sentir o peso das madeixas ou o cumprimento dele.

Nee pintou suas unhas de vermelho intenso e falou sobre as ideias de Freud sobre o Desfile.

– Ele quer algo bem impactante, que mostre seu lado violento.

– Ah, verdade?

– Mas não sei se você tem um lado violento... – ela pensou um pouco – Você parece tão calma, Ennie. Muito diferente das pessoas daqui. São todas afobadas e vivem falando, querem ser ouvidas por todos, mas os outros também querem ser ouvidos. Por isso nós adoramos as Avox, eles ouvem tudo o que dizemos a eles.

Quando finalmente terminou, Freud reapareceu e a inspecionou. Tinha olhos mais calmos e um semblante mais relaxado. Ele assentiu para Nee e dispensou-os com um aceno. Ennie e Nee se despediram e os gêmeos mudos apenas balançavam as mãos. A sós com o estilista, Ennie sentiu um pouco de medo. Ele era ameaçador e alto. Parecia prestes a devorá-la com os olhos, mas enfim revirou os olhos.

– Flowëniie, - disse, sua voz estava grave – Preciso que me responda algumas questões.

– Sim, o que o senhor precisar.

– Preciso saber se está disposta a desfilar com algumas partes do corpo a mostra. Projetei um vestido onde um dos seios aparece, mas não sei se você gostaria de tal ideia.

Ennie engoliu em seco. Ela não gostava, mas não queria brigar com Freud.

– Se for preciso escolher, digo que prefiro não usar. Mas se for preciso, não vejo muito problema.

O homem assentiu e mostrou-lhe o desenho do vestido. Era um macacão de fazendeiro, com uma das alças abertas. Seu cabelo seria trançado e usaria um chapéu de palha. Nunca usou algo parecido, eram sempre bermudas jeans surradas e camisetas esburacadas ou manchadas de terra, botas e protetor conta mosquitos. O cheiro do inseticida ainda estava impregnado em suas narinas, e era reconfortante. Entretanto ela não possuía mais aquela camada protetora.

– Vou colocar uma blusa xadrez por baixo e mudar para uma bermuda curta jeans escura. Acha que agradaria mais?

– Sim. – ela concordou.

Freud assentiu e recomeçou a desenhar. O silêncio reinou ao redor de Ennie enquanto esperava. Ela tinha paciência. O estilista possuía talento para o desenho, seus traços eram firmes, precisos e ao mesmo tempo suaves, parecia bailar sobre a folha de papel. Quando finalmente terminou, ele pressionou as têmporas e abriu um leve sorriso, em seguida o fechou e ergueu a prancheta. Ennie olhou para o tal.

– Acho que está pronto. – ele recolheu seu material e não voltou a olhar para ela.

– Quando irei vesti-lo?

– Quando ficar pronto. – Freud acenou com a cabeça e caminhou em direção a porta – Agora eles irão deixá-la realmente pronta.

E, depois que saiu, Nee e os gêmeos retornaram, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Ennie (depois):http://media.tumblr.com/tumblr_maxrfvlC0Z1rn6ok7.gif
Personagem do Felipe!
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Desculpe postar só meia noite... Muito obrigada por todas as fichas, mas preciso deixar avisado algumas coisas: Não vai rolar sexo, ao menos não explícito, até porque a fanfic é para maiores de treze anos e eu não escrevo sobre isso e.e, segundo, já temos bastante personagem sombrios e místicos, por favor, explorem mais os outros lados da humanidade. Terceiro, amo vocês! Beijos da Meell.