Nossa Amável Justiça Vingativa escrita por Fada Dos Tomates


Capítulo 6
A Pior


Notas iniciais do capítulo

Foi mal não ter postado antes, escola bateu à porta e tive de fechar meu mundo por um tempo. Mas hoje temos luta e loucura com a Aika!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647315/chapter/6

Aika

–Kori... – murmuro abraçada em seu casaco que acabei levando comigo quando fui arrastada pra essa escuridão.

Está frio e não vejo nada, estou com medo. O que eu faço?

–Kori? – minha voz ecoa pela escuridão, é ridículo chamá-lo, ele deve estar bem longe agora.

Levanto-me cambaleando, ainda abraçada ao casaco dele, arquejo andando pelas pedras e tombando cegamente de quando em quando. Aonde isso irá chegar?

–Medo... – sussurro – O que será que tem aqui?

Barulhos, zumbidos, som de água. Que lugar é esse?

Hikari... Eu queria que ela estivesse aqui. Ou Sora, mas...

–Você – ouço uma voz chamar melodiosamente.

Avisto uma luz e corro até ela.

–Quem é você? – indago com esperança de uma ajuda – Aqui é a saída?

–Ternura – diz a voz, é uma coisa estranha, uma voz quase robótica – Nunca andaram juntos.

Ela está cantando. Por quê? Quem é essa pessoa?

Chego à luz, é apenas uma janelinha onde vejo paredes brancas do outro lado na qual não posso passar. O que isso significa? Então, um braço atravessa a janela, uma mão é estendida pra mim enquanto a música estranha continua:

–Mas ninguém sabe que o céu cinza é o mais puro de todos.

–É para eu pegar sua mão? – questiono confusa, isso parece um sonho sem sentido.

Ternura e sonhos andam sempre de mãos dadas – responde a voz cantando.

Um pouco temerosa, seguro sua mão. A janela começa a ficar mais larga e a mão me puxa para dentro. Vejo um espelho, a mão veio de meu próprio reflexo. Fico paralisada olhando pra minha face no espelho.

–O que isso significa? – me pergunto.

Você ora pra quê? Você chora por quê? – é só o que diz o reflexo.

E de repente, o espelho se quebra me dando um susto, meu reflexo desaparece.

–O que aconteceu? – tento entender essa loucura, isso não faz sentido.

Um zumbido incessante começa a perturbar meus ouvidos, olho para trás e vejo flores nascendo e murchando, mas não param de crescer. Começam a se enroscar em meus pés, seus espinhos fincam em minha pele de forma que tenho que fugir delas.

Mas o cenário às minhas costas já mudou: é um labirinto infinito e cinza. O que devo fazer?

–Aika! – chama uma voz, não é a mesma de antes, é uma voz que acerta meu coração como uma bomba de emoções e memórias boas e dolorosas.

–Sora! – adentro o labirinto sem poder ignorar essa voz que é tão doce como uma rosa, mas cheia de espinhos como tal.

O que ele faz aqui? Não importa, preciso dele ou nada mais fará sentido nesta vida dolorosa.

Por algum motivo, a música do reflexo com uma voz estranha continua, falando coisas sem sentido sobre ternura, tristeza, dor e lógica.

Tic-tac, há relógios por todo o canto, fazendo mais barulho que os zumbidos e a música.

O que é tudo isso? O que está acontecendo?

–Aika! – continua gritando Sora de forma horrível.

–Sora! – precisa ser mais rápida, ele pode estar sendo torturado ou sei lá, não posso aguentar.

–Aika... – essa voz não é dele, agora – Aika.

É a voz de Youmu. Como é possível ela estar aqui?

Um sorriso me para, tudo parece girar... O que ela está fazendo? O QUE ELA ESTÁ FAZENDO COM SORA?!

Tudo parece tremer e por dentro pareço estar pegando fogo. Aquele desejo retornou, eu quero vermelho, eu quero sangue e só o sangue dela.

–Desprezível – digo pra mim mesma, mas é inevitável.

Eu necessito de sangue.

O impulso de atacá-la com a lâmina que não sei de onde tirei é ativado. Ela desvia pulando para o lado, tento pegar Sora no chão, mas ele começa a afundar numa poça de água. Seus olhos estão cheios de desprezo pra mim. Por quê?

–A pior – diz antes de desaparecer na água.

Por que isso? O que ele quis dizer com “a pior”?

Ma faca acerta minhas costas, cerro os dentes e consigo repelir o golpe de Youmu. O que essa cobra fez com o Sora?! Por que ele está assim?!

–O que foi, saite*? – questiona ela de forma malévola. *Saite: a pior, desprezível, horrível.

–Youmu – rosno – O que fez com Sora?!

–Você mesma fez isso, você é a pior! – ela me ataca de novo.

Desvio e tento acertá-la pela retaguarda, mas ela defende.

–Você ainda não sabe? – diz.

Algo líquido pinga em minha bochecha. Chuva? Estão vejo a cor escarlate que amo tanto, é sangue.

–O que...

Youmu tenta me derrubar, mas ando para trás, ela me ataca novamente, quase ferindo minha garganta não fosse por minha lâmina ter batido em sua espada.

–Você não pode escapar de seus desejos sanguinários – ela me chuta e me faz cair – Você é a pior!

É horrível aquele sangue caindo e banhando meu corpo por vermelho, besteira minha ter pedido por sangue.

Chuto Youmu para que ela saia de cima de mim e quase a perfuro, a garota consegue segurar meu braço e chutar meu rosto, deixando-me entorpecida. Sua lâmina atravessa meu estômago, arregalo os olhos.

–Você está perdendo a prática, não é? Saite – debocha Youmu enquanto sangro – Até o Sora já te desgosta, você é desprezível.

“Saite” tudo sussurra em meu ouvido, parece estar girando como se fosse um sonho, minha cabeça parece que vai explodir.

–Você o deixou pra morrer enquanto perdia tempo odiando todos, Sora nunca ira te amar, nunca iria amar alguém tão horrível – continua Youmu enquanto choro paralisada em sua frente, nada dói mais do que as verdades que ela pronuncia.

“Saite”, isso tudo, todo o meu ser já é um grande pecado, e não posso fazer nada além de odiar e chorar.

Começo a rir, espantando Youmu. Não há outra saída, devo aceitar. Irei apodrecer no Inferno, mas é isso o que eu sou. A pior.

– O que houve? É rir pra não chorar? – zomba ela.

–Youmu você não sabe de nada – olho pra ela com meus olhos escarlates selvagens – Eu sou a pior, não é? Então...irei ser a pior.

Sorrio permitindo que a insanidade tome conta de minha mente quebrada, seguro o braço dela e mordo seu pulso o mais forte que posso até perfurar suas veias, ela dá um grito e cambaleia para trás.

Nem dou tempo de ela se defender e cravo a espada em seu peito, chuto seu rosto e com as próprias mãos abro sua mandíbula e a quebro, sem remorso algum.

Jogo seu corpo oco para o lado e viro as costas, eu sou a piro. O que mais importa?

Nunca conseguirei Sora de volta, é só o que eu tenho. Ódio, podridão, desespero, desejos sujos em meu coração estragado. Farei todos sofrerem como eu neste eterno vazio sem fundo.

Pego o casaco de Kori do chão, esqueci dele e infelizmente sujou de sangue. Kori... O Kori é tão legal...Eu acho que...

–Gosto dele – sorrio com uma esperança doentia em meu coração.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hum, ela gosta do Kori. E agora? O que ela fará com essa loucura toda no coração? Surpreendam-se nos próximos caps...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nossa Amável Justiça Vingativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.