Capítulo 3

Assim que me virei,vi algo que não gostaria  ter visto.

Havia um homem sentado na praça de alimentação. Ele estava aos beijos com uma mulher loira e alta,que estava sentada ao seu lado.

Mas aquele homem,não era qualquer um. Era o meu pai.

Percebi Stella olhando a minha feição de espantada e olhou para a mesma direção que eu estava olhando. Sua boca ficou entreaberta.

-Anabell,aquele é o seu pai,não é? – perguntou receosa.

-Vamos embora,por favor,Ste. – peguei em seu braço e fomos lentamente em direção a saída do shopping.

Além de eu ser uma babaca dos óculos fundo de garrafa,tenho um pai  que trai a minha mãe com outra mulher. Típico da modernidade.

Eu e Stella estávamos entrando em seu carro,até que ouvimos alguém gritar :

-Lá vai a feiosa do século XIX!

Eu estava no auge de explodir,então por que não agora?

Saí do carro como um foguete e avistei Lindsay de longe. Ouvi Ste gritando para que eu voltasse,mas eu não dei a mínima.

Parei bem próxima à Lindsay e falei:

-Você não tem nada para fazer além de pejorar as pessoas?

Ela me olhou de forma estranha.

-Desculpe. Você está falando comigo? – ela colocou a mão na minha frente. – É que eu não entendo a sua língua.

Todos que estavam com ela desataram a rir. Ste apareceu ao meu lado,tentando me levar de volta para o carro.

Nunca pensei que iria me rebaixar a tanto,mas eu sou um pouco impulsiva.

-Ah,você não entende a minha língua? – perguntei-a sorrindo. – Então talvez você entenda isso.

Ela começou a rir.

Fechei meus punhos e os levei até a face de Lindsay,acertando em cheio o seu nariz.

-Anabell...- Stella pegou em meu braço. – CORRE!

Saí correndo,toda destrambelhada,com Lindsay sangrando pelo nariz e vindo atrás da gente feito uma gazela.

-Volte aqui,sua desgraçada! – gritou Lindsay,quase me alcançando.

Corri mais rápido e pulei para dentro do carro. Ste já estava dentro e pisou no acelerador assim que bati a porta.

-MEU DEUS,ANASTÁCIA BELLA SALUZI! – gritou. – QUE MERDA PASSOU PELA SUA CABEÇA PRA FAZER O QUE FEZ?

Respirei fundo e a respondi:

-Raiva. Precisava descontá-la em algo ou alguém. E,infelizmente,a Lindsay pagou o pacto.

-Por que você não me socou então? – perguntou Ste,olhando por todos os cantos.

-Nossa,Stella,não sabia que você gostava de “levar uma surra”. – fiz uma cara de surpresa. – Quer que eu te soque agora? –ameacei-a rindo.

-Não,não. Muito obrigada. – ela riu. – Mas saiba que esse seu ato irá lhe trazer conseqüências.

-Não há algo pior do que ver seu pai traindo sua mãe com outra mulher. – bufei.

Stella calou-se. Passamos o resto do percurso em silêncio.

Ao chegar em casa,direcionei-me direto para o meu quarto pegando logo o meu diário. Precisava desabafar.

É diário... Quando eu penso que as coisas podem ficar piores,elas ficam. Percebi que a Lei de Murphy realmente me persegue desde que saí dos testículos do meu pai de encontro ao ovócito nas tubas uterinas da minha mãe. Já me basta ser do jeito que eu sou,descubro que meu pai traí a minha mãe com uma mulher loira,alta e toda elegante. Tudo o que eu menos precisava neste momento era isso. E agora que eu já estou começando a pegar essas gírias doidas da sociedade moderna não sei mais o que eu faço. Não posso me deixar contaminar.

Bom,vou tomar um banho e pegar minhas apostilas de história e começar a estudar. Tenho prova daqui a uma semana. Tenho que me prevenir.

                Anastácia Bella Saluzi.