Cidade dos Espíritos - RE escrita por ShadowAlexandre


Capítulo 3
A Procura Começa




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Saki resolveu manter a calma e esperar. Ela ouvia os passos cada vez mais próximos. Até que os mesmos pararam.

– ...Olá? - Disse o homem.

Naquele instante, ela tinha certeza de que o homem era real. Não era algum tipo de alucinação ou coisa de outro mundo. Ele estava de fato perto dela.

– ...Quem é você? - Perguntou ele.

Lentamente, porém ainda segurando a vassoura, Saki saiu de trás do corredor e parou em frente ao homem.

– ...Você é de verdade? Porque eu ando vendo algumas coisas estranhas nessa cidade. - Disse o homem.

Saki confirmou que era real. Em seguida, perguntou quem ele era.

– Meu nome é Toshio. Eu moro nessa cidade, mas fiquei algum tempo fora à trabalho. Hoje eu voltei, e dei de cara com... Isso. E você quem é?

Saki se apresentou.

– Saki... Ok, Saki. Porque não vamos conversar em outro lugar? Eu não gosto do cheiro daqui. Vamos, o meu carro está ali fora.

Toshio caminhou em direção à saída do mercado. Saki o seguia. De repente, Toshio se virou para ela.

– Escuta... Eu não sou nenhum tipo de vilão. Pode soltar essa vassoura.

Só então Saki se deu conta de que ainda segurava a vassoura em suas mãos. Ao perceber, soltou-a.

No mundo em que Saki vivia não haviam carros, então ela não sabia ao certo como eles funcionavam. Toshio abriu a porta e sentou-se no banco do motorista. Mesmo sem ter certeza do que fazer, Saki foi até o outro lado, abriu a porta do passageiro e entrou.

– O que você faz nessa cidade? Morava aqui também? - Perguntou Toshio, após ela se sentar.

Saki não podia dizer que era de outra dimensão, ou as coisas podiam se complicar. Então ela inventou uma história qualquer.

– Hum... Está procurando por uma amiga que morava aqui? Eu queria poder te ajudar, mas desde que cheguei essa manhã, não vi ninguém além de você. Pra ser sincero, no momento em que te vi, pensei se tratar de algum tipo de assombração... Mas você é bonita demais pra ser um fantasma... Com todo o respeito.

Saki riu. Toshio colocou a mão no bolso de sua jaqueta e retirou uma foto. Em seguida entregou para ela. A foto mostrava Toshio ao lado de uma mulher e um garoto, que aparentava ter entre oito e dez anos.

– Essa é a minha família. Minha esposa Emily e meu filho Makoto. Eu estou procurando por eles.

Saki olhou fixamente para a foto. Mas infelizmente, Toshio era a primeira pessoa que ela havia visto na cidade.

– Eu fiquei quase quatro meses fora da cidade. Trabalho com logística e fui contratado para acompanhar uma viagem em um navio cargueiro. Eu não podia recusar.

Saki devolveu a foto. Toshio a guardou.

– Eu não sei se vale a pena, mas... Vou arriscar dar uma olhada na escola em que meu filho estuda. Quer vir comigo? Quem sabe descobre algo a respeito de sua amiga?

Saki concordou. Toshio ligou o carro.

Naquele instante, Saki percebeu que seria um problema se suas amigas a contatassem pelo pingente enquanto Toshio estava por perto. Então, ela pegou sua mochila e guardou o pingente. Em seguida, pegou seu diário e voltou a escrever.

"Ok, agora não estou mais sozinha, conheci um homem chamado Toshio, que está procurando por sua família. Eu decidi acompanhá-lo por enquanto.

Estamos à caminho da escola. De certa forma, me sinto melhor sabendo que alguém está comigo."

O carro de Toshio parou em frente à escola. Um largo prédio de dois andares. Havia uma bandeira hasteada que sacudia com o vento. Saki não a reconheceu.

– Bem... Pelo menos a bandeira do Japão continua balançando. Dá uma certa sensação de segurança... - Comentou Toshio.

Toshio abriu a porta do carro e desceu. Saki observou como ele fez para abrir, e repetiu com sua porta.

Os dois atravessaram a pequena estrada de tijolos em meio à um jardim e se aproximaram da porta de entrada. Toshio a abriu.

– ...Isso é estranho... É como no mercado. Parece que tudo nessa cidade foi abandonado às pressas.

A entrada da escola era um longo corredor com algumas portas laterais que provavelmente levavam para salas de aula. No meio, havia um outro corredor cruzado, onde era possível ver vários armários.

– Ok... Por onde começamos? - Perguntou Toshio.

Saki abriu sua mochila, pegou sua lanterna e a acendeu.

– Ei, você é prevenida! Garota inteligente.

Saki deu um leve sorriso e gesticulou como quem diz "Pois é".

– Eu vou ver se encontro alguma coisa no corredor dos armários. Quer checar as salas de aula? Depois vamos pro segundo andar.

Saki concordou. Toshio foi verificar os armários, enquanto Saki abriu a primeira sala de aula.

A sala estava vazia, porém todas as carteiras estavam devidamente arrumadas e a lousa estava limpa. Saki foi até a mesa do professor e abriu a gaveta. Haviam alguns papéis dentro, provavelmente provas deixadas pelos alunos. No entanto, um dos papéis em especial chamou a atenção de Saki. Parecia um bilhete impresso.

"Caro Professor Yuzuki:

Recebemos queixas dos pais de que o senhor está assustando algumas crianças com o que está mostrando à elas.

Nós sabemos que as notícias estão se espalhando rapidamente, porém achamos melhor deixar esses assuntos longe da sala de aula.

Deixamos o seu conteúdo no armário 14. A chave está na sala do Diretor.

Atenciosamente: Diretoria."

Saki guardou o bilhete em sua mochila. Em seguida, saiu da sala de aula e voltou ao corredor, procurando por Toshio. Assim que olhou para o corredor dos armários, viu uma sombra atravessando para o lado direito. Certamente era ele. Saki correu até o corredor e viu uma porta se fechando. Provavelmente Toshio havia entrado naquela sala. Ela se aproximou e viu um letreiro que dizia "Arquivo".

Após se aproximar da porta, ela bateu algumas vezes e chamou por Toshio.

– Estou aqui, Saki!

Saki congelou. A voz de Toshio vinha do outro lado do corredor. Ela se virou e o viu se aproximando.

– O que houve? Descobriu alguma coisa?

Mas então... Quem havia entrado no Arquivo? Saki girou a maçaneta lentamente e abriu a porta. Não havia nada. Apenas vários armários com papéis velhos, como em qualquer Arquivo de uma escola.

– Saki... O que houve? Você parece assustada.

Saki respirou fundo e disse que não era nada. Em seguida, retirou o bilhete de sua mochila e o entregou para Toshio, que leu.

– Hum... Armário 14? Curiosamente foi o único que não abriu. Todos os outros estavam vazios, porém. A diretoria é no final do outro corredor. A chave ainda pode estar lá.

Toshio correu até Diretoria, uma porta com um visor de vidro. Saki o seguiu.

– Que sorte. Não está trancada. Vamos.

Os dois entraram. A diretoria tinha apenas um armário e uma mesa central, provavelmente onde o diretor ficava. Toshio abriu a gaveta da mesa.

– Vejamos... Tem uns papéis velhos aqui, e... Achei!

Toshio mostrou uma pequena chave marrom para Saki.

– Deve ser essa! Vamos testar.

No momento em que estavam prestes a voltar para os armários, ambos levaram um grande susto: A porta da diretoria, que eles deixaram aberta, se fechou violentamente.

– Mas... O que foi isso?! - Perguntou Toshio, assustado.

Os dois se aproximaram da porta e olharam pelo visor. Do outro lado era possível ver alguém, mas era impossível identificar alguma coisa além de um vulto preto. Esse vulto os observou por alguns segundos. Em seguida, deu as costas e se afastou, até desaparecer.

– Pare!! - Gritou Toshio - Quem é você?!

Saki forçou a maçaneta. A porta se abriu.

– Pra onde ele foi? - Perguntou Toshio. Não é possível, ele estava bem aqui!

Àquela altura, Saki já tinha visto muita coisa estranha naquela cidade. Mas Toshio parecia ter presenciado sua primeira visão estranha.

Após se recuperarem do susto, Saki e Toshio voltaram para os armários.

– Muito bem... Armário 14... Aqui está. Quer fazer as honras?

Toshio entregou a chave para Saki. A garota a pegou, e destrancou o armário.

– O que tem aí dentro? - Perguntou Toshio.

Saki retirou o que parecia ser um jornal.

– Ei... Esse jornal... Deixe-me ver.

Saki deu o jornal para Toshio.

– ...Isso aqui é de três meses atrás. E tem uma manchete destacada. Espere... Eu conheço esse cara.

"CIENTISTA DA CIDADE DE LUMINA CAUSA POLÊMICA DURANTE DISCURSO

O Cientista Keichi Sonjima (42) causou polêmica durante uma declaração em um discurso realizado no último dia 26.

Sonjima afirmou que está cada vez mais aprofundado em seus estudos para desenvolver novos medicamentos para a população. O problema ocorreu quando ele afirmou que a 'medicina está prestes a alcançar o status de Deus'."

Saki olhou novamente para o armário. Em seguida, retirou um panfleto.

"EPIDEMIA DE GRIPE SE APROXIMA DE LUMINA

Vacine-se agora mesmo! Traga toda a sua família e juntos vamos combater a epidemia. Prevenir é o melhor remédio!"

Após lerem tudo, Saki guardou o conteúdo em sua mochila. Agora ela sabia onde estava. A cidade se chamava Lumina, e aparentemente ficava em algum lugar conhecido como Japão. Pelo menos ela poderia se localizar.

– Isso é muito estranho... Não pode ser uma coincidência. Mas ainda não explica porque a cidade está deserta. - Disse Toshio.

Toshio caminhou até a saída da escola e abriu a porta. O céu estava mais escuro, como se outra tempestade se aproximasse.

– O doutor Keichi trabalhava em um laboratório não muito longe daqui. Eu acho que vou fazer uma visita.

Toshio se virou para Saki.

– E quanto a você? O que quer fazer?


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