Cidade dos Espíritos - RE escrita por ShadowAlexandre


Capítulo 2
Noite Sinistra




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Enquanto a chuva começava a apertar, Saki olhou rapidamente para as duas opções. Até que um trovão a fez correr rapidamente até o mercado. Como era de se esperar, a porta de vidro abriu sem problemas. Após entrar, ela fechou a porta rapidamente.

O local estava às escuras, mas ainda era possível ver os caixas logo na entrada, e várias prateleiras com mantimentos e diversos. Antes de prosseguir, Saki pegou sua mochila, e retirou seu diário. Em seguida, sentou-se no chão, encostada na parede e começou a escrever.

"O que é esse lugar? Parece que estou em algum tipo de cidade abandonada. Não há ninguém à minha volta. Sinto-me como se fosse a última pessoa no mundo.

Enfim, vou esperar a tempestade passar para procurar pela sacerdotisa. Enquanto isso, vou ver o que encontro nesse mercado."

Saki levantou-se. Após atravessar um dos caixas, algo lhe chamou a atenção: Próximo à uma das paredes havia uma caixa de madeira no chão. Dentro dela haviam... Lanternas! Aquilo seria de grande ajuda!

Ela se aproximou da caixa e pegou uma das lanternas. Por um instante, chegou a se questionar se aquilo seria roubo. Pegar algo em um mercado sem pagar, mesmo que não houvesse ninguém por perto era errado? Ela não tinha dinheiro, mas não tinha ninguém para receber...

Porém ela realmente precisava de alguma luz. E sua missão era salvar a sacerdotisa, que era antes de mais nada uma amiga. Pensando nisso, pegou a lanterna. Claro, não ia funcionar sem pilhas. Então, Saki partiu para procurar por algumas.

Quanto mais ela caminhava pelos corredores, mais escuro ficava. Não era possível enxergar o que havia no fundo dos corredores. Mas ela precisava saber onde estavam as pilhas.

No momento em que aparentava estar na metade de um dos corredores, cercada por prateleiras de biscoitos, Saki parou. Havia algo estranho no ar... Era um cheiro...

Era como se houvesse algo podre no fim do corredor. O cheiro de algo em decomposição. Saki cobriu seu rosto. Estava ao mesmo tempo incomodada com o cheiro e assustada. Definitivamente ela não ia continuar. Mesmo que as pilhas estivessem mais à frente, ela não ia avançar mais. Era insuportável.

Saki recuou. Em seguida, voltou para os caixas e pegou o corredor da esquerda. Haviam alguns brinquedos como carrinhos e jogos de tabuleiro. Talvez as pilhas estivessem por lá? Ela olhava para ambos os lados.

Bingo! Havia uma caixa azul em uma das prateleiras com pilhas de vários tamanhos. Saki retirou a tampa da lanterna e pegou duas pilhas pequenas que estavam na caixa. Em seguida, a acendeu. Era tudo que ela precisava. Agora era possível enxergar qualquer coisa.

Saki respirou fundo e voltou para o corredor central. Mesmo com medo, ela queria saber o que era aquele mal cheiro que vinha do fundo do corredor.

Ela voltou para o lugar onde o odor começava. A lanterna estava apontada para o chão. Lentamente, ela foi erguendo a luz... Até que conseguiu descobrir a origem do mal cheiro.

No fundo do corredor ficava um açougue... As carnes vermelhas que estavam na vitrine estavam definitivamente podres. Haviam dezenas de moscas circulando o local. As carnes, os queijos, os pães... Tudo estava completamente estragado.

Aquela cena deixou Saki enauseada. Rapidamente, ela correu de volta para os caixas, que a essa altura se tornaram a "zona de conforto" naquele mercado. Mas porque será que toda a carne havia apodrecido? No caixa haviam alguns doces. Geralmente os mercados os colocam por lá para que as pessoas os peguem enquanto estão passando suas compras.

Saki pegou um chocolate e checou sua validade. Ele estava estragado já fazia mais de dois meses. Será possível que...?

Saki foi pegando os outros doces. Estragado... Estragado... Estragado... Todos aqueles doces já haviam passado da validade. O que aconteceu?

O pingente azul no peito de Saki começou a brilhar novamente. Ela o segurou, e as imagens de Alexia e Reika se materializaram novamente.

– Saki? Encontrou um lugar pra ficar? - Perguntou Alexia.

– O que é isso? Parece algum tipo de mercado... - Disse Reika.

Saki explicou o que aconteceu.

– Perfeito. Apenas fique segura até a tempestade passar. - Disse Alexia.

– Mas assim que as coisas melhorarem lá fora, você deve procurar pela Sirena. Eu estou preocupada. - Disse Reika.

– Aliás, descobriu algo sobre esse lugar? - Perguntou Alexia.

Saki disse que explorou uma parte do mercado e conseguiu uma lanterna, mas não podia se aproximar das carnes.

– Por quê? Você adora bolinhos de carne. - Comentou Reika.

Saki explicou as condições do açougue.

– Mas o quê...? Está tudo podre? Então esse lugar deve estar abandonado a meses. - Disse Alexia.

– Você acha que tem alguém mais nessa cidade? - Perguntou Reika.

Saki disse não saber.

– ...Enfim... Lembre-se que podemos te trazer de volta a qualquer momento. - Lembrou Reika.

– Tome cuidado, Saki... Eu não sei o que pensar sobre essa cidade. - Disse Alexia.

Após se despedirem, a transmissão se encerrou, e o pingente parou de brilhar.

Assim que Alexia e Reika se foram, Saki ouviu um barulho vindo do corredor da direita. Foi um baque, como se algo tivesse caído. Rapidamente, ela correu até a entrada do corredor e apontou a lanterna.

Aparentemente, uma caixa de leite havia tombado da prateleira. Óbviamente, estava estragado, assim como tudo no local. Mas a questão era outra... Por que havia caído?

Saki se afastou e mirou a lanterna para o fim do corredor. Não havia ninguém no local. Algo estava errado. Não tinha corrente de ar lá dentro. Além do mais, uma corrente de ar não poderia derrubar uma caixa com um litro de leite.

Foi quando Saki percebeu algo: No açougue havia um bilhete colado na vitrine. Mas ela não conseguia ler daquela distância. Ela teria que encarar o odor da decomposição dos alimentos se quisesse ler.

Era um sacrifício que ela teria que fazer. Saki respirou fundo e correu na direção do açougue, parando bem em frente a uma das vitrines. Era possível ouvir o zumbido das moscas. Rapidamente, ela leu o bilhete.

"SENHORES CLIENTES:

Mesmo com os rumores atuais, esse estabelecimento continuará funcionando normalmente.

Obrigado pela preferência!"

Funcionando normalmente? Aquilo não fazia sentido. E que rumores eram aqueles?

No momento em que Saki terminou de ler, algo lhe chamou a atenção. No fundo do açougue havia uma porta... E algo estava acontecendo. Havia um barulho... Bang... Bang... Como se alguém estivesse forçando a porta por dentro. A maçaneta começava a girar, mas a porta não se abria.

Sem saber ao certo o que fazer, Saki ignorou o mal cheiro e atravessou a portinha de madeira no canto do açougue, se aproximando da porta. Após tomar um pouco de coragem, girou a maçaneta e abriu.

Era o frigorífico. Havia mais carne pendurada, óbviamente estragada assim como as outras. Saki olhou ao redor, mas não via nada além de carnes. De repente, algo surreal aconteceu.

Moscas. Centenas delas brotaram das carnes e voaram na direção de Saki. Desesperada, a garota tentou espantá-las, mas era inútil. Rapidamente, correu para fora do frigorífico e trancou a porta novamente. Algumas moscas escaparam, mas se juntaram às suas "amigas" nas vitrines.

Saki estava ofegante. Aquilo era demais. Abatida, ela voltou para sua "zona de conforto", ou seja, os caixas. Após entrar no caixa da esquerda, guardou sua lanterna na mochila e deitou-se no chão. Ela estava extremamente cansada para fazer qualquer coisa. Resolveu que precisava dormir.

Saki acordou. Não era possível dizer que horas eram, já que o céu continuava nublado, sendo impossível localizar o sol. Mas a tempestade havia parado.

Após levantar-se, Saki se preparou para sair do mercado... Porém, notou algo estranho: Havia um carro vermelho parado em frente ao local. Aquele carro não estava lá antes.

Saki recuou e se escondeu no final do corredor da direita, mesmo com o mal cheiro. De lá era possível observar o carro.

A porta se abriu. Um homem saiu de dentro do carro. Era um homem de estatura mediana. Usava uma jaqueta preta por cima de uma camisa branca. Tinha cabelos pretos.

O homem entrou no mercado. Saki observava tudo em silêncio. Ele se aproximou de um dos caixas e começou a observar o local como se procurasse por algo. Após alguns instantes, ele derrubou as caixas de doces, num gesto de raiva. Saki se assustou.

Foi quando o homem a viu. Definitivamente, os olhos de Saki e os do homem se encontraram por uma fração de segundos. Saki recuou para trás do corredor. Ela respirava ofegante, quase que ignorando o cheiro das carnes a essa altura. Foi quando ela viu que haviam algumas vassouras próximas à parede. Rapidamente, pegou uma.

Passos estavam se aproximando. Definitivamente, o homem se aproximava dela.


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