Além do Caos escrita por Um Alguém


Capítulo 12
Capítulo 12




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– Mas… Mas… - gaguejou Sally aturdida.

– Eles a levaram, Sally. Eu tentei impedir, mas não consegui. - disse Brandon desesperado.

– O que está acontecendo? - perguntou Dexter chegando atrás de nós correndo.

– Pegaram a Kristin. - informei a ele.

– O quê? Como?

– Eu e Kristin saímos para procurar roupa, comida e qualquer coisa que pudesse ser útil. - contou Brandon com olhar frenético. - Aí aqueles caras apareceram, uns cinco ou seis. Nos pegaram de surpresa. Eles me bateram - ele apontou para o seu nariz quebrado. - e levaram a Kristin.

– Mas que merda, Brandon! - exaltou-se Dexter. - Eu mandei vocês ficarem aqui! Mandei ninguém sair. Qual é a porra da dificuldade de obedecer uma ordem simples?!

– Dexter, eu…

Mas Brandon não conseguiu terminar de falar. Dexter acertou-lhe um soco forte no rosto, fazendo-o cair e rolar escada abaixo, até ficar jogado no chão do saguão. Dexter desceu as escadas correndo. Quando Brandon ameaçou levantar-se, Dexter chutou-lhe. Sally e eu corremos até eles, tentando afastar o Dexter do Brandon.

– Seu babaca, desgraçado! Se acha tão melhor que todo mundo que não consegue obedecer uma ordem sequer, por mais idiota que ela seja! - Dexter gritava enquanto continuava batendo no Brandon.

– Dexter! Dexter, para! - puxei seu braço tentando impedi-lo de acertar Brandon de novo.

– Chega, Dexter. Por favor. - implorou Sally se colocando entre ele e Brandon.

– Eu sinto muito, cara. - disse Brandon com a voz quase inaudível.

Dexter por fim parou de bater em Brandon, afastando-se. Sally ajudou Brandon a se levantar e guiou-o até os banheiros, no corredor ao lado da escadaria à esquerda. Puxei o braço do Dexter, fazendo-o ficar de frente para mim.

– O que estava fazendo, Dexter? - perguntei-lhe com firmeza.

– Dando uma lição nele. - respondeu austero. - Ele é prepotente, nunca ouve o que ninguém diz. Acha sempre que só ele está certo.

– E espancar ele vai ajudar em quê?

– Eu não entendo. O que você queria que eu fizesse, desse um abraço nele e dissesse que ele fez bem em me desobedecer e deixar levarem a Kristin?

– Acho que devia me bater então, já que o Luke e o Jeremy morreram por minha causa. - rebati furiosa.

– Quantas vezes eu preciso dizer que não foi culpa sua?

– Por que você pode culpar o Brandon, mas não pode me culpar?

– Porque ele fez de propósito e você não.

– Ele deixou pegarem a Kristin de propósito, é isso?

– Droga, Rachel! - reclamou ele andando pelo saguão. - Por que você precisa tornar as coisas mais difíceis do que já são? - antes que eu pudesse responder, o rádio comunicador preso ao bolso de trás da calça dele começou a chiar e uma voz familiar saiu dele.

– Crianças… alguém me escuta? - chiou a voz pelo rádio.

– Quem é? - perguntou Dexter arrogante com o rádio em mãos.

– Dexter, que bom enfim ter a oportunidade de conversar com você! Aqui quem fala é o Zeke, mas você já sabe disso, não? Bom, eu tenho ouvido muito sobre você e vi o estrago que você fez enquanto tentava ajudar seus amiguinhos a fugir da cidade.

– Cadê a Kristin?

– Ah, Kristin. - Zeke visivelmente estava se divertindo com tudo aquilo. - Ela ainda está viva, não se preocupe.

– Cadê a Kristin?! - repetiu Dexter furioso.

– Você a quer de volta? Ótimo, podemos fazer um acordo então. Eu te dou o que você quer e você me dá o que eu quero. Uma troca justa.

– O que você quer?

– Ora, você sabe, meu jovem. Eu quero a nossa amada Rachel.

– Não, não e não. Sem chance.

– Sério? Achei que você não fosse recusar um acordo tão bom assim. Pensa comigo, seus amigos estão morrendo um a um, e se você não aceitar a nossa troca eles vão continuar morrendo. E a culpa será sua, por ser um líder tão ruim e egoísta. Eu sei que a pequena Rachel é apaixonante, mas eu prometo que cuidarei dela com muito carinho por você.

– Você não vai tocar em um fio de cabelo dela. - garantiu Dexter com a voz ameaçadora. - Eu vou atrás de você, vou te achar e te matar. Vou fazer você sofrer bastante, até você implorar para morrer. E quando você implorar eu vou ignorar e continuar e continuar até você morrer com mais dor do que você jamais imaginou ser possível.

– Uau. - debochou Zeke rindo. - Foi uma ameaça e tanto. Mas acho que isso não vai acontecer. Faremos assim: vou te dar até hoje a noite para pensar na minha proposta. As nove horas eu entro em contato de novo para conversarmos mais um pouco.

– Não quero conversar com você, seu merda.

– Maravilha! Combinado então. Até mais tarde, Dexter. - e desligou o rádio.

Dexter virou-se para mim. Seu rosto era uma máscara de ódio assustadora. Aproximei-me dele, apoiando as mãos no seu peito e olhando-o nos olhos. Aos poucos sua expressão foi se suavizando.

– Você percebe, Dexter? - perguntei-lhe em voz baixa. - O que ele disse é verdade. Não podemos detê-lo. Zeke vai matar todos nós. Mas isso não precisa acontecer. Deixe-me ir.

– Você quer ir? É isso que quer? - ele segurou meu rosto com as duas mãos, seus polegares acariciando minhas bochechas.

– Não posso mais deixar as pessoas morrerem por mim, Dex.

– Dex. - ele repetiu com um sorriso triste. - Essa não parece uma boa hora para você começar a usar apelidos carinhosos.

– Dexter…

– Sabe o que é pior nisso tudo? Eu não poder te proteger.

– A culpa não é sua. Você fez tudo que podia.

– E não foi o suficiente, não é? Dana, Luke, Jeremy, talvez Kristin, e agora você. Agora eu entendo a sua teimosia em manter distância das pessoas.

– Acho que é um pouco tarde para pensar nisso.

– Eu sou louco por você, Rach. - disse ele aproximando mais nossos rostos. - Não posso te deixar ir.

– Eu sei, Dex. Eu sei.

E então bati com a coronha da pistola na sua têmpora. Ele gemeu de dor e cambaleou para trás. Chutei sua virilha, fazendo-o cair de joelhos, e acertei outra coronhada, agora na nuca. Ele caiu desmaiado. Rapidamente peguei o rádio comunicador e saí correndo do teatro. Corri sem olhar para trás, com medo de perder a coragem.

Quando estava a algumas ruas de distância parei para descansar minha perna que ainda se recuperava. Encarei o rádio por alguns minutos antes de, por fim, ligá-lo e chamar o Zeke.

– Será que meus ouvidos me enganam ou será que é Rachel mesmo? - perguntou Zeke debochado.

– Sou eu, Zeke. Aonde você está?

– Depende. Aonde você está? - rebateu.

– Não estou com o Dexter, se é isso que quer saber. - disse-lhe impassível. - Quero fazer a troca. Solta Kristin, eu estou indo para aí.

– Por quê? - questionou ele tranquilamente. - Pelo que eu saiba, você e a Kristin não se dão muito bem.

– Não importa o porque. Se você me quiser, vai ter que soltá-la.

– Tudo bem, tudo bem. - concordou rindo. - É bom ver que você continua um amor.

– Aonde você está? - perguntei ignorando suas gracinhas.

– No bar Flicker, na Fown Street. - disse ele assumindo um tom sério. - Você tem vinte minutos para chegar aqui. Sozinha.

Desliguei o rádio sem dizer mais nada e voltei a andar. Já estivera em Laneston algumas vezes, mas isso não me fazia conhecer a cidade bem o suficiente. Felizmente haviam alguns mapas espalhados pela cidade, em pequenos painéis nas praças. Parei de frente para um dos mapas, procurando a rua indicada pelo Zeke. Não era muito longe dali.

Caminhei o mais rápido que minha perna permitiu. Parei abruptamente quando vi o garotinho que Brandon havia matado. Ele estava caído na esquina, seu corpo pequeno, flácido e coberto por uma camada seca de sangue. Desviei os olhos e voltei a andar. Era difícil respirar, o ar estava com um fedor pútrido. Às vezes avistava coisas que pareciam restos humanos.

Quando por fim cheguei ao bar, senti um aperto no coração. Sabia que assim que entrasse ali estaria morta. Reuni o resto de coragem que me restara e abri a porta.

– Olá, querida. É bom vê-la d enovo. - disse Zeke com um largo sorriso.


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