O cão do Central Park escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 9
Capítulo 9 – De onde vem a tinta?


Notas iniciais do capítulo

Sinto muito não ter muito JoanLock nesse cap, mas o próximo está bem encaminhado e prometo uma surpresa bem JoanLock pra o cap 10.



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Capítulo 9 – De onde vem a tinta?

– De onde mesmo veio esse telescópio?

– Amigos que me deviam favores. Não me atreveria a pedir ajuda ao velho Frankland, estragaria todo o nosso trabalho até aqui.

– Está espionando Stapleton?

– Exatamente. Vizinho muito suspeito. Parece ser bom e agradável com todos, porém você e eu não gostamos dele por alguma razão ainda inexplicável.

– Ele tem um olhar estranho.

– Olhar de assassino escondido em pele de professor de biologia.

Estavam na varanda mais alta da mansão.

– Laura Lyons ainda estava grávida quando não compareceu ao encontro naquela noite – Joan comentou.

– A situação deve ser mesmo desesperadora pra uma mulher sozinha em plena gravidez ir à noite pra um encontro daqueles.

– Pode ter tido alguma complicação com o bebê ou repensou sua atitude e achou imprudente ir.

– Talvez. Mas acho improvável. Ela foi muito clara e enfática quando citou “motivos pessoais”. Teria nos dito se fosse algo com a criança. E não nos contou quem a ajudou antes de Charles Baskerville. É isso que precisamos descobrir e como tudo influenciou na morte dele.

– Ela não tem cara de culpada.

– Eu concordo. Ela ama a filha, não a colocaria em risco pra matar um homem. E sua gratidão a ele parece sincera. Impor pressão psicológica sobre si mesma seria suficiente pra possibilitar um aborto ou um nascimento prematuro que colocaria em risco a sua vida e a do bebê.

Os dois continuaram a observação, estavam completamente sozinhos ali. Joan vagou entre pensamentos e riu quando uma lembrança passou por sua cabeça.

– O que foi? – Sherlock perguntou curioso.

– Uma vez você me perguntou se eu pensava em ter um filho. Logo depois que seu pai mandou aquela mulher atrás de você. Eu perguntei porquê e você nunca mais tocou no assunto.

O inglês ficou em silêncio por algum tempo, seus olhos azuis oscilando entre surpresa, lembrança e alegria. Ele enfim a olhou e respondeu.

– Eu nunca pensei em ser pai antes. E se isso viesse a acontecer, você seria a única com quem eu aceitaria isso.

Ela sorriu.

– Podia ter me dito isso bem antes.

– Tive medo que fosse embora.

– Nós dois tivemos medos injustificados por muito tempo. Não culpo você, nem a mim. Aconteceu quando devia acontecer, Sherlock.

– Ainda há tempo. Ainda quer ser mãe?

A pergunta a pegou de surpresa e ela o olhou pensativa. Durante anos pensara na possibilidade de incluir um filho em sua vida em algum momento, mas agora era um pouco diferente. Não seria mãe solteira ou de um filho de algum homem que ela sequer conseguia imaginar quem viria a ser. Teria um filho com Sherlock, com alguém que amava. Com o homem que anos atrás desistira de amar e escolhera viver sozinho, até conhecê-la. O pensamento dela com um bebê nos braços e Sherlock cuidando dos dois a fez sorrir.

– Eu adoraria ter um filho seu, Sherlock.

– Podemos ter mais se você assim desejar, amor – ele respondeu, devolvendo o sorriso e aproximando-se para beijá-la, mas se afastando em seguida – Não é o momento nem o lugar, temo que eu não possa resistir a você se prolongarmos nosso contato, querida.

Ele voltou a trabalhar e Joan sorriu. Ele a vinha surpreendendo de várias maneiras nos últimos dias. Se perguntava se o Sherlock que via agora era o mesmo que passara tantos anos se escondendo das pessoas, quem ele era de verdade. Nunca havia imaginado Sherlock sendo tão carinhoso ou chamando alguém de querida ou amor, especialmente ela mesma.

– Joan... – Ele chamou de repente, tirando-a de seus pensamentos.

– Viu alguma coisa?

– Talvez. Acho que devemos fazer uma visita a Stapleton. Acredito que talvez ele não more sozinho.

– Acha isso seguro? Ele sabe que estou aqui? Assim vai descobrir que sou consultora e não amiga de Henry. E se descobrir que você invadiu a casa dele e roubou a Luca de Henry?

– Não vai. E eu jamais arriscaria você ou nosso cliente. Sabemos que Stapleton sempre faz caminhadas pelo parque, nós podemos fazer também.

******

– Então estão noivos? – O homem perguntou amigavelmente enquanto servia chá – Estranho Henry ter convidado apenas a senhorita pra passar alguns dias na mansão.

– Na verdade ele convidou nós dois – Sherlock respondeu prontamente – Mas sabe como é o trabalho, não pude me ausentar antes e Joan veio na frente. Somos amigos de Henry há muitos anos. Quase irmãos – ele sorriu ao terminar.

– Que ótimo. Henry deve se sentir muito sozinho e ainda abalado vivendo sozinho na mansão depois de um de vários episódios tristes como aquele em sua família. Senhor Charles era um homem tão bom. Caridade devia ser o seu nome, eu mesmo cheguei a ser bastante ajudado por ele em momentos difíceis. Todos nós lamentamos o que aconteceu. Especialmente por sua morte ter sido tão estranha.

– Eu concordo – Sherlock falou – Henry nos disse que o caso foi tão estranho e inexplicável que a polícia o fechou após se cansarem de andar em círculos. Nós também lamentamos muito.

– Com licença... – Joan começou – Você tem um filhote aqui? Acho que ouço ganidos – ela falou simpaticamente.

– Ah! É só a Hana. Ela é da minha irmã. Está viajando para estudar, então a deixou comigo já que ela mora sozinha a alguns quilômetros daqui e não tinha com quem deixar.

Ele se levantou e ausentou-se por alguns minutos, nos quais os dois consultores se entreolharam e buscaram qualquer evidência na casa de aquele homem era um criminoso. Infelizmente ele era cuidadoso demais e com ele em casa não podiam vasculhar em busca de uma parece falsa ou alçapão. Uma filhote de pastor alemão entrou correndo na sala e Stapleton atrás dela. Hana pulou imediatamente para o colo de Joan, fazendo uma festa e a lambendo, Joan riu enquanto acariciava a filhote, e tentou disfarçar os sinais estranhos que encontrou.

– Está agitada... Deve sentir muita falta da sua irmã – ela comentou observando uma pequena flor lilás ainda viva presa à pata da filhote.

– Sente sim, elas se amam. Minha irmã viajou há alguns dias e até prendeu uma florzinha na pata dela, que eu sempre renovo quando murcha.

– Ela é adorável – Joan falou com um sorriso.

– Foi muita gentileza nos convidar para entra, senhor Stapleton – Sherlock falou de repente – Mas acho que devemos ir. Nos comprometemos em jantar com Henry esta noite. E queremos concluir nossa caminhada antes.

– Eu fico feliz que estejam aqui. Podem voltar sempre que quiserem. Tragam Henry da próxima vez. Acho que será bom pra ele sair um pouco da mansão. Por que não jantam aqui na próxima semana, estou pensando em convidar outros amigos também.

– Não podemos dar uma certeza – Sherlock respondeu – Esses dias estaremos acertando os últimos detalhes de nosso casamento e tempo será um problema, mas garanto que Henry poderá vir.

– Eu espero que mandar Henry sozinho pra jantar com Stapleton seja parte de um plano – Joan dizia nervosa enquanto caminhavam de volta.

– É claro que é. E vamos fazê-los confiar em nós e seguir essa instrução, mas sem revelarmos nada do que sabemos. Stapleton cheira a assassino, Joan. E se com “agitada” você quis dizer aflita, triste e morrendo de medo, eu concordo. Também concordo que os ganidos que você ouviu, na verdade eram choro e lamentos. O que você achou?

– Que ele realmente é um professor de biologia, ainda que um dia tenha sido diferente. Aquela flor não cresce nessa época do ano. Tendo conhecimentos de botânica, ele poderia resolver isso. E se ele sempre caminha pelo parque, por que nunca trás Hana pra passear? Ainda que filhotes não saiam a tantos passeios, isso é no mínimo estranho.

– Eu continuo achando que Stapleton não mora sozinho e que ainda que fabrique a flor, ele não está nem aí de recolocá-la na pata da cadela. E ela correu pra você assim que nos viu. Ainda que você tenha mais empatia com animais do que eu, não acha isso suspeito diante de tudo que já encontramos. Ele fala a verdade sobre Hana pertencer a uma mulher, mas duvido que esteja viajando e mais ainda que seja sua irmã.

– Acha que ele roubou Hana?

– Não. Caso muito simples, já teríamos descoberto. O que penso é que estamos muito perto da pessoa que enviou aquela mensagem no hotel. E Stapleton sabe quem é. A filhote não parava quieta, por isso você não conseguiu observar, mas aquela pata direita preta na verdade é marrom. Alguns pelos ainda estavam rígidos por causa da tinta derramada ou na qual ela pisou por acidente.

– Acha que a dona de Hana mandou a mensagem?

– Sim. E também acho que ela conhece o homem que nos seguiu e tentou nos enrolar com meu próprio nome. Eu só espero que ela ainda esteja viva, Joan.


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