As Regras do Amor escrita por Suy


Capítulo 1
Capítulo 1 - Uma vida nova.


Notas iniciais do capítulo

Oie!!!

Espero que gostem desse novo projeto,
Já tenho uma fic finalizada aqui no Nyah, Por você mil vezes:
https://fanfiction.com.br/historia/576815/Porvocemilvezes-Senaofosseamor/

Um beijo grande,
Suy.



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São quase 20hrs da noite na cidade de Los Angeles. Abbie se olha no espelho analisando a vigésima opção de roupa que vestiu nos últimos 40min para ir para a festa de despedida da faculdade. Ela havia acabado de terminar sua especialização em direito, seu sonho era se tornar uma advogada renomada, de grande sucesso e ela se esforçava para que isso acontecesse.

Se dando por convencida de que o jeans de lavagem escura, botas de saltos pretas e camisa branca estavam decentes o suficiente para sair de casa, ela começou a travar uma luta com os cabelos. Ela os prendeu em um rabo de cavalo, depois os soltou, fez um coque, depois soltou novamente. Bufou encarando o seu reflexo frustrada e decidiu ir com eles soltos, os cachos cor de mel caiam pelas suas costas, até um pouco abaixo da cintura.

“Melhor que isso não dá pra ficar.” Ela disse para si mesma.

O telefone toca, é uma mensagem de Ed, seu namorado, avisando que já está esperando por ela, para finalmente irem para a tão sonhada última festa da vida universitária. Ela põe uma jaqueta de couro e desce rapidamente, dando uma rápida checada em suas coisas que estavam todas embrulhadas para a viagem. Eram caixas e mais caixas, bolsas e malas com seus pertences, ao mesmo tempo em que ela se sentia animada para começar uma vida nova, um frio na barriga insistia em continuar ali, atrapalhando que ela se sentisse feliz por completo. Ela desceu as escadas rapidamente, avistando a caminhonete vermelha de Ed, da qual ele se orgulhava e vangloriava.

“Até que enfim! Já estava pensando em te deixar ai!” Ed falou repreendendo Abbie pela demora.

“Você acabou de mandar mensagem Ed...” Ela revirou os olhos sentando no banco do passageiro. “A festa só fica há uma meia hora daqui, não precisa desse desespero todo para chegar.”

“Tá bom, tá bom... Não vamos discutir por causa disso.” Ele disse a beijando rapidamente.

Abbie e Ed estavam juntos há dois anos, eles se conheceram no primeiro dia de aula da especialização, Abbie andava pelo campus, quando ele se aproximou pedindo ajuda para encontrar sua classe, ao tentar ajudá-lo, eles acabaram perdidos e consequentemente perdendo a aula que deveriam ter assistido, mas os beijos que eles haviam dado depois desistir de achar a sala de Ed, tinham valido a pena. Meses depois, Abbie descobriu que Ed não estava perdido coisa nenhuma e sabia muito bem qual o caminho para chegar em sua classe, ele apenas não queria perder a oportunidade de passar um tempo a sós com Abbie.

Ao chegar ao local da festa, a música estava tão alta que dava para ouvi-la mesmo há quilômetros de distância. Ed estacionou o carro e eles desceram andando para dentro da casa. Abbie já tinha desistido de tentar andar de mãos dadas com Ed, na cabeça machista dele, o principal artilheiro do time de futebol da faculdade não poderia ser visto andando de mãos dadas, fazia mal para sua imagem.

“Mas ficar me dando palmadas na bunda na frente de todo mundo, tudo bem não é?” Abbie sempre o questionava com ironia.

Depois de um tempo ela percebeu que simplesmente não valia a pena a discussão sobre esse assunto e apenas não dava mais sua mão para ele segurar, ao invés disso, sempre deixava suas mãos dentro de algum bolso, seja do casaco ou da calça. Várias pessoas vieram cumprimentar eles dois e trazendo junto, vários copos com bebidas. Abbie recusou todos e não deixou Ed beber também.

“Já vai cortar minha onde Abbie?” Ed disse com raiva.

“Você está dirigindo Ed e já levou várias multas por dirigir alcoolizado, mais uma e você perde a carteira, deveria estar me agradecendo.” Ela cruzou os braços.

“Simples, é só você levar o carro.”

“Você sabe que eu não gosto de dirigir. Só poderia ao menos tentar se divertir sem precisar ficar bêbado? Por favor?” Ela o implorou e ele concordou emburrecido. “Eu vou procurar as meninas então!” Ela o beijou. “Se comporta tá?”

“Eu sempre me comporto.” Ele sorriu e os dois foram em direções opostas.

Abbie sabia que ele nunca se comportava, esse era o problema. Quando estavam sozinhos, Ed era carinhoso e gentil, na maioria das vezes, mas quando estava rodeado dos amigos, que inclusive ela odiava, ele se transformava no tipo de cara que Abbie sempre desprezou. Mas ela tentava se convencer de que as coisas boas que ele fazia para ela superavam esses momentos ruins.

Depois de encontrar com suas amigas, dançar, rir muito e desviar de vários bêbados que tentavam passar a mão nela, Abbie decidiu procurar Ed. Ela andou por toda casa e nenhum sinal dele, a preocupação já estava em níveis alarmantes quando ela o vê de costas, rodeado dos amigos que ela odiava, exceto por um, que ela não sabia quem era ou apenas não lembrava quem era.

“Ed!” Ela o chamou, mas ele ignorou. Abbie se aproximou, ficando ao seu lado. “Onde você estava? Te procurei em todos os lugares!”

“Que engraçado... Eu fugi de você em todos os lugares!” Ele e os amigos começaram a rir, exceto pelo cara desconhecido, que simplesmente virou a cara.

“Você está bêbado.” Ela disse reparando no copo vermelho em sua mão.

“Como você é observadora...” Ed debochou dela mais uma vez. “Para com isso e dá um pouco de amor pra mim.” Ele tentou lhe dar um beijo, mas ela virou o rosto.

“Disse que não iria beber, é você quem está dirigindo.” Abbie tentou controlar o tom de raiva em sua voz.

“Para de ser chata Abbie!” Ed gritou. Ela tentou andar para longe dele, mas ele a puxou pelo braço.

“Me solta...” Ela disse entre os dentes.

“Onde você pensa que vai?”

“Pra casa.”

“Só que eu não estou afim de ir embora agora.” Ed riu dela.

“E quem te disse que eu estou te convidando?” Ela riu também, com ironia e ele a soltou com raiva.

“Você quem sabe... Qualquer uma aqui me concede um pedacinho da cama pra eu dormir.”

“Eu concedo!” Uma menina que Abbie reconheceu vagamente disse se aproximando de Ed e ele desceu a mão pelas costas dela, atentando Abbie.

“Faça bom proveito.” Ela deu de ombros e saiu andando. Os amigos de Ed começaram a vaiá-lo pela forma vergonhosa que Abbie havia lhe dado um fora.

“Eu vou te levar para casa.” Ed correu ficando de frente para Abbie, mas ela o olhou com desdém.

“Não entro em um carro com você nem que me pagassem. Se quer se matar, faça isso sozinho!” Ele ia começar a falar algo, mas a bebida não o deixava concluir o raciocínio, Abbie apenas riu. “O triste disso tudo Ed, é que você é melhor do que esse ser humano medíocre que está na minha frente agora.”

“Eu... Eu...” Ed sentiu um enorme enjôo e se curvou com a mão na barriga, vomitando tudo o que tinha bebido nos pés de Abbie.

“Sai da minha frente. Agora!” Ela gritou e ele permaneceu parado. Abbie o empurrou e saiu andando para a porta principal.

Antes de conseguir chegar ao lado de fora, as lágrimas já caiam pelo seu rosto. Ela se sentia ridícula e humilhada, logo pelo homem que ela julgava amar. Ela sentou na calçada da casa e tirou suas botas, agora sujas de vomito e usando as meias numa tentativa de limpá-las o mínimo que fosse. Ela sentiu alguém parado ao seu lado e jurou para si, que se fosse Ed, hoje ela iria ser presa por homicídio. Ao levantar o rosto, ela viu o rapaz desconhecido que estava junto do seu namorado, ou ex-namorado. Um cara alto, ombros largos, cabelos escuros e olhos azuis.

“Se o seu amigo idiota te mandou vir aqui...” Abbie voltou sua atenção para as botas e disse ríspidamente.

“Ele não é meu amigo.” Ele a interrompeu. “Meu primo é amigo dele e eu nem queria estar aqui, para ser sincero...” Abbie notou o sotaque diferente e ficou de pé, secando as lágrimas com as palmas das mãos.

“Você não é daqui... Não é?”

“Não, nascido e criado em Londres.” Ele sorriu revelando uma covinha do lado esquerdo do rosto.

“E o que aconteceu? Se perdeu por aqui?” Ela cruzou os braços, em uma tentativa de parecer intimidadora, sem muito sucesso.

“Vim participar de uma coisa idiota de família...”

“Ah... Festas em família são um saco mesmo...”

“Não foi bem uma festa, foi o velório da minha avó, na verdade.” Ele sorriu mais abertamente ao ver como Abbie ficou sem graça ouvindo aquilo.

“Ai meu Deus... Desculpa, eu não achei que... Você sabe... É que você disse... E eu também...” Era divertido para ele ver Abbie se enrolar nas palavras.

“Não precisa se preocupar, Abbie. É Abbie, não é?”

“Abbie, isso.” Ela concordou. “É Abigail, na verdade, mas... Enfim... Só Abbie.” Ela esboçou um sorriso tímido, que o encantou e ele não sabia por que. “E você é...?”

“Perdoe-me...” Ele estendeu a mão em forma de cumprimento e Abbie achou isso divertido, já que ela não conhecia muitos caras que a cumprimentavam assim, pelo menos não os que tinham aparentemente a mesma idade que ela. “Dom Hunter. Na verdade é Landon, mas, enfim... Só Dom.” Ele repetiu as palavras de Abbie, o que ela achou engraçado e ela apertou sua mão, que eram quase o dobro de tamanho que a sua.

“Prazer, ‘Só Dom’.” Dom riu do trocadilho. Abbie olhou novamente para seus pés descalços e suas botas sujas e bufou. “Não nos conhecemos no melhor dos momentos.”

“Eu discordo... Acho que nos conhecemos no momento certo.” Dom sorriu. “Como vai voltar para casa?”

“Não sei... Um táxi talvez, vou tentar ligar para alguma empresa.”

“Eu te levo em casa.” Nem Dom sabia direito por que estava oferecendo a carona, ele se convenceu de que era apenas compaixão por uma jovem que tinha acabado que terminar com seu namorado e tinha vômito em seus sapatos.

“Agradeço, mas não precisa.” Abbie sorriu educadamente. Ela jamais iria entrar em um carro de um homem que ela havia acabado de conhecer. Os noticiários mostravam todos os dias casos trágicos de meninas que cometeram esse tipo de erro.

“Engraçado...” Dom cerrou os olhos. “Nunca se negaram a entrar no meu carro antes.”

“Olha, Só Dom...” Dom riu dela. “Você parece ser uma pessoa legal e tudo mais, mas eu não sei nada sobre você e não entro em carros de gente desconhecida, estou preservando minha segurança física.”

“Muito bem colocado.” Ele se sentiu reconfortado por ela ter a cabeça no lugar, por que ela estava certa afinal, não deveria aceitar carona de um homem estranho. “Então você vai esperar o seu namorado alcoólatra pra ele te levar?”

“Eu acredito que agora seja ‘ex-namorado’ o termo certo e não, eu prefiro voltar a pé para casa, descalça, do que entrar ali e olhar para aquele filho da mãe.”

“Sem querer estragar seus planos, voltar para casa a pé não é um ato de muita segurança, você poderia voltar comigo e então seria mais rápido e posso te garantir que é 100% seguro.”

“Eu acho que prefiro a idéia inicial do táxi...” Abbie tirou o celular do bolso para ligar.

“Então você prefere pegar carona com um taxista que você também não conhece e pagar por isso, quando pode ir de graça comigo?”

“Eu ainda não estou tão falida a ponto de não ter dinheiro para um táxi...” Abbie disse um pouco ofendida pelo comentário dele.

“Tudo bem, então para quê ligar para uma empresa, quando se tem um taxista particular bem aqui do seu lado?”

“Por que está insistindo tanto? Não vou pra cama com você, se essa é sua intenção.”

“Não é minha intenção.” Tudo bem, talvez ele tenha pensado em eles dois se beijando no banco detrás do carro, mas só por que Abbie era bonita demais para não se pensar isso. “Vou correr o risco de parecer doido, mas gostei de você Abbie, deixa eu te ajudar.”

Abbie pensou por um momento, se deveria aceitar a oferta ou não e suspirou em derrota.

“Três regras.” Ela começou a falar e Dom sorriu ouvindo atentamente. “Você vai me levar para casa direto, pelo caminho que eu quiser, sem desvios e sem paradas. Não vai encostar um dedo em mim sequer e se fizer isso, se considere um homem morto.” Dom tentou não gargalha da segunda regra de Abbie, ele jamais tinha encostado um dedo sequer em uma mulher que não quisesse. “E vai me deixar te pagar pela carona.”

“Não precisa me pagar, não se paga por ajuda.” Ele franziu a testa.

“Você não disse que é meu taxista particular? Eu pagaria para um taxista, então eu vou pagar para você.”

“A gente negocia isso no caminho...”

“Sem negociações, é pegar ou largar.”

“Tudo bem, aceito suas três regras.” Abbie sorriu vitoriosa e se abaixou para pegar suas botas, mas estavam realmente fedendo. Ela fez uma careta e tampou o nariz com a mão, indo até a lixeira ao lado e as jogou dentro. “Não vai querer mais elas? Só precisam de uma boa lavagem.” Dom disse com diversão observando Abbie andando de volta até ele nas pontas dos pés.

“Não. Estou pensando seriamente em queimar essa roupa quando chegar em casa, já me livrei das botas só falta o resto.” Eles começaram a caminhar para fora do jardim da casa.

“Isso tudo pra tentar esquecer essa noite?”

“Também...” Ela deu de ombros. “Agora eu que vou parecer doida.” Abbie disse sem graça e Dom a olhou curioso. “Sabe quando você sente uma vontade enorme de recomeçar? Tipo em um jogo de vídeo game que você aperta o botão restart e começa do zero? Era disso que eu precisava... Ir para algum lugar novo, que eu não conheça nada e ninguém e ser uma pessoa diferente talvez... Ser a Abbie que eu queria ser.”

“E quem é a Abbie que você queria ser?”

“Uma Abbie bem sucedida, feliz consigo mesma, mais corajosa... Uma versão 2.0 de mim.” Abbie sorriu para Dom, que sorriu em resposta.

“As pessoas geralmente não querem mudar por que tem algo, ou alguém que as prendam onde elas estão. Nada te prende aqui? Seus pais, por exemplo?” Dom se arrependeu na mesma hora de ter feito essa pergunta, pela cara séria que Abbie fez.

“Regra quatro... Não pergunte sobre minha família. Meus pais faleceram já tem uns anos, eu sou sozinha no mundo e é a única coisa que eu vou dizer.”

“Você é quem manda!” Ele levantou as mãos e parou ao lado do carro que tinha alugado.

“Esse é seu carro?” Abbie olhou admirando o Land Rover prata na sua frente.

“Até amanhã ele é.” Dom disse e Abbie o olhou sem ter entendido o que ele quis dizer. “Eu o aluguei para o enterro.”

“Ah...” Ela andou ao redor do veículo. “É um belo carro.”

“É mesmo... Parece que voa. Quer dar uma volta?” Ele jogou a chave para Abbie que o devolveu no mesmo momento.

“Eu não dirijo.”

“Não tem habilitação?” Ele perguntou confuso.

“Tenho habilitação, só prefiro me manter longe do volante.”

“Tem medo?”

“Pânico, na verdade.” Dom apenas assentiu, se perguntando o por quê desse medo, mas achou melhor guardar suas perguntas para si.

“Então a senhorita vai ser a minha co-pilota.” Ele abriu a porta da frente para ela.

“Não... Eu vou no banco detrás.” Abbie abriu a porta e sentou no banco traseiro.

“Algum motivo em especial?” Dom riu ficando ao lado da sua janela.

“Sempre ando no banco traseiro quando pego um táxi.”

“Ok, isso vai me ajudar a entrar no personagem mesmo.” Dom deu a volta entrando no carro e o ligou, saindo de onde estava estacionado e Abbie deu as instruções sobre o caminho que ele deveria pegar.

“Olha o espaço interno desse carro...” Ela se deitou no banco e Dom a olhou pelo retrovisor rindo. “Eu poderia morar aqui dentro.”

“Você é pequena, poderia morar até dentro de um fusca.” Dom debochou dela.

“Regra cinco, não zoe meu tamanho!” Ela gritou.

“Tudo bem, tudo bem!” Ele riu tirando um cigarro do bolso e o colocando na boca.

“Você fuma?”

“Fumo.”

“Você sabe que isso é uma sentença de morte, não sabe?”

“Eu vou morrer de qualquer forma, me deixa mais confortável saber a causa da minha morte.” Ele disse com diversão, mas ela tirou o cigarro de sua boca e o jogou pela janela. “Deixa eu adivinhar... Regra seis, nada de fumar perto de você.”

“Isso mesmo.”

“Você tem muitas regras Abbie...”

“Regras ajudam em qualquer tipo de relacionamento...” Ela respondeu calmamente.

“Então... Segundo a regra quarto, não posso perguntar sobre sua família, mas é permitido perguntar sobre você?”

“Acho que não tenho problemas quanto a isso...” Ela sentou apoiando a cabeça no banco do passageiro. “Mas eu quero perguntar sobre você também.”

“Eu te faço uma pergunta e você me faz uma.”

“Parece justo...” Abbie sorriu.

“Eu começo!” Dom a olhou rapidamente. “Como você acabou namorando com um idiota daqueles?”

“O Ed não é um idiota por completo... Ele é muito inteligente, engraçado e gentil. O problema dele são as más companhias. Ou eu tentei me convencer disso, pelo menos.” Dom assentiu. “O que você faz da vida?”

“Nada.”

“É sério Dom...” Ela revirou os olhos.

“Eu estou falando sério, não faço nada.” Ele riu. “Larguei a faculdade e não tenho planos de voltar.”

“Então como você sobrevive?”

“É a minha vez de perguntar Abbie...” Ela o olhou feio e ele continuou. “Que curso você fez?”

“Direito.”

“Interessante...” Ele ficou pensativo. “Temos uma advogada aqui então.”

“Não... Temos a melhor advogada aqui.”

“Convencida...” Ele a olhou. “Gostei.”

“Sua vez de responder.”

“É uma história um pouco longa...”

“Ainda temos alguns minutos antes de chegar, então seja rápido.” Abbie ficou o observando pelo retrovisor.

“Meu avô tinha uma empresa de advocacia, mas meu pai nunca se interessou por ela, fez carreira como médico, é um dos melhores de Londres. Então quando meu avô morreu, ele deixou tudo para minha avó, que colocou tudo no nome do meu pai, até que ele fez uma coisa que minha avó achou imperdoável.”

“O que ele fez?” Abbie perguntou com um certo receio pela resposta.

“Casou-se com minha mãe.” Dom riu. “Minha avó odiava ela e disse que iria deserdar meu pai. Assim ela o fez. Só que todo mês era depositado uma quantia em uma conta no meu nome, ela fez tipo uma poupança para mim, juntamente com meu pai, então basicamente nunca precisei trabalhar. Quando ela faleceu e houve a leitura do testamento, descobrimos que ela deixou tudo em meu nome. Ela odiava minha mãe, mas ironicamente, era doida por mim.”

“Então você é dono de uma empresa agora?”

“Isso. E não faço idéia de por onde começar...” Ele riu.

“Fica aqui em Los Angeles a empresa?”

“Não, minha avó morava aqui, mas a empresa fica em Miami. Meu vôo está agendado para amanhã cedo.”

“Entendo...” Abbie soou mais decepcionada do que gostaria por ele estar indo embora.

“Minha vez. Qual seu nome completo?”

“Por que quer saber meu nome completo?” Ela o olhou rindo.

“Por curiosidade, não é por isso que estamos fazendo perguntas um para o outro?”

“Abigail Elizabeth Thomas. E o seu?”

“Michael Landon Hunter II.”

“Não conheço muitas pessoas que usam o nome do meio...”

“Sempre achei esquisito me chamarem de Michael, já que é o nome do meu pai.”

“Meu prédio é aquele todo cinza, do lado esquerdo.” Abbie disse reconhecendo a sua rua e não pôde deixar de se sentir aliviada por ter chegado bem.

“Chegamos.” Dom disse parando o carro.

“Chegamos.” Abbie esboçou um sorriso e tirou algumas notas do bolso o entregando.

“Eu não quero seu dinheiro.” Ele disse sério.

“Eu vou me sentir melhor se você aceitar.”

“Mas eu não quero aceitar.”

“Tudo bem...” Ela deu de ombros e jogou o dinheiro no banco do passageiro, o que fez Dom rir. “Muito obrigada por ter me trazido, só Dom.”

“O prazer foi meu, só Abbie.”

Eles passaram alguns segundos se olhando em um silêncio constrangedor, até que Abbie teve a iniciativa de abrir a porta e descer do carro. Ela andou em direção ao seu prédio, virando uma última vez para acenar para ele. Ela abriu o portão para finalmente entrar em casa e esquecer de uma vez por toda aquela noite.

“Espera!” Abbie ouviu a voz de Dom e se virou em sua direção, ele estava em pé próximo a ela.

“Que foi?”

“Eu tenho uma proposta pra te fazer.”

“Eu não vou me prostituir.” Ela disse séria.

“O quê?” Dom gargalhou. “Não é nada disso. Pensa comigo. Eu vou cuidar de uma empresa de advocacia, você é advogada... Ligue os pontos.”

“Ah... Não. Não, não e não.”

“Por que não?” Ele franziu a testa.

“Eu acabei de me formar, não tenho tanta experiência assim.”

“Quer experiência melhor que a prática?”

“Tá, mas é Miami. Eu não tenho passagem pra ir.”

“Eu resolvo esse problema com uma ligação.” Dom sorriu.

“Eu nem te conheço!” Ela disse incrédula.

“Claro que conhece! Tivemos 1hr de conversa praticamente, deu tempo você me conhecer. E também...” Ele tirou o celular do bolso e entregou para Abbie.

“O que é isso?”

“É minha página do facebook.”

“Por que eu iria querer ver seu facebook?” Abbie disse tentando não rir.

“A página do facebook diz muito sobre uma pessoa.” Dom disse. “Tem as músicas que eu escuto, os filmes que eu vejo, o tipo de lugar que eu freqüento... É basicamente um resumo sobre mim.”

“Dom, você nem me conhece direito também, isso é loucura.” Ela riu o devolveu o celular.

“Eu te conheço. Você se chama Abigal Elizabeth Thomas, tem um péssimo gosto para namorados, acabou de se formar em direito, é engraçada, não gosta de dirigir, é cheia de regras e mais generosa do que a maioria das pessoas que eu conheço.”

“E como você tem tanta certeza assim da minha generosidade?” Ela cruzou os braços o encarando.

“Por que você me deu 80 dólares, por uma corrida que vale no máximo 30.” Dom riu e mostrou o dinheiro em sua mão.

“Só queria agradecer de alguma forma.” Abbie sorriu sem graça. “Por favor, fica, vai fazer eu me sentir com um pouco mais de dignidade.”

“Eu prefiro que você fique com esse dinheiro e me chame pra almoçar em Miami.”

“Eu não sei...” Abbie falou receosa.

“Você mesma disse que não tem nada que te prenda aqui e que quer recomeçar em um lugar novo.” Dom disse tentando convencê-la. “A Abbie que você é hoje recusaria minha proposta, mas e a Abbie que você quer ser? O que ela diria?” Ela desviou o olhar dele e suspirou.

“Ela diria que...” Abbie pegou o dinheiro da mão de Dom. “O almoço é por minha conta.” Dom sorriu abertamente e estendeu a mão para ela.

“Abigail, algo me diz que esse é apenas o começo de uma grande amizade.” Abbie apertou sua mão sorridente.

Eles mal sabiam o quanto suas vidas estavam prestes a mudar.


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