Almost Lover - Parte 1 escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 22
V I N T E E D O I S


Notas iniciais do capítulo

Voltei e não irei enrolar.

Boa leitura e a gente se vê nas notas finais.



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P.O.V Steve

Cheguei em casa já retirando a gravata, jogando os sapatos para longe, o paletó jogado em cima da mesa de jantar, e a pasta também. Me joguei no sofá usando a almofada para tampar a luz do sol que saia da janela. Era o que eu precisava, descanso, e poder pensar melhor. Talvez trabalhar naquele museu não seja a melhor ideia do mundo, Stone disse que transformaria a minha vida num inferno, e algo me diz que ele não hesitaria em fazer exatamente o que disse.

E lembro de suas palavras novamente. “Sua mulher fez a coisa certa indo embora para longe de você”. Ele tinha razão, sou o canalha da estória, o vilão, o cara que não merece o perdão. E mesmo que eu não estivesse consciência dos meus atos, ou estivesse simplesmente sendo usado, aquilo não tinha perdão.

Passei toda a minha vida repudiando quem fazia aquilo. E eram vários casos, seja com os professores com os seus parceiros, ou até mesmo com os alunos que eu dava aula. Cheguei até apartar uma briga entre um casal, pois ela estava com raiva do namorado pois havia descoberto que ele a traiu. Talvez eu fosse um hipócrita, mas novamente, eu tinha culpa daquilo? Eu poderia receber a punição por algo que eu não me lembro de ter feito? Só me lembro do final e do desfecho.

Suspirei sentindo o cheiro de limão das almofadas, que foram lavadas semana passada. E em falar em limão, eu tinha que fazer mais limonada, acabei tomando tudo ontem... Mas algo passou pela minha cabeça, anos atrás, quando recebi propositadamente limão nos olhos. E apenas um nome me veio à mente: Loki. Como raios eu não havia pensado nisso antes?!

Me levantei imediatamente do sofá, corri para a minha estante onde estavam os meus livros. Procurei o exemplar sobre a mitologia nórdica. Folheei as páginas até achar a do Loki e suas habilidades. Li rapidamente, bufei com raiva e joguei o livro com força na parede, o danificando com certeza. Dei um forte soco na mesa, quase a quebrando. Respirei fundo tentando me acalmar.

Hipnose, Loki havia me hipnotizado e me manipulado a fazer exatamente aquilo! Só podia ser ele! Quem mais tinha raiva de mim a ponto de fazer aquilo?! Quem mais era tão baixo a ponto de fazer aquilo?! E quem mais queria me separar da Emily fazia anos?! Porque raios eu não havia pensando naquele cara antes?! Ele nem havia me passado pela cabeça, eu havia até esquecido que ele existia!

Porém, agora, como irei provar que era ele? Loki é rei e está em Asgard agora, tenho pena dos pobres coitados que são governados por ele, um psicopata. Eu havia até feito um exame de sangue, não fui drogado ou coisa do tipo. E pensando bem, era impossível provar, só se eu retirasse uma confissão dele e gravasse, porém, eu sabia que ele era esperto demais para vir falar comigo, me evitaria a todo custo.

Saí do escritório fechando a porta, decidi deixar isso para lá, eu teria alguma ideia do que fazer com o passar do tempo, mas eu não deixaria aquilo barato. Loki teria o que merecia de uma vez por todas.

Respirei fundo decido ligar para a Emily, até cheguei a ir para a agenda do telefone, mas recebi uma chamada no Skype, era Hannah, sorri com a ligação da minha filha atendendo na hora numa ligação vídeo-chamada.

—Oi querida, como você está? – perguntei sorrindo feliz por vê-la de novo, e ela correspondeu ao sorriso, mas eu podia ver que o seu rosto estava mais cansado, parecia não dormir bem fazia dias, e seu quarto estava uma bagunça, e seu cabelo também.

Oi pai, estou bem e você?— pergunta simpática.

—Também. Parece que a faculdade está te tirando algumas horas de sono, não é mesmo? – pergunto risonho e ela confirma com a cabeça.

Não durmo direito já vai fazer uma semana, acho que mais do que isso não aguento, mesmo com todo o café do mundo— responde e rio dela – Já conversou com a mamãe? — pergunta diretamente e respiro fundo, nego com a cabeça e ouço bufar – Você sabe, se você não falar, eu falo— ameaça e nego com a cabeça novamente.

—Não faça isso Hannah, por favor, eu só já estava me preparando para ligar para ela quando você me ligou – digo e pela sua cara, ela não acreditou em mim, insisto e ela apenas concorda com a cabeça.

Perguntei como estavam as coisas na faculdade, e ela me respondeu que cansativas, e muito puxadas, mas que recompensaria depois. Respondi uma de milhares de vezes que eu estava orgulhoso dela, ela agradeceu sorridente. Ela também perguntou como estavam as coisas aqui, e omiti o fato que eu havia encontrado o pai da moça que causou uma grande confusão na minha vida, eu não falaria aquilo para a minha própria filha, mesmo que tão madura como está agora.

Desligamos a chamada e me preparei mentalmente para agora. O telefone chamava, mas eu me sentia tão nervoso que eu quase desistia naqueles intermináveis segundos de espera. Eu estava com um frio na barriga, minhas mãos suavam frio e eu sentia o meu coração bater mais rápido e mais forte dentro do peito. Respirei fundo. Era a Emily, a mesma mulher com quem me casei a quase vinte anos, eu não precisava ficar tão nervoso como estou agora.

Alô? — ouvi a sua voz, e meu coração quase parou de bater. Não nos falávamos fazia apenas três dias, mas que mais pareciam um mês inteiro. Meus lábios acabaram formando um leve sorriso.

—Oi Emily – digo feliz e começo a secar a minha mão livre e suada na calça – Tudo bem por aí? – pergunto.

Está tudo bem sim, Brianna está odiando a escola nova, mas você conhece ela, teimosa e implicante com tudo – ela conta e dou um outro sorriso com saudades das duas – Mas e aí? Ainda tudo bem sem mim? – pergunta risonha e me deu vontade de dizer que estava tudo virando um inferno sem ela aqui, mas claro que eu não disse.

—Também, mas eu preciso de contar uma coisa – aviso com o telefone na orelha e andando pela sala de um lado para o outro um pouco nervoso. Tento colocar na minha cabeça que não é nada, que posso estar consertando o problema em breve, mas a complicação é que eu demorei meses para contar isso.

Porque eu tenho a impressão de que não é boa coisa?— pergunta receosa e já posso ouvir o seu suspiro cansado.

—Bem... É algo que vai acabar em breve, já estou consertando isso – digo nervoso e coçando a cabeça, e até gaguejando um pouco, e quase me bato por causa disso, aí mesmo que ela vai perceber que fiz coisa errada.

Espera um pouco Steve – ela me pede e concordo. Ouço ruídos, ela deveria estar andando com o celular na mão – Brianna, avisa para o professor Xavier que ligo para ele daqui a pouco, por favor – pede para a nossa filha, e logo ouço as reclamações da mais nova, reviro os olhos. Até para isso ela era preguiçosa a esse ponto?

Na minha cabeça até passou porque ela teria que conversar com o professor Xavier? Ou ele estava procurando por ela? Bom, não importava, o problema é que ele fica sabendo de tudo que passa na nossa cabeça, com a nossa permissão ou não, o que me irritava as vezes.

Porém algo se encaixou na minha cabeça, e aproveitei a ausência da Emily no telefone e pensei na possibilidade do professor me ajudar na hora de provar que não era eu no controle da minha mente, será que ele consegue?

Steve! – ouço ela me chamando e acordo do transe.

—Oi! Desculpa, acabei me distraindo aqui – explico e ouço a sua risada.

Está tudo bem, mas o que você tem para me contar? – pergunta e suspiro, tem que ser agora, pois se não for, não conseguirei outra hora ou oportunidade. E ela parece estar de bom humor, talvez entenda o meu lado.

—É... Sabe a faculdade onde trabalho? – falei travando um pouco e bem receoso. Ou trabalhava na verdade, mas é claro que não falei isso.

Sim, eu sei — responde e suspiro mais uma vez, é agora ou nunca... – Você foi demitido – adivinha e fico surpreso, passo a mão pelo rosto.

—Como você sabe? – pergunto surpreendido, claro que não muito positivamente.

No site da faculdade!— responde irritada, e bufo com raiva – Eu só estava vendo quanto tempo você demoraria para me contar isso— conta e bato com a mão no sofá enquanto me sentava.

—Mas eu já estou quase conseguindo um outro emprego! – tento explicar, mas eu sei que ela pouco ligou para aquilo.

Ainda não conseguiu? Ah, deixa eu adivinhar, não está conseguindo por que você me traiu com uma aluna e a notícia se espalhou? — adivinha irritada e acabo por confirmar, e ouço a sua risada sarcástica – Sinceramente, eu já esperava por isso. E onde você está quase conseguindo?

—Museu de História Natural – respondo irritado e ela nada responde.

Tudo bem, eu tinha que me acalmar, pois daqui a pouco irei acabar criando uma discussão entre nós dois, uma coisa que tentarei evitar ao máximo. Era sempre eu o calmo e sempre tentava apaziguar as coisas, e não ela, e por isso, eu preciso continuar desse jeito, porque duas pessoas com raiva numa situação um tanto delicada como essa, nunca dá certo.

Conseguiu?— pergunta de maneira inquisitivamente dura e com a raiva escondida, mas eu sabia que estava lá, dava para sentir.

—Não sei, fiz a entrevista hoje – respondo e ouço o seu suspiro.

Porque você não me contou antes?— pergunta um pouco mais calma.

—Porque eu queria resolver isso sozinho – justifico – Eu sempre compliquei as coisas para a gente, eu só queria resolver pelo menos uma vez sem você ficar irritada comigo – explico e ela não diz nada novamente. E aquela espera pela sua resposta estava me deixando ansioso.

Eu sei como é isso, mas você deveria ter me contado!— insiste ainda mais irritada e suspiro sabendo que ela está certa, mas quem disse que a coragem estava acima de tudo antes? Eu tinha exatamente medo do que estava acontecendo exatamente agora, ela estar brava comigo e eu perder ela de vez! Pois não é a primeira vez que faço isso.

—Eu sei... Eu sei... Mas... – tento justificar e ela me corta.

Como você quer que eu confie em você novamente se você não confia em mim?!— pergunta e escuto os seus suspiros, estava ficando triste comigo. Meu coração bate mais rápido e tento evitar ao máximo isso, já a fiz triste demais no meu ponto de vista.

—Mas eu confio em você! – respondo convincente, mas acho que não deu muito certo – O problema não foi você, fui eu, eu não consegui coragem para te contar que estou sem emprego – explico e ela fica em silêncio.

—Há quanto tempo você está tentando?— pergunta e respiro fundo antes de contar, e meus dedos puxando um fio solto da minha calça jeans, que eu havia acabado de trocar.

—Desde que fui demitido, mas ninguém me aceita – respondo e escuto algo cair no chão do outro lado da linha.

Droga... Pelo jeito você tentou de tudo mesmo— fala e confirmo com a cabeça mesmo que ela não pudesse ver.

—Até em outras cidades vizinhas, e cheguei a mandar uma carta para uma universidade no norte – conto me deitando no sofá com os pés na almofada, e eu sabia que se ela visse, iria reclamar.

Onde exatamente no norte...?— pergunta cautelosa e vejo que ela ficou curiosa, dei um sorriso de lado.

—Carolina do Norte, quase na fronteira com o Canadá – respondo e torço para que ela fique ainda mais curiosa e queira se mudar para lá comigo.

—Te aceitaram?— pergunta ainda bem cautelosa, talvez ainda mais. Provavelmente com medo da resposta. Mas que mal teria eu ser aceito?

—Não sei, mandei hoje – respondo, e a curiosidade venceu e acabo por perguntar: - Você iria comigo para lá? – pergunto rapidamente e ela demora um pouco para responder – Já estamos em Nova Iorque já faz tanto tempo. Eu sei que aqui é a nossa casa, fica perto dos seus pais, mas temos toda a vida pela frente – explico e ela ainda não diz nada.

Mas e a Brianna, Steve? E ela? A escola do professor Xavier está fazendo tão bem a ela— lembra e confirmo com a cabeça.

—Ela pode ir para lá nos feriados, nas férias – eu sabia que aquilo ela não concordaria. Ficar tanto tempo sem vê-la era demais para ela, afinal, ela era a mãe da Brianna, não que eu não iria sentir falta da minha antiga pequena, mas ela já está crescendo, não é mais uma menininha.

E o meu trabalho? Volto a trabalhar em dois meses— lembra novamente e passo a mão pelo rosto. Eram muitas dificuldades e complicações que tornavam tudo bem mais difícil. Demoro para responder – Viu só? Não é melhor irmos viajar para lá nas próximas férias? Se você quiser conhecer, tudo bem, eu vou com você, e aposto que a Brianna dessa vez vai de bom grado.

—Visitar não é o mesmo que morar, Emily – justifico bufando pelo nariz. Eu tinha mesmo esperanças de ir para lá, mas agora, estão virando fumaça – E o lugar é lindo.

Eu sei, eu sei, estou vendo algumas fotos pelo J.A.R.V.I.S. Mas é o que temos Steve, não podemos abandonar a Brianna agora, e onde a Hannah está é bem mais perto de Nova Iorque do que da Carolina do Norte— explica e acabo por bufar, e ela escutou.

—Tudo bem, visitamos apenas, até lá, me contento com as fotos – respondo irritado e me arrependo no segundo seguinte.

O que você quer que eu faça?! Abandonar a Brianna? É sério? Ou você acha mesmo que as escolas de lá são apropriadas para mutantes?!— pergunta irritada e posso até apalpar a irritabilidade na sua frase. Eu também estava irritado de morar na mesma cidade desde que nasci, eu queria ver novos ares.

—Eu sei que não são! Mas que diferença faz? O que ela aprendeu de especial lá foi apenas controlar os poderes dela, uma coisa que eu sabia que iria acontecer com o passar do tempo – respondo e quase desligo a chamada, mas eu sabia que iria só irritá-la ainda mais. Porém, no ponto em que estou, quase não ligo para isso.

—Nossa...— ela diz simplesmente e sarcasticamente – Você merece mesmo a blusa de “pai do ano” que ela te deu anos atrás — ironiza e bufo passando a mão pelo rosto.

—Desculpa, tá? – peço mas ela nega.

—Não precisa se desculpar, é o que você pensa, não é? — pergunta e posso sentir a armadilha.

—Emily...

Não, Steve, para, chega, isso está passando do limite. Boa sorte com o museu de história natural, e com o seu desejo de ir para a Carolina do Norte, porque eu não vou, se quiser ir sozinho, pode ir— disse ela, e logo em seguida, ela mesma desliga a chamada, me deixando com cara de bobo.

Ok, eu acho que mereci aquilo. Eu realmente disse coisas muito erradas para ela, coisas que eu deveria ter guardado somente para mim. A omissão as vezes é melhor do que a sinceridade num casamento, e percebi isso mais uma vez de inúmeras em que eu tinha feito coisa parecida.

Porém ela disse que eu podia me mudar sozinho, é isso que ela quer? Se separar de mim de uma vez por todas? Depois de tudo o que eu fiz? Eu senti raiva dela, e foram muitas poucas vezes em que eu senti isso por causa de algo que ela tenha feito, mas eu sabia que eu estava na razão de sentir, afinal, Emily falou coisas nada legais.

Mas e se eu fosse? Sem ela mesmo? Ela iria se arrepender ou continuar em frente? Algo me dizia que seguir em frente para ela agora, é a prioridade. E se ela pensa assim, quem sou eu para discordar, não é?


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Notas finais do capítulo

Gente... Steve está se culpando muito né? Dá até pena...

Ele se culpa muito, pois é um comportamento que eu acho que o personagem tem. Lembra da cena do trem em Capitão América: Primeiro Vingador? Ele se culpou bastante pela morte do Bucky, porque ele não se culparia por destruir o casamento dele com a mulher que ele ama?

Mas calma, vai tudo se ajeitar.

E falando nisso, semana que vem é P.O.V Emily.

Enfim... Beijos e até semana que vem!



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