Almost Lover - Parte 1 escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 39
T R I N T A E N O V E




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P.O.V Emily

E vasculhando o diário, meu coração se quebra mais uma vez. Fecho os olhos quase partindo para as lágrimas. Ele não tinha que quebrar apenas a minha esperança, tinha que a matar e esquartejar, queimar.

Se Loki me amava, porque ele mandou me sequestrar quando eu era mais jovem? Porque ele tinha que me roubar para si e torcer para que eu desenvolvesse uma Síndrome de Estocolmo e o amasse?
Porque ele tinha que fazer algo com Steve e manipula-lo de tal forma que o fez me trair? Porque ele me amava tanto a ponto de machucar tão intimamente? Tão profundamente?

O golpe foi forte, duro, pesado. Como um verdadeiro soco na boca do estômago. Roubando o meu ar e roubando tudo o que importava para mim. Socorro...

Tinha tudo o que Loki havia planejado por meses, talvez poucos anos, mas que foi cuidadosamente planejado. Parece que ele havia registrado tudo o que havia feito em uma pequena folha. Talvez fosse colocar todos os seus pecados no papel e assim leva-los nas costas de maneira mais branda e fácil. Doce engano dele, ele queimará no mais quente dos infernos!

Guardei o diário comigo, era a única prova que eu tinha, e peguei um desenho, um que ele provavelmente não notaria. Tentei deixar tudo da maneira como estava antes, a bagunça da maneira como encontrei. Saí do quarto nervosa e com as mãos tremendo. Escondi tudo dentro do decote do vestido. Respirei fundo com um sentimento de alivio dentro do peito.

Corri para guardar os livros da maneira como estava. Fiz com pressa, eu tinha um medo tremendo dele chegar bem agora, ou pior, enquanto eu estava lá dentro. Todo o tempo em que fiquei pareceu horas, mas não passaram de longos e poucos minutos. E pela maneira como ele agiu, parecia que não iria demorar, estava só abrandando as coisas.

Coloquei o livro responsável por fechar a porta e esconde-la no lugar, e a porta sumiu. Acompanhei com os olhos a maneira como as dobras, a maçaneta, a maneira sumia para dar lugar ao dourado das paredes, se juntando com o resto e se escondendo novamente. Respirei aliviada com um leve sorriso no rosto.

Me levantei com uma pressa inabalável. Corri pouco ligando se eu chamava uma atenção inigualável. Talvez eu chamasse menos atenção começando a gritar feito uma doida. Mas não liguei, eu tinha que sair daqui, eu tinha que pegar Brianna e voltar para a minha casa o mais rápido possível. Eu tinha que sair do mundo onde estava aquele monstro que chamei de amigo por tantos anos.

Corri pelos longos corredores com tanta pouca gente que me dava espaço para correr com liberdade, e por isso, não segurei em retirar os saltos pequenos e deixá-los pelo caminho de qualquer jeito, e assim, correndo com mais conforto e velocidade. E em questão de segundos, o que uma viagem normal demoraria poucos minutos, eu já estava na porta do meu quarto.

Abri esbaforida, e com um alivio tão grande dentro do peito que não pensei em mais nada além de correr para cima de Brianna agarra-la num abraço intenso, e sentindo tudo o que descobri bater na minha cabeça com força lembrando das fotos que agora tudo o que eu mais queria era destruir, rasgar e queimar, junto com a cabeça de Loki.

—O que houve mãe? – pergunta a morena preocupada sentada em cima da cama, apenas não lhe respondo, e depois de poucos segundos, mas que foi o suficiente para me arrancar forças para continuar, me afasto e olho nos seus olhos.

—Graças a Deus você está aqui, preciso que saíamos de Asgard agora – aviso firme e olhando nos seus olhos castanhos. E pelo o que eu vi, ela se assustou mais com o que eu disse.

—O que aconteceu? Porque você está assim tão nervosa? – ela perguntou e já pude sentir que ela ficou nervosa também, talvez não tanto quanto eu, mas o suficiente para te deixar em alerta – E sair? Ir embora? Agora? O que deu em você?!

—Não dá para explicar agora, temos que ir, agora! – insisto me afastando e já pegando a pequena mala que estava debaixo da cama e pegando todos os meus pertences que eu encontrava.

Alguém bate na porta e meu sangue gela, mas ao ouvir a voz de Erick, relaxo. Me viro e antes que ele pudesse dizer alguma coisa, toco os seus ombros com urgência.

—Chame por favor a sua mãe, é urgente – peço para o loiro. Ele tinha que perguntar o porquê, mas simplesmente o interrompo e insisto, acrescento para ele ir correndo, e ele saí, correndo obedecendo ao meu pedido.

—O que deu em você mãe?! – pergunta Brianna preocupada e nervosa, com a sua voz saindo mais fina do que o normal. Apenas não te dou ouvidos e voltando a fazer a mala – Me fala! – pede me puxando pelo ombro me forçando a olhá-la. Apenas suspiro concertando o cabelo que estava caindo no meu olho.

—Quando Rachel chegar, conto as duas. Agora por favor, Brianna, faça a sua mala – peço tentando ser delicada, mas a urgência não deixou me sair muito bem nisso. Apenas volto a fazer a mala com ainda mais urgência. Loki poderia a qualquer instante descobrir, ou sentir que aquele quarto foi aberto e correr justamente para cá, aonde minha filha está!

A coisa certa que eu fiz sei que foi pegar provas, assim as pessoas acreditariam em mim, e talvez me perdoando pelas mentiras que contei, como o meu pai; e segundo, sei que foi correto ter saído correndo e vindo direto para cá, mas talvez tenha sido errado ter demonstrado tanto nervosismo, desespero e ter chamado tanta atenção.

Minha filha acaba obedecendo ao meu pedido e começa a arrumar a sua mala rapidamente, correndo até o banheiro e pegando seus frascos de perfume e sabonetes, e tudo aquilo que era dela.
Deixamos tudo o que não era nosso, como frascos de produtos de beleza que já estavam aqui, não era nada nosso. A peço para fechar a porta para podermos trocar de roupa em paz, substituindo os vestidos por roupas que viemos para cá, roupas midgardianas, que haviam sido limpas por criadas.

Assim que Brianna fechou a mala dela, Rachel entrou no nosso quarto batendo na porta preocupada. Suspiro aliviada por não ter sido Loki a entrar ali. Meu coração deu um pulo enorme na hora.

—O que aconteceu para você me chamar com tanta urgência? – ela pergunta preocupada, mas sei que não tanto quanto eu esperava que ela estivesse. Talvez fosse parte da etiqueta que ela foi forçada a aprender quando chegou aqui. Mas eu sabia, que por dentro, ela estava tão nervosa quanto Brianna ficou no início.

—Sentem por favor, o que eu contarei será rápido e preciso que entendem mais rápido ainda – peço enquanto Rachel e Brianna sentam lado a lado na frente da cama. As duas concordam com as cabeças, suspiro e começo a contar, rapidamente, até me embolando com as palavras. E medida que eu vou contando, elas não acreditam, mas é só eu mostrar a foto e a prova, e elas acreditam.

Combino com Rachel ir ainda hoje a Midgard, eu não queria que a vingança de Loki caísse em cima dela, mesmo ela sendo a esposa de Thor. Eu queria que ela ficasse para que quando Loki notasse que eu havia ido embora, ela dissesse que eu havia tido um pressentimento ruim muito forte e que havia voltado a Midgard as pressas. Ela aceitou.

Também pedi para que ela fosse comigo a Bifrost, assim o guardião da ponte não pudesse recusar a ordem de alguém importante como ela é. Rachel também concordou. E quando termino de contar o meu plano, Brianna parece despertar e cair a ficha do que aconteceu, pois pegou a mala e saiu primeiro.

Até o estabulo, evitamos ao máximo a sala do trono, fomos andando normalmente para não chamar atenção, mas as malas e as roupas midgardianas chamaram atenção por si só, mesmo sendo cuidadosas.

A essa hora, Loki já deve ter notado que eu fui embora, e por isso não evitei em pegar um cavalo, nem enrolei, apenas subi no mesmo cavalo que Brianna havia pego, e Rachel no dela. Segurei as duas malas enquanto Brianna fazia o cavalo correr, e me segurei nela com força, com medo, mas eu sabia que tinha que ir o mais rápido possível.

A cidade toda não passou de um vulto, realmente o cavalo era rápido. E notei que era o cavalo de Loki, e Rachel havia ficado um pouco para trás, mas chegou a Bifrost poucos segundos depois de nós, descendo do cavalo respirando cansada. Dei um sorriso nervoso complacente com a sua situação, pois eu também estava assim.
Heimdall e eu conversamos rapidamente expliquei tudo o que havia “acontecido”, porque é claro que não contei realmente o que havia acontecido, eu menti, tive que mentir, e ele acreditou, ou talvez tenha fingido acreditar, mas ao me ver tão desesperada, fingiu acreditar para não me prejudicar.

Enquanto o guardião da ponte abria a Bifrost, me despedi de Rachel, que me abraçou apertado e pedindo para ter cuidado, pedi o mesmo para ela, que quando ela chegasse em Midgard me ligasse imediatamente. Ela concordou e sorri lhe dando um beijo na bochecha, agradeci por tudo o que ela havia feito por mim. Rachel respondeu que não era nada.
Brianna e ela também se despediram, a minha amiga pediu para que a mais nova tomasse conta de mim, e ela concordou plenamente. Sorri e as duas se afastaram.

Entreguei a mala de Brianna a dona enquanto andávamos a pedido de Heimdall até ficar de frente para ele, que nos desejou boa sorte. Apenas senti o meu corpo formigar de leve.

O caminho foi iluminado por luzes fantásticas, devia ser o espaço, as estrelas e tudo mais. E apenas senti terra sobre os meus pés cinco segundos depois. Aterrissamos na praia, e logo a reconheci. Heimdall havia nos colocados diretamente em Malibu. Apenas murmurei um obrigado aos céus, aonde eu sabia que ele estaria olhando.

Peguei Brianna pelo braço começando a puxá-la até a estrada. Nós duas corremos pela praia deserta, e infelizmente, não havia nenhum transporte pois eu sabia que meu carro não estaria mais lá, e não estava. Se foi roubado ou levado por Happy eu não sei, agora não dava.

Assim que chegamos mais perto da rua, aonde eu podia ver o movimento dos carros, abri a mala e peguei a minha carteira.

—Temos que pegar um táxi e ir direto a casa do meu pai, ficaremos seguras lá – expliquei pegando duas notas de vinte dólares e guardando o resto dentro da calça.

—Eu sei, mas e o celular, não está aí? – pergunta e nego com a cabeça, e ela bufa cruzando os braços – O meu descarregou, pelo menos tenho fotos bem legais – comenta e sorrio um pouco antes de pegar a mala novamente e ir direto a rua.

O ar poluído me fez tossir, eu estava tão acostumada ao ar puro de Asgard que de repente estar num centro metropolitano como esse é pedir demais aos meus pulmões. Mas apenas continuo tossindo de olho no movimento de carros, aonde eu queria pedir um táxi, e rapidamente acenei para um que parou na nossa frente. Pedi ao motorista que me levasse a mansão Stark, ele me reconheceu e por isso, aceitou.

E no caminho, verifiquei as minhas pequenas provas. Não que meu pai pelo seu histórico de implicação com Loki não acreditasse em mim, mas eu queria provas concretas, e assim para que quando eu fosse pedir desculpas ao Steve por ter sito tão cega e não ter acreditado nele, ele me perdoasse rapidamente.

Sim, para que ele me perdoasse, pois em momento algum eu acreditei nele, pelo contrário, eu zombei nele, me recusei a acreditar, pois o papel que eu havia trazido comigo dizia exatamente que quem havia escrito era o culpado por tudo o que aconteceu, que foi uma maneira de me ter para ele. Loki mesmo depois de todos esses anos, depois de tudo, não havia desistido da maluca ideia de me ter para ele, e só para ele.

Me pergunto o que ele planejava depois. E depois que eu fosse embora, eu iria para o Steve do mesmo jeito. O que Loki iria fazer? Matá-lo? Eu acho que não... Não, espera! É óbvio! Além de me deixar viúva, daria a oportunidade de Loki se aproveitar. Como aquele velho truque, aproveitar que a garota está vulnerável e se aproximar com cuidado e bem rapidamente para que ela não perceba e dar o “bote”.

Será que era esse o plano?! Meu deus... Ele seria capaz disso só para que eu o amasse? Matar o Steve? Agora, mais do que nunca, tudo o que eu tenho pelo Loki é ódio e raiva. A única coisa que eu faria se visse Loki pela próxima vez é atirar naquele homem que se disse meu amigo, que me enganou por tanto tempo, foram anos se fingindo de meu amigo.

O táxi parou bem na porta da mansão, desci e paguei ao motorista. Brianna ficou lado a lado comigo enquanto o táxi partia. Respirei fundo abrindo a porta e sendo recepcionada pelo J.A.R.V.I.S.

—Olá, senhora e senhorita Rogers, é bom vê-las novamente – se J.A.R.V.I.S tivesse um corpo físico, com rosto e tudo, eu sabia que ele estaria sorrindo, pois o seu tom de voz mesmo robótico, denunciava alegria.

—Obrigada J.A.R.V.I.S – agradeceu Brianna, enquanto eu observava sorridente a sala. Da mesma maneira como estava quando fomos embora. Sorri fracamente e ouvimos barulhos e passos no andar de cima. Howard começou a descer as escadas com pressa e ansiedade. Larguei a mala no chão correndo para abraça-lo com força.

—Emily! – ele gritou assim que o abracei com força. Eu estava com tanta saudade do meu “pequeno” irmão que esqueci completamente de deixa-lo respirar, e por isso, o abracei por longos minutos, até Brianna bater no meu ombro e apontar para as minhas costas. Levantei o rosto e soltei Howard somente para abraçar meu pai.

Enquanto Howard abraçava Brianna, eu enterrei meu rosto na curvatura do ombro do moreno que me puxou com mais força respirando perto do meu cabelo, e com certeza sentindo o cheiro dele. Sorri com o alívio que foi poder abraçar meu pai novamente, depois, na minha opinião, estar em completo perigo por semanas em Asgard sem nem saber.

—Eu não vou perguntar porque você mentiu e foi para Asgard pois já sei – ele comenta casualmente, e sorrio com a sua mania de pedir explicações assim, fingindo que não ligava ou fosse relevante. Desfaço o abraço colocando o cabelo para trás nos dois lados me preparando para contar, mas Pepper desce as escadas correndo para me abraçar com força.

—Não acredito que você chegou! – a ruiva me abraça também com força, e sorrio retribuindo o carinho com um sorriso no rosto, mas com a cabeça longe pensando na melhor maneira de contar. Eu não sabia se jogava o que aconteceu logo de uma só vez, ou se contava aos poucos, para que eles pudessem digerir as informações.

—Chegamos pouco menos de uma hora – conta Brianna, e Pepper me solta empurrando Tony que ainda a abraçava para tomar a sua vez e tomar minha filha em um abraço apertado e com saudades ainda a flor da pele. Rio baixinho com a careta de indignação do meu pai, que reclama mas logo entende colocando as mãos dentro dos bolsos da calça e olhando para mim.

—Conta aqui ou na oficina? – pergunta o moreno e fico na indecisão, e acabo por demorar para responder e meu pai logo responde por mim – Então vai ser aqui, desembucha logo – bufo com a intensa autoridade dele, nunca gostei que mandassem em mim, principalmente em momentos tão importantes como agora.

Todos se reúnem nos sofás. Pepper abraçando Brianna e Howard, um de cada lado, e meu pai, de braços cruzados sentado no braço do sofá esperando eu começar a tagarelar, bom, é o que eu sei que vai acontecer, pois eram tantas coisas que sei que não pararei de falar até que alguém me interrompesse e dissesse chega.

Fico de frente para os quatro, respiro fundo nervosa com as mãos na frente do corpo. Decido no nervosismo e na pressão que só eu sentia que era melhor contar toda a história, assim eles iriam ter uma noção melhor do que aconteceu, e assim, poder tirar suas próprias conclusões, como se eu estava errada, certa, esse tipo de coisa.

Comecei a contar do início, do início que eu sabia que eles não sabiam, o inicio de quando Loki apareceu naquela cidade pequena. Meu pai logo entrou em estado de alerta, como se eu estivesse contando algo realmente preocupante. Mas eu senti que não era, pois ainda aquele maldito carinho que eu tinha pelo Loki ainda estava dentro de mim, o empurrei pro fundo do fundo.


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